O Dragonfly Cobalt é o Bruce Lee dos DACs: pequeno, musculado, enérgico, extremamente eficiente e rápido. Custa €299 e bate forte como os grandes.
Terei sido dos primeiros a testar o Dragonfly Black. Entretanto, ouvi o Red, mas não escrevi nada sobre ele, porque, embora fosse mais potente, as vantagens acústicas não justificavam mais um teste, quando muito um ‘follow-up’.
O Cobalt é outra coisa. Embora utilize o novo ESS 9038Q2M DAC, com resolução até 384kHz, continua limitado a 24 bit-96kHz PCM. Mas a qualidade do som é tão superior, sobretudo em termos de potência e dinâmica ‘percebida’, que fiquei deveras surpreendido e agradado.
E digo ‘percebida’ porque a tensão de saída especificada é igual para ambos: 2,1V. Donde vem então esta diferença tão óbvia, que nos obriga a ter muito cuidado com o nível do som para não nos furar os tímpanos, quando se utilizam auscultadores de elevada eficiência do tipo supositório intra-auricular?
…the Dragonfly Cobalt has the kick power of Bruce Lee…
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Dragonfly Black, Red e Cobalt
Mesmo com auscultadores como os Pryma, não vai passar do primeiro terço de ganho. Mas é com planar-magnéticos, como os Hifiman HE1000, que o Cobalt revela o Bruce Lee que há nele, e nos faz lembrar aqueles filmes em que despacha um tipo com o triplo do peso: the Dragonfly Cobalt has the kick power of Bruce Lee.
Pronto, admito que o processador digital de volume de 64-bits, bit perfect é, tal como Bruce, um pouco ‘brusco’ no ganho. Quando menos esperamos, já levámos com um pontapé no estômago. Quando o utiliza para ouvir a Tidal, por exemplo, tenha o cuidado de jogar com o volume da plataforma e do DAC. Nunca o utilize no máximo, porque pode ocorrer distorção.
Energia para dar e vender
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Dragonfly Cobalt, tão pequeno como uma simples pen drive
Onde vai o Cobalt buscar esta energia? Não é tanto à potência, é mais à dinâmica, pois o patamar de silêncio é muito mais baixo. E essa maior amplitude dinâmica deve-se à baixa impedância de saída e:
- Ao circuito Jitterbug, que já vem instalado de fábrica para eliminar o ruído de interferência do computador, separando a alimentação do sinal;
- À melhor filtragem da fonte de alimentação, que elimina o efeito de distorção EMI e RF gerada por computadores e telefones;
- Ao novo Microchip PIC32MX274 de recepção USB, que é mais rápido a processar o sinal com menos dispêndio de energia (não esgota a bateria do seu telefone).
Nota: paradoxalmente limita a frequência máxima de resolução a 96kHz, para o tornar compatível com Android, iOS, Linux, Windows e MacOs, todos sem necessidade de instalar uma driver. Logo, hélas, sem compatibilidade DSD. Instala-se no computador como se fosse uma pen e já está: é do tipo Plug&Play.
Compatibilidade MQA
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Audioquest Dragonfly Cobalt - o universo da alta resolução cabe na palma da sua mão
Por outro lado, o Cobalt é compatível com MQA. Ou melhor: é parcialmente compatível com MQA. Eu explico: se estiver a ouvir a Tidal, sempre que a faixa está codificada, o Cobalt acende o LED violeta-rosa, que identifica a presença de sinal MQA.
Mas para isso tem de configurar a Tidal para fazer a conversão automática (first unfolding), o Cobalt encarrega-se depois de fazer o segundo desdobramento até um máximo de 96kHz (rendering). Se desligar na Tidal o algoritmo de conversão, o LED violeta apaga-se e passa a azul, indicando a presença de um ficheiro a 48khz não descodificado (a frequência base dos ficheiros MQA na Tidal).
Do mesmo modo, se reproduzir um ficheiro MQA nativo no seu computador, utilizando um Media Player, o Cobalt não o reconhece e acende-se o LED verde da frequência base: 44,1kHz.
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Embalagem exterior do Cobalt
O Dragonfly Cobalt chegou-me às mãos numa bonita embalagem de cartão preta, profusamente ilustrada com uma ‘libelinha’ estilizada em azul cobalto, a imagem do produto e toda a informação necessária, que não dispensa o manual também incluído.
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Dois folhetos com ofertas de assinatura da Qobuz (1 mês) e da Tidal (dois meses). Poupa 20 a 30 euros.
Lá dentro, o DAC Cobalt, em formato pen drive, ainda mais pequena que a Red, arredondada e sem arestas, logo ainda mais manuseável e portátil, ideal para dar aos smartphones o som que eles prometem e nunca cumprem; uma bolsinha de transporte em pele; e um adaptador USB Micro, a que chamam Dragontail.
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Conteúdo da embalagem: Cobalt DAC, bolsa e adaptador USB C
Se há um DAC que nasceu para casar com um smartphone é este: não gasta a energia do telefone, não pesa nada e – alegadamente - dá ao som um ‘peso’, que transforma a experiência de audição on-the-go.
…o Cobalt é ideal para dar aos smartphones o som que eles prometem e nunca cumprem…
E digo alegadamente, porque não consegui comprovar isso, embora nada me leve a duvidar, que a qualidade de som que ouvi com o Cobalt ligado aos meus PCs é ‘transferível’ para o telefone.
Dragão escondido com rabo de fora
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Para o ligar ao iPhone precisa de um adaptador da Apple Lightning USB 3
É que a dragontail (adaptador USB) que vinha junto com o Cobalt não é compatível nem com o meu iPhone (tem de se comprar um adaptador Lightning USB3 da Apple, o que faz subir o preço aí uns 30 euros), nem com o Samsung da minha mulher (USB Micro).
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Ligação directa ao PC com entrada USB B
Assim, tive de testar o Cobalt como se de um DAC highend se tratasse, ligando-o ao meu computador e ao meu sistema, ao lado de outros portáteis ma non tropo, como o Chord Mojo e Hugo 2 (sem MQA mas com DSD) e o Meridian Explorer V2 (MQA até 192kHz sem DSD). E não é que o miúdo se portou bem! Se, neste contexto, ele soa assim tão bem, com um smartphone para o Cobalt são peanuts.
… o Cobalt pode ser apenas uma mosca-dragão, mas para nós é também uma libelinha leve, ligeira e delicada…
A primeira sensação é a de que o som tem textura e contraste e uma notável densidade harmónica; segue-se a inacreditável dinâmica a partir de tão minúscula figura; depois a presença da gama média, bem suportada na extensão dos extremos de frequência.
O Cobalt tem um filtro de passa-baixas de pendente mais lenta que o Red, e isso nota-se na qualidade do agudo (redondo) e no recorte do grave. Finalmente, realço o ritmo e a subtileza, que apenas aparentemente são conceitos opostos.
Para os anglo-saxões, o Cobalt pode ser apenas uma mosca-dragão, para nós é também uma libelinha leve, ligeira e delicada.
O Hificlube considera condicionalmente o Dragonfly Cobalt o melhor DAC ultra-portátil do mercado, com a ressalva de que por 299,99 € (+adaptador da Apple) a concorrência é muito forte, se não na insuperável portabilidade, pelo menos na universalidade (PCM192, DSD, MQA nativo, etc.).
Nota: Isto, claro, até o poder ouvir com o respectivo adaptador de smartphone (será publicado um Follow-Up brevemente).
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