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2005

Crónica De El-rei P(l)asmado Ii: Hitachi Platara 42pd7200 -parte 1



O meu velho televisor Grundig finou-se numa nuvem de fumo e, de repente, vejo-me no lugar do consumidor que, mesmo quando dispõe de verba suficiente, está indeciso quanto ao caminho a seguir: CRT, plasma, LCD, 4:3, 16:9, HDTV?


Os ecrãs «chatos», no sentido de planos e finos, dos plasmas e LCD têm mais «glamour», e são o sonho da classe média-alta e de algumas franjas do pessoal das «barracas», que juntam ao rendimento mínimo do ócio o rendimento máximo do vício.


A vantagem de ser «crítico» é poder satisfazer certos desejos, como se a escrita fosse uma lâmpada de Aladino. Bastou esfregar e logo se materializou o Hitachi Platara 42PD7200 com 106 centímetros de diagonal, a acompanhar o excelente leitor-DVD Teac Esoteric UX-1. Nos plasmas o tamanho ainda é argumento: em Las Vegas a Samsung e a LG discutiram ao milímetro o título de maior ecrã do mundo, que já ultrapassou os 2, 5 m. Os LCD ficam-se por enquanto pelos dois metros. Mas enquanto os LCD não resolverem a contento a questão do «arrastamento», os plasmas têm a primazia.


A maior virtude dos plasmas é, contudo, o seu maior defeito. Conta-se até a história de um cliente de uma loja que comprou o maior plasma em exposição para montar aos pés da cama, apesar de lhe ter sido chamada a atenção para o problema do calor dissipado, do grão na imagem e até do cansaço da vista quando utilizado sem luz ambiente! Acabou a ameaçar queixar-se à Deco quando o principal culpado era ele.


MANTER AS DISTÂNCIAS


Com um ecrã destas dimensões, o espectador não pode estar sentado a menos de quatro ou cinco metros de distância. Pense nos pixelscomo pequenos pontos coloridos que formam a imagem de uma bela floresta. Se os olhar de muito perto, arrisca-se a só ver as árvores. E isso é tanto mais assim quanto mais baixa for a resolução da imagem da fonte. Aquilo que na loja parece ser uma imagem fabulosa a partir de um DVD de promoção, pode surgir-lhe como um borrão em casa se sintonizar um dos canais temáticos da TV-Cabo, com mais grão que a praia do Guincho. A culpa não é do plasma, é da má qualidade do sinal. É como comprar um Ferrari para andar numa estrada esburacada. Com a TV-Cabo que temos é preferível um jipe, ou seja, um televisor quadrado convencional CRT, que estão a ficar fora de moda, é certo, não por causa da qualidade da imagem, que é preferível nestas circunstâncias, mas por causa do tamanho da imagem. E do formato também: embora as emissões continuem a ser em 4:3, o pessoal prefere ver as locutoras com ombros de nadadora olímpica num televisor 16:9. O que não deixa de ser curioso, uma vez que a principal queixa dos CRT é que têm a «bunda» grande - não as locutoras, os televisores...


Portanto, com estas novas maravilhas da técnica (e do marketing) não temos melhor televisão, temos maior televisão. Se o velho televisor já era um obstáculo para as conversas em família, os plasmas eliminam toda e qualquer hipótese de diálogo: engolem os espectadores emocionalmente e petrificam-nos fisicamente como a Medusa mitológica. Também eu estou petrificado: a família gostou tanto do plasma que se calhar vou ter de comprar um. Bem prega Frei João...


(Continua -Ver Parte 2 em Artigos Relacionados)

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