Delfin Yanez, da Delaudio, desempenhou bem o papel do «velho das barbas». O sistema chegou embrulhado em papel brilhante com laçarotes vermelhos. Com água ninguém canta, e as caixas são tão pequenas que até podiam ser de tinto do Douro. Mas lá dentro vinha um «brinquedo» (pelos meus padrões, claro) que já tinha sido apresentado em formato «mock-up» (maquete) em Las Vegas. Mais tarde, voltei a encontrá-lo no Audioshow, onde me suscitou o seguinte comentário: «as deliciosas MA Silver One alimentadas a biberão por um TEAC CR-L600 (fonte comutada) agradaram-me. Uma surpresa (barata!) a exigir apreciação urgente».
A minha opinião positiva foi agora reforçada por algo que me tinha escapado antes: a ergonomia é tão perfeita que fará corar de vergonha todos os que como eu sofrem agruras com certos equipamentos topo de gama só para os pôr a tocar...
A Teac lançou a gama Legacy para comemorar os 50 anos de vida. O design é simples, agradável, sexy mesmo. A face é de alumínio, o mostrador espelhado. Tem controlo remoto, claro. Mas com as teclas de pressão que ficam logo abaixo da elegante gaveta do CD, ladeando o botão central de volume, temos acesso a tudo: «Function» selecciona a fonte, incluindo o sintonizador FM incorporado; «Tone/Bal» faz o resto junto com o botão de volume que se roda para alterar os parâmetros da igualização: graves, agudos, etc. É tudo muito intuitivo, até para um miúdo; ou melhor, para uma pessoa de idade, que os miúdos, hoje em dia, botões é com eles. Há ainda uma misteriosa tecla «surround» que me deixou perplexo: o CR-L600 é um micro leitor-CD+sintonizador FM com amplificador estéreo integrado de 2X30W. Mas onde é que o «surround» entra neste filme, interroguei-me?
Pressiona-se a tecla uma e outra vez e surge no mostrador: Stereo, Music, Hall e Theater. O carácter do som altera-se em... consonância. Estava a ouvir a minha querida Stacey Kent e cometi a heresia de lhe alterar o «carácter». Com «Stereo» a voz é mais focada e distinta, o som mais seco, o palco mais claustrofóbico; «Music» afasta-a um pouco de nós, diluindo-a no acompanhamento musical. Pressiona-se «Hall», e Stacey ruboresce com uma pincelada de reverberação; «Theater» aumenta esse efeito e «engrandece» ainda mais o palco sonoro conferindo-lhe volumetria. É um truque, claro, um «efeito» digital obtido por um algoritmo corriqueiro. Para um audiófilo purista isto é um absurdo, mas neste contexto até resulta: vai dar consigo muitas vezes a ouvir «music» em «stereo» no modo «theater» para aumentar a ilusão de «hall» - se é que me faço entender.
Quem quiser «Theater» a sério, isto é, Cinema Em Casa, pode optar pelo DR-L700, um «Receiver», em tudo idêntico ao CR-600, que (por apenas mais 500 euros) substitui o leitor-CD por um leitor-DVD c/ Dolby Digital, DTS, Pro Logic II e vídeo progressivo! O conjunto tem como opção imprescindível um amplificador extra de 3-canais A-L700P para completar o sistema «surround».
Lá fora, o CR-L600 é vendido com colunas Teac. A Delaudio preferiu casá-lo com as deliciosas Monitor Audio Silver S1, um minimonitor de duas vias com um altifalante médio/grave em liga de magnésio e banho cerâmico e uma versão do famoso «tweeter dourado» da marca. Com uma sensibilidade elevada e impedância benigna é uma pêra-doce para qualquer amplificador minimamente decente. As S1 podem começar por ser o par principal num sistema estéreo e recuar depois para dar lugar a um par principal S6 (colunas de chão de três vias) numa configuração de sistema multicanal. Os acabamentos são muito bons, como é apanágio da Monitor Audio. E as S1 sabem ser dinâmicas sem se tornarem agressivas. Para quem é «baixodependente» basta juntar um «subwoofer» REL Quake.
Aqui chegados, o que o leitor quer saber é se isto toca bem ou não. Ou se, pelo mesmo preço (pouco mais de 400 euros), poderia comprar uma coisa melhor. «Sons» não é um guia do comprador; é antes um guia do estado da arte em áudio: não escrevo para que comprem, escrevo para que saibam. Não tenho capacidade, tempo, espaço, paciência para fazer testes comparativos a cinco produtos iguais com nomes diferentes, quantas vezes montados na mesma fábrica OEM em Taiwan. Deixo isso para a «What HiFi?» e afins. Até porque os «comparativos» são redutores, quando não mesmo enganadores: ganha sempre o que faz mais publicidade...
Eu prefiro escolher por intuição: vou a passar num qualquer show, numa qualquer loja, paro, escuto e olho - peço para testar em casa. Ninguém vai para a cama com dois ou três parceiros/as ao mesmo tempo para testar qual é melhor (bom, há quem vá, mas isso é outra história).
Posso dar-me ao luxo de ouvir o que melhor se fabrica no mundo do «high-end» e encaro sempre estas incursões no «low-end» pela negativa (não confundir com «low-fi»). Ou seja: ponho o equipamento a tocar e oiço durante umas horas enquanto escrevo. Se não me dá uma forte vontade de desligar, ou o som não me atrapalha a escrita, já é um bom prenúncio.
O conjunto Teac CR-L600 e as Monitor Audio Silver S1 passaram no teste: já acabei o artigo e ainda não o desliguei. O som é doce, não chateia, não enzucrina os ouvidos: os médios e os agudos estão bem integrados e o grave até tem ritmo q.b., desde que não se exija demasiado dele (junte um REL Quake para lhe dar substância). É verdade que só o cabo de prata Siltech que utilizei para ligar as colunas dava para comprar uma dúzia de «Teacs». Mas no Natal temos de tratar bem os nossos convidados...
Para o leitor de «Sons» que só pode contar com parte do subsídio de Natal, esta é uma prenda agradável para pôr no seu próprio sapatinho - ou no do filho/a. Como alternativa pode dar-lhe um telemóvel - os ladrões agradecem...
Distribuidor: Delaudio, L.go Casal Vistoso, lt.3-B, Lisboa, telef. 21 843 64 10/11
A minha opinião positiva foi agora reforçada por algo que me tinha escapado antes: a ergonomia é tão perfeita que fará corar de vergonha todos os que como eu sofrem agruras com certos equipamentos topo de gama só para os pôr a tocar...
A Teac lançou a gama Legacy para comemorar os 50 anos de vida. O design é simples, agradável, sexy mesmo. A face é de alumínio, o mostrador espelhado. Tem controlo remoto, claro. Mas com as teclas de pressão que ficam logo abaixo da elegante gaveta do CD, ladeando o botão central de volume, temos acesso a tudo: «Function» selecciona a fonte, incluindo o sintonizador FM incorporado; «Tone/Bal» faz o resto junto com o botão de volume que se roda para alterar os parâmetros da igualização: graves, agudos, etc. É tudo muito intuitivo, até para um miúdo; ou melhor, para uma pessoa de idade, que os miúdos, hoje em dia, botões é com eles. Há ainda uma misteriosa tecla «surround» que me deixou perplexo: o CR-L600 é um micro leitor-CD+sintonizador FM com amplificador estéreo integrado de 2X30W. Mas onde é que o «surround» entra neste filme, interroguei-me?
Pressiona-se a tecla uma e outra vez e surge no mostrador: Stereo, Music, Hall e Theater. O carácter do som altera-se em... consonância. Estava a ouvir a minha querida Stacey Kent e cometi a heresia de lhe alterar o «carácter». Com «Stereo» a voz é mais focada e distinta, o som mais seco, o palco mais claustrofóbico; «Music» afasta-a um pouco de nós, diluindo-a no acompanhamento musical. Pressiona-se «Hall», e Stacey ruboresce com uma pincelada de reverberação; «Theater» aumenta esse efeito e «engrandece» ainda mais o palco sonoro conferindo-lhe volumetria. É um truque, claro, um «efeito» digital obtido por um algoritmo corriqueiro. Para um audiófilo purista isto é um absurdo, mas neste contexto até resulta: vai dar consigo muitas vezes a ouvir «music» em «stereo» no modo «theater» para aumentar a ilusão de «hall» - se é que me faço entender.
Quem quiser «Theater» a sério, isto é, Cinema Em Casa, pode optar pelo DR-L700, um «Receiver», em tudo idêntico ao CR-600, que (por apenas mais 500 euros) substitui o leitor-CD por um leitor-DVD c/ Dolby Digital, DTS, Pro Logic II e vídeo progressivo! O conjunto tem como opção imprescindível um amplificador extra de 3-canais A-L700P para completar o sistema «surround».
Lá fora, o CR-L600 é vendido com colunas Teac. A Delaudio preferiu casá-lo com as deliciosas Monitor Audio Silver S1, um minimonitor de duas vias com um altifalante médio/grave em liga de magnésio e banho cerâmico e uma versão do famoso «tweeter dourado» da marca. Com uma sensibilidade elevada e impedância benigna é uma pêra-doce para qualquer amplificador minimamente decente. As S1 podem começar por ser o par principal num sistema estéreo e recuar depois para dar lugar a um par principal S6 (colunas de chão de três vias) numa configuração de sistema multicanal. Os acabamentos são muito bons, como é apanágio da Monitor Audio. E as S1 sabem ser dinâmicas sem se tornarem agressivas. Para quem é «baixodependente» basta juntar um «subwoofer» REL Quake.
Aqui chegados, o que o leitor quer saber é se isto toca bem ou não. Ou se, pelo mesmo preço (pouco mais de 400 euros), poderia comprar uma coisa melhor. «Sons» não é um guia do comprador; é antes um guia do estado da arte em áudio: não escrevo para que comprem, escrevo para que saibam. Não tenho capacidade, tempo, espaço, paciência para fazer testes comparativos a cinco produtos iguais com nomes diferentes, quantas vezes montados na mesma fábrica OEM em Taiwan. Deixo isso para a «What HiFi?» e afins. Até porque os «comparativos» são redutores, quando não mesmo enganadores: ganha sempre o que faz mais publicidade...
Eu prefiro escolher por intuição: vou a passar num qualquer show, numa qualquer loja, paro, escuto e olho - peço para testar em casa. Ninguém vai para a cama com dois ou três parceiros/as ao mesmo tempo para testar qual é melhor (bom, há quem vá, mas isso é outra história).
Posso dar-me ao luxo de ouvir o que melhor se fabrica no mundo do «high-end» e encaro sempre estas incursões no «low-end» pela negativa (não confundir com «low-fi»). Ou seja: ponho o equipamento a tocar e oiço durante umas horas enquanto escrevo. Se não me dá uma forte vontade de desligar, ou o som não me atrapalha a escrita, já é um bom prenúncio.
O conjunto Teac CR-L600 e as Monitor Audio Silver S1 passaram no teste: já acabei o artigo e ainda não o desliguei. O som é doce, não chateia, não enzucrina os ouvidos: os médios e os agudos estão bem integrados e o grave até tem ritmo q.b., desde que não se exija demasiado dele (junte um REL Quake para lhe dar substância). É verdade que só o cabo de prata Siltech que utilizei para ligar as colunas dava para comprar uma dúzia de «Teacs». Mas no Natal temos de tratar bem os nossos convidados...
Para o leitor de «Sons» que só pode contar com parte do subsídio de Natal, esta é uma prenda agradável para pôr no seu próprio sapatinho - ou no do filho/a. Como alternativa pode dar-lhe um telemóvel - os ladrões agradecem...
Distribuidor: Delaudio, L.go Casal Vistoso, lt.3-B, Lisboa, telef. 21 843 64 10/11