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2003

Adeus, Kempinski



«Hifi no meio das árvores», era o tema do mais sofisticado e esotérico certame audiófilo da Europa, o último reduto dos gira-discos analógicos, das colunas de corneta, das palestras em alemão cerrado sobre as vantagens dos cabos, com alguma banha da cobra à mistura, muito tabaco, muita cerveja, e demonstrações de cair para o lado, com comparações A/B/C/D entre LP/SACD/CD/DVD-A ou transístor vs válvula.


A partir de agora será em Munique, não no estádio olímpico, onde muitos desejariam que fosse para haver espaço para o AV, mas no Centro de Congressos: «O local perfeito, segundo a simpática Renate Paxa, que teve uma vez mais a amabilidade de me colocar na lista de convidados oficiais, com lugar reservado na conferência de imprensa (e no hotel!). Se considerarmos que na última vez que fiz a cobertura do Audioshow, de Lisboa, uma ideia que desenvolvi, patrocinada por uma revista que eu fundei, tive que pagar do meu bolso o bilhete de entrada, há por certo uma grande diferença de atitude.


A reportagem completa será publicada no DNA, num Especial Sons/Frankfurt 2003, mas os tempos modernos exigem notícias frescas. E eu trouxe tantas, tantas, que não vem mal ao mundo se for abrindo o livro aos surfistas do Hificlube. A questão é esta: divulgo as novidades e roubo todo o interesse à reportagem do DNA ou aguardo e arrisco-me (arrisco não, tenho a certeza) a que sejam divulgadas por outrem.
A velocidade da informação não se compadece com segredos de polichinelo e levantar um pouco o véu já não excita ninguém: o pessoal quer ver tudo a nu, já!


Vou, então, seleccionar as melhores fotos para o jornal, que é uma entidade física, palpável (analógica!), logo insubstituível: a verdade é que continuo a comprar jornais, apesar de os poder ler na internet. É um pouco como o sexo virtual: não há nada que chegue a tocarmos no corpo para melhor o compreender, como dizia Barthes.


Dieter Burmester esteve estranhamente ausente do Kempinski, e as cornetas tomaram conta das operações: Acapella e AvantGarde soaram espectaculares.Em especial as Trio+BassHorn (ver também CES2003, Parte II), na máxima força (seis unidades de graves!) alimentadas pelo «poderoso» amplificador AvantGarde 5: 2 watts de classe A pura! Caramba, pareciam 1.000W! Menu seleccionado de LP e SACD. Fiquei embasbacado! Com as unidades BassHorn, as Trio transformam-se completamente: desaparece o «efeito de corneta», os registos médios ganham um corpo natural, e soa tudo tão real, tão «ali» que chega a assustar. Claro que precisa de uma sala só para o sistema. No meu caso, teria de ir dormir para a rua...
Dan D'Agostino, da Krell, deslocou-se propositadamente a Frankfurt para demonstrar o seu novo-leitor SACD (ver CES2003, Las Vegas, Parte I) e trouxe com ele uma novidade. Esta nem em Las Vegas foi exibida: trata-se de um novo amplificador integrado. Outra coisa que ninguém viu, só eu, foram os novos mini-ovos da KEF: metade do tamanho com o dobro do som! Por falar em «ovos», a U-Vola apresentou o seu «Ovo de Fabergé», ricamente decorado, digno de um Imperador da Rússia. Parece que é desta que vão ser importados para Portugal. São das poucas fantasias que conheço que soam bem. Novidade absoluta para mim foram as colunas italianas Eventus. Rigor, beleza, qualidade. Coisa séria, digo-vos eu. Vamos ficar por aqui ou ainda sou preso por divulgar segredos processuais.


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