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2003

Dynaudio Tempation: Fogo Que Vem Do Gelo



Uma das desculpas recorrentes sobre a nossa atávica incapacidade de criar marcas próprias, que possam concorrer no espaço europeu com produtos de outros países mais avançados em termos industriais, é a de que somos «um país pequeno». Como se a Bélgica, a Holanda e a Dinamarca não fossem também países pequenos.


A Dynaudio é uma empresa dinamarquesa. Durante anos, forneceu alguns dos melhores altifalantes do mercado a fabricantes de todo o mundo, incluindo as famosas Sonus Faber e Wilson Audio. Até que se decidiu a fabricar e comercializar as suas próprias colunas de som. O resultado não podia ser melhor: comemorou o ano passado com pompa e circunstância o 25º Aniversário, no decorrer do HighEnd2002, de Frankfurt (inserir «Reportagem» no campo Pesquisa).


Sendo os audiófilos maioritariamente homens, quando se fala em Dinamarca pensam logo em loiras altas e boazonas. A Dynaudio tem consciência de que o «made in Denmark», tal como «born in Denmark», tem uma conotação de qualidade, design atraente e acabamento de luxo: as colunas que fabrica não serão todas «altas e loiras» (há modelos de todos os tamanhos e cores) mas, de uma maneira geral, são «boazonas».


Tenho da Dynaudio uma imagem de um som polido, educado, de elevada resolução e com uma dinâmica que presta simultaneamente homenagem à beleza da mulher dinamarquesa e à proverbial energia e gosto pela aventura do povo Viking.


É isto que faz falta a Portugal: conseguir transpôr a heroicidade perante o fatalismo e a arte do «desenrascanço» em face das dificuldades, que nos definem como povo, para todas as áreas da nossa actividade política, cultural e industrial. Há alguns exemplos artesanais como as Harpa, às quais prestei a justa homenagem em Las Vegas (inserir «Viva Portugal» no campo Pesquisa).


Portugal merecia que a abundante madeira que produz servisse a arte da música e não a arte do fogo. Um povo que continua a confundir «con fuoco» com «chega-lhe o fogo» ainda tem muito que penar para se impor no concerto da nações.


Consciente de que, por muito desenvolvido que um povo seja, as classes sociais continuarão sempre a existir, a Dynaudio criou quatro linhas de produtos num crescendo de preço e qualidade tecnológica: Audience, Contour, Confidence e Evidence. Seguindo o princípio socialdemocrata de que todos os cidadãos são iguais perante a lei, a qualidade relativa de todas as colunas é a mesma. O respeito pelo consumidor é aqui a palavra de ordem: os componentes e os acabamentos reflectem o preço justo. Claro que haverá sempre «uns que são mais iguais que os outros» e depois de ouvir o modelo Evidence Temptation, um topo de gama que custa largos milhares de euros, as Audience podem soar um pouco, digamos (como se diz agora), mais pobres. A questão não é essa: a questão é se você é suficientemente rico para comprar as Temptation sem ficar pobre. Ou se, sendo pobre (os preços reflectem o nível de vida dinamarquês pelo que até «pobre» é um termo relativo), pretende enriquecer-se culturalmente ouvindo música (e vendo filmes com som surround) com umas Audience.


Sem mais comentários, deixo-vos aqui imagens (para ouvir o som contacte o distribuidor) de uma forma de «fogo que arde sem se ver» de que falava Camões, o fogo da paixão que tenho pela música. Com o desejo de quem um dia se deixe de ver e se passe a ouvir o fogo musical das árvores de Portugal. Para que eu possa finalmente escrever aqui sobre a alta tecnologia dos produtos da... Lusaudio.



Distribuidor: Sintonia Fina . [email protected]>





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