U-Vola, o ovo de FabergéTrês dias de música, debates, muita discussão sobre o mérito das diferentes tecnologias de reprodução de som e, sobretudo, de contactos com algumas das figuras proeminentes do panorama audiófilo mundial. O HighEnd está nos antípodas das mais vulgares feiras de electrónica dominadas pelas poderosas multinacionais japonesas, que investem milhões para exibir em espaços amplos como campos de futebol.
Pense numa festival de cinema de autor, e não anda longe do ambiente que se vive no Kempinski: produtores excêntricos com peças únicas que exigem «cultura» e «abordagem» prévia para serem compreendidas e audições sublimes de equipamentos de som fantásticos na verdadeira acepção da palavra: tanto no aspecto estranho, como na performance e no preço.
Durante anos, entrei no Kempinski, munido da minha máquina fotográfica, com o espírito de missão de um repórter do National Geographic, em busca de exemplares de «raças» nunca antes vistas ou ouvidas, que impressionam os olhos tanto ou como os ouvidos, tentando fingir que não via o avanço do «progresso» e da «civilização», leia-se do AV e da «cultura oriental».
Pouco a pouco, as «projecções envolventes» começaram a exigir mais e mais espaço, que não havia no luxo acanhado dos corredores onde belos gira-discos reflectian envergonhados a luz que inunda os jardins dos hotel; o ribombar das explosões cinematográficas insinuava-se sem discrição ou respeito na pureza das audições esotéricas em quartos apinhados, onde se tentava justificar o preço de um cabo de ligação a mil euros o metro.
Alguns distribuidores de marcas com pergaminhos disseram basta: Audio Research, Burmester, Bowers e Wilkins, Wilson Audio, etc. estiveram ausentes este ano. Dir-se-ia que era uma reacção política. Vã esperança. De facto, também eles exigem não mais silêncio mas mais espaço... para o AV.
Assim, este foi o derradeiro HighEnd Show do Kempinski. Em 2004 mudam-se todos com armas (literalmente) para o Centro de Congressos de Munique, onde as condições são, dizem os organizadores, excepcionais.
Mas havia, como sempre no Kempinski, novidades relativas e absolutas. Quem me acompanhou na reportagem ao CES2003, de Las Vegas, pensa que já viu tudo, mas olhe que não, olhe que não...
Na ausência do habitual vencedor do melhor som, Dieter Burmester, as cornetas impuseram-se: Acapella e AvantGarde soaram espectaculares. Em especial as AG Trio+BassHorn (ver também CES2003, Parte II), na máxima força (seis unidades de graves!) alimentadas pelo «poderoso» amplificador AvantGarde 5: 2 watts de classe A pura! Eu disse: 2 Watts! Caramba, pareciam 1.000W! Menu seleccionado de LP e SACD. Fiquei embasbacado! Com as unidades BassHorn, as Trio transformam-se completamente: desaparece o «efeito de corneta», os registos médios ganham um corpo natural, e soa tudo tão real, tão «ali» que chega a assustar. Claro que precisa de uma sala só para o sistema.
Dan D'Agostino, da Krell, deslocou-se propositadamente a Frankfurt para demonstrar o seu novo-leitor SACD (ver CES2003, Las Vegas, Parte I) e trouxe com ele uma novidade. Esta nem em Las Vegas foi exibida: trata-se de um novo amplificador integrado. Outra coisa que ninguém viu antes foram os novos mini-ovos da KEF: metade do tamanho com o dobro do som! Por falar em «ovos», a U-Vola apresentou o seu «Ovo de Fabergé», ricamente decorado, digno de um Imperador da Rússia. Parece que é desta que vão ser importados para Portugal. São das poucas fantasias que soam bem. Novidade absoluta para mim, foram as colunas italianas Eventus. Rigor, beleza, qualidade. Coisa séria, digo-vos eu.
Uma reportagem integral do cair do pano no Kempinski será publicada num Especial Sons em 21 de Junho no DNA (não perca!). Entretanto, deixo aos leitores uma pequena amostra fotográfica de uma das espécies em vias de extinção que o avanço da «globalização» da electrónica de entretenimento acabará por colocar em parques temáticos, ditos hifishows, visitados por «meia dúzia de maduros». Claro que o sucesso desta página prova que a imensa minoria dos audiófilos não é tão minoritária assim...
Pense numa festival de cinema de autor, e não anda longe do ambiente que se vive no Kempinski: produtores excêntricos com peças únicas que exigem «cultura» e «abordagem» prévia para serem compreendidas e audições sublimes de equipamentos de som fantásticos na verdadeira acepção da palavra: tanto no aspecto estranho, como na performance e no preço.
Durante anos, entrei no Kempinski, munido da minha máquina fotográfica, com o espírito de missão de um repórter do National Geographic, em busca de exemplares de «raças» nunca antes vistas ou ouvidas, que impressionam os olhos tanto ou como os ouvidos, tentando fingir que não via o avanço do «progresso» e da «civilização», leia-se do AV e da «cultura oriental».
Pouco a pouco, as «projecções envolventes» começaram a exigir mais e mais espaço, que não havia no luxo acanhado dos corredores onde belos gira-discos reflectian envergonhados a luz que inunda os jardins dos hotel; o ribombar das explosões cinematográficas insinuava-se sem discrição ou respeito na pureza das audições esotéricas em quartos apinhados, onde se tentava justificar o preço de um cabo de ligação a mil euros o metro.
Alguns distribuidores de marcas com pergaminhos disseram basta: Audio Research, Burmester, Bowers e Wilkins, Wilson Audio, etc. estiveram ausentes este ano. Dir-se-ia que era uma reacção política. Vã esperança. De facto, também eles exigem não mais silêncio mas mais espaço... para o AV.
Assim, este foi o derradeiro HighEnd Show do Kempinski. Em 2004 mudam-se todos com armas (literalmente) para o Centro de Congressos de Munique, onde as condições são, dizem os organizadores, excepcionais.
Mas havia, como sempre no Kempinski, novidades relativas e absolutas. Quem me acompanhou na reportagem ao CES2003, de Las Vegas, pensa que já viu tudo, mas olhe que não, olhe que não...
Na ausência do habitual vencedor do melhor som, Dieter Burmester, as cornetas impuseram-se: Acapella e AvantGarde soaram espectaculares. Em especial as AG Trio+BassHorn (ver também CES2003, Parte II), na máxima força (seis unidades de graves!) alimentadas pelo «poderoso» amplificador AvantGarde 5: 2 watts de classe A pura! Eu disse: 2 Watts! Caramba, pareciam 1.000W! Menu seleccionado de LP e SACD. Fiquei embasbacado! Com as unidades BassHorn, as Trio transformam-se completamente: desaparece o «efeito de corneta», os registos médios ganham um corpo natural, e soa tudo tão real, tão «ali» que chega a assustar. Claro que precisa de uma sala só para o sistema.
Dan D'Agostino, da Krell, deslocou-se propositadamente a Frankfurt para demonstrar o seu novo-leitor SACD (ver CES2003, Las Vegas, Parte I) e trouxe com ele uma novidade. Esta nem em Las Vegas foi exibida: trata-se de um novo amplificador integrado. Outra coisa que ninguém viu antes foram os novos mini-ovos da KEF: metade do tamanho com o dobro do som! Por falar em «ovos», a U-Vola apresentou o seu «Ovo de Fabergé», ricamente decorado, digno de um Imperador da Rússia. Parece que é desta que vão ser importados para Portugal. São das poucas fantasias que soam bem. Novidade absoluta para mim, foram as colunas italianas Eventus. Rigor, beleza, qualidade. Coisa séria, digo-vos eu.
Uma reportagem integral do cair do pano no Kempinski será publicada num Especial Sons em 21 de Junho no DNA (não perca!). Entretanto, deixo aos leitores uma pequena amostra fotográfica de uma das espécies em vias de extinção que o avanço da «globalização» da electrónica de entretenimento acabará por colocar em parques temáticos, ditos hifishows, visitados por «meia dúzia de maduros». Claro que o sucesso desta página prova que a imensa minoria dos audiófilos não é tão minoritária assim...