O MJ Acoustics Reference I tem a vantagem de se poder ligar simultaneamente à saída do amplificador (high level: ideal para música) e do processador (low level: ideal para AV). Assim tem o melhor de dois mundos.
Quando a resposta em frequência ds colunas já desce abaixo dos limites físicos permitidos pela sala de audição adicionar um «sub» é (teoricamente) chover no molhado: multiplique a frequência por 340 (a velocidade de propagação do som no ar) e fica com uma ideia sobre se comprimento da onda a reproduzir «cabe» lá dentro. Junte a isto o trabalho que dá encontrar o local ideal para o colocar e a necessidade imperiosa de todo o sistema estar em fase, e apetece desistir antes de começar. Contudo, os fins justificam plenamente os meios: o som do seu sistema passa a ter uma autoridade e um corpo só possível quando «toda» a música respira em uníssono. Como atingir este desidério?, eis a questão.
A colocação
Na dúvida, paus, costumam dizer os jogadores de cartas: coloque o «sub» num canto que é onde faz mais mossa, e pronto. Os cantos são o pior local para colocar uma coluna de banda larga, e o melhor para os «subs»: a proximidade das duas paredes e do chão reforçam só por si os graves, embora o efeito de pente afectasse o equilíbrio tonal de uma coluna de banda larga. Os cantos são bons para AV, quando o que se pretende é poder e não subtileza; mas não o são para música.
Há quem advogue que não senhor, cantos nunca, o ideal é ter o «sub» perto do ouvinte, até porque, sendo as baixas frequências omnidireccionais, não é possível detectar a sua presença. E quanto mais perto mais se sente.
Ora o «default» da maior parte dos processadores e amplificadores AV situa a frequência de corte nos 80Hz, o que significa que aos 320Hz (duas oitavas acima) o «sub» ainda está bem activo. E não se fica por aí. Se não acredita, desligue todas as outras colunas, deixe só o «sub» ligado, coloque um CD com uma voz feminina «a capella» e, embora baixinho, vai poder ouvi-la! Depende muito da pendente do filtro, mas é assim em 90% dos casos (menos com o Wilson WatchDog). Logo, o esconderijo do «sub» é facilmente detectado pelo ouvido.
Colocar o «sub» mais perto do ouvinte (há até quem goste de se sentar em cima dele) tem alguma lógica acústica. Vejamos: há a ideia errada de que o «sub» deve pegar na nota onde a coluna principal a deixou; de facto, no que diz respeito às baixas frequências, o contrário seria mais correcto: a fundamental e alguns harmónicos (se o «sub» não for de «uma nota só», claro) reproduzida pelo «sub» deve ser percebida primeiro pelo ouvinte, seguindo-se os harmónicos com ela relacionados reproduzidos em fase pelas colunas. Eu disse: em fase.
Há fórmulas matemáticas para colocar os «subs» na sala mas não há nada que chegue aos nossos ouvidos. Sem necessidade de fazer figura de parvo, como a proposta pelos que defendem que se deve colocar o «sub» sobre o sofá no ponto de audição, enquanto o ouvinte gatinha pela sala à procura do ponto onde o som do «sub» é mais forte para aí o colocar...
Casamento atribulado
A primeira tentação é colocar o «sub» no meio das colunas, ligeiramente atrás delas: até por razões estéticas. Já vimos que o trabalho do «sub» deve ser percebido primeiro pelo ouvinte. Portanto, o «sub» devia ser colocado não atrás mas ligeiramente à frente das colunas. Ugh!
As Odyssey utilizam a tecnologia «Force Forward», um outro altifalante colocado atrás da caixa de graves das ML cancela em parte as frequências situadas centradas nos 80Hz para evitar o que se designa por «boominess». Meter um «sub» no meio deles a reforçar as frequências abaixo dos 50Hz só pode dar asneira, porque o «sub» continua activo nas oitavas acima: o «sub» não reproduz só as frequências abaixo da frequência de corte. E o MJ, tal como os REL, tem uma pendente suave: é a escola que defende que para um «sub» soar «musical» tem de haver uma longa sobreposição com os altifalantes de graves das colunas principais.
Acabei por colocá-lo num ponto da sala à frente e de lado em relação a uma das colunas, logo mais perto de mim, jogando com as frequências entre os 36/54Hz: muito baixo e não havia a necessária sobreposição; muito alto e o «sub» entra despudoradamente onde não deve (nas vozes, por exemplo).
2. Fase e volume
Restava afinar a fase e o volume ideal. Comecemos pela fase. Aqui cada cabeça sua sentença também. Mas há formas práticas que não exigem equipamento de medida, embora seja necessário um disco-teste para gerar os sinais de baixa frequência. A mais fácil é colocar em «repeat» uma faixa com um sinal da mesma frequência de corte: 50Hz, por exemplo. Agora sente-se no seu local de audição preferido e peça a um amigo para girar o botão Phase até o sinal «soar mais alto»: está em fase. Para confirmar, desligue uma das colunas, ligue a outra em inversão de fase e repita o teste. Desta vez, está em fase quando «soar mais baixo» (baixo no sentido de volume). O ideal seria que se cancelassem mutuamente.
Mas como se descobre primeiro qual é a frequência de corte ideal? Reproduza em repeat uma faixa de um disco teste com um varrimento entre os 20Hz-200Hz. Coloque um dedo ao de leve no altifalante de graves da coluna principal e outro no cone do «sub». Quando detectar a «passagem de testemunho», é mais ou menos por aí: 3Hz para baixo, 3Hz para cima. O MJ Ref I tem a vantagem dos pequenos passos de 3Hz que surgem num mostrador digital.
Regular o volume pode exigir algumas semanas e dezenas de discos. Se tem pressa, espere que a família saia de casa e sirva-se de ruído branco (as mulheres ficam loucas com estas experiências e os miúdos comentam com os amigos na escola que o pai se passou de vez: anda de gatas na sala a ouvir sons esquisitos que fazem estremecer a casa toda e outros que parecem a fritadeira das batatas...).
Vá subindo o volume até sentir que o «carácter» do «sopro» começa a mudar; recue um pouco, é mais ou menos por aí. Quando parece estar no ponto, há sempre um disco com excesso de graves ou outro com falta deles que obriga a alterar. Por fim, fiquei-me pelas 9 horas: o LED vermelho dos 10W só acende quando a música o exige. Chega e sobra. Um pouco menos e o «sub» ficaria mudo e aos costumes diria nada. Vale a pena gastar mais de uma milena (de euros!) só para usar um «cheirinho» de graves? Se vale!...
Atenção: Os sons graves não são brincadeira, meus amigoszzz. O sistema está afinado para um determinado ponto de escuta. Noutros pontos da sala pode ter ausência de graves (cancelamento) ou excesso de graves (reforço). Audiófilo sofre...