A NAD foi a primeira marca
europeia a tentar fazer frente
aos japoneses no seu próprio
terreno: o hifi acessível, com
uma filosofia muito especial
de “despojamento material”,
dir-se-ia quase mística. Um
máximo de potência de pico
disponível por escudo gasto com um
mínimo de funções redundantes e de
design: os NAD nunca foram bonitos,
sempre tiveram um ar vagamente militar,
do tipo forte e feio - uma ideia
que a opção pela cor verde-azeitona só
vinha reforçar.
O NAD é um Jeep Willy, da Segunda
Guerra Mundial, e não um daqueles
jeeps maricas de agora com pintura
metalizada, jantes de alumínio e estofos
de pele, que nunca se viram com
lama pelos joelhos.
O segredo da NAD reside no “motor”
preparado para resistir às duras
batalhas do dia a dia com uns “cavalos”
extra, leia-se, “watts”, sempre que
o terreno musical se mostra mais difícil.
Esta energia de reserva ( d y n a m i c
power) permite-lhe responder aos
transitórios mais violentos sem “entupir”.
A alimentar colunas de baixa impedância
ou a atacar mais de um par
de colunas para animar uma festa, os
NAD aguentam-se assim melhor que
a concorrência próxima, contrariando
as especificações no papel para a potência
disponível.
Por outro lado, para controlar os jovens
“condutores” que gostam de ouvir
a música a abrir e queimam os
tweeters das colunas como quem come
pipocas no cinema, foi integrado um
sistema de defesa comutável (pode
desligá-lo), designado por soft clipping,
que funciona um pouco como os limitadores
de velocidade montados nos
carros alemães para evitar excessos.
Assim, se por absurdo acontecer perderem
o fôlego durante uma festa
mais radical, poupam as colunas à ignomínia
de dar o berro em público.
Daí a caírem nas boas graças da crítica
mundial foi um passo: a NAD é
muito provavelmente a marca com
mais prémios e galardões. E compreende-
se: a sua principal virtude reside
na consistência do som de modelo
para modelo. Se os elogios são
merecidos ou não, a resposta cabe aos
leitores que nunca devem comprar
sem uma demonstração prévia: o som
não é para ler - é para ouvir.
Tudo começou com o amplificador
3020 e a sucessão de modelos com diferentes
siglas (e diferentes projectistas)
em nada alterou os princípios que
estão na origem da marca.
Recentemente voltei ao contacto de
um amplificador NAD e constatei que
mantêm o justo equilíbrio entre potência,
musicalidade e preço. Uma autêntica
bofetada de luva branca (ou será
verde-azeitona?) em muitos amplificadores
que cobram demasiado pelos
seus serviços, acabando depois por não
dar provas no terreno como certos jogadores
de futebol levados ao colo pela
imprensa desportiva.
A NAD é uma das respostas possíveis
aos e-mails de leitores que
pretendem passar das palavras aos
actos, mas a quem falta o poder económico
para comprar as “bombas”
que eu atiro sem remorso para o
papel. Um pouco como a vingança
dos fracos e oprimidos sobre os
“poderosos”: uma simples comparação
A/B é quanto basta.
Houve ocasiões, admito, em que
o NAD revelou as suas origens humildes
(não esquecer que estou habituado
a ouvir amplificadores que
custam tanto como um BMW artilhado).
Por exemplo, parecia perder
alguma transparência quando tocava
baixinho (potenciómetro de volume?);
por outro lado, a volumes
muito elevados, os registos médios
(as vozes) endureciam um pouco
(por esta altura já a concorrência está a
berrar como uma megera desalmada).
A meio gás, contudo, transcendeu-se,
e foi um prazer ouvir música por longos
períodos. Mostrou ser um amplificador
silencioso (não sopra, nem ressona),
de carácter agradável, melodioso
mesmo, com uma fugaz translucidez
que, curiosamente, não parecia afectar
a definição e claridade geral do som.
Uma ligeira velatura dos registos médio/
altos não afectou em nenhuma
ocasião a inteligibilidade e clareza dos
enunciados. De uma maneira geral, a
sua musicalidade intrínseca atingiu
um patamar elevado, aqui e ali com alguns
laivos de um romantismo eufónico.
O controlo da sibilância revelou
também uma judiciosa utilização da
realimentação negativa. O edifício musical
assentava num grave robusto,
ainda que um pouco redondo, a que só
faltava o poder e a extensão da minha
referência (dez vezes mais cara!). Tonalmente,
havia uma predominância
das cores quentes, as preferidas pelos
audiófilos portugueses. No conjunto,
mostrou estar muitos furos acima do
que é habitual na sua categoria e preço
revelando muito bom entrosamento
rítmico e harmónico.
Esta análise do NAD317, entretanto
fora de produção, continua válida para
todos os novos amplificadores integrados
da NAD (C320, C350, etc,), pois a
marca tem mostrado ao longo dos
anos uma notável consistência nas características
sónicas, variando apenas
a potência disponível e um ou outro
aspecto ergonómico e de design. Consistência,
aliás, que é extensiva aos
modelos para aplicações AV (T550,
T751): aposta exclusiva nas funções
nobres (processamento Dolby Digital
e dts) sem pirotecnia digital e uma teimosa
e salutar insistência na pureza
do tratamento do sinal áudio em dois
canais, situação em que a maior parte
dos amplificadores de cinco canais
deixa a desejar.
Entretanto os tempos mudaram, e a
NAD, mantendo-se embora fiel à linha
“clássica” que lhe deu rosto e continua
a utilizar como charneira num
mercado altamente competitivo, cedeu
às pressões para tornar os NAD
mais bonitos. As linhas Silver e Life
Style (L55 e L75) são disso testemunho.
Prateada e de uma beleza feminina
tipicamente escandinava a primeira;
mais “jovem” e provocante (cor
azul choque) a segunda. Os preços são
também menos... “clássicos”.
Mas para mim, NAD continua a ser
sinónimo de amplificador macho e,
dizem elas, os homens não se querem
bonitos. Felizmente, digo eu...
Distribuidor: Esotérico
europeia a tentar fazer frente
aos japoneses no seu próprio
terreno: o hifi acessível, com
uma filosofia muito especial
de “despojamento material”,
dir-se-ia quase mística. Um
máximo de potência de pico
disponível por escudo gasto com um
mínimo de funções redundantes e de
design: os NAD nunca foram bonitos,
sempre tiveram um ar vagamente militar,
do tipo forte e feio - uma ideia
que a opção pela cor verde-azeitona só
vinha reforçar.
O NAD é um Jeep Willy, da Segunda
Guerra Mundial, e não um daqueles
jeeps maricas de agora com pintura
metalizada, jantes de alumínio e estofos
de pele, que nunca se viram com
lama pelos joelhos.
O segredo da NAD reside no “motor”
preparado para resistir às duras
batalhas do dia a dia com uns “cavalos”
extra, leia-se, “watts”, sempre que
o terreno musical se mostra mais difícil.
Esta energia de reserva ( d y n a m i c
power) permite-lhe responder aos
transitórios mais violentos sem “entupir”.
A alimentar colunas de baixa impedância
ou a atacar mais de um par
de colunas para animar uma festa, os
NAD aguentam-se assim melhor que
a concorrência próxima, contrariando
as especificações no papel para a potência
disponível.
Por outro lado, para controlar os jovens
“condutores” que gostam de ouvir
a música a abrir e queimam os
tweeters das colunas como quem come
pipocas no cinema, foi integrado um
sistema de defesa comutável (pode
desligá-lo), designado por soft clipping,
que funciona um pouco como os limitadores
de velocidade montados nos
carros alemães para evitar excessos.
Assim, se por absurdo acontecer perderem
o fôlego durante uma festa
mais radical, poupam as colunas à ignomínia
de dar o berro em público.
Daí a caírem nas boas graças da crítica
mundial foi um passo: a NAD é
muito provavelmente a marca com
mais prémios e galardões. E compreende-
se: a sua principal virtude reside
na consistência do som de modelo
para modelo. Se os elogios são
merecidos ou não, a resposta cabe aos
leitores que nunca devem comprar
sem uma demonstração prévia: o som
não é para ler - é para ouvir.
Tudo começou com o amplificador
3020 e a sucessão de modelos com diferentes
siglas (e diferentes projectistas)
em nada alterou os princípios que
estão na origem da marca.
Recentemente voltei ao contacto de
um amplificador NAD e constatei que
mantêm o justo equilíbrio entre potência,
musicalidade e preço. Uma autêntica
bofetada de luva branca (ou será
verde-azeitona?) em muitos amplificadores
que cobram demasiado pelos
seus serviços, acabando depois por não
dar provas no terreno como certos jogadores
de futebol levados ao colo pela
imprensa desportiva.
A NAD é uma das respostas possíveis
aos e-mails de leitores que
pretendem passar das palavras aos
actos, mas a quem falta o poder económico
para comprar as “bombas”
que eu atiro sem remorso para o
papel. Um pouco como a vingança
dos fracos e oprimidos sobre os
“poderosos”: uma simples comparação
A/B é quanto basta.
Houve ocasiões, admito, em que
o NAD revelou as suas origens humildes
(não esquecer que estou habituado
a ouvir amplificadores que
custam tanto como um BMW artilhado).
Por exemplo, parecia perder
alguma transparência quando tocava
baixinho (potenciómetro de volume?);
por outro lado, a volumes
muito elevados, os registos médios
(as vozes) endureciam um pouco
(por esta altura já a concorrência está a
berrar como uma megera desalmada).
A meio gás, contudo, transcendeu-se,
e foi um prazer ouvir música por longos
períodos. Mostrou ser um amplificador
silencioso (não sopra, nem ressona),
de carácter agradável, melodioso
mesmo, com uma fugaz translucidez
que, curiosamente, não parecia afectar
a definição e claridade geral do som.
Uma ligeira velatura dos registos médio/
altos não afectou em nenhuma
ocasião a inteligibilidade e clareza dos
enunciados. De uma maneira geral, a
sua musicalidade intrínseca atingiu
um patamar elevado, aqui e ali com alguns
laivos de um romantismo eufónico.
O controlo da sibilância revelou
também uma judiciosa utilização da
realimentação negativa. O edifício musical
assentava num grave robusto,
ainda que um pouco redondo, a que só
faltava o poder e a extensão da minha
referência (dez vezes mais cara!). Tonalmente,
havia uma predominância
das cores quentes, as preferidas pelos
audiófilos portugueses. No conjunto,
mostrou estar muitos furos acima do
que é habitual na sua categoria e preço
revelando muito bom entrosamento
rítmico e harmónico.
Esta análise do NAD317, entretanto
fora de produção, continua válida para
todos os novos amplificadores integrados
da NAD (C320, C350, etc,), pois a
marca tem mostrado ao longo dos
anos uma notável consistência nas características
sónicas, variando apenas
a potência disponível e um ou outro
aspecto ergonómico e de design. Consistência,
aliás, que é extensiva aos
modelos para aplicações AV (T550,
T751): aposta exclusiva nas funções
nobres (processamento Dolby Digital
e dts) sem pirotecnia digital e uma teimosa
e salutar insistência na pureza
do tratamento do sinal áudio em dois
canais, situação em que a maior parte
dos amplificadores de cinco canais
deixa a desejar.
Entretanto os tempos mudaram, e a
NAD, mantendo-se embora fiel à linha
“clássica” que lhe deu rosto e continua
a utilizar como charneira num
mercado altamente competitivo, cedeu
às pressões para tornar os NAD
mais bonitos. As linhas Silver e Life
Style (L55 e L75) são disso testemunho.
Prateada e de uma beleza feminina
tipicamente escandinava a primeira;
mais “jovem” e provocante (cor
azul choque) a segunda. Os preços são
também menos... “clássicos”.
Mas para mim, NAD continua a ser
sinónimo de amplificador macho e,
dizem elas, os homens não se querem
bonitos. Felizmente, digo eu...
Distribuidor: Esotérico