Esta semana vi-me envolvido numa polémica que não me diz respeito. Eu conto. Foi assim:
Pedro Rolo Duarte fez um ataque discreto ao José Mário Silva, seu adjunto no DNA e editor do Blog de Esquerda, acusando-o de andar demasiado absorvido pelo «bloguismo» e aproveitou para desancar no fenómeno bloguista.
Os bloguistas reagiram em massa (como eu gostava que os audiófilos fossem assim mais intervenientes...) e logo as principais personalidades tomaram partido por um e outro lado: MEC defendeu a posição de PRD, Pedro Mexia colocou-se ao lado de JMS. Dezenas de outros juntaram-se ao debate nem sempre da forma mais elegante. Enfim, os bloguistas gostam destes debates e jogos florais e alguns são mesmo muito bons de caneta...eh...teclado em punho.
De repente, no meio da confusão sou apanhado por estilhaços de um texto de José Mário Silva publicado no seu Blog de Esquerda que reza assim:
«A QUESTÃO DNA
Eu não quis até agora intervir nas várias polémicas em torno do DNA e do seu director, porque sou (como a maior parte dos leitores saberá) parte interessada. Mas quando um mero suplemento de sábado se torna a besta negra dos blogues, convém no mínimo pôr alguma água na fervura e apelar, mais uma vez, à calma. Eu, que por inerência de funções leio tudo o que ali se publica (incluindo o Especial Sons sobre Frankfurt e as legendas da moda, só para citar duas das secções mais verberadas), até sou capaz de aceitar muitas das críticas - sobretudo as que são ao mesmo tempo irónicas e construtivas. Mais: eu concordo que o DNA poderia ser muito melhor do que é. Acontece que também conheço muitas dos problemas concretos com que o suplemento se tem defrontado, nomeadamente a redução de 64 para 48 páginas e as sistemáticas restrições orçamentais. Lembram-se da velha história da omolete que não se pode fazer sem ovos? É verdade.
Claro que ao leitor só lhe interessa o resultado final, independentemente das crises na imprensa, e por isso evoca, nostálgico, o tempo em que o DNA era outra coisa: melhor, mais variado, mais dinâmico, mais original, mais criativo. A única coisa que posso dizer é que toda a equipa que pensa, escreve e edita o DNA faz o melhor que pode, nas circunstâncias actuais, para satisfazer o leitor habituado à excelência do DNA dos primeiros anos. E só a cegueira completa, ou a má-fé, será capaz de negar que parte dessa primordial excelência ainda assoma, muitas vezes, naquele caderno publicado pelo DN aos sábados. Exemplos? As imagens do Augusto Brázio (talvez o melhor fotógrafo da imprensa portuguesa), as entrevistas da Anabela Mota Ribeiro, as reportagens da Sónia Morais Santos, as críticas de livros ou as crónicas do MEC e do Carlos Quevedo. Admito que possa não ser o ideal, a fórmula perfeita. Mas também não é, sejamos honestos, tão pouco quanto isso.»
Curiosamente, dos 76 comentários registados a este texto (76!, caros leitores do Clube, estão à espera de quê para entrar na liça?) a meia-dúzia que refere o meu nome é altamente elogiosa e não há um único negativo, o que torna ainda mais misteriosa a alegada «verberação». As 12 pastas de emais publicadas nesta página são também uma resposta cabal à deselegância alegadamente involuntária de um poeta e cronista que admiro e estimo.
A minha reacção pode ser lida no DNA Sons de hoje, sábado, 5 de Julho (ver pdf nesta página). Entretanto, enviei um email ao José Mário que alega que interpretei mal as suas palavras. Aguardo ansiosamente a sua explicação, pública de preferência. Mas adianto desde já uma explicação plausível: verberação significa flagelação, mas também pode significar «vibração do ar, que produz o som», segundo o Dicionário Universal, da Porto Editora...
Nota: Esta carta pretende ser um exercício de ironia, cuja único objectivo é suscitar o debate, a polémica e a participação de todos em defesa dos seus gostos de leitura. À verberação segue-se sempre a... reverberação.
[email protected]
[email protected]
Pedro Rolo Duarte fez um ataque discreto ao José Mário Silva, seu adjunto no DNA e editor do Blog de Esquerda, acusando-o de andar demasiado absorvido pelo «bloguismo» e aproveitou para desancar no fenómeno bloguista.
Os bloguistas reagiram em massa (como eu gostava que os audiófilos fossem assim mais intervenientes...) e logo as principais personalidades tomaram partido por um e outro lado: MEC defendeu a posição de PRD, Pedro Mexia colocou-se ao lado de JMS. Dezenas de outros juntaram-se ao debate nem sempre da forma mais elegante. Enfim, os bloguistas gostam destes debates e jogos florais e alguns são mesmo muito bons de caneta...eh...teclado em punho.
De repente, no meio da confusão sou apanhado por estilhaços de um texto de José Mário Silva publicado no seu Blog de Esquerda que reza assim:
«A QUESTÃO DNA
Eu não quis até agora intervir nas várias polémicas em torno do DNA e do seu director, porque sou (como a maior parte dos leitores saberá) parte interessada. Mas quando um mero suplemento de sábado se torna a besta negra dos blogues, convém no mínimo pôr alguma água na fervura e apelar, mais uma vez, à calma. Eu, que por inerência de funções leio tudo o que ali se publica (incluindo o Especial Sons sobre Frankfurt e as legendas da moda, só para citar duas das secções mais verberadas), até sou capaz de aceitar muitas das críticas - sobretudo as que são ao mesmo tempo irónicas e construtivas. Mais: eu concordo que o DNA poderia ser muito melhor do que é. Acontece que também conheço muitas dos problemas concretos com que o suplemento se tem defrontado, nomeadamente a redução de 64 para 48 páginas e as sistemáticas restrições orçamentais. Lembram-se da velha história da omolete que não se pode fazer sem ovos? É verdade.
Claro que ao leitor só lhe interessa o resultado final, independentemente das crises na imprensa, e por isso evoca, nostálgico, o tempo em que o DNA era outra coisa: melhor, mais variado, mais dinâmico, mais original, mais criativo. A única coisa que posso dizer é que toda a equipa que pensa, escreve e edita o DNA faz o melhor que pode, nas circunstâncias actuais, para satisfazer o leitor habituado à excelência do DNA dos primeiros anos. E só a cegueira completa, ou a má-fé, será capaz de negar que parte dessa primordial excelência ainda assoma, muitas vezes, naquele caderno publicado pelo DN aos sábados. Exemplos? As imagens do Augusto Brázio (talvez o melhor fotógrafo da imprensa portuguesa), as entrevistas da Anabela Mota Ribeiro, as reportagens da Sónia Morais Santos, as críticas de livros ou as crónicas do MEC e do Carlos Quevedo. Admito que possa não ser o ideal, a fórmula perfeita. Mas também não é, sejamos honestos, tão pouco quanto isso.»
Curiosamente, dos 76 comentários registados a este texto (76!, caros leitores do Clube, estão à espera de quê para entrar na liça?) a meia-dúzia que refere o meu nome é altamente elogiosa e não há um único negativo, o que torna ainda mais misteriosa a alegada «verberação». As 12 pastas de emais publicadas nesta página são também uma resposta cabal à deselegância alegadamente involuntária de um poeta e cronista que admiro e estimo.
A minha reacção pode ser lida no DNA Sons de hoje, sábado, 5 de Julho (ver pdf nesta página). Entretanto, enviei um email ao José Mário que alega que interpretei mal as suas palavras. Aguardo ansiosamente a sua explicação, pública de preferência. Mas adianto desde já uma explicação plausível: verberação significa flagelação, mas também pode significar «vibração do ar, que produz o som», segundo o Dicionário Universal, da Porto Editora...
Nota: Esta carta pretende ser um exercício de ironia, cuja único objectivo é suscitar o debate, a polémica e a participação de todos em defesa dos seus gostos de leitura. À verberação segue-se sempre a... reverberação.
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