O tempo passa e um dia destes a nossa querida UE decreta que o povo europeu só pode ouvir rádio digital (não confundir com rádios convencionais com mostrador ou sintonia digital). Falava-se que a DAB seria a norma em 2006, agora parece que é em 2010. As emissoras do Estado já estão preparadas: Antena 1, 2 , 3, RDP Internacional e RDP Africa - as únicas que consegui sintonizar. As privadas nem por isso. E você, está?
Claro que vai haver sempre excepções: afinal em Espanha e em Barrancos também há touros de morte e no resto da Europa não. Podemos argumentar, por exemplo, que a FM é uma tradição em Portugal como os jaquinzinhos fritos e bater na mulher. Ou o défice crónico. E os fogos florestais.
A propaganda diz que o som DAB é perfeito, sem interferências e com qualidade-CD. A 256 Kb/s eu acho que é mais qualidade-MP3. Mas como os jovens que ouvem hoje a maior parte da música em MP3 vão ser os rádio-ouvintes do futuro ninguém vai dar por nada.
Já aqui vos apresentei o rádio-DAB portátil Pure Digital Evoke numa comparação com o meu amado rádio-FM Tivoli One. Na altura fiquei encantado com a facilidade de utilização, a limpeza da sintonia e a ausência de ruído. Já gostei menos do número limitado de estações disponíveis (quando não posso ouvir a «Oxigénio» falta-me o ar). Quanto ao som, achei-o seguro, assepticamente limpo de adjacências de modulação, mas algo mecânico e liofilizado. O Evoke é um radiozinho-DAB estilo retro que cumpre a função de nos dar a ouvir as nossas «RDPs» na «glória» do som digital. Tem as limitações próprias de um pequeno portátil monofónico. E a mais não é obrigado.
O Pure Digital DRX -701ES é de outro campeonato. Trata-se de um sintonizador-DAB de mesa que utiliza a última tecnologia de conversão (24-bit/192kHz c/up-sampling) e pode ser ligado à aparelhagem estéreo. Tem saída para auscultadores, controlo remoto e é fácil de utilizar: uma benção nesta era dos cursos intensivos de duas semanas só para aprender a ligar o AV. O Autotune sintoniza as (poucas) estações disponíveis (RDP Inter e RDP Africa retransmitem os noticiários da Antena 1) com a eficácia silenciosa de um cão de caça e memoriza-as por ordem alfabética em segundos. Depois é só seleccionar. Com a DAB a sintonia é perfeita sem sopro ou interferências. Quando o sinal é fraco, ouvem-se uns sons estranhos como se os músicos estivessem a tocar dentro de água. Convém orientar bem a antena. Na área da grande Lisboa, o T fornecido é suficiente (coloque-o na vertical com um pouco de fita). Em zonas mais afastadas aconselha-se uma antena exterior dipolo. A DAB tem tendência para soar estridente e sibilante. O DRX-701 tem um eficaz circuito PAC de compensação psicoacústica que alivia esta «sintomatologia aguda» mas altera o timbre das vozes.
Liguei-o ao meu sistema de referência, ouvi um pouco de clássica e jazz na Antena 2, uns faduchos na Antena 1 e umas batucadas na RDP-Africa. Com a ajuda do McIntosh MC2200/Krell FPB400cx e umas Martin Logan Odyssey na ponta aquilo até parecia música. E gostei das vozes dos locutores na Antena 2. Melhor ainda quando liguei a saída SPDIF (PAC desactivado) ao conversor Chord DAC64 por meio de cabo Siltech. Continuo a achar que à DAB falta «je ne sai quoi»: resolução, detalhe, dinâmica, emoção? Ou será sugestão? Por outro lado, a DAB não sofre do pecado das interferências de estações próximas, distorção, estática, sopro e silvos da FM. Aliás, se pensarmos bem, nos actuais estúdios-FM já é tudo digitalizado menos a transmissão.
Fiquei menos pessimista quanto ao futuro da rádio depois de ouvir o DRX-701ES. Confesso que gostei. E não custa uma fortuna. Tive-o aqui durante meses a fio, testo, não testo, e afinal não doeu nada...
Nota: Para os indecisos a Pure Digital tem o modelo híbrido DRX-702ES (DAB/FM/OM) que junta literalmente o útil ao agradável (605 euros). E assim já pode comparar a Antena 2 em FM e DAB: «à cause des mouches».
Pure Digital DRX-701 es
Preço: 495 euros
Distribuidor: Distribuidor: Esotérico, tel. 21 983 8944/ 91 959 0764
Claro que vai haver sempre excepções: afinal em Espanha e em Barrancos também há touros de morte e no resto da Europa não. Podemos argumentar, por exemplo, que a FM é uma tradição em Portugal como os jaquinzinhos fritos e bater na mulher. Ou o défice crónico. E os fogos florestais.
A propaganda diz que o som DAB é perfeito, sem interferências e com qualidade-CD. A 256 Kb/s eu acho que é mais qualidade-MP3. Mas como os jovens que ouvem hoje a maior parte da música em MP3 vão ser os rádio-ouvintes do futuro ninguém vai dar por nada.
Já aqui vos apresentei o rádio-DAB portátil Pure Digital Evoke numa comparação com o meu amado rádio-FM Tivoli One. Na altura fiquei encantado com a facilidade de utilização, a limpeza da sintonia e a ausência de ruído. Já gostei menos do número limitado de estações disponíveis (quando não posso ouvir a «Oxigénio» falta-me o ar). Quanto ao som, achei-o seguro, assepticamente limpo de adjacências de modulação, mas algo mecânico e liofilizado. O Evoke é um radiozinho-DAB estilo retro que cumpre a função de nos dar a ouvir as nossas «RDPs» na «glória» do som digital. Tem as limitações próprias de um pequeno portátil monofónico. E a mais não é obrigado.
O Pure Digital DRX -701ES é de outro campeonato. Trata-se de um sintonizador-DAB de mesa que utiliza a última tecnologia de conversão (24-bit/192kHz c/up-sampling) e pode ser ligado à aparelhagem estéreo. Tem saída para auscultadores, controlo remoto e é fácil de utilizar: uma benção nesta era dos cursos intensivos de duas semanas só para aprender a ligar o AV. O Autotune sintoniza as (poucas) estações disponíveis (RDP Inter e RDP Africa retransmitem os noticiários da Antena 1) com a eficácia silenciosa de um cão de caça e memoriza-as por ordem alfabética em segundos. Depois é só seleccionar. Com a DAB a sintonia é perfeita sem sopro ou interferências. Quando o sinal é fraco, ouvem-se uns sons estranhos como se os músicos estivessem a tocar dentro de água. Convém orientar bem a antena. Na área da grande Lisboa, o T fornecido é suficiente (coloque-o na vertical com um pouco de fita). Em zonas mais afastadas aconselha-se uma antena exterior dipolo. A DAB tem tendência para soar estridente e sibilante. O DRX-701 tem um eficaz circuito PAC de compensação psicoacústica que alivia esta «sintomatologia aguda» mas altera o timbre das vozes.
Liguei-o ao meu sistema de referência, ouvi um pouco de clássica e jazz na Antena 2, uns faduchos na Antena 1 e umas batucadas na RDP-Africa. Com a ajuda do McIntosh MC2200/Krell FPB400cx e umas Martin Logan Odyssey na ponta aquilo até parecia música. E gostei das vozes dos locutores na Antena 2. Melhor ainda quando liguei a saída SPDIF (PAC desactivado) ao conversor Chord DAC64 por meio de cabo Siltech. Continuo a achar que à DAB falta «je ne sai quoi»: resolução, detalhe, dinâmica, emoção? Ou será sugestão? Por outro lado, a DAB não sofre do pecado das interferências de estações próximas, distorção, estática, sopro e silvos da FM. Aliás, se pensarmos bem, nos actuais estúdios-FM já é tudo digitalizado menos a transmissão.
Fiquei menos pessimista quanto ao futuro da rádio depois de ouvir o DRX-701ES. Confesso que gostei. E não custa uma fortuna. Tive-o aqui durante meses a fio, testo, não testo, e afinal não doeu nada...
Nota: Para os indecisos a Pure Digital tem o modelo híbrido DRX-702ES (DAB/FM/OM) que junta literalmente o útil ao agradável (605 euros). E assim já pode comparar a Antena 2 em FM e DAB: «à cause des mouches».
Pure Digital DRX-701 es
Preço: 495 euros
Distribuidor: Distribuidor: Esotérico, tel. 21 983 8944/ 91 959 0764