Basicamente o comunicado informava que devido à recessão económica mundial a TAG iria cessar o desenvolvimento de novos produtos áudio e vídeo, mantendo apenas a venda do actual stock e o apoio a distribuidores e clientes. Produtos já prontos como o módulo de oito canais para o conjunto AV32R/DP/AV192 e o Video Scaler Module VSM2048 seriam ainda comercializados.
O comunicado era ambíguo ao ponto de se tornar incendiário: a confiança dos consumidores foi afectada e as vendas sofreram em consequência. A notícia espalhou-se na internet como fogo em pinhal nacional e daí a correr o rumor de que a TAG ia fechar demorou menos que ...um fósforo.
A TAG McLaren Audio é uma empresa do grupo TAG de que fazem parte também os relógios TAG Heuer e os automóveis McLaren, incluindo, claro, os bólides de Fórmula 1. Em 1998, estive presente na apresentação mundial da nova marca nas instalações da McLaren: depois do almoço e dos discursos da ordem seguiu-se uma memorável visita às oficinas em plena laboração onde se concebem e montam os F1. Na altura, Udo Zucker, o homem cujos conhecimentos de electrónica digital deram a Ayrton de Senna tantas vitórias, alimentava o sonho de tornar a TAG McLaren Audio numa referência mundial em apenas sete anos. Até há pouco tempo parecia estar no bom caminho. Porquê esta súbita «saída de pista»?
Consta que esta informação era apenas para uso interno e, ao ser divulgada por um distribuidor britânico (lá como cá, o segredo é uma coisa que se diz a toda a gente em voz baixa), obrigou a TAG a assumi-la publicamente. A ideia original era fazer uma reestruturação interna sem muitas ondas. Face ao pânico que se instalou no mercado (houve mesmo quem cancelasse encomendas e até distribuidores que fizeram saldos de emergência), Udo Zucker tentou colocar água na fervura e dispôs-se a responder pessoalmente no Forum do site a todas as dúvidas. Segundo Zucker, o comunicado-bomba devia ser entendido não como um obituário mas como um paragem para reflexão e garantiu que a TAG McLaren Audio ia continuar, apenas considerava que face à actual recessão económica não era altura para correr riscos com tecnologias de ponta cujo desenvolvimento exige verbas avultadas. E recusava-se a recorrer ao velho truque OEM, que consiste em apresentar como original um produto fabricado por terceiros em países de mão de obra barata. Porque isso seria trair os princípios que presidiram à sua criação, deixando implícito que esta seria uma prática usual entre a concorrência...
Gaffe ou campanha publicitária pouco ortodoxa? Se é certo que desestabilizou fortemente a imagem de marca da TAG em todo o mundo, nunca se falou tanto dela...
O «fogo» alastrou até ao outro lado do Atlântico, e John Atkinson, editor da revista Stereophile, adiantou uma explicação: a TAGMclaren Audio precisou de accionar a cláusula do despedimento colectivo para reestruturar a empresa. Ora a legislação britânica obriga as empresas cotadas na bolsa a tornar público um comunicado sobre as razões económicas dessa decisão. Foi o que o departamento jurídico da TAG fez em nome de Udo Zucker. Mas sendo a TAGMcLaren Audio parte integrante do grupo TAGMcLaren a falência total seria impensável. A reestruturação era pois uma hipótese plausível. Não havia motivo para alarme.
Delfin Yanez, da Delaudio, distribuidor da marca em Portugal, afinou pelo mesmo diapasão: «Nada mudou na política de comercialização e apoio pós-venda da TAG McLaren Audio em Portugal. Mantêm-se as garantias, os «up-grades», as encomendas, as vendas e ... os preços. Trata-se apenas de um reestruração», afirmou. A convicção de Delfin Yanez tinha afinal fundamento. Menos de um mês depois da tempestade vem a bonança: a TAG anunciou em 23 de Agosto que a «revisão estratégica» está completa e que a companhia irá manter-se em plena laboração na sua fábrica de Huntington. Apenas a dimensão será reduzida e a aposta passa a ser exclusivamente na área do AV-Cinema Em Casa (só electrónica ou colunas também?). Enfim, nada que não fosse já a tendência natural da marca e do mercado...
E para não deixar dúvidas apresenta como primeira novidade o «software» já disponível para tornar compatíveis os processadores AV32R Dual e AV192R com o Dolby Pro Logic IIx: a versão do Dolby Pro Logic II para as configurações 7.1. Assim, quem tem sistemas AV adaptados ao DTS ES e Dolby Digital EX (com os dois canais traseiros-centrais extra) pode agora ouvir também CD-estéreo com som processado digitalmente para 7.1 canais. O Pro Logic IIx tem um modo especial para jogos «Game Mode» que torna todos os jogos com som PCM-estéreo num espectáculo de som Surround. A demonstração realizada em Janeiro, em Las Vegas, pela Dolby Labs deixou-me convencido e preocupado: a facilidade com que os algoritmos enganam os nossos ouvidos é, de facto, ao mesmo tempo maravilhosa e preocupante. É fácil fazer o «upgrade» nos modelos anteriores: a TAG, tal como os «marines», não deixa mortos e feridos no campo de batalha digital.
E aiiinda (estão sentados?), o canal-de-tecto (ceiling speaker), que deriva de um dos canais-traseiros-extra (back channels) do Surround ES e EX, apresentado com o slogan: «Não está farto que os helicópteros lhe entrem pelo estômago em vez de pairarem por cima da sua cabeça?...».
Quando tentar explicar à sua mulher que, além de um par de colunas frontais, outra central-frente, mais duas de efeitos traseiros, uma traseira-central e o mastronço do subwoofer, ainda vai montar outra coluna no tecto, prepare-se para ver pairar por cima da sua cabeça uma... frigideira.
Para mais informações: Delaudio, telef. 21 843 6410
O comunicado era ambíguo ao ponto de se tornar incendiário: a confiança dos consumidores foi afectada e as vendas sofreram em consequência. A notícia espalhou-se na internet como fogo em pinhal nacional e daí a correr o rumor de que a TAG ia fechar demorou menos que ...um fósforo.
A TAG McLaren Audio é uma empresa do grupo TAG de que fazem parte também os relógios TAG Heuer e os automóveis McLaren, incluindo, claro, os bólides de Fórmula 1. Em 1998, estive presente na apresentação mundial da nova marca nas instalações da McLaren: depois do almoço e dos discursos da ordem seguiu-se uma memorável visita às oficinas em plena laboração onde se concebem e montam os F1. Na altura, Udo Zucker, o homem cujos conhecimentos de electrónica digital deram a Ayrton de Senna tantas vitórias, alimentava o sonho de tornar a TAG McLaren Audio numa referência mundial em apenas sete anos. Até há pouco tempo parecia estar no bom caminho. Porquê esta súbita «saída de pista»?
Consta que esta informação era apenas para uso interno e, ao ser divulgada por um distribuidor britânico (lá como cá, o segredo é uma coisa que se diz a toda a gente em voz baixa), obrigou a TAG a assumi-la publicamente. A ideia original era fazer uma reestruturação interna sem muitas ondas. Face ao pânico que se instalou no mercado (houve mesmo quem cancelasse encomendas e até distribuidores que fizeram saldos de emergência), Udo Zucker tentou colocar água na fervura e dispôs-se a responder pessoalmente no Forum do site a todas as dúvidas. Segundo Zucker, o comunicado-bomba devia ser entendido não como um obituário mas como um paragem para reflexão e garantiu que a TAG McLaren Audio ia continuar, apenas considerava que face à actual recessão económica não era altura para correr riscos com tecnologias de ponta cujo desenvolvimento exige verbas avultadas. E recusava-se a recorrer ao velho truque OEM, que consiste em apresentar como original um produto fabricado por terceiros em países de mão de obra barata. Porque isso seria trair os princípios que presidiram à sua criação, deixando implícito que esta seria uma prática usual entre a concorrência...
Gaffe ou campanha publicitária pouco ortodoxa? Se é certo que desestabilizou fortemente a imagem de marca da TAG em todo o mundo, nunca se falou tanto dela...
O «fogo» alastrou até ao outro lado do Atlântico, e John Atkinson, editor da revista Stereophile, adiantou uma explicação: a TAGMclaren Audio precisou de accionar a cláusula do despedimento colectivo para reestruturar a empresa. Ora a legislação britânica obriga as empresas cotadas na bolsa a tornar público um comunicado sobre as razões económicas dessa decisão. Foi o que o departamento jurídico da TAG fez em nome de Udo Zucker. Mas sendo a TAGMcLaren Audio parte integrante do grupo TAGMcLaren a falência total seria impensável. A reestruturação era pois uma hipótese plausível. Não havia motivo para alarme.
Delfin Yanez, da Delaudio, distribuidor da marca em Portugal, afinou pelo mesmo diapasão: «Nada mudou na política de comercialização e apoio pós-venda da TAG McLaren Audio em Portugal. Mantêm-se as garantias, os «up-grades», as encomendas, as vendas e ... os preços. Trata-se apenas de um reestruração», afirmou. A convicção de Delfin Yanez tinha afinal fundamento. Menos de um mês depois da tempestade vem a bonança: a TAG anunciou em 23 de Agosto que a «revisão estratégica» está completa e que a companhia irá manter-se em plena laboração na sua fábrica de Huntington. Apenas a dimensão será reduzida e a aposta passa a ser exclusivamente na área do AV-Cinema Em Casa (só electrónica ou colunas também?). Enfim, nada que não fosse já a tendência natural da marca e do mercado...
E para não deixar dúvidas apresenta como primeira novidade o «software» já disponível para tornar compatíveis os processadores AV32R Dual e AV192R com o Dolby Pro Logic IIx: a versão do Dolby Pro Logic II para as configurações 7.1. Assim, quem tem sistemas AV adaptados ao DTS ES e Dolby Digital EX (com os dois canais traseiros-centrais extra) pode agora ouvir também CD-estéreo com som processado digitalmente para 7.1 canais. O Pro Logic IIx tem um modo especial para jogos «Game Mode» que torna todos os jogos com som PCM-estéreo num espectáculo de som Surround. A demonstração realizada em Janeiro, em Las Vegas, pela Dolby Labs deixou-me convencido e preocupado: a facilidade com que os algoritmos enganam os nossos ouvidos é, de facto, ao mesmo tempo maravilhosa e preocupante. É fácil fazer o «upgrade» nos modelos anteriores: a TAG, tal como os «marines», não deixa mortos e feridos no campo de batalha digital.
E aiiinda (estão sentados?), o canal-de-tecto (ceiling speaker), que deriva de um dos canais-traseiros-extra (back channels) do Surround ES e EX, apresentado com o slogan: «Não está farto que os helicópteros lhe entrem pelo estômago em vez de pairarem por cima da sua cabeça?...».
Quando tentar explicar à sua mulher que, além de um par de colunas frontais, outra central-frente, mais duas de efeitos traseiros, uma traseira-central e o mastronço do subwoofer, ainda vai montar outra coluna no tecto, prepare-se para ver pairar por cima da sua cabeça uma... frigideira.
Para mais informações: Delaudio, telef. 21 843 6410