No Expresso, há uma secção na revista Única que vai demasiadas vezes além da chinela. A senhora responsável pela dita passeia-se pela net à pesca de produtos para encher a página e, de vez em quando, lá apanha um produto áudio. Como não percebe o que está a traduzir, sai asneira. Há poucas semanas divulgou o Chord Blu, chamando-lhe «transporte portátil» e deixando no ar a ideia de que era um brinquedo que se podia comprar na Worten. O ano passado ousou escrever sobre o Tactile Platinum da Clark Synthesis. Na altura não resisti e publiquei este artigo no DNA numa resposta indirecta. Ou não leu ou não aprendeu...
Escreveu ela:
«Os fanáticos da sétima arte caseira, modalidade apelidada de «home cinema», deparam-se várias vezes, com um som imperfeito, que não complementa a imagem televisiva. Apesar da grande qualidade de alguns sistemas áudio, o espaço que ocupam é, quase sempre, demasiado significativo. O Tactile Sound Transducer (TST) Platinum 429, da Clark Synthesis, apresenta-se como uma alternativa, podendo, literalmente, ser colocado em qualquer lado, graças ao tamanho reduzido. O segredo está na compressão que optimiza as frequências sonoras e projecta o som com maior potência».
Os leitores de DNA/Sons que já em Dezembro de 1998 (!) leram um artigo de divulgação sobre o TST, significativamente intitulado «Como se pode descer tão baixo...», só podem ter sorrido ao ler este confuso naco de prosa «audiófila», mal traduzido e pior compreendido. Mas e os outros, os que não estão por dentro do assunto, mas ainda assim pagaram o direito a ser correctamente informados, a que única conclusão podem chegar ao lê-lo? A de que o «Tactile» é, e cito: «uma alternativa aos sistemas de áudio que ocupam um espaço demasiado significativo», cujo segredo está, e cito de novo: «na compressão que optimiza as frequência sonoras e projecta o som com maior potência». Seria difícil escrever mais disparates em tão poucas palavras.
Mas afinal o que é o «TST, Tactile Sound Transducer»?
O som chega aos nossos ouvidos pela vibração do ar posto em movimento por um altifalante, por exemplo. Contudo, nós também sentimos/ouvimos sons que se transmitem através dos ossos, que enviam estas vibrações «tácteis» ao ouvido interno onde são traduzidas em impulsos eléctricos pelo cérebro. Para obter o mesmo efeito «táctil» com colunas de som convencionais o nível de pressão sonora teria de ser tão elevado que provocaria inevitavelmente danos irreparáveis no sistema auditivo.
Como o nome indica, o TST é um transdutor de energia eléctrica em energia mecânica. Numa palavra: é um vibrador. Tem a forma de um disco, semelhante ao utilizado na modalidade olímpica, e, quando aparafusado a uma cadeira ou sofá, fá-la vibrar em consonância com o sinal musical (e ao esqueleto de quem nela se sentar!), de tal forma que as baixas frequências sentem-se (mais do que se ouvem) por meio de «condução óssea», conferindo à audição a tal sensação «táctil».
O «Tactile» não constitui, pois, «uma alternativa aos sistemas de áudio», é apenas utilizado para complementar os chamados «subwoofers», colunas de «subgraves». E muito menos «optimiza as frequências sonoras», o objectivo é exactamente o oposto: o som «sente-se» não se «ouve». Há até quem aparafuse várias unidades às paredes e ao soalho para sentir «Good Vibrations» na casa toda...
Embora tenha sido concebido para gerar «vibrações de baixa frequência», o TST pode também reproduzir a «vibração» da voz humana, dependendo a qualidade da reprodução do tipo de material a que estiver aparafusado, pelo que tem sido utilizado com algum sucesso para permitir a crianças surdas «sentirem» a voz dos pais através da vibração da cadeira onde estão sentados; ou para as equipas olímpicas de natação sincronizada «ouvirem» as indicações do treinador mesmo debaixo de água; ou até música, durante as longas e maçadoras sessões de treinos de longa distância.
Os transdutores da Clark foram originalmente concebidos para fins específicos, como tornarem mais reais os simuladores de voo de aviões de combate da Força Aérea Americana. As primeiras experiências para fins de puro entretenimento foram feitas no «spaceshuttle» do «Space-Quest Casino», no Hilton de Las Vegas. Uma experiência sensacional, digo-vos eu, que fiz a viagem experimental e tremi de medo - literalmente.
Em Janeiro de 2002, também em Las Vegas, vi excertos do DVD de «O Planeta Vermelho», sentado numa cadeira Clark, com auscultadores na cabeça, e a cada explosão o meu vil esqueleto estremecia (apanham-se valentes sustos!), sem que as pessoas que esperavam a sua vez, de pé ao meu lado, ouvissem mais do que um vago rumor de baixa frequência e fraca intensidade.
O slogan da Clark devia ser: vibre respeitando o silêncio dos outros.
Nota: Não tenho informação de que a Clark Synthesis tenha distribuidor em Portugal. Tente contactar o distribuidor britânico em: www.clarksynthesis.co.uk. Os preços variam entre os 400 e os 900 euros. A cadeira especial custa cerca de 3000 euros. Os «TST» podem também ser montados no automóvel: os vizinhos vão agradecer.
Escreveu ela:
«Os fanáticos da sétima arte caseira, modalidade apelidada de «home cinema», deparam-se várias vezes, com um som imperfeito, que não complementa a imagem televisiva. Apesar da grande qualidade de alguns sistemas áudio, o espaço que ocupam é, quase sempre, demasiado significativo. O Tactile Sound Transducer (TST) Platinum 429, da Clark Synthesis, apresenta-se como uma alternativa, podendo, literalmente, ser colocado em qualquer lado, graças ao tamanho reduzido. O segredo está na compressão que optimiza as frequências sonoras e projecta o som com maior potência».
Os leitores de DNA/Sons que já em Dezembro de 1998 (!) leram um artigo de divulgação sobre o TST, significativamente intitulado «Como se pode descer tão baixo...», só podem ter sorrido ao ler este confuso naco de prosa «audiófila», mal traduzido e pior compreendido. Mas e os outros, os que não estão por dentro do assunto, mas ainda assim pagaram o direito a ser correctamente informados, a que única conclusão podem chegar ao lê-lo? A de que o «Tactile» é, e cito: «uma alternativa aos sistemas de áudio que ocupam um espaço demasiado significativo», cujo segredo está, e cito de novo: «na compressão que optimiza as frequência sonoras e projecta o som com maior potência». Seria difícil escrever mais disparates em tão poucas palavras.
Mas afinal o que é o «TST, Tactile Sound Transducer»?
O som chega aos nossos ouvidos pela vibração do ar posto em movimento por um altifalante, por exemplo. Contudo, nós também sentimos/ouvimos sons que se transmitem através dos ossos, que enviam estas vibrações «tácteis» ao ouvido interno onde são traduzidas em impulsos eléctricos pelo cérebro. Para obter o mesmo efeito «táctil» com colunas de som convencionais o nível de pressão sonora teria de ser tão elevado que provocaria inevitavelmente danos irreparáveis no sistema auditivo.
Como o nome indica, o TST é um transdutor de energia eléctrica em energia mecânica. Numa palavra: é um vibrador. Tem a forma de um disco, semelhante ao utilizado na modalidade olímpica, e, quando aparafusado a uma cadeira ou sofá, fá-la vibrar em consonância com o sinal musical (e ao esqueleto de quem nela se sentar!), de tal forma que as baixas frequências sentem-se (mais do que se ouvem) por meio de «condução óssea», conferindo à audição a tal sensação «táctil».
O «Tactile» não constitui, pois, «uma alternativa aos sistemas de áudio», é apenas utilizado para complementar os chamados «subwoofers», colunas de «subgraves». E muito menos «optimiza as frequências sonoras», o objectivo é exactamente o oposto: o som «sente-se» não se «ouve». Há até quem aparafuse várias unidades às paredes e ao soalho para sentir «Good Vibrations» na casa toda...
Embora tenha sido concebido para gerar «vibrações de baixa frequência», o TST pode também reproduzir a «vibração» da voz humana, dependendo a qualidade da reprodução do tipo de material a que estiver aparafusado, pelo que tem sido utilizado com algum sucesso para permitir a crianças surdas «sentirem» a voz dos pais através da vibração da cadeira onde estão sentados; ou para as equipas olímpicas de natação sincronizada «ouvirem» as indicações do treinador mesmo debaixo de água; ou até música, durante as longas e maçadoras sessões de treinos de longa distância.
Os transdutores da Clark foram originalmente concebidos para fins específicos, como tornarem mais reais os simuladores de voo de aviões de combate da Força Aérea Americana. As primeiras experiências para fins de puro entretenimento foram feitas no «spaceshuttle» do «Space-Quest Casino», no Hilton de Las Vegas. Uma experiência sensacional, digo-vos eu, que fiz a viagem experimental e tremi de medo - literalmente.
Em Janeiro de 2002, também em Las Vegas, vi excertos do DVD de «O Planeta Vermelho», sentado numa cadeira Clark, com auscultadores na cabeça, e a cada explosão o meu vil esqueleto estremecia (apanham-se valentes sustos!), sem que as pessoas que esperavam a sua vez, de pé ao meu lado, ouvissem mais do que um vago rumor de baixa frequência e fraca intensidade.
O slogan da Clark devia ser: vibre respeitando o silêncio dos outros.
Nota: Não tenho informação de que a Clark Synthesis tenha distribuidor em Portugal. Tente contactar o distribuidor britânico em: www.clarksynthesis.co.uk. Os preços variam entre os 400 e os 900 euros. A cadeira especial custa cerca de 3000 euros. Os «TST» podem também ser montados no automóvel: os vizinhos vão agradecer.