Se temos de pecar que ao menos o pecado valha a pena. Vivi um mês em total e deliciosa promiscuidade com o projector Yamaha DPX-1000, que já me tinha deixado de boca aberta e olhos arregalados em Las Vegas (um efeito normalmente só atribuído às bailarinas de casino). Agora o único remorso que sinto é o de não ter poupado o suficiente para o comprar. Apesar do calor que se fez sentir em Agosto, vi filmes e concertos em DVD, com a sofreguidão de quem, saciado (mas nunca cansado) de som, mata a sede de imagem.
Assisti à milagrosa aparição dos DLP em Las Vegas e há anos que acompanho a sua espectacular evolução. Finalmente, com o novo «chip» Mustang HD2 da Texas Instruments (e a little help from Faroudja: DCDi), os DLP (Digital Light Processing) atingiram uma qualidade de imagem só ultrapassada pelos melhores CRT a preços extravagantes.
Yamaha DPX-1000: o cinema em casa já não é apenas um slogan
Depois de uma primeira tentativa bem sucedida com o DPX-1, a Yamaha criou o DPX-1000 com o objectivo claro de acabar de vez com a discussão sobre se os DLP podem ou não substituir os enormes (e difíceis de afinar) CRT, sem deixar aquele gosto amargo de que o contraste podia ser mais elevado, os brancos mais brancos, os negros mais negros e a cor de pele mais natural. A luminosidade (regulável) continua, hélas, a ser q.b. (aconselha-se o «escurinho do cinema»). E não é na escuridaão da caverna platónica que o espírito descobre a verdade nas sombras projectadas?...
Acolitado pelo Denon DVD-2900, o Yamaha DPX-1000 ofereceu-me a melhor imagem de vídeo projectado a que já assisti em minha casa. Pronto, admito: já tinha dito o mesmo do conjunto Denon DVD-5000/SIM2 HT300 (ver «Projectar o futuro») mas a tecnologia tem evoluído muito rapidamente e falamos hoje de realidades diferentes. É certo que a variação na qualidade da imagem dos próprios discos chega a ser escandalosa. Compare, por exemplo, ao nível da qualidade da imagem, isto para falar apenas de filmes que todos podem alugar nos videoclubes, a razoável transcrição para vídeo de «Quatro Penas Brancas», «O Americano Tranquilo», «8Mile» e a péssima «The Wall, Live in Berlin» com a muito boa «Harry Potter, A Câmara dos Segredos» e a excelente «Outra questão de Nervos» («Analyze that»). Contudo, bastou substituir o DVD-2900 pelo velhinho DVD-5000 para que o DPX-1000 caísse uns furos na minha consideração, independentemente dos discos: menos definição, menos resolução cromática, menos contraste, o que prova que uma boa fonte «Progressiva» é fundamental para tirar partido pelo menos de parte do enorme potencial deste projector, até termos acesso (quando?) ao vídeo de alta definição.
Em Las Vegas, vi imagens em directo da HDTV americana projectadas pelo DPX-1000 que deixavam mesmo os melhores DVD a perder ... de vista. («CES2003, O Zoo de T a W»). É outro mundo!
Há um ilustre audiovideófilo português que utiliza um leitor-DVD «made in China» (?) com vídeo progressivo, «scaler» interno e saída DVI (!) directamente ligada à respectiva entrada do DPX-1000 no modo DVI-PC com resultados que um observador próximo reputa de assombrosos: reprodução perfeita pixel-a-pixel do sinal original. Ou então com cassetes digitais de alta resolução pré-gravadas (ver «D-Theater») ou registadas a partir de filmes emitidos pela HDTV americana que mão amiga lhe faz chegar às mãos.
Ou seja: o DPX-1000 não só oferece a melhor imagem possível a partir dos banais DVD como está pronto para reproduzir qualquer tipo de programa em vídeo até 1080i linhas de resolução (entrelaçado) ou mesmo 720p (progressivo) no qual se inclui já o Blu-ray recentemente comercializado no Japão. Pode também utilizar um VCR como sintonizador de televisão (sirva-se da ligação S-VHS, por favor) mas o sinal da TV Cabo é abaixo de cão e quanto mais se amplia mais rafeiro fica. Fica o aviso.
No meu caso, utilizei as saídas por componentes do Denon DVD-2900 e mantive todas as afinações de fábrica do DPX-1000, limitando-me a ajustar o foco (por controlo remoto com os olhos bem junto ao ecrã munido de uma lupa); keystone ou efeito de trapézio (quanto menos precisar de correcção, melhor: coloque o projector de preferência ao nível do ecrã ou sirva-se do ajuste da lente); e formato da imagem (4:3 ou 16:9: anamórfico, letterbox, etc.), e é apenas isso que aconselho aos leigos como eu. Admito que com o auxílio de um disco teste que comprei nos EUA verifiquei que era possível melhorar alguns aspectos ao nível da temperatura de cor e do contraste mas nada que justificasse alterações de fundo. Quanto muito, jogue com o modo Economy: menos luminosidade significa mais tempo de vida da lâmpada, que é cara; e o modo Cinema Iris para obter maior contraste (com menos luminosidade também, hélas). Quer um conselho? Coloque o modo Economy em «off» e o Cinema Iris em «on». E que se lixe a vida da lâmpada (4.000 horas). É como encher o depósito do carro com Shell V-Power. Mas deixe isso para os especialistas da marca. Quando pagamos 13.000 euros por um projector temos o direito de exigir que dê o máximo em cada situação particular. E ter cinema em casa a sério é algo de muito particular.
O Yamaha DPX-1000 é relativamente silencioso, não sofre de efeito de arco-íris (há quem afirme ter a capacidade de o ver), não «derrama» luz, nem a partir da caixa nem nos limites da imagem no ecrã (rectângulo bem recortado sem halo exterior), e a iluminação (projecção de luz branca) é de uma uniformidade quase perfeita até aos cantos do ecrã. Em filmes como «Uma questão de nervos II» ou concertos como o de «James Taylor At The Beacon Theater», onde se usa e abusa dos «close-ups», a imagem é tão nítida (em especial com o Denon DVD-2900) que cheguei a temer uma queixa crime por violação da privacidade dos artistas, assim sujeita ao escrutínio próximo: rugas, maquilhagem; suor, pele de galinha; cabelo ou falta dele (no caso de Taylor); lábios, baton; olhos, lentes de contacto, sentimentos expostos (o olhar lânguido e apaixonado da loirinha do coro que acompanha James Taylor); pestanas, rimel; sobrancelhas tortas, pinça cega; dentes, pivots de cor diferente. Não é alta definição mas quase. Ah, por pouco não me esquecia: o DPX-1000 é um pouco grande para DLP. Mas se o deixarem ficar mais tempo, eu arranjo espaço - nem que tenha de montar um «drive-in» para a vizinhança.
Distribuidor: Videoacústica, telef. 214241770, [email protected]
Assisti à milagrosa aparição dos DLP em Las Vegas e há anos que acompanho a sua espectacular evolução. Finalmente, com o novo «chip» Mustang HD2 da Texas Instruments (e a little help from Faroudja: DCDi), os DLP (Digital Light Processing) atingiram uma qualidade de imagem só ultrapassada pelos melhores CRT a preços extravagantes.
Yamaha DPX-1000: o cinema em casa já não é apenas um slogan
Depois de uma primeira tentativa bem sucedida com o DPX-1, a Yamaha criou o DPX-1000 com o objectivo claro de acabar de vez com a discussão sobre se os DLP podem ou não substituir os enormes (e difíceis de afinar) CRT, sem deixar aquele gosto amargo de que o contraste podia ser mais elevado, os brancos mais brancos, os negros mais negros e a cor de pele mais natural. A luminosidade (regulável) continua, hélas, a ser q.b. (aconselha-se o «escurinho do cinema»). E não é na escuridaão da caverna platónica que o espírito descobre a verdade nas sombras projectadas?...
Acolitado pelo Denon DVD-2900, o Yamaha DPX-1000 ofereceu-me a melhor imagem de vídeo projectado a que já assisti em minha casa. Pronto, admito: já tinha dito o mesmo do conjunto Denon DVD-5000/SIM2 HT300 (ver «Projectar o futuro») mas a tecnologia tem evoluído muito rapidamente e falamos hoje de realidades diferentes. É certo que a variação na qualidade da imagem dos próprios discos chega a ser escandalosa. Compare, por exemplo, ao nível da qualidade da imagem, isto para falar apenas de filmes que todos podem alugar nos videoclubes, a razoável transcrição para vídeo de «Quatro Penas Brancas», «O Americano Tranquilo», «8Mile» e a péssima «The Wall, Live in Berlin» com a muito boa «Harry Potter, A Câmara dos Segredos» e a excelente «Outra questão de Nervos» («Analyze that»). Contudo, bastou substituir o DVD-2900 pelo velhinho DVD-5000 para que o DPX-1000 caísse uns furos na minha consideração, independentemente dos discos: menos definição, menos resolução cromática, menos contraste, o que prova que uma boa fonte «Progressiva» é fundamental para tirar partido pelo menos de parte do enorme potencial deste projector, até termos acesso (quando?) ao vídeo de alta definição.
Em Las Vegas, vi imagens em directo da HDTV americana projectadas pelo DPX-1000 que deixavam mesmo os melhores DVD a perder ... de vista. («CES2003, O Zoo de T a W»). É outro mundo!
Há um ilustre audiovideófilo português que utiliza um leitor-DVD «made in China» (?) com vídeo progressivo, «scaler» interno e saída DVI (!) directamente ligada à respectiva entrada do DPX-1000 no modo DVI-PC com resultados que um observador próximo reputa de assombrosos: reprodução perfeita pixel-a-pixel do sinal original. Ou então com cassetes digitais de alta resolução pré-gravadas (ver «D-Theater») ou registadas a partir de filmes emitidos pela HDTV americana que mão amiga lhe faz chegar às mãos.
Ou seja: o DPX-1000 não só oferece a melhor imagem possível a partir dos banais DVD como está pronto para reproduzir qualquer tipo de programa em vídeo até 1080i linhas de resolução (entrelaçado) ou mesmo 720p (progressivo) no qual se inclui já o Blu-ray recentemente comercializado no Japão. Pode também utilizar um VCR como sintonizador de televisão (sirva-se da ligação S-VHS, por favor) mas o sinal da TV Cabo é abaixo de cão e quanto mais se amplia mais rafeiro fica. Fica o aviso.
No meu caso, utilizei as saídas por componentes do Denon DVD-2900 e mantive todas as afinações de fábrica do DPX-1000, limitando-me a ajustar o foco (por controlo remoto com os olhos bem junto ao ecrã munido de uma lupa); keystone ou efeito de trapézio (quanto menos precisar de correcção, melhor: coloque o projector de preferência ao nível do ecrã ou sirva-se do ajuste da lente); e formato da imagem (4:3 ou 16:9: anamórfico, letterbox, etc.), e é apenas isso que aconselho aos leigos como eu. Admito que com o auxílio de um disco teste que comprei nos EUA verifiquei que era possível melhorar alguns aspectos ao nível da temperatura de cor e do contraste mas nada que justificasse alterações de fundo. Quanto muito, jogue com o modo Economy: menos luminosidade significa mais tempo de vida da lâmpada, que é cara; e o modo Cinema Iris para obter maior contraste (com menos luminosidade também, hélas). Quer um conselho? Coloque o modo Economy em «off» e o Cinema Iris em «on». E que se lixe a vida da lâmpada (4.000 horas). É como encher o depósito do carro com Shell V-Power. Mas deixe isso para os especialistas da marca. Quando pagamos 13.000 euros por um projector temos o direito de exigir que dê o máximo em cada situação particular. E ter cinema em casa a sério é algo de muito particular.
O Yamaha DPX-1000 é relativamente silencioso, não sofre de efeito de arco-íris (há quem afirme ter a capacidade de o ver), não «derrama» luz, nem a partir da caixa nem nos limites da imagem no ecrã (rectângulo bem recortado sem halo exterior), e a iluminação (projecção de luz branca) é de uma uniformidade quase perfeita até aos cantos do ecrã. Em filmes como «Uma questão de nervos II» ou concertos como o de «James Taylor At The Beacon Theater», onde se usa e abusa dos «close-ups», a imagem é tão nítida (em especial com o Denon DVD-2900) que cheguei a temer uma queixa crime por violação da privacidade dos artistas, assim sujeita ao escrutínio próximo: rugas, maquilhagem; suor, pele de galinha; cabelo ou falta dele (no caso de Taylor); lábios, baton; olhos, lentes de contacto, sentimentos expostos (o olhar lânguido e apaixonado da loirinha do coro que acompanha James Taylor); pestanas, rimel; sobrancelhas tortas, pinça cega; dentes, pivots de cor diferente. Não é alta definição mas quase. Ah, por pouco não me esquecia: o DPX-1000 é um pouco grande para DLP. Mas se o deixarem ficar mais tempo, eu arranjo espaço - nem que tenha de montar um «drive-in» para a vizinhança.
Distribuidor: Videoacústica, telef. 214241770, [email protected]