ACCUSTIC ARTS POWER 1
Musik aus Deutschland
Por arte aqui entenda-se arte moderna. Os «Power 1» é um amplificador integrado «high-tech»: de linhas direitas, sóbrio e metálico nos reflexos visuais que não nos acústicos. Dois botões iguais, um para o volume outro para o selector. E dois canais. Porque nem tudo o que brilha é AV. É óbvio que não estamos perante um amplificador de pechisbeque. Se o simples olhar não o convencer, basta pegar (22 quilos). Ou pagar (4 690 euros). É o preço a pagar pela etiqueta «handmade in Germany» em vez da actual «made in China».
Tenho por experiência que, salvo honrosas excepções, quase todas com origem além-atlântica, os amplificadores integrados não têm tomates para levar as minhas Martin Logan Odyssey ao altar. Claudicam ora no grave, ora no agudo, ou em ambos. Elas tocam, claro. Melhor ou pior tocam sempre. Mas não se soltam, não mostram do que são realmente capazes. Ou é o grave que anda para ali aos tombos na sala como um contrabaixo bêbado, ou é o agudo que soa como um soprano lírico à beira de um ataque de nervos. A coisa piora quando se sobe o volume: alguns desistem mesmo a meio do percurso, isto se não desistir eu antes. Os watts na lapela (130w/c no caso do «Power 1») nunca têm relação directa com o que se ouve. Já ouvi amplificadores com 200w escarrapachados no papel acabarem no fim por se limpar a ele depois de se terem borrado pelo caminho. Nestes casos, utilizo colunas mais acessíveis para não os deixar ficar mal na fotografia. O Accustic Arts Power 1 arroga-se ainda a capacidade de alimentar cargas de baixa impedância (aos 20kHz as Odyssey aproximam-se do fatídico curto-circuito) e exibe no impecável curriculum um factor de amortecimento superior a 600 (no site da marca lê-se 1 000!). Do alto do meu pedestal, achei que mereciam o benefício da dúvida. Desliguei o yankee Krell FPB400cx e liguei o germanófilo «Power 1» às Odyssey, tudo com cabos Nordost/Siltech. Na fonte, a minha última «fonte» de inspiração, o Theta Compli (CD/SACD/DVD Audio), aqui e ali (CD) acolitado pelo Chord DAC64. E fiquei embasbacado a ouvir o sapo germânico a cantar no charco de água benta da minha presunção. O Accustic Arts Power 1 cumpre todas as promessas feitas no papel: potência para dar e vender, controlo tirânico dos graves e nem uma queixa mesmo «when the things get tough». Substitui o conjunto McIntosh C2200/Krell FPB400cx? Não, ou o sapo passava a elefante e eu podia engasgar-me. Mas bate-se com os «integrados» da Jeff Rowland, Krell, Mark Levinson, Plinius, SimAudio, que jogam no mesmo campeonato. No preço também, pelo que é de toda a conveniência compará-los antes de comprar. Apesar de ser um «mosfetiano», tem um som «bipolar», mais próximo do Krell KAV400xi que do geneticamente equivalente Jeff Rowland Consonance. É harmonicamente requintado, vivo sem ser agressivo: apenas meio tom acima da neutralidade perfeita. Não é dos que se atiram para cima dos ouvintes em voo e lhes vomitam as notas na cara. Mas gosta de se apresentar na boca do palco, bem à vista de todos. Daqui resulta um inusitado poder de resolução (detalhes antes escondidos na mistura tornam-se de súbito evidentes como sucede com a compressão benigna dos amplificadores a válvulas). Creio mesmo que é esta presença (elevado «startling factor» dos sons isolados) e a claridade prenhe de pormenores acústicos que brilham num fundo escuro de silêncio que melhor o definem. O controlo sobre os graves é espantoso, e só peca no autoritarismo excessivo, no sentido em que a polícia de costumes confunde também por vezes imaginação com devassidão: gosto dos baixos com um pouco mais de rédea solta, só não gosto quando tomam o freio nos dentes. Sou um liberal, não um anarquista. Os «bifes» chamam a isto «a tight grip», algo que faltou à equipa alemã no Euro.
Se as suas colunas são das que têm a mania de se armar em difíceis e têm a bunda maior que o peito, o Accustic Arts Power 1 é um autêntico bisturi de cirurgião plástico: volta a pôr tudo no seu devido lugar...
Distribuidor:
Interlux - som e imagem, Av.da Liberdade nº 245 - loja 8 . 1250-143 Lisboa - Portugal .Tel. + 351 21 314 38 04 . mob.+ 351 96 863 28 42
Musik aus Deutschland
Por arte aqui entenda-se arte moderna. Os «Power 1» é um amplificador integrado «high-tech»: de linhas direitas, sóbrio e metálico nos reflexos visuais que não nos acústicos. Dois botões iguais, um para o volume outro para o selector. E dois canais. Porque nem tudo o que brilha é AV. É óbvio que não estamos perante um amplificador de pechisbeque. Se o simples olhar não o convencer, basta pegar (22 quilos). Ou pagar (4 690 euros). É o preço a pagar pela etiqueta «handmade in Germany» em vez da actual «made in China».
Tenho por experiência que, salvo honrosas excepções, quase todas com origem além-atlântica, os amplificadores integrados não têm tomates para levar as minhas Martin Logan Odyssey ao altar. Claudicam ora no grave, ora no agudo, ou em ambos. Elas tocam, claro. Melhor ou pior tocam sempre. Mas não se soltam, não mostram do que são realmente capazes. Ou é o grave que anda para ali aos tombos na sala como um contrabaixo bêbado, ou é o agudo que soa como um soprano lírico à beira de um ataque de nervos. A coisa piora quando se sobe o volume: alguns desistem mesmo a meio do percurso, isto se não desistir eu antes. Os watts na lapela (130w/c no caso do «Power 1») nunca têm relação directa com o que se ouve. Já ouvi amplificadores com 200w escarrapachados no papel acabarem no fim por se limpar a ele depois de se terem borrado pelo caminho. Nestes casos, utilizo colunas mais acessíveis para não os deixar ficar mal na fotografia. O Accustic Arts Power 1 arroga-se ainda a capacidade de alimentar cargas de baixa impedância (aos 20kHz as Odyssey aproximam-se do fatídico curto-circuito) e exibe no impecável curriculum um factor de amortecimento superior a 600 (no site da marca lê-se 1 000!). Do alto do meu pedestal, achei que mereciam o benefício da dúvida. Desliguei o yankee Krell FPB400cx e liguei o germanófilo «Power 1» às Odyssey, tudo com cabos Nordost/Siltech. Na fonte, a minha última «fonte» de inspiração, o Theta Compli (CD/SACD/DVD Audio), aqui e ali (CD) acolitado pelo Chord DAC64. E fiquei embasbacado a ouvir o sapo germânico a cantar no charco de água benta da minha presunção. O Accustic Arts Power 1 cumpre todas as promessas feitas no papel: potência para dar e vender, controlo tirânico dos graves e nem uma queixa mesmo «when the things get tough». Substitui o conjunto McIntosh C2200/Krell FPB400cx? Não, ou o sapo passava a elefante e eu podia engasgar-me. Mas bate-se com os «integrados» da Jeff Rowland, Krell, Mark Levinson, Plinius, SimAudio, que jogam no mesmo campeonato. No preço também, pelo que é de toda a conveniência compará-los antes de comprar. Apesar de ser um «mosfetiano», tem um som «bipolar», mais próximo do Krell KAV400xi que do geneticamente equivalente Jeff Rowland Consonance. É harmonicamente requintado, vivo sem ser agressivo: apenas meio tom acima da neutralidade perfeita. Não é dos que se atiram para cima dos ouvintes em voo e lhes vomitam as notas na cara. Mas gosta de se apresentar na boca do palco, bem à vista de todos. Daqui resulta um inusitado poder de resolução (detalhes antes escondidos na mistura tornam-se de súbito evidentes como sucede com a compressão benigna dos amplificadores a válvulas). Creio mesmo que é esta presença (elevado «startling factor» dos sons isolados) e a claridade prenhe de pormenores acústicos que brilham num fundo escuro de silêncio que melhor o definem. O controlo sobre os graves é espantoso, e só peca no autoritarismo excessivo, no sentido em que a polícia de costumes confunde também por vezes imaginação com devassidão: gosto dos baixos com um pouco mais de rédea solta, só não gosto quando tomam o freio nos dentes. Sou um liberal, não um anarquista. Os «bifes» chamam a isto «a tight grip», algo que faltou à equipa alemã no Euro.
Se as suas colunas são das que têm a mania de se armar em difíceis e têm a bunda maior que o peito, o Accustic Arts Power 1 é um autêntico bisturi de cirurgião plástico: volta a pôr tudo no seu devido lugar...
Distribuidor:
Interlux - som e imagem, Av.da Liberdade nº 245 - loja 8 . 1250-143 Lisboa - Portugal .Tel. + 351 21 314 38 04 . mob.+ 351 96 863 28 42