DA BANCADA PARA O RELVADO
Desta vez não fui 'treinador de bancada'. Decidi aceder ao convite da Ajasom para ficar, juntamente com um amigo, com uma sala a nosso cargo. Foi também uma oportunidade de promover e dar a conhecer o 'Clube do Audio'.
Foi uma oportunidade privilegiada de conhecer os bastidores do evento, e o imenso trabalho que a participação no evento envolve.
Por manifesta indisponibilidade, foi apenas no domingo pelas 20:30 que fiz uma breve passagem pelas duas salas que me inspiravam maior curiosidade.
Artaudio: Nautilus
São de outra dimensão. A (completa, para estes ouvidos) ausência de colorações é viciante. Tudo era superlativo. Os mais pequenos contrastes dinâmicos, o decaimento das notas e o silêncio entre elas eram arrepiantes. Já que falo de silêncios, estes não são todos iguais ... costumo associar-lhes uma 'côr' ... se há quem aponte a escuridão dos silêncios como o ideal a perseguir. Qual é a côr do silêncio das Nautilus? Não tem côr. É apenas ... silêncio. A sala era claramente a que apresentava (per si) melhores condições acústicas de todo o Audioshow e estava muitíssimo bem tratada. Nada disto retira o mérito à Artaudio de ter conseguido um resultado extraordinário.
Imacústica:(Stradivari/ARC)
Excelente trabalho o que foi conseguido. Dei os meus parabéns ao Luís e ao Guilhermino. A sala apresentava dimensões modestas para um sistema com aquela natureza (e as Stradivari precisam de 'espaço vital' para respirar). Ainda assim o resultado pareceu-me altamente convincente. Esta foi a terceira ocasião em que escutei as Stradivari e há, claramente, traços comuns. Não têm (nem creio ser esso o objectivo do Franco Serblin) a neutralidade e precisão de umas Nautilus. Longe disso. São colunas diametralmente opostas. As Stradivari têm 'pathos'; as Nautilus não.
A minha escolha? as Nautilus, sem dúvida. Mas percebo quem possa sentir exactamente o contrário. Ambas as salas apresentavam um nível muito elevado
Sala do Clude do Audio
Foi nela que estive todo o Audio Show, com excepção da 1/2 hora em que visitei as salas citadas. Todas as peças presentes passaram pela minha casa nas duas semanas que antecederam o Audioshow, de modo a que pudesse conhecê-las e preparar a nossa participação no evento.
Havia problemas: O som estava 'espesso', com um equilíbrio tonal 'pesado' e alguma falta de ar e 'sparkling'. Isto deve-se à dificuldade que tivemos em eliminar a interacção com os 'maus modos' da sala. Esse enchimento do médio-baixo contamina tudo o resto. As vozes tinham 'peito' em excesso e 'cordas vocais' em défice. As tentativas que foram feitas para eliminar a interacção com a sala resultaram sempre com o posicionamento das colunas em pontos da sala que implicavam que não conseguissemos uma focagem aceitável ... compromissos. As vozes perderam em 'peito'. As 'pirâmides' (PMA) da Nagra (em apresentação nacional) foram ligadas no domingo e, com estas, o som ganhou alguma leveza que até então lhe faltava. O grave ficou mais seco (porque menos extenso?). Comparações directas entre os PMA e o MPA (que esteve de serviço na sexta e sábado) são prematuras: os PMA estiveram ligados com o PL-L; enquanto o MPA funcionou como integrado (utilizando o módulo de pré-amplificação que, opcionalmente, pode nele ser inserido). Fica-me a clara suspeita de que o belíssimo PL-L está uns furos acima do módulo de pré-amplificação inserido no MPA.
Em todos os dias aconteceu virem falar comigo inúmeras pessoas (que eu não conhecia de onde quer que fosse) que me felicitaram pelo resultado, considerando-o o melhor de todos os sons do Audioshow. Essas opiniões foram sinceras (havia pessoas genuinamente emocionadas e que recorrentemente voltavam à sala), mas - claramente - não posso secundar essa opinião. Quer a Artaudio quer a Imacústica conseguiram uma excelente integração acústica nas respectivas salas que remeteu a qualidade de reprodução para um outro escalão. O melhor da minha participação no Audioshow foi mesmo o contacto com as pessoas e a troca de opiniões e de experiências.
Quanto a equipamentos, uma palavra para o Reimyo. Há alguns meses que falei ao António Almeida da Ajasom sobre este aparelho e lhe facultei informação sobre ele. A decisão foi dele (assim como o $$$), mas não posso deixar de sentir alguma paternidade em relação a esta máquina ter chegado até nós. Fui eu com o António que o tirámos da caixa e foi em minha casa que ele tocou pela primeira vez. É uma peça incrível. Um daqueles aparelhos que aparece muito de vez em quando e que redefine os limites do possível... tudo o que se tem escrito sobre ele não peca por exagero. Aquilo não soa a 'CD' ... também não soa a 'Vinil'. A que soa? É uma fonte completamente ausente e não obstrusiva. Musical sem ser melosa, hiper-detalhada mas sem nunca soar estéril ou mecânica. Soa simplesmente a música... Gostava de o ouvir através de umas Nautilus.
As Avalon Ascendat sendo o modelo mais acessível da gama, não são 'filhas de um Deus menor'. Retêm um admirável equilíbrio tímbrico e tonal que, na minha opinião, caracteriza o som de família das Avalon. O par demonstrado foi o mesmo que no ano passado encontramos na sala da Viasónica.
João Jarego aka Vermeer
Desta vez não fui 'treinador de bancada'. Decidi aceder ao convite da Ajasom para ficar, juntamente com um amigo, com uma sala a nosso cargo. Foi também uma oportunidade de promover e dar a conhecer o 'Clube do Audio'.
Foi uma oportunidade privilegiada de conhecer os bastidores do evento, e o imenso trabalho que a participação no evento envolve.
Por manifesta indisponibilidade, foi apenas no domingo pelas 20:30 que fiz uma breve passagem pelas duas salas que me inspiravam maior curiosidade.
Artaudio: Nautilus
São de outra dimensão. A (completa, para estes ouvidos) ausência de colorações é viciante. Tudo era superlativo. Os mais pequenos contrastes dinâmicos, o decaimento das notas e o silêncio entre elas eram arrepiantes. Já que falo de silêncios, estes não são todos iguais ... costumo associar-lhes uma 'côr' ... se há quem aponte a escuridão dos silêncios como o ideal a perseguir. Qual é a côr do silêncio das Nautilus? Não tem côr. É apenas ... silêncio. A sala era claramente a que apresentava (per si) melhores condições acústicas de todo o Audioshow e estava muitíssimo bem tratada. Nada disto retira o mérito à Artaudio de ter conseguido um resultado extraordinário.
Imacústica:(Stradivari/ARC)
Excelente trabalho o que foi conseguido. Dei os meus parabéns ao Luís e ao Guilhermino. A sala apresentava dimensões modestas para um sistema com aquela natureza (e as Stradivari precisam de 'espaço vital' para respirar). Ainda assim o resultado pareceu-me altamente convincente. Esta foi a terceira ocasião em que escutei as Stradivari e há, claramente, traços comuns. Não têm (nem creio ser esso o objectivo do Franco Serblin) a neutralidade e precisão de umas Nautilus. Longe disso. São colunas diametralmente opostas. As Stradivari têm 'pathos'; as Nautilus não.
A minha escolha? as Nautilus, sem dúvida. Mas percebo quem possa sentir exactamente o contrário. Ambas as salas apresentavam um nível muito elevado
Sala do Clude do Audio
Foi nela que estive todo o Audio Show, com excepção da 1/2 hora em que visitei as salas citadas. Todas as peças presentes passaram pela minha casa nas duas semanas que antecederam o Audioshow, de modo a que pudesse conhecê-las e preparar a nossa participação no evento.
Havia problemas: O som estava 'espesso', com um equilíbrio tonal 'pesado' e alguma falta de ar e 'sparkling'. Isto deve-se à dificuldade que tivemos em eliminar a interacção com os 'maus modos' da sala. Esse enchimento do médio-baixo contamina tudo o resto. As vozes tinham 'peito' em excesso e 'cordas vocais' em défice. As tentativas que foram feitas para eliminar a interacção com a sala resultaram sempre com o posicionamento das colunas em pontos da sala que implicavam que não conseguissemos uma focagem aceitável ... compromissos. As vozes perderam em 'peito'. As 'pirâmides' (PMA) da Nagra (em apresentação nacional) foram ligadas no domingo e, com estas, o som ganhou alguma leveza que até então lhe faltava. O grave ficou mais seco (porque menos extenso?). Comparações directas entre os PMA e o MPA (que esteve de serviço na sexta e sábado) são prematuras: os PMA estiveram ligados com o PL-L; enquanto o MPA funcionou como integrado (utilizando o módulo de pré-amplificação que, opcionalmente, pode nele ser inserido). Fica-me a clara suspeita de que o belíssimo PL-L está uns furos acima do módulo de pré-amplificação inserido no MPA.
Em todos os dias aconteceu virem falar comigo inúmeras pessoas (que eu não conhecia de onde quer que fosse) que me felicitaram pelo resultado, considerando-o o melhor de todos os sons do Audioshow. Essas opiniões foram sinceras (havia pessoas genuinamente emocionadas e que recorrentemente voltavam à sala), mas - claramente - não posso secundar essa opinião. Quer a Artaudio quer a Imacústica conseguiram uma excelente integração acústica nas respectivas salas que remeteu a qualidade de reprodução para um outro escalão. O melhor da minha participação no Audioshow foi mesmo o contacto com as pessoas e a troca de opiniões e de experiências.
Quanto a equipamentos, uma palavra para o Reimyo. Há alguns meses que falei ao António Almeida da Ajasom sobre este aparelho e lhe facultei informação sobre ele. A decisão foi dele (assim como o $$$), mas não posso deixar de sentir alguma paternidade em relação a esta máquina ter chegado até nós. Fui eu com o António que o tirámos da caixa e foi em minha casa que ele tocou pela primeira vez. É uma peça incrível. Um daqueles aparelhos que aparece muito de vez em quando e que redefine os limites do possível... tudo o que se tem escrito sobre ele não peca por exagero. Aquilo não soa a 'CD' ... também não soa a 'Vinil'. A que soa? É uma fonte completamente ausente e não obstrusiva. Musical sem ser melosa, hiper-detalhada mas sem nunca soar estéril ou mecânica. Soa simplesmente a música... Gostava de o ouvir através de umas Nautilus.
As Avalon Ascendat sendo o modelo mais acessível da gama, não são 'filhas de um Deus menor'. Retêm um admirável equilíbrio tímbrico e tonal que, na minha opinião, caracteriza o som de família das Avalon. O par demonstrado foi o mesmo que no ano passado encontramos na sala da Viasónica.
João Jarego aka Vermeer