Montei não um mas dois «subwoofers» MJ Acoustics Reference One no meu actual sistema de referência. Com dois «subs» é possível controlar melhor os modos de ressonância da sala. Ter dois «subs» não significa ter duas vezes mais grave, pelo contrário, temos até «menos» grave (leia-se menos ressonância); significa ter duas vezes melhor grave: mais sólido e mais informativo.
MJ Acoustics Reference One
Um único «sub» também obriga a subir um pouco mais a frequência de corte, correndo o risco de o deixar meter o nariz onde não deve. Os MJ Acoustics Reference One, por exemplo, utilizam pendentes de 6dB/oitava para soarem mais naturais e facilitarem a integração com o espectro de baixa frequência das colunas principais. Assim, se os «cortarmos» muito acima dos 50Hz, aos 200Hz estão apenas 12dB abaixo e podem fazer estragos, colorindo os «contornos» dos sons de percussão, tornando-os mais lentos, e roubando transparência às vozes masculinas.
Os MJ Acoustics Reference One foram ligados directamente ao Krell FPB400cx, no modo High Level, acolitando cada um a sua coluna Martin Logan Odyssey, com a frequência de corte aos 39Hz, e apenas um cheirinho de potenciómetro (nas 9 horas) para conferir «carácter» ao som sem lhe alterar a personalidade. Ganhamos assim uma nova dimensão musical e o grave nunca se torna opressivo ou descontrolado. Nota: a afinação de fase é fundamental, claro.
Um sistema de som de banda larga é fundamental para se poder apreciar toda a árvore da música - e não apenas a copa, por muito definida que seja a imagem (e a cor) dos ramos e da folhas. O tronco faz parte da árvore, tal como a raiz (à raiz profunda já não se chega, hélas, com um MJ Acoustics, é preciso ir mais fundo, nos bolsos também). Um bom sistema de som alimenta toda a árvore musical com a seiva do ritmo propulsionado pelas duas últimas oitavas do espectro áudio. Ouvir música num discman é como ter uma bonsai: é giro e pode levar-se para todo o lado. De facto, não leva a lado nenhum: a bonsai não é árvore que dê sombra...
Foi neste contexto que ouvi dois novos SACD multicanal que me chegaram às mãos com percussões fabulosas: o velhinho «Gaucho» dos Steely Dan e «Reality», o último disco de David Bowie. Steely Dan, Gaucho
«Gaucho», que foi originalmente gravado em estéreo há mais de 20 anos, soa muito melhor que «Reality», um disco de 2003 que soa tudo menos a «realidade». Donald Fagen faz-se acompanhar por diferentes secções rítmicas, que deixam a sua assinatura acústica, em especial o famoso baterista Jeff Porcaro, cuja batida é inconfundível, e que, sendo adepto da «agulha», não a do gira-discos, entenda-se, acabou ironicamente por morrer picado pelas... abelhas! Cada faixa é também um teste à «secção rítmica» do seu sistema, composta pelos altifalantes de graves das colunas propriamente ditas em fase com os «subwoofers». É um disco fundamental para testar a musicalidade dos graves do seu sistema. Não o grave profundo e telúrico do «cinema em casa», mas o grave definido, articulado e com sentido rítmico que se exige para ouvir música. E, se descontarmos a actual tendência para os efeitos especiais (vozes e instrumentos solistas como o sax (!) atrás de nós), ouve-se com agrado do princípio ao fim, ainda que seja um álbum obviamente datado.
David Bowie, Reality
«Reality» foi gravado em 2003 com toda a parafernália técnica da Sony ao dispor de Bowie. As opções «surround» são no mínimo estranhas: o canal central ocupa-se em exclusivo da voz de Bowie (mais uma razão para utilizar a minha técnica de reprodução de SACD que implica manter o estéreo integral no par frontal); os canais traseiros são um fac-simile 6dB abaixo do par frontal, com coros de apoio e uma ou outra «orquestração» sintetizada com voz autónoma. Se tem capacidade de sofrimento para aguentar o disco todo, a última faixa «Bring Me The Disco King», um libelo acusatório amargo contra um certo género musical, vale o sacrifício: é uma obra-prima audiófila. Finalmente vai saber qual o verdadeiro papel que os «subwoofers» desempenham no contexto musical alargado do seu sistema. Se «Disco King» não soar bem no seu conjunto colunas+subs, em especial o trabalho do percussionista Matt Chamberlain, venda-o a alguém que não tenha lido isto!...
MJ Acoustics Reference One
Um único «sub» também obriga a subir um pouco mais a frequência de corte, correndo o risco de o deixar meter o nariz onde não deve. Os MJ Acoustics Reference One, por exemplo, utilizam pendentes de 6dB/oitava para soarem mais naturais e facilitarem a integração com o espectro de baixa frequência das colunas principais. Assim, se os «cortarmos» muito acima dos 50Hz, aos 200Hz estão apenas 12dB abaixo e podem fazer estragos, colorindo os «contornos» dos sons de percussão, tornando-os mais lentos, e roubando transparência às vozes masculinas.
Os MJ Acoustics Reference One foram ligados directamente ao Krell FPB400cx, no modo High Level, acolitando cada um a sua coluna Martin Logan Odyssey, com a frequência de corte aos 39Hz, e apenas um cheirinho de potenciómetro (nas 9 horas) para conferir «carácter» ao som sem lhe alterar a personalidade. Ganhamos assim uma nova dimensão musical e o grave nunca se torna opressivo ou descontrolado. Nota: a afinação de fase é fundamental, claro.
Um sistema de som de banda larga é fundamental para se poder apreciar toda a árvore da música - e não apenas a copa, por muito definida que seja a imagem (e a cor) dos ramos e da folhas. O tronco faz parte da árvore, tal como a raiz (à raiz profunda já não se chega, hélas, com um MJ Acoustics, é preciso ir mais fundo, nos bolsos também). Um bom sistema de som alimenta toda a árvore musical com a seiva do ritmo propulsionado pelas duas últimas oitavas do espectro áudio. Ouvir música num discman é como ter uma bonsai: é giro e pode levar-se para todo o lado. De facto, não leva a lado nenhum: a bonsai não é árvore que dê sombra...
Foi neste contexto que ouvi dois novos SACD multicanal que me chegaram às mãos com percussões fabulosas: o velhinho «Gaucho» dos Steely Dan e «Reality», o último disco de David Bowie. Steely Dan, Gaucho
«Gaucho», que foi originalmente gravado em estéreo há mais de 20 anos, soa muito melhor que «Reality», um disco de 2003 que soa tudo menos a «realidade». Donald Fagen faz-se acompanhar por diferentes secções rítmicas, que deixam a sua assinatura acústica, em especial o famoso baterista Jeff Porcaro, cuja batida é inconfundível, e que, sendo adepto da «agulha», não a do gira-discos, entenda-se, acabou ironicamente por morrer picado pelas... abelhas! Cada faixa é também um teste à «secção rítmica» do seu sistema, composta pelos altifalantes de graves das colunas propriamente ditas em fase com os «subwoofers». É um disco fundamental para testar a musicalidade dos graves do seu sistema. Não o grave profundo e telúrico do «cinema em casa», mas o grave definido, articulado e com sentido rítmico que se exige para ouvir música. E, se descontarmos a actual tendência para os efeitos especiais (vozes e instrumentos solistas como o sax (!) atrás de nós), ouve-se com agrado do princípio ao fim, ainda que seja um álbum obviamente datado.
David Bowie, Reality
«Reality» foi gravado em 2003 com toda a parafernália técnica da Sony ao dispor de Bowie. As opções «surround» são no mínimo estranhas: o canal central ocupa-se em exclusivo da voz de Bowie (mais uma razão para utilizar a minha técnica de reprodução de SACD que implica manter o estéreo integral no par frontal); os canais traseiros são um fac-simile 6dB abaixo do par frontal, com coros de apoio e uma ou outra «orquestração» sintetizada com voz autónoma. Se tem capacidade de sofrimento para aguentar o disco todo, a última faixa «Bring Me The Disco King», um libelo acusatório amargo contra um certo género musical, vale o sacrifício: é uma obra-prima audiófila. Finalmente vai saber qual o verdadeiro papel que os «subwoofers» desempenham no contexto musical alargado do seu sistema. Se «Disco King» não soar bem no seu conjunto colunas+subs, em especial o trabalho do percussionista Matt Chamberlain, venda-o a alguém que não tenha lido isto!...