Clubes falidos investiram milhões em estádios megalómanos. Não há motivo para você, caro leitor, não fazer o mesmo. Peça um crédito no seu banco e compre um camarote para toda a família na forma de um televisor de plasma. Para ver o Euro sem pagar. Depois logo se vê quem paga os euros...
Já disse tudo o que tinha a dizer sobre os plasmas: sofrem de «arrastamento» (com movimentos longos de câmara a imagem «liquefaz-se»); o grão (especialmente com certos canais da TV-Cabo) é visível a curta distância; as cores são vivas mas pouco naturais e o brilho cansa a vista quando se passa muitas horas em frente ao televisor; além disso, o formato 16:9 obriga a distorcer a imagem 4:3 para meter o quadrado num rectângulo (os locutores/as ganham ombros de nadador olímpico e as cabeças tornam-se achatadas). Posto isto: é tão giro ter um plasma!...
A Delaudio desafiou-me a viver um mês com um plasma Hitachi Platara 42PD5200E e ter a coragem de o devolver depois. Apesar de eu manter algumas das minhas críticas, a família adora-o e já o adoptou: o velho televisor ficou para ali quadradão a apanhar pó. Comparado com o Platara, fininho e elegante, que vem montado sobre uma placa giratória para agilizar os movimentos dos seus 40 quilos, o meu velho Grundig parece agora uma peça de museu. Claro que eles ainda não sabem o preço (6 249 euros): se bem que o Platara tenha um preço concorrencial (20% mais barato em média), dava para umas férias em Cuba...
A verdade é que o Platara distorce muito pouco a imagem central, mantendo o equilíbrio possível entre o formato de imagem 4:3 e o 16:9. Não corta cabeças nem injecta esteróides nas locutoras. Aliás, ao contrário dos plasmas da geração anterior, parece ter sido concebido a pensar no telespectador e não apenas no videófilo: tem um sintonizador integrado com mais de 100 canais e colunas laterais com amplificação digital Tripath e um som muito aceitável, com «bass-booster» para quem gosta de locutoras «com peito», não exigindo um gravador de vídeo para sintonizar os canais nem um sistema AV. É um plasma autosuficiente, com tecnologia (ALIS, Alternate Lighting of Surfaces) que lhe prolonga o tempo de vida sem perda de brilho.
Com DVD a imagem é ainda melhor: mais definição, contraste (1000:1), cores vivas e menos grão. E melhora ainda mais com ligação por componentes ou digital DVI e vídeo progressivo (PAL). Com a TV-Cabo, hélas, tem de se afastar um pouco (3 metros) para que tudo pareça ficar no lugar como num puzzle de milhões de peças minúsculas. Mas a culpa, por sinal, até nem é do Platara - é do... sinal. Já me disseram que a nova «box» digital da TV-Cabo tem uma qualidade superior. Se eles soubessem que eu digo mal já me tinham mandado uma. Entretanto, chega-me a notícia de que Pedro Belo garantiu a representação da HDTV para Portugal que vai transmitir por satélite o Euro 2004 em alta definição e som surround (1). É ouro sobre azul, ou melhor, verde: o Platara aceita sinais HDTV com resolução até 720/60p. E, no dia em que você vir o Figo em alta definição, como eu vi em Las Vegas, chama-lhe um...figo: até se vê a barba a crescer!...
Com um plasma o futebol ganha de facto outra dimensão. É como estar num camarote de luxo do estádio da Luz com o relvado todo iluminado lá em baixo (o brilho resiste mesmo aos ambientes domésticos mais luminosos) e os jogadores evoluindo num bailado de cores e emoções fortes - e remates fracos - que tem tanto de belo como de alienante. São 16 milhões de cores e 256 tons de cinzento à sua disposição. Os nossos olhos só conseguem distinguir 16 tons de cinzento mas é bom saber que nem tudo é preto e branco. E o serviço até nem se fica atrás: «Ó querida, traz aí um cervejola e uma sandocha para eu não perder a marcação deste canto...».
Até um amigo meu, impressionado com a dimensão do ecrã, exclamou com ar de conhecedor: «Nada como um televisor rectangular para se ver o rectângulo todo...». Claro que o «rectângulo» é o mesmo que se vê no «quadrado», só que esticado nas pontas - uma ilusão de óptica tem muita força e não valia a pena desiludi-lo. Ainda o tentei convencer a ir depois ouvir no meu estúdio o último grito em som de CD no sistema de referência, mas ele atalhou logo: «Com uma imagem destas como é que tens paciência para te sentares no escuro a ouvir música?...».
O que me levou a pensar se não estarei a pregar aos peixes, como St.António, quando escrevo sobre as delícias do áudio highend. Foi então que decidi escrever uns artigos simples sobre qual a melhor forma de ver (e ouvir) o Euro 2004 para os que vão ficar em casa em frente ao televisor. É a minha homenagem à equipa nacional. Força Portugal!
Os plasmas não duram sempre? E nós duramos? «Life is a but a brief candle...», escreveu Shakespeare, que gostaria de ter visto as suas obras representadas neste palco. Eu também. E vou começar a poupar para o bilhete.
(1) Para informações sobre o Euro 2004 em HDTV: www.euro1080tv
Distribuidor: Delaudio, Lg. Casal Vistoso, Lt 3B (ao Areeiro), Lisboa, telef. 21 843 64 10 .
Já disse tudo o que tinha a dizer sobre os plasmas: sofrem de «arrastamento» (com movimentos longos de câmara a imagem «liquefaz-se»); o grão (especialmente com certos canais da TV-Cabo) é visível a curta distância; as cores são vivas mas pouco naturais e o brilho cansa a vista quando se passa muitas horas em frente ao televisor; além disso, o formato 16:9 obriga a distorcer a imagem 4:3 para meter o quadrado num rectângulo (os locutores/as ganham ombros de nadador olímpico e as cabeças tornam-se achatadas). Posto isto: é tão giro ter um plasma!...
A Delaudio desafiou-me a viver um mês com um plasma Hitachi Platara 42PD5200E e ter a coragem de o devolver depois. Apesar de eu manter algumas das minhas críticas, a família adora-o e já o adoptou: o velho televisor ficou para ali quadradão a apanhar pó. Comparado com o Platara, fininho e elegante, que vem montado sobre uma placa giratória para agilizar os movimentos dos seus 40 quilos, o meu velho Grundig parece agora uma peça de museu. Claro que eles ainda não sabem o preço (6 249 euros): se bem que o Platara tenha um preço concorrencial (20% mais barato em média), dava para umas férias em Cuba...
A verdade é que o Platara distorce muito pouco a imagem central, mantendo o equilíbrio possível entre o formato de imagem 4:3 e o 16:9. Não corta cabeças nem injecta esteróides nas locutoras. Aliás, ao contrário dos plasmas da geração anterior, parece ter sido concebido a pensar no telespectador e não apenas no videófilo: tem um sintonizador integrado com mais de 100 canais e colunas laterais com amplificação digital Tripath e um som muito aceitável, com «bass-booster» para quem gosta de locutoras «com peito», não exigindo um gravador de vídeo para sintonizar os canais nem um sistema AV. É um plasma autosuficiente, com tecnologia (ALIS, Alternate Lighting of Surfaces) que lhe prolonga o tempo de vida sem perda de brilho.
Com DVD a imagem é ainda melhor: mais definição, contraste (1000:1), cores vivas e menos grão. E melhora ainda mais com ligação por componentes ou digital DVI e vídeo progressivo (PAL). Com a TV-Cabo, hélas, tem de se afastar um pouco (3 metros) para que tudo pareça ficar no lugar como num puzzle de milhões de peças minúsculas. Mas a culpa, por sinal, até nem é do Platara - é do... sinal. Já me disseram que a nova «box» digital da TV-Cabo tem uma qualidade superior. Se eles soubessem que eu digo mal já me tinham mandado uma. Entretanto, chega-me a notícia de que Pedro Belo garantiu a representação da HDTV para Portugal que vai transmitir por satélite o Euro 2004 em alta definição e som surround (1). É ouro sobre azul, ou melhor, verde: o Platara aceita sinais HDTV com resolução até 720/60p. E, no dia em que você vir o Figo em alta definição, como eu vi em Las Vegas, chama-lhe um...figo: até se vê a barba a crescer!...
Com um plasma o futebol ganha de facto outra dimensão. É como estar num camarote de luxo do estádio da Luz com o relvado todo iluminado lá em baixo (o brilho resiste mesmo aos ambientes domésticos mais luminosos) e os jogadores evoluindo num bailado de cores e emoções fortes - e remates fracos - que tem tanto de belo como de alienante. São 16 milhões de cores e 256 tons de cinzento à sua disposição. Os nossos olhos só conseguem distinguir 16 tons de cinzento mas é bom saber que nem tudo é preto e branco. E o serviço até nem se fica atrás: «Ó querida, traz aí um cervejola e uma sandocha para eu não perder a marcação deste canto...».
Até um amigo meu, impressionado com a dimensão do ecrã, exclamou com ar de conhecedor: «Nada como um televisor rectangular para se ver o rectângulo todo...». Claro que o «rectângulo» é o mesmo que se vê no «quadrado», só que esticado nas pontas - uma ilusão de óptica tem muita força e não valia a pena desiludi-lo. Ainda o tentei convencer a ir depois ouvir no meu estúdio o último grito em som de CD no sistema de referência, mas ele atalhou logo: «Com uma imagem destas como é que tens paciência para te sentares no escuro a ouvir música?...».
O que me levou a pensar se não estarei a pregar aos peixes, como St.António, quando escrevo sobre as delícias do áudio highend. Foi então que decidi escrever uns artigos simples sobre qual a melhor forma de ver (e ouvir) o Euro 2004 para os que vão ficar em casa em frente ao televisor. É a minha homenagem à equipa nacional. Força Portugal!
Os plasmas não duram sempre? E nós duramos? «Life is a but a brief candle...», escreveu Shakespeare, que gostaria de ter visto as suas obras representadas neste palco. Eu também. E vou começar a poupar para o bilhete.
(1) Para informações sobre o Euro 2004 em HDTV: www.euro1080tv
Distribuidor: Delaudio, Lg. Casal Vistoso, Lt 3B (ao Areeiro), Lisboa, telef. 21 843 64 10 .