As cornetas amplificam o som projectando-o à distância, como o funil dos antigos vendedores de «Línguas da Sogra». Ou o mais moderno megafone dos comícios. A sensibilidade é tão elevada que é possível obter níveis de pressão sonora capazes de o pentear para trás como um mínimo de potência: 5W é quanto basta para as pôr a cantar a plenos pulmões.
No HighEnd Show de Munique, as Avantgarde Trio+BassHorn deram uma banhada de som a todos quantos - e foram centenas - lograram sentar-se em frente delas para serem brindados com a mais fantasmagóricamente real (passe a aparente contradição) das imagens estereofónicas. Na ocasião escrevi:
«É virgem em áudio todo aquele que nunca experimentou esta sensação acústica».
A focagem, ou enfoque se preferir, de todas as fontes virtuais de som: vozes, instrumentos, etc., é de tal forma precisa e geometricamente localizada no espaço amplo do palco sonoro que é possível apontá-las com o dedo sem hesitação: o saxofone está ali, um pouco atrás e ao lado da cantora, que é um pouco mais baixa que os restantes elementos do coro, etc. Com alguma imaginação, adivinhamo-la até magra ou gorda, loira ou ruiva...
Imagens acústicas
A alta fidelidade é isto: o som substitui-se à imagem, da mesma forma que a escrita se basta a si própria na descrição de pessoas e ambientes - e nem sempre o filme faz justiça ao livro.
Até hoje sempre se pensou que a coerência temporal de uma coluna era quanto bastava para obter uma imagem estereofónica sólida e precisa. Como os altifalantes de agudos, médios e graves têm tamanhos diferentes, e como o que conta para o alinhamento geométrico de fase é a «corda vocal» (o enrolamento da bobina) e não o cone, alguns fabricantes montam-nos num painel frontal («baffle») inclinado para trás, de tal forma que o cone do «tweeter» fica exteriormente mais afastado do ouvinte que o cone do «woofer» enquanto no interior estão ambos alinhados. As Thiel e Vandersteen são bons exemplos desta técnica aliada à utilização de filtros divisores de 1ª ordem com um mínimo de rotação de fase.
O segredo está no timbre
Kevin Voecks, da Revel, contraria esta filosofia. A curta distância de três ou quatro metros que separa a coluna do ouvinte, tendo em conta a velocidade de propagação do som no ar, torna negligenciável o atraso temporal entre agudos, médios e graves, pois é facilmente compensado pelo cérebro. Para Kevin Voecks, o que conta é a resposta polar que determina o timbre das colunas, porque os primeiros reflexos do som nas paredes próximas (que chegam com algum atraso ao ouvinte) têm tanta ou mais importância que o som directo.
Por um canudo
As Avantgarde desenham no ar da sala figuras acústicas tão perfeitamente recortadas que é possível adivinhar-lhes o conteúdo tridimensional, facto que não pode estar relacionado apenas com o alinhamento dos altifalantes. As «cornetas» ao projectarem à distância os sons do canal direito e esquerdo mantêm a irradiação separada quase até chegar ao ouvinte e eliminam assim os reflexos das paredes laterais, do tecto e do chão.
Aparentemente, o que confunde a imagem estereofónica e a perfeita localização dos intervenientes em palco é a «mistura» do conteúdo acústico dos canais antes de chegar ao ouvinte, o que contraria em parte tanto as teorias de Jim Thiel, John Dunlavy,Vandersteen et al, como a de Voecks. Há até quem proponha que entre as colunas se coloque um painel separador. A sensação estéreo deriva assim, não só do facto de termos dois ouvidos, mas fundamentalmente de os termos um de cada lado da cabeça e separados por esta, daí resultando a capacidade de localização da fonte sonora.
Gravação binaural
A gravação binaural, que quando reproduzida através de auscultadores cria um extraordinário efeito de «ambiência» obtém-se colocando um microfone de cada lado da cabeça de um boneco («dummyhead»); e há também microfones que simulam esta «separação» natural com a colocação de um painel semicircular entre o par estéreo para obter o mesmo efeito na reprodução com colunas de som.
«Cornetear»
A empresa americana Musical Industry descobriu uma solução prática e barata: «cornetear» as colunas convencionais com cornetas moldadas em fibra de vidro para serem colocadas em frente dos diferentes altifalantes. O resultado visual é um pouco inestético mas o acústico é, dizem, fabuloso. Se quer saber se o seu «som» sofre de reflexos primários faça a seguinte experiência: coloque uma folha de cartolina sobre a coluna (eliminado assim o reflexo do tecto) e veja se o timbre se altera. Ou vá mais longe e construa umas cornetas rudimentares em cartão (a forma é mais ou menos a de um prato de sopa sem fundo) e com um pouco de plasticina coloque-as à volta do altifalante de médio-graves. A do «tweeter» tem a forma de uma chávena de chá sem fundo. Se os resultados forem promissores, contacte a Musical Industry.
Eis como com um investimento mínimo você pode passar a ouvir música por um canudo sem precisar de hipotecar a casa para as comprar...
Distribuidor Avantgarde em Portugal: Luz e Som
No HighEnd Show de Munique, as Avantgarde Trio+BassHorn deram uma banhada de som a todos quantos - e foram centenas - lograram sentar-se em frente delas para serem brindados com a mais fantasmagóricamente real (passe a aparente contradição) das imagens estereofónicas. Na ocasião escrevi:
«É virgem em áudio todo aquele que nunca experimentou esta sensação acústica».
A focagem, ou enfoque se preferir, de todas as fontes virtuais de som: vozes, instrumentos, etc., é de tal forma precisa e geometricamente localizada no espaço amplo do palco sonoro que é possível apontá-las com o dedo sem hesitação: o saxofone está ali, um pouco atrás e ao lado da cantora, que é um pouco mais baixa que os restantes elementos do coro, etc. Com alguma imaginação, adivinhamo-la até magra ou gorda, loira ou ruiva...
Imagens acústicas
A alta fidelidade é isto: o som substitui-se à imagem, da mesma forma que a escrita se basta a si própria na descrição de pessoas e ambientes - e nem sempre o filme faz justiça ao livro.
Até hoje sempre se pensou que a coerência temporal de uma coluna era quanto bastava para obter uma imagem estereofónica sólida e precisa. Como os altifalantes de agudos, médios e graves têm tamanhos diferentes, e como o que conta para o alinhamento geométrico de fase é a «corda vocal» (o enrolamento da bobina) e não o cone, alguns fabricantes montam-nos num painel frontal («baffle») inclinado para trás, de tal forma que o cone do «tweeter» fica exteriormente mais afastado do ouvinte que o cone do «woofer» enquanto no interior estão ambos alinhados. As Thiel e Vandersteen são bons exemplos desta técnica aliada à utilização de filtros divisores de 1ª ordem com um mínimo de rotação de fase.
O segredo está no timbre
Kevin Voecks, da Revel, contraria esta filosofia. A curta distância de três ou quatro metros que separa a coluna do ouvinte, tendo em conta a velocidade de propagação do som no ar, torna negligenciável o atraso temporal entre agudos, médios e graves, pois é facilmente compensado pelo cérebro. Para Kevin Voecks, o que conta é a resposta polar que determina o timbre das colunas, porque os primeiros reflexos do som nas paredes próximas (que chegam com algum atraso ao ouvinte) têm tanta ou mais importância que o som directo.
Por um canudo
As Avantgarde desenham no ar da sala figuras acústicas tão perfeitamente recortadas que é possível adivinhar-lhes o conteúdo tridimensional, facto que não pode estar relacionado apenas com o alinhamento dos altifalantes. As «cornetas» ao projectarem à distância os sons do canal direito e esquerdo mantêm a irradiação separada quase até chegar ao ouvinte e eliminam assim os reflexos das paredes laterais, do tecto e do chão.
Aparentemente, o que confunde a imagem estereofónica e a perfeita localização dos intervenientes em palco é a «mistura» do conteúdo acústico dos canais antes de chegar ao ouvinte, o que contraria em parte tanto as teorias de Jim Thiel, John Dunlavy,Vandersteen et al, como a de Voecks. Há até quem proponha que entre as colunas se coloque um painel separador. A sensação estéreo deriva assim, não só do facto de termos dois ouvidos, mas fundamentalmente de os termos um de cada lado da cabeça e separados por esta, daí resultando a capacidade de localização da fonte sonora.
Gravação binaural
A gravação binaural, que quando reproduzida através de auscultadores cria um extraordinário efeito de «ambiência» obtém-se colocando um microfone de cada lado da cabeça de um boneco («dummyhead»); e há também microfones que simulam esta «separação» natural com a colocação de um painel semicircular entre o par estéreo para obter o mesmo efeito na reprodução com colunas de som.
«Cornetear»
A empresa americana Musical Industry descobriu uma solução prática e barata: «cornetear» as colunas convencionais com cornetas moldadas em fibra de vidro para serem colocadas em frente dos diferentes altifalantes. O resultado visual é um pouco inestético mas o acústico é, dizem, fabuloso. Se quer saber se o seu «som» sofre de reflexos primários faça a seguinte experiência: coloque uma folha de cartolina sobre a coluna (eliminado assim o reflexo do tecto) e veja se o timbre se altera. Ou vá mais longe e construa umas cornetas rudimentares em cartão (a forma é mais ou menos a de um prato de sopa sem fundo) e com um pouco de plasticina coloque-as à volta do altifalante de médio-graves. A do «tweeter» tem a forma de uma chávena de chá sem fundo. Se os resultados forem promissores, contacte a Musical Industry.
Eis como com um investimento mínimo você pode passar a ouvir música por um canudo sem precisar de hipotecar a casa para as comprar...
Distribuidor Avantgarde em Portugal: Luz e Som