Qual é a relação entre um préamplificador construído com a precisão de um relógio suiço e as pirâmides de Gizé? São ambas propostas da Nagra para os audiófilos que acreditam que o progresso assenta nas bases sólidas do passado.
Nagra Pyramid Monoblock Amplifiers
Jean-Claude Schlup, o projectista do departamento high-end da Nagra, um dos mais famosos fabricantes de equipamento profissional do mundo (qual o engenheiro de som que não gostaria de ter um gravador digital Nagra V com «hard-disk»?), tinha consciência que, ao optar pela forma piramidal para a sua última criação, o amplificador monobloco PMA (Pyramid Monoblock Amplifier), iria suscitar associações inevitáveis com o poder místico das pirâmides de Gizé.
Aliás, é ele o primeiro a lembrá-las na brochura que acompanha o amplificador: desde Aristóteles, que considerava que a pirâmide indicava a Majestade; o historiador latino Ammien Marcellin, que achava que só podiam ser enormes bibliotecas que guardavam os arquivos dos sábios; ou outras de cariz mais esotérico, como a que defendia que tinham sido construídas para que o seu vértice servisse de marco à navegação da Arca de Noé, após o dilúvio; ou ainda, que se tratava de uma porta para um universo interior paralelo. Podia ter referido também a atracção que exerceram sobre Napoleão e, porque não, sobre Hergé. Eu admito o meu total fascínio pelas pirâmides.
De facto, as «pirâmides» de alumínio da Nagra foram construídas por razões bem mais prosaicas: controlo térmico.
Ao montar os componentes mais baixos junto à periferia da base quadrada e os mais altos ao centro, Jean-Claude garantiu a mesma distância de todos eles em relação ao tecto. Não que o PMA aqueça muito. Embora «disponibilizem» 200W/8 Ohm cada (há uma versão PSA, stereo) a partir de um andar de potência com base em MOSFETs em Classe A/B, a fonte de alimentação utiliza a técnica FCP (factor de correcção) e um conversor DC/DC que lhe permite trabalhar com tensões mais baixas do que é habitual e exige menos componentes na filtragem.
Os Nagra PMA (protótipos: o modelo final será lançado apenas em 2005) viajaram propositadamente para Portugal para serem exibidos no Audioshow, vindos do HifiShow de Milão, e partiram pouco depois para o Festival Son et Video de Paris. Eu tive a felicidade de os apanhar em trânsito e, com a simpática colaboração de António Almeida, da Ajasom, o importador nacional, fiz no meu estúdio o primeiro teste auditivo e comparativo (Krell/Nagra) a nível mundial (relegando para segundo lugar Ken Kessler que a esta hora deve estar a rogar-me pragas...).
FOGO QUE ARDE SEM SE VER
Nagra PL-L (prévio de linha a válvulas)
Como seria de esperar os Nagra PMA só revelaram a sua verdadeira personalidade quando foram acolitados pelo pré-amplificador Nagra PL-L, uma verdadeira jóia, com o design retro e os acabamentos profissionais que distinguem a marca. O PL-L é um daqueles produtos que respira classe. Basta olhar para se saber no íntimo que é bom, que tem uma «griffe». O tipo de produto que o «Conde» de Castelo-Branco compraria por impulso se percebesse alguma coisa de hifi, para juntar aos Chanel,Vuitton e Piaget. Ainda por cima é «mignon»...e caro!
As fichas de entrada e saída são colocadas lateralmente de forma muito original; os comandos surgem à frente (tem controlo remoto, claro) junto com um delicioso modulómetro que se ilumina de luz âmbar e controla com precisão laboratorial o volume e o equilíbrio entre canais e fontes; por dentro, o fogo fátuo das três válvulas quem ardem sem se ver.
Quando se liga faz um inesperado «pum» através das colunas (as saídas estão directamente ligadas às válvulas mas pode optar por transformadores), pelo que se aconselha a ligá-lo antes dos amplificadores. Mas esse é o único ruído que vai ouvir. A partir daí, funciona com a precisão mecânica de um relógio suiço e a pureza do ar da montanha.
Na audição, o conjunto revelou-se transparente e fiel à música. A tonalidade geral dos PMA é um pouco seca, sem ser adstringente ou áspera. Contudo, com a ajuda do pequeno PL-L reproduziu de forma notável timbres, espaços e tempos; pausas e silêncios. Mas é na dinâmica que o pequeno PL-L deita por terra a ideia feita de que as válvulas são «coisa» do passado: o «swing» do sinal (e da música) é excepcional. Também as pirâmides são do passado e são hoje consideradas uma das Sete Maravilhas do Mundo. O Nagra PL-L é um dos sete melhores pré-amplificadores do mundo. Não admira que os PMA, Pyramid Monoblock Amplifiers, toquem tão bem com ele: les beaux esprits...
Nagra Pyramid Monoblock Amplifiers
Jean-Claude Schlup, o projectista do departamento high-end da Nagra, um dos mais famosos fabricantes de equipamento profissional do mundo (qual o engenheiro de som que não gostaria de ter um gravador digital Nagra V com «hard-disk»?), tinha consciência que, ao optar pela forma piramidal para a sua última criação, o amplificador monobloco PMA (Pyramid Monoblock Amplifier), iria suscitar associações inevitáveis com o poder místico das pirâmides de Gizé.
Aliás, é ele o primeiro a lembrá-las na brochura que acompanha o amplificador: desde Aristóteles, que considerava que a pirâmide indicava a Majestade; o historiador latino Ammien Marcellin, que achava que só podiam ser enormes bibliotecas que guardavam os arquivos dos sábios; ou outras de cariz mais esotérico, como a que defendia que tinham sido construídas para que o seu vértice servisse de marco à navegação da Arca de Noé, após o dilúvio; ou ainda, que se tratava de uma porta para um universo interior paralelo. Podia ter referido também a atracção que exerceram sobre Napoleão e, porque não, sobre Hergé. Eu admito o meu total fascínio pelas pirâmides.
De facto, as «pirâmides» de alumínio da Nagra foram construídas por razões bem mais prosaicas: controlo térmico.
Ao montar os componentes mais baixos junto à periferia da base quadrada e os mais altos ao centro, Jean-Claude garantiu a mesma distância de todos eles em relação ao tecto. Não que o PMA aqueça muito. Embora «disponibilizem» 200W/8 Ohm cada (há uma versão PSA, stereo) a partir de um andar de potência com base em MOSFETs em Classe A/B, a fonte de alimentação utiliza a técnica FCP (factor de correcção) e um conversor DC/DC que lhe permite trabalhar com tensões mais baixas do que é habitual e exige menos componentes na filtragem.
Os Nagra PMA (protótipos: o modelo final será lançado apenas em 2005) viajaram propositadamente para Portugal para serem exibidos no Audioshow, vindos do HifiShow de Milão, e partiram pouco depois para o Festival Son et Video de Paris. Eu tive a felicidade de os apanhar em trânsito e, com a simpática colaboração de António Almeida, da Ajasom, o importador nacional, fiz no meu estúdio o primeiro teste auditivo e comparativo (Krell/Nagra) a nível mundial (relegando para segundo lugar Ken Kessler que a esta hora deve estar a rogar-me pragas...).
FOGO QUE ARDE SEM SE VER
Nagra PL-L (prévio de linha a válvulas)
Como seria de esperar os Nagra PMA só revelaram a sua verdadeira personalidade quando foram acolitados pelo pré-amplificador Nagra PL-L, uma verdadeira jóia, com o design retro e os acabamentos profissionais que distinguem a marca. O PL-L é um daqueles produtos que respira classe. Basta olhar para se saber no íntimo que é bom, que tem uma «griffe». O tipo de produto que o «Conde» de Castelo-Branco compraria por impulso se percebesse alguma coisa de hifi, para juntar aos Chanel,Vuitton e Piaget. Ainda por cima é «mignon»...e caro!
As fichas de entrada e saída são colocadas lateralmente de forma muito original; os comandos surgem à frente (tem controlo remoto, claro) junto com um delicioso modulómetro que se ilumina de luz âmbar e controla com precisão laboratorial o volume e o equilíbrio entre canais e fontes; por dentro, o fogo fátuo das três válvulas quem ardem sem se ver.
Quando se liga faz um inesperado «pum» através das colunas (as saídas estão directamente ligadas às válvulas mas pode optar por transformadores), pelo que se aconselha a ligá-lo antes dos amplificadores. Mas esse é o único ruído que vai ouvir. A partir daí, funciona com a precisão mecânica de um relógio suiço e a pureza do ar da montanha.
Na audição, o conjunto revelou-se transparente e fiel à música. A tonalidade geral dos PMA é um pouco seca, sem ser adstringente ou áspera. Contudo, com a ajuda do pequeno PL-L reproduziu de forma notável timbres, espaços e tempos; pausas e silêncios. Mas é na dinâmica que o pequeno PL-L deita por terra a ideia feita de que as válvulas são «coisa» do passado: o «swing» do sinal (e da música) é excepcional. Também as pirâmides são do passado e são hoje consideradas uma das Sete Maravilhas do Mundo. O Nagra PL-L é um dos sete melhores pré-amplificadores do mundo. Não admira que os PMA, Pyramid Monoblock Amplifiers, toquem tão bem com ele: les beaux esprits...