Manuel Dias, o orgulho do dever cumprido (nem sempre reconhecido...)
As Wilson Audio Alexandria X-2 são, neste momento, o farol que ilumina o oceano do highend. As revistas alemãs (Audio e Stereoplay) consideraram-nas recentemente as melhores de sempre, estabelecendo um novo máximo na escala aberta: 130 pontos (num máximo teórico de 100!?) e obrigando a um «rescalonamento» geral.
As Alexandria (frente e costas) fotografadas em Munique
As Alexandria são o último degrau na evolução das Grand Slamm, a cuja estreia mundial assisti, já lá vão uns anos, em S. Francisco, onde foram votadas por larga maioria como «Melhor Som», muito por influência do dinamismo e simpatia de Sheryll Wilson (também o Manuel sabe como é importante ter uma mulher dinâmica e dedicada à causa, não é São?) que terminava a demonstração sempre com uma graça: «Como sabem, o voto é livre na América, desde que votem em nós, claro...».
A HERDEIRA DAS WAMM
Dave Wilson considera que, finalmente, as famosas Wamm deixaram de fazer sentido e parou a produção (sempre evita ter de ir a casa do cliente afiná-las pessoalmente). Não vou descrevê-las em pormenor: as fotos falam por si e as características estão disponíveis na página da Imacústica. Vou apenas tentar descrever o que ouvi, ou julguei ter ouvido:
A AUDIÇÃO
No auditório principal da Imacústica
As Alexandria continuam a ter uma personalidade tipicamente americana: poder, autoridade e algum puritanismo à mistura. No carácter são mais «escuras» (ou menos enfáticas, se preferir) que as Slamm, cujo tweeter roçava por vezes a impertinência. Há um óbvio melhor entrosamento e equilíbrio entre médios e agudos, sem perda de claridade. De facto, ao contrário de certos Presidentes americanos (read my lips...), as Alexandria não mentem, tão pouco cumpririam os requisitos hipócritas do nosso segredo de justiça: se o engenheiro de som for culpado, não lhe perdoam e deitam tudo cá para fora!...
Bravo, maestro!, a devida homenagem ao Luís pela sua arte e simpatia
E é aqui que ganha importância a experiência dos Luís Campos na arte do «setup», cuja evolução tenho acompanhado ao longo dos anos. De notar que o Luís dança conforme a sala (o que ele não faria com as Alexandria no auditório da ISCTE onde foram apresentadas as Krell LAT1!...). Mas, apesar de no meu espírito terem ficado a bailar algumas reticências quanto à reprodução do grave profundo e à profundidade absoluta do palco sonoro no contexto referido (fruto da minha excessiva exposição ao som Krell/Nordost?); e de eu ter preferido sentar-me numa posição mais elevada e ligeiramente recuada em relação à «sweet spot» proposta pelo Luís, entrei também na dança com franco entusiasmo, sem nada de substancial a apontar à orquestra e com um «Bravo, maestro!» no final.
De facto, o Luís domina as Alexandria como Karajan dominava a Filarmónica de Berlim. E para cada argumento crítico tem sempre uma resposta adequada. Eu dou um exemplo:
A principal crítica que apontei às Alexandria foi a «expansão artificial», não do palco sonoro, mas dos seus intervenientes: um violino pode soar do tamanho de um violoncelo, um saxofone parece um elefante, um piano tem as dimensões de uma vivenda com piscina e court de ténis. Com uma criteriosa selecção discográfica, o Luís conseguiu provar-me que o erro está no registo original. Mais: não o fez por omissão, escolhendo faixas «lilliputianas» para contrariar a tendência e fugir à questão; fê-lo por «adição» para tornar ainda mais óbvias as asneiras dos engenheiros de som que, na ânsia de impressionarem, «agigantam» os solistas para eles soarem em «tamanho natural» em sistemas que sofrem de anorexia. Para depois com evidente gozo pessoal poder observar a minha reacção quando uma orquestra Sinfónica bem gravada (pela Pentatone, claro) surge à nossa frente com tudo no sítio e na escala correcta, tanto em termos geométricos como acústicos, ou uma cantora brasileira e a sua guitarra parecem ter sido desenhadas pelo lápis divino para excitar o diabo que há em nós.
Fechámos com um «beijo» dos Lady Smith Black Mambazzo corporizados na sala com tal realismo que se esticássemos o dedo eles mordiam...
Abençoado seja o privilegiado que na Madeira as vai possuir. Bendita a hora em que as ouvi, porque a experiência irá perdurar na minha memória auditiva para todo o sempre como uma referência.
Depois da «francesinha» bem mereciam que no Porto se criasse em sua honra a «americaninha»...
Imacústica
As Wilson Audio Alexandria X-2 são, neste momento, o farol que ilumina o oceano do highend. As revistas alemãs (Audio e Stereoplay) consideraram-nas recentemente as melhores de sempre, estabelecendo um novo máximo na escala aberta: 130 pontos (num máximo teórico de 100!?) e obrigando a um «rescalonamento» geral.
As Alexandria (frente e costas) fotografadas em Munique
As Alexandria são o último degrau na evolução das Grand Slamm, a cuja estreia mundial assisti, já lá vão uns anos, em S. Francisco, onde foram votadas por larga maioria como «Melhor Som», muito por influência do dinamismo e simpatia de Sheryll Wilson (também o Manuel sabe como é importante ter uma mulher dinâmica e dedicada à causa, não é São?) que terminava a demonstração sempre com uma graça: «Como sabem, o voto é livre na América, desde que votem em nós, claro...».
A HERDEIRA DAS WAMM
Dave Wilson considera que, finalmente, as famosas Wamm deixaram de fazer sentido e parou a produção (sempre evita ter de ir a casa do cliente afiná-las pessoalmente). Não vou descrevê-las em pormenor: as fotos falam por si e as características estão disponíveis na página da Imacústica. Vou apenas tentar descrever o que ouvi, ou julguei ter ouvido:
A AUDIÇÃO
No auditório principal da Imacústica
As Alexandria continuam a ter uma personalidade tipicamente americana: poder, autoridade e algum puritanismo à mistura. No carácter são mais «escuras» (ou menos enfáticas, se preferir) que as Slamm, cujo tweeter roçava por vezes a impertinência. Há um óbvio melhor entrosamento e equilíbrio entre médios e agudos, sem perda de claridade. De facto, ao contrário de certos Presidentes americanos (read my lips...), as Alexandria não mentem, tão pouco cumpririam os requisitos hipócritas do nosso segredo de justiça: se o engenheiro de som for culpado, não lhe perdoam e deitam tudo cá para fora!...
Bravo, maestro!, a devida homenagem ao Luís pela sua arte e simpatia
E é aqui que ganha importância a experiência dos Luís Campos na arte do «setup», cuja evolução tenho acompanhado ao longo dos anos. De notar que o Luís dança conforme a sala (o que ele não faria com as Alexandria no auditório da ISCTE onde foram apresentadas as Krell LAT1!...). Mas, apesar de no meu espírito terem ficado a bailar algumas reticências quanto à reprodução do grave profundo e à profundidade absoluta do palco sonoro no contexto referido (fruto da minha excessiva exposição ao som Krell/Nordost?); e de eu ter preferido sentar-me numa posição mais elevada e ligeiramente recuada em relação à «sweet spot» proposta pelo Luís, entrei também na dança com franco entusiasmo, sem nada de substancial a apontar à orquestra e com um «Bravo, maestro!» no final.
De facto, o Luís domina as Alexandria como Karajan dominava a Filarmónica de Berlim. E para cada argumento crítico tem sempre uma resposta adequada. Eu dou um exemplo:
A principal crítica que apontei às Alexandria foi a «expansão artificial», não do palco sonoro, mas dos seus intervenientes: um violino pode soar do tamanho de um violoncelo, um saxofone parece um elefante, um piano tem as dimensões de uma vivenda com piscina e court de ténis. Com uma criteriosa selecção discográfica, o Luís conseguiu provar-me que o erro está no registo original. Mais: não o fez por omissão, escolhendo faixas «lilliputianas» para contrariar a tendência e fugir à questão; fê-lo por «adição» para tornar ainda mais óbvias as asneiras dos engenheiros de som que, na ânsia de impressionarem, «agigantam» os solistas para eles soarem em «tamanho natural» em sistemas que sofrem de anorexia. Para depois com evidente gozo pessoal poder observar a minha reacção quando uma orquestra Sinfónica bem gravada (pela Pentatone, claro) surge à nossa frente com tudo no sítio e na escala correcta, tanto em termos geométricos como acústicos, ou uma cantora brasileira e a sua guitarra parecem ter sido desenhadas pelo lápis divino para excitar o diabo que há em nós.
Fechámos com um «beijo» dos Lady Smith Black Mambazzo corporizados na sala com tal realismo que se esticássemos o dedo eles mordiam...
Abençoado seja o privilegiado que na Madeira as vai possuir. Bendita a hora em que as ouvi, porque a experiência irá perdurar na minha memória auditiva para todo o sempre como uma referência.
Depois da «francesinha» bem mereciam que no Porto se criasse em sua honra a «americaninha»...
Imacústica