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2005

Anthony Gallo E A Música Das Esferas




Anthony Gallo é um dos maiores especialistas mundiais na produção de colunas de som esféricas, provavelmente inspirando-se na sua própria figura: é um dos muitos milhões de americanos obesos, pícnicos e bem dispostos. Conheço-o há 20 anos e sempre teve o condão de me surpreender com as suas inovações. Contudo, os chamados sistemas trifónicos, compostos por dois satélites e um “subwoofer”, não são propriamente uma invenção sua. Desde que a Bose os comercializou no século passado, com base num estudo de Linkwitz, propagaram-se como a gripe das aves e com o mesmo efeito pandémico de má qualidade de som.


A ideia de base é de uma simplicidade desarmante: como as baixas frequências têm pouco informação estéreo e são omnidireccionais, por que não juntar num único “subwoofer” a informação áudio dos canais direito e esquerdo? Assim, o “sub” que reproduz o “grosso” - literalmente - do som pode ser colocado em qualquer lado, deixando os registos médios e altos para os satélites que, libertados da tarefa de carregar o piano, são cada vez mais pequenos? Há limites para o tamanho, claro, porque, quanto mais pequenos forem mais alta tem de ser a frequência de corte, logo mais fácil é adivinhar onde está Willy, perdão, o “subwoofer”, e perde-se o efeito de surpresa que estes sistemas “trifónicos” sempre produzem em quem os ouve e não quer acreditar no que está a ouvir.


Foi o que se passou no audioshow deste ano. Carlos Henriques, da Interlux, que distribui os produtos Anthony Gallo Acoustics em Portugal, montou um “estaminé” em espaço aberto, mesmo à saída do elevador. As pessoas passavam por ali, ouviam música e, quando se davam conta de que aquele som “enorme” tinha origem num minúsculo par de bolas ficavam de boca aberta. Os mais conhecedores sabiam do truque do “subwoofer”, mas mesmo assim manifestaram-se surpreendidos em emails que me enviaram:


“Vi e ouvi pela primeira vez umas colunas cujo dinamismo, liberdade e potência me deixaram surpreendido, e a falta de um subwoofer “visível” também. Tenho de admitir que perguntei se elas usavam um “subwoofer”, já vi tantas artimanhas acústicas que estou por tudo, e é claro que havia um mas extremamente discreto... As Gallo deixaram-me a pensar na minha conta bancária, visto que, além de acessíveis, são belas e têm um som límpido para tão pequenas esferas mesmo a grande potência...”- Rafael Lino.


Ou: “Ouvi um NAD tudo-em-um e umas bolinhas pequeninas+“sub” da Gallo, que tocavam bem como o caraças, a provar que se pode ouvir música reproduzida decentemente sem ter de hipotecar o futuro da família”.- Carlos Alfaia


Ou ainda: “As Gallo Micro deram-me o primeiro nó do dia: ouvia-se, em pleno corredor, um som encorpado e agradável. Fui à procura da origem do som... quando constatei que de facto era dali (das bolinhas) que vinha o som, devo ter posto um ar de incredulidade... Não tenho pejo em reconhecer que andei a fazer uma certa 'figura de urso' durante alguns minutos...” - V.Macedo.


Havendo tantos sistemas deste tipo à venda, o que têm afinal as bolas da Gallo de tão especial, para além do facto de serem esféricas como todas as bolas menos as de râguebi? Para começar a esfericidade, ela própria, que as torna mais compactas e resistentes à deformação, elimina as ondas estacionárias internas e o efeito de difracção externo. Isso e o altifalante único conferem-lhes uma excelente dispersão e coerência temporal que resulta na tal sensação de agradável musicalidade que as distingue do tsh-tsh-pum-pum da concorrência. Depois o reduzido diâmetro de 10 e 12 cm, respectivamente para o modelo Micro e Diva, e as cores variadas que permitem adaptá-las a qualquer tipo de decoração, além de poderem ser colocadas sobre mesas, em suportes como se fossem candeeiros ou até nas paredes. Aliás, devem ter sido concebidas por uma mulher (como todos nós), farta de tropeçar nos mostrengos que o marido lhe colocava na sala para ouvir música. Até o “subwoofer” é cilíndrico e parece um simpático barrilinho.


Mas como podem um par de bolas e um barril produzir tanto som, tanta energia musical? Anthony diz que o segredo patenteado está na tecnologia S2, que é no fundo a designação técnica do material utilizado para encher as colunas que, ao contrário das outras espumas, não se limita a absorver a irradiação traseira, antes tem a capacidade de a reforçar por meio de acoplamento termoacústico.
As Gallo também funcionam bem com som de cinema: basta aumentar o número de bolas para cinco, embora não sejam mais baratas à dúzia. O problema é que são como as bolas de Berlim na praia: são de lamber os dedos e esgotam-se mal chegam...


Nota: Este artigo é dedicado às leitoras que se queixam da escrita técnica e entrópica sobre áudio, e dos preços e tamanho das colunas que eu recomendo aos maridos...


Preço: A'Diva: 330 euros cada; Micro: 200 euros cada; “Sub” TR1: 590


Distribuidor: Interlux - som e imagem, Av.da Liberdade nº 245 - loja 8 . 1250-143 Lisboa - Portugal .Tel. + 351 21 314 38 04 . mob.+ 351 96 863 28 42


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