MARCO FERREIRA
A audiofilia, no meu entender, move-se nos terrenos movediços da subjectividade em que estão mergulhadas muitas artes, como a pintura, a literatura ou a própria música. Por alguma razão não se chama audiologia!...
Numa situação de audição como o Audioshow este aspecto é ainda mais aparente. Como é possível exprimirmo-nos em relação a um dado elemento do sistema em separado? Aquilo que ouvimos depende de incontáveis variáveis: do leitor de CD/vinil, dos cabos de ligação, do pré-amplificador, do amplificador, das colunas, dos próprios discos utilizados, das características acústicas da sala...
E, acima de tudo, dos aspectos afectivos/emocionais que compõem as nossas ideias pré-concebidas acerca deste ou daquele leitor, amplificador ou coluna. Daqui advém a grande dificuldade (para não dizer impossibilidade) que sinto em fazer uma análise detalhada sobre o que ouvi no Audioshow. Não controlando uma só variável desta equação, até a simpatia dos expositores, a qualidade das salas e o calor nelas sentido (será que no meio de tanta tecnologia ainda não descobriram o ar condicionado?) influenciam o nosso juízo e interpretação do que ouvimos. Assim, não me sinto capaz de mais do que uma singela opinião, uma avaliação global e altamente subjectiva daquilo que ouvi, e que provavelmente será discordante do parecer de muitos outros visitantes do Audioshow. Falarei apenas do que mais me marcou:
1) Vivid, Nagra, Reimyo (Ajasom):
Um som absolutamente fantástico
Um som absolutamente fantástico, com origem nas colunas e amplificadores do mais feio que há (só ultrapassados pelas imbatíveis Tannoy Westminster, que em termos de fealdade vencem todos por K.O.). Fiquei rendido principalmente às vozes, que pareciam ter origem nos intérpretes, materializados à nossa frente.
2) Martin Logan, Jadis (Imacustica):
Apesar da apresentação muito pouco emotiva, com discos que visavam avaliar desempenhos específicos em detrimento de verdadeira música, fiquei impressionado com o que ouvi. Um som do tamanho das Martin Logan, que digam o que disserem, é enorme.
3) Monitor Áudio, Advance (Delaudio):
Apesar de ser dos sistemas mais económicos (algo de muito importante nos tempos de crise que atravessamos),fiquei admirado com o bem que soou. Se o ouvíssemos de olhos fechados, passaria por ter elementos muito mais dispendiosos.
4) Sonus Faber, Prima Luna (Delmax):
Um som divinamente doce e quente, quase a escaldar. E para além disso, os belíssimos Prima Luna e Sonus Faber, mesmo mudos e quedos são fantásticos.
Foi quase doloroso... E já li muitas críticas favoráveis acerca dele!
Houve também muitas coisas que ouvi e de que não gostei... A título de exemplo, o sistema Wilson Benesch, dCS e Ayre, quando por lá passei no sábado, tocava de uma forma tão estridente que aqueles agudos quase me perfuravam os tímpanos, com martelos, bigornas e estribos incluídos. Foi quase doloroso... E já li muitas críticas favoráveis acerca dele!
Mas é isto que a audiofilia tem de belo: por mais discussões que haja, raramente há consensos. Há sempre fãs e detractores de todas as marcas e equipamentos, há sempre quem diga maravilhas e quem ache detestável. Mas provavelmente todos têm razão... Afinal de quem são as mais belas obras: de da Vinci ou Miguel Ângelo? De Mozart ou de Beethoven?
Saudações audiófilas,
Marco Ferreira
JORGE F (Clube do Audio)
Não me parece nunca, ao longo dos Áudioshows a que assisto, que muitos visitantes tomem notas, como costumo fazer. Isso ajuda-me a memorizar as minhas impressões, e estas impressões seriam muito mais difíceis de relatar sem as notas que vou tomando ao longo das audições.
Ao contrário do que ouvi dizer, acho que o show não foi assim tão mau. Se assim fosse, que haveríamos de ter dito sobre os anteriores? Houve coisas menos boas e melhores.
A verdadeira surpresa veio da Ajasom, de quem nunca ouvi um som mais que modesto no passado. Libertando-se das Avalon, que nunca tocaram aceitavelmente sequer no passado mais recente, a sala com as Vivid Audio foi, para mim, a melhor do salão. Aproveito para acrescentar aos responsáveis, Vermeer e Joe Cool incluídos, os meus parabéns.
Na outra sala havia um som igualmente excelente, embora apenas com a fonte analógica (a digital foi, como de costume, fraquíssima), sendo talvez o segundo melhor som do salão. Acresce que foi a única sala onde ouvi música «a rasgar», rápida, a tocar bem alto, material extremamente exigente, e tocou muito bem. Os meus muito sinceros parabéns ao DJ Nuno C, sobretudo pela ousadia.
Pelo contrário, a generalidade do show exibiu música triste, tímida, lenta, fácil de reproduzir. Alguns nomes famosos abusaram até do soporífero sonoro...
O sistema Classé + BW foi outra surpresa. Na sexta e sábado tinha um som fininho e tímido, mas no domingo estava a tocar verdadeiramente bem, não havendo reparos a fazer.
Aproveito para referir que me constou que houve quem trocasse AV/HT sem qualquer interesse (e até a soar mal) por estéreo de qualidade, mas não tive conhecimento atempado do facto e nem sequer lá pus os pés.
Palavras para quê?
Surpresa, até certo ponto, a Delmax com um som melhor que o habitual quando com fonte digital. Com a fonte analógica é normal o som ser bom, mas com a digital do ano passado era fraquito (para não dizer pior). Este ano era muito melhor. No entanto nem sequer vale a pena falar da Delmax por uma razão simplicíssima: a sala estava sempre cheia e com gente sentada durante bastante tempo. Palavras para quê?
O sistema Gamut + Audio Vector teve uma apresentação interessante, com música algo diferente do habitual, mas o discurso era muito rápido para se compreender se continha algo mais para além dos elogios à mercadoria exposta. Infelizmente o som não tinha nadinha de especial.
Na Delaudio havia um som que há uns anos teria certamente feito sensação, e também o faria hoje, se custasse o triplo... Com a fonte analógica era bastante melhor que com a digital, mas receio que poucos a tenham ouvido. Curiosamente, foi talvez a única proposta honesta relacionada com a actual crise, já que os preços anunciados eram verdadeiramente baixos, facto raríssimo num Áudioshow.
Se fosse estrangeiro e caro não faltariam elogios, só que eu não gosto daquele som...
Do mesmo modo, o som JG Áudio + Rega seria imensamente gabado se fosse estrangeiro, e até se mais caro. No entanto, honestamente, não era bom. Não há milagres, e amplificadores single-ended sem realimentação exibiram o esperado som brilhante, com um baixo tímido e descontrolado. No entanto, repito que se fosse estrangeiro e caro não faltariam elogios. (Só que eu não gosto daquele som.)
Na JM Áudio estavam os tão esperados BelCanto. Achei o som bonitinho, mas fininho, distante, embora melhor que o emanado de sitstemas bem mais badalados.
Sistemas que tocaram mal quando por lá passei: Linn, uma lástima. McIntosh + Tannoy, mau demais para ser verdade. Martin Logan e Cia, será que aquelas colunas estavam rodadas? Nunca ouvi Martin Logan soarem tão mal. De nada valeu a apresentação clara, concisa, metódica, profissional. Aquilo não tocava mesmo. O som era duro, sem ritmo, e os timbres deixavam até a desejar. É que o material sonoro em demonstração era, como de costume, praticamente o mesmo em toda a feira, salvo as excepções acima referidas. E tendo a memória fresca da mesma faixa ouvida muito melhor reproduzida num sistema é impossível deixar passar as imperfeições de outro.
Outros sistemas que ouvi: Von Scheikert + Naim, estranho. Com a sala cheia, como habitual, o som era bastante mau, quase péssimo. Com a sala vazia ofereceu-me o melhor som de saxofone que ouvi durante o fim de semana inteiro. E esta?!...
Falta a maior decepção, Krell + Wilson. Manda a honestidade que se diga que se ouvisse o mesmo som num blind test a minha apreciação seria talvez menos severa. O som até enchia bem a sala e tinha um grave extenso, mas era inegavelmente comprimido. Era abafado, lento, pesadão. Arrisco acusar os eternos cabos que deviam em minha opinião ter sido os doutra marca do mesmo representante. Nada disto seria grave, se não fosse talvez o sistema mais caro que já ouvi até hoje.
E por agora é tudo. Vou rever as notas e se encontrar mais algo que valha a pena envio-o.
Cumprimentos,
Jorge F
GONÇALO CORREIA
Pela primeira vez tive a noção do que eu considero ser a ausência do sistema: fechar os olhos e sentirmos que estamos numa sala de concertos...
De forma modesta venho tecer algumas breves considerações sobre o Audioshow 2005. O primeiro aspecto é que, involuntariamente, cometi um pecado que condicionou sobremaneira todas as minhas impressões sobre o dito cujo, ou seja,o 1º sistema que escutei foi o da imacustica, Alexandria +Krell e pela primeira vez tive a noção do que eu considero ser a ausência do sistema: fechar os olhos e sentirmos que estamos numa sala de concertos.A diferença é que não se perdia tempo a substituir as orquestas (dispensava era a presença do grupo português a duas vozes a puxar para o pimba...mas mesmo assim, 'raios me partam!', as vozes soaram tão bem...
Assisti à reencarnação do Louis Armstrong.
Apenas um único sistema fez com que eu me me libertasse desse estigma e que em determinados momentos atingisse o nirvana musical: sistema da Absolut Sound and Vision. Assisti à reencarnação do Louis Armstrong. O grande problema é uma pessoa se conseguir libertar visualmente daqueles 'caixotes', que têm um sentido estético no mínimo invulgar...
A partir daqui sempre a descer com especial referência, pela negativa, para o sistema da Vivid Audio devido às enormes expectativas que a qualidade individual de todos os seus componentes perspectivavam.
Para mim foi o exemplo mais flagrante de que 2+2 em audiofilia raramente são 4. Considero também que foi um sacrilégio o que fizeram à fonte DCS que estava completamente desvalorizada ou melhor descaracterizada pelo resto do sistema (ela que me tinha impressionado tão bem há 2 anos com ampificação Nagra a válvulas e colunas Audiophysics).
Para mim justifica a menção honrosa do certame.
Efeito contrário exerceu a fonte da Esoteric, que penso ter a principal responsabilidade na forma muito equilibrada como o som se apresentava num sistema banal(pelo menos em termos de custos) da Delaudio-para mim justifica a menção honrosa do certame.
As Martin Logan Summit só deram um ar da sua graça quando acolitadas pelo Jadis (este não engana) o que vem dar uma vez mais importãncia às sinergias entre os diferentes componentes . Para mim o amplificador justifica o prémio revelação.
Krell SACD Standard, melhor componente do certame
Agora um Krell SACD de 6500 euros a portar-se daquela maneira no meio de componentes de valores estratosféricos para o comum dos mortais audiófilos... Porque quem tem carteira recheada geralmente não tem ouvidos para estas coisas (estão mais apurados para o tilintar das moedas...) justifica o prémio de melhor componente do certame.
Para despedida não posso deixar de mencionar a qualidade de Imagem da sala da Digisom. Em termos de som ouvi coisas muito boas e também horrorosas o que, mesmo no meio de todo aquele aparato, corrobora a minha opinião de que quando as gravações são más não há sistema que lhes valha...
Esse sistema também serve para justificar que não há necessidade do 7.1,e que o som 'envolvente' especifico para audio não tem pernas para andar.Penso que assistimos neste Audioshow ao seu funeral. Paz á sua alma!
Saudações audiófilas
Gonçalo Correia
Nota: Fotos Hificlube/ autor JVH - todos os direitos reservados
A audiofilia, no meu entender, move-se nos terrenos movediços da subjectividade em que estão mergulhadas muitas artes, como a pintura, a literatura ou a própria música. Por alguma razão não se chama audiologia!...
Numa situação de audição como o Audioshow este aspecto é ainda mais aparente. Como é possível exprimirmo-nos em relação a um dado elemento do sistema em separado? Aquilo que ouvimos depende de incontáveis variáveis: do leitor de CD/vinil, dos cabos de ligação, do pré-amplificador, do amplificador, das colunas, dos próprios discos utilizados, das características acústicas da sala...
E, acima de tudo, dos aspectos afectivos/emocionais que compõem as nossas ideias pré-concebidas acerca deste ou daquele leitor, amplificador ou coluna. Daqui advém a grande dificuldade (para não dizer impossibilidade) que sinto em fazer uma análise detalhada sobre o que ouvi no Audioshow. Não controlando uma só variável desta equação, até a simpatia dos expositores, a qualidade das salas e o calor nelas sentido (será que no meio de tanta tecnologia ainda não descobriram o ar condicionado?) influenciam o nosso juízo e interpretação do que ouvimos. Assim, não me sinto capaz de mais do que uma singela opinião, uma avaliação global e altamente subjectiva daquilo que ouvi, e que provavelmente será discordante do parecer de muitos outros visitantes do Audioshow. Falarei apenas do que mais me marcou:
1) Vivid, Nagra, Reimyo (Ajasom):
Um som absolutamente fantástico
Um som absolutamente fantástico, com origem nas colunas e amplificadores do mais feio que há (só ultrapassados pelas imbatíveis Tannoy Westminster, que em termos de fealdade vencem todos por K.O.). Fiquei rendido principalmente às vozes, que pareciam ter origem nos intérpretes, materializados à nossa frente.
2) Martin Logan, Jadis (Imacustica):
Apesar da apresentação muito pouco emotiva, com discos que visavam avaliar desempenhos específicos em detrimento de verdadeira música, fiquei impressionado com o que ouvi. Um som do tamanho das Martin Logan, que digam o que disserem, é enorme.
3) Monitor Áudio, Advance (Delaudio):
Apesar de ser dos sistemas mais económicos (algo de muito importante nos tempos de crise que atravessamos),fiquei admirado com o bem que soou. Se o ouvíssemos de olhos fechados, passaria por ter elementos muito mais dispendiosos.
4) Sonus Faber, Prima Luna (Delmax):
Um som divinamente doce e quente, quase a escaldar. E para além disso, os belíssimos Prima Luna e Sonus Faber, mesmo mudos e quedos são fantásticos.
Foi quase doloroso... E já li muitas críticas favoráveis acerca dele!
Houve também muitas coisas que ouvi e de que não gostei... A título de exemplo, o sistema Wilson Benesch, dCS e Ayre, quando por lá passei no sábado, tocava de uma forma tão estridente que aqueles agudos quase me perfuravam os tímpanos, com martelos, bigornas e estribos incluídos. Foi quase doloroso... E já li muitas críticas favoráveis acerca dele!
Mas é isto que a audiofilia tem de belo: por mais discussões que haja, raramente há consensos. Há sempre fãs e detractores de todas as marcas e equipamentos, há sempre quem diga maravilhas e quem ache detestável. Mas provavelmente todos têm razão... Afinal de quem são as mais belas obras: de da Vinci ou Miguel Ângelo? De Mozart ou de Beethoven?
Saudações audiófilas,
Marco Ferreira
JORGE F (Clube do Audio)
Não me parece nunca, ao longo dos Áudioshows a que assisto, que muitos visitantes tomem notas, como costumo fazer. Isso ajuda-me a memorizar as minhas impressões, e estas impressões seriam muito mais difíceis de relatar sem as notas que vou tomando ao longo das audições.
Ao contrário do que ouvi dizer, acho que o show não foi assim tão mau. Se assim fosse, que haveríamos de ter dito sobre os anteriores? Houve coisas menos boas e melhores.
A verdadeira surpresa veio da Ajasom, de quem nunca ouvi um som mais que modesto no passado. Libertando-se das Avalon, que nunca tocaram aceitavelmente sequer no passado mais recente, a sala com as Vivid Audio foi, para mim, a melhor do salão. Aproveito para acrescentar aos responsáveis, Vermeer e Joe Cool incluídos, os meus parabéns.
Na outra sala havia um som igualmente excelente, embora apenas com a fonte analógica (a digital foi, como de costume, fraquíssima), sendo talvez o segundo melhor som do salão. Acresce que foi a única sala onde ouvi música «a rasgar», rápida, a tocar bem alto, material extremamente exigente, e tocou muito bem. Os meus muito sinceros parabéns ao DJ Nuno C, sobretudo pela ousadia.
Pelo contrário, a generalidade do show exibiu música triste, tímida, lenta, fácil de reproduzir. Alguns nomes famosos abusaram até do soporífero sonoro...
O sistema Classé + BW foi outra surpresa. Na sexta e sábado tinha um som fininho e tímido, mas no domingo estava a tocar verdadeiramente bem, não havendo reparos a fazer.
Aproveito para referir que me constou que houve quem trocasse AV/HT sem qualquer interesse (e até a soar mal) por estéreo de qualidade, mas não tive conhecimento atempado do facto e nem sequer lá pus os pés.
Palavras para quê?
Surpresa, até certo ponto, a Delmax com um som melhor que o habitual quando com fonte digital. Com a fonte analógica é normal o som ser bom, mas com a digital do ano passado era fraquito (para não dizer pior). Este ano era muito melhor. No entanto nem sequer vale a pena falar da Delmax por uma razão simplicíssima: a sala estava sempre cheia e com gente sentada durante bastante tempo. Palavras para quê?
O sistema Gamut + Audio Vector teve uma apresentação interessante, com música algo diferente do habitual, mas o discurso era muito rápido para se compreender se continha algo mais para além dos elogios à mercadoria exposta. Infelizmente o som não tinha nadinha de especial.
Na Delaudio havia um som que há uns anos teria certamente feito sensação, e também o faria hoje, se custasse o triplo... Com a fonte analógica era bastante melhor que com a digital, mas receio que poucos a tenham ouvido. Curiosamente, foi talvez a única proposta honesta relacionada com a actual crise, já que os preços anunciados eram verdadeiramente baixos, facto raríssimo num Áudioshow.
Se fosse estrangeiro e caro não faltariam elogios, só que eu não gosto daquele som...
Do mesmo modo, o som JG Áudio + Rega seria imensamente gabado se fosse estrangeiro, e até se mais caro. No entanto, honestamente, não era bom. Não há milagres, e amplificadores single-ended sem realimentação exibiram o esperado som brilhante, com um baixo tímido e descontrolado. No entanto, repito que se fosse estrangeiro e caro não faltariam elogios. (Só que eu não gosto daquele som.)
Na JM Áudio estavam os tão esperados BelCanto. Achei o som bonitinho, mas fininho, distante, embora melhor que o emanado de sitstemas bem mais badalados.
Sistemas que tocaram mal quando por lá passei: Linn, uma lástima. McIntosh + Tannoy, mau demais para ser verdade. Martin Logan e Cia, será que aquelas colunas estavam rodadas? Nunca ouvi Martin Logan soarem tão mal. De nada valeu a apresentação clara, concisa, metódica, profissional. Aquilo não tocava mesmo. O som era duro, sem ritmo, e os timbres deixavam até a desejar. É que o material sonoro em demonstração era, como de costume, praticamente o mesmo em toda a feira, salvo as excepções acima referidas. E tendo a memória fresca da mesma faixa ouvida muito melhor reproduzida num sistema é impossível deixar passar as imperfeições de outro.
Outros sistemas que ouvi: Von Scheikert + Naim, estranho. Com a sala cheia, como habitual, o som era bastante mau, quase péssimo. Com a sala vazia ofereceu-me o melhor som de saxofone que ouvi durante o fim de semana inteiro. E esta?!...
Falta a maior decepção, Krell + Wilson. Manda a honestidade que se diga que se ouvisse o mesmo som num blind test a minha apreciação seria talvez menos severa. O som até enchia bem a sala e tinha um grave extenso, mas era inegavelmente comprimido. Era abafado, lento, pesadão. Arrisco acusar os eternos cabos que deviam em minha opinião ter sido os doutra marca do mesmo representante. Nada disto seria grave, se não fosse talvez o sistema mais caro que já ouvi até hoje.
E por agora é tudo. Vou rever as notas e se encontrar mais algo que valha a pena envio-o.
Cumprimentos,
Jorge F
GONÇALO CORREIA
Pela primeira vez tive a noção do que eu considero ser a ausência do sistema: fechar os olhos e sentirmos que estamos numa sala de concertos...
De forma modesta venho tecer algumas breves considerações sobre o Audioshow 2005. O primeiro aspecto é que, involuntariamente, cometi um pecado que condicionou sobremaneira todas as minhas impressões sobre o dito cujo, ou seja,o 1º sistema que escutei foi o da imacustica, Alexandria +Krell e pela primeira vez tive a noção do que eu considero ser a ausência do sistema: fechar os olhos e sentirmos que estamos numa sala de concertos.A diferença é que não se perdia tempo a substituir as orquestas (dispensava era a presença do grupo português a duas vozes a puxar para o pimba...mas mesmo assim, 'raios me partam!', as vozes soaram tão bem...
Assisti à reencarnação do Louis Armstrong.
Apenas um único sistema fez com que eu me me libertasse desse estigma e que em determinados momentos atingisse o nirvana musical: sistema da Absolut Sound and Vision. Assisti à reencarnação do Louis Armstrong. O grande problema é uma pessoa se conseguir libertar visualmente daqueles 'caixotes', que têm um sentido estético no mínimo invulgar...
A partir daqui sempre a descer com especial referência, pela negativa, para o sistema da Vivid Audio devido às enormes expectativas que a qualidade individual de todos os seus componentes perspectivavam.
Para mim foi o exemplo mais flagrante de que 2+2 em audiofilia raramente são 4. Considero também que foi um sacrilégio o que fizeram à fonte DCS que estava completamente desvalorizada ou melhor descaracterizada pelo resto do sistema (ela que me tinha impressionado tão bem há 2 anos com ampificação Nagra a válvulas e colunas Audiophysics).
Para mim justifica a menção honrosa do certame.
Efeito contrário exerceu a fonte da Esoteric, que penso ter a principal responsabilidade na forma muito equilibrada como o som se apresentava num sistema banal(pelo menos em termos de custos) da Delaudio-para mim justifica a menção honrosa do certame.
As Martin Logan Summit só deram um ar da sua graça quando acolitadas pelo Jadis (este não engana) o que vem dar uma vez mais importãncia às sinergias entre os diferentes componentes . Para mim o amplificador justifica o prémio revelação.
Krell SACD Standard, melhor componente do certame
Agora um Krell SACD de 6500 euros a portar-se daquela maneira no meio de componentes de valores estratosféricos para o comum dos mortais audiófilos... Porque quem tem carteira recheada geralmente não tem ouvidos para estas coisas (estão mais apurados para o tilintar das moedas...) justifica o prémio de melhor componente do certame.
Para despedida não posso deixar de mencionar a qualidade de Imagem da sala da Digisom. Em termos de som ouvi coisas muito boas e também horrorosas o que, mesmo no meio de todo aquele aparato, corrobora a minha opinião de que quando as gravações são más não há sistema que lhes valha...
Esse sistema também serve para justificar que não há necessidade do 7.1,e que o som 'envolvente' especifico para audio não tem pernas para andar.Penso que assistimos neste Audioshow ao seu funeral. Paz á sua alma!
Saudações audiófilas
Gonçalo Correia
Nota: Fotos Hificlube/ autor JVH - todos os direitos reservados