CARLOS ALFAIA
Confesso que este ano levava fisgada a ideia de tomar notas para fazer uma análise profissional - a la JVH - daquilo que ouvisse e visse naquela que, boa ou má, ainda é a mais completa mostra de áudio e imagem que temos. Mas todos sabemos o que está cheio de boas intenções, não é? Mal me apanhei na loja dos brinquedos, perdão, no Audioshow, esqueci-me do bloco e da caneta e vai de saltitar de montra em montra, a rir e feliz como um puto: quem foi que disse que a diferença entre os miúdos e os homens era o preço dos brinquedos? E que preços meu amigo, que preços... Mas enfim.
As Gallo tocavam bem como o caraças!...
Logo na entrada, dou de caras com o Carlos Henriques da Interlux, que montou banca mesmo ao lado dos elevadores. Como ando a namorar o Aries 2 da VPI, que ele em tão boa hora passou a representar, tinha a secreta esperança que este ano ele o tivesse a tocar. Aliás, até tinha imaginado mentalmente o 'cozinhado': o VPI como prato principal, acompanhamento Accoustic Arts, duas garrafas de Anthony Gallo, e a ligar todos estes ingredientes Chord signature. Mas não. Em contrapartida, tinha um NAD tudo-em-um e umas bolinhas pequeninas, mais um “sub” da A. Gallo, que tocavam bem como o caraças, a provar que se pode ouvir música reproduzida decentemente sem ter de hipotecar o futuro da família. Mas ficou prometida a audição do Aries 2 para breve. Não te esqueças companheiro...
Dali fui para a sala da Artaudio ouvir as novas 803 D, que, enfim, pois, tocaram muito bem, nem outra coisa seria de esperar. Boa música, som envolvente, dinâmica, excelente imagem estereofónica e um espaço confortável que isso também é importante.
Mesmo ao lado estava a Imacústica e tocavam as Alexandria e os Krell Evolution. De um sistema daquela dimensão (sonora e económica) é difícil dizer algo que não seja excepcional. Mas (ó heresia!) numa comparação custo/benefício penso que as BW/Classé ficam claramente a ganhar. E são muito mais bonitas.
'O mistério dos punhais voadores' é de ir às lágrimas...
Na Digisom tive vontade de chorar. A cena da dança dos feijões no filme 'O mistério dos punhais voadores' é de ir às lágrimas. A imagem é de cortar a respiração e o som, o som fez-me sentir que estava lá, na sala do baile. Até estou com medo de ver o filme no meu sistema...
Gostaria ainda de destacar a presença sempre simpática da rapaziada da Audioteam: simpáticos, atenciosos e conhecedores, perfeitos oficiantes dessa misteriosa religião do vinil, cuja notícia da morte, como o meu amigo muito bem escreveu aqui há tempos, foi manifestamente exagerada.
Carlos Alfaia
JOSÉ ÁGUAS
Mais um ano decorrido, e neste ano no AudioShow saliento dois aspectos um bom e outro mau, mas que marcam o mesmo: o primeiro a crise em Portugal, e a ausência de muitas marca de topo, (Sony; Denon, Yamaha, etc.) Por outro lado, parece que a febre da explosão e tiroteio, está a passar, e portanto neste ano claramente as demonstrações de audio puro estavam em maior destaque e em maioria.
Senti alguma falta de ouvir o vinil, com as excepção da demonstração da Sala da Delaudio, onde o sempre presente Sr. Delfim, colocou ao serviço um prato Roksan Radius 5, com um braço Nima da mesma marca e uma célula Denon, com a amplificação a cargo de um amplificador integrado da Advance, e colunas Monitor Audio RS 8. Aí gostei muito do som que ouvi num disco(vinil) recente de muito boa qualidade, com uma artista alemã, e realmente a voz feminina, do mesmo foi reproduzida em grande nível, mesmo com uma amplificação e colunas de preços modestos. Estranhei nessa sala, não ver em acção as fontes digitais de elevadissima qualidade da Esoteric/Teac, estas últimas apenas em exibição estática, e a falta das amplificações da Pathos. Seja como for o pouco que estava, estava muito bem.
Noutra sala, a da Delmax, mais uma vez estava um dos melhores sons deste ano, do giradiscos (que suponho ser o do Rui Borges) acompanhado pela amplificação Primaluna e Colunas Sonus Faber, cuja qualidade de reprodução, também excedia em muito, outras opções muito mais dispendiosas.
Na Sala da BW, a amplificação e fonte Classé, mais uma vez fazia uma apresentação de grande nível se bem que não chegasse ao nível das Nautilus exibidas no ano passado.
Na sala Imacustica/Wilson, realmente assistiu-se a uma demonstração com som de elevadissimo nível, se bem que o mesmo não me impressionou, isto é a demonstração foi relativamente curta e os temas escolhidos, salvo uma ou outra excepção, não me agradavam particularmente, pelo que não conseguiu fazer-me aquele arrepiar de pêlos nos braços, que acontece quando a música nos toca na alma, isto sem contender com o elevado nível, só que o que é certo é que faltou ali algo que me tocasse...
Na sala da Absolut, os MacIntosh e as Tannoy, estavam a tocar muito bem, mas alto, e embora o som fosse bom, com graves, que mais de que ouvir-se até se sentiam no peito, o volume excessivo, tornava a audição um pouco incomodativa.
Este sim, era capaz de levantar os pêlos dos braços...
Finalmente a sala da Ajasom, com as colunas Sul africanas da Vivid Audio, acompanhadas da amplificação Nagra e da Fonte Reimyo CDP-777, para mim foi o melhor som do Audioshow, este ano, como aliás já tinha sido no ano passado. Assim ouvi um som absolutamente holográfico, com graves, agudos, tudo, uma presença extraordinária e real dos músicos no espaço à nossa frente, simplesmente fabuloso. Aliás acho que até hoje este terá sido o melhor leitor de CD que jamais ouvi, e o que mais se aproxima do melhor vinil. Este sim era capaz de levantar os pêlos dos braços. Eventualmente será o melhor leitor de CD alguma vez feito, conforme diz própria publicidade do mesmo.
Quanto ao vídeo, verifico que praticamente todos os expositores, só possuíam plasmas, lcd's, e projectores (muito poucos e nada de especial). A melhor imagem era a da Quadratura com o seu projector cineversum da Barco, com alta definição do canal HD1.(Que aliás era o canal utilizado por quase todos os expositores).
Já vão longe os primeiros tempos em que os expositores se limitavam a passar DVDs e imagens de terceira qualidade, capazes de meter vergonha a qualquer televisor de 17 polegadas de ver televisão na cozinha. Gostei dos plasmas da sala da Pioneer, com imagens de DVD, via HDMI, com muito boa qualidade. A Hitachi na sala da Delaudio também apresentava, boas imagens, tomei nota da extinção dos ecrans de CRTs, e dos Projectores de CRTs, dos quais devo ser o último apreciador, em Portugal e arredores, continuando a achar que até agora são as melhores fontes de imagens até ao presente.
De que é que senti falta de ouvir neste Audioshow? A Sony, de que esperava ver e ouvir a linha Qualia, a Triangle, a Audio Analoge, a Denon, Cabasse, Klipsh, Quad, Wharfedale, Avalon, VPI, Clearaudio, etc.
Bem e com isto até para o ano, para ver se ainda cá estamos todos, e o país também...
JPAguas
CARLOS LACERDA
O Audioshow é uma feira de vaidades. Exibem-se equipamentos de milhares de contos para indivíduos que não os podem comprar (a maior parte se o bilhete não fosse oferecido nem tinha dinheiro para lá ir), tal como nos bares de alterne se exibem corpos que não se podem tocar. Posto isto, tal como nos ditos bares, se conseguirmos manter a compostura e a sanidade mental, até é um dia bem passado.
As Wilson Audio eram as boazonas de serviço: vi, ouvi mas não toquei. Elas é que tocaram - e bem. Bom, tenho algumas dúvidas acerca daqueles graves, mas pronto. Ao contrário, as Vivid reproduzem caravelas de filigrana (uma das muitas expressões suas, que vejo depois utilizadas na revista Audio sem referência ao autor...): finas, bonitas, perfeitinhas, mas sem escala. As Tannoy, por seu lado, tinham escala a mais. Depois havia sons 'grossos', como o da Delmax, e 'finos' como da JGAudio; espalhafatoso como o das Von Schweikert, e correcto mas sem graça, como o da Belcanto, para todos os gostos, portanto. E algumas surpresas como o som da Delaudio com os Advance, as Monitor Audio e o Roksan. Depois das Nautilus, as 802D, foram uma desilusão: muito fleumáticas. Ah, e gostei do Bloody Mary cá em baixo, refiro-me aos tomates da Gallo...
Carlos Lacerda
Nota:Textos e legendas (editadas pelo Hificlube) da responsabilidade de leitores identificados, fotos meramente ilustrativas JVH/HIFICLUBE
Confesso que este ano levava fisgada a ideia de tomar notas para fazer uma análise profissional - a la JVH - daquilo que ouvisse e visse naquela que, boa ou má, ainda é a mais completa mostra de áudio e imagem que temos. Mas todos sabemos o que está cheio de boas intenções, não é? Mal me apanhei na loja dos brinquedos, perdão, no Audioshow, esqueci-me do bloco e da caneta e vai de saltitar de montra em montra, a rir e feliz como um puto: quem foi que disse que a diferença entre os miúdos e os homens era o preço dos brinquedos? E que preços meu amigo, que preços... Mas enfim.
As Gallo tocavam bem como o caraças!...
Logo na entrada, dou de caras com o Carlos Henriques da Interlux, que montou banca mesmo ao lado dos elevadores. Como ando a namorar o Aries 2 da VPI, que ele em tão boa hora passou a representar, tinha a secreta esperança que este ano ele o tivesse a tocar. Aliás, até tinha imaginado mentalmente o 'cozinhado': o VPI como prato principal, acompanhamento Accoustic Arts, duas garrafas de Anthony Gallo, e a ligar todos estes ingredientes Chord signature. Mas não. Em contrapartida, tinha um NAD tudo-em-um e umas bolinhas pequeninas, mais um “sub” da A. Gallo, que tocavam bem como o caraças, a provar que se pode ouvir música reproduzida decentemente sem ter de hipotecar o futuro da família. Mas ficou prometida a audição do Aries 2 para breve. Não te esqueças companheiro...
Dali fui para a sala da Artaudio ouvir as novas 803 D, que, enfim, pois, tocaram muito bem, nem outra coisa seria de esperar. Boa música, som envolvente, dinâmica, excelente imagem estereofónica e um espaço confortável que isso também é importante.
Mesmo ao lado estava a Imacústica e tocavam as Alexandria e os Krell Evolution. De um sistema daquela dimensão (sonora e económica) é difícil dizer algo que não seja excepcional. Mas (ó heresia!) numa comparação custo/benefício penso que as BW/Classé ficam claramente a ganhar. E são muito mais bonitas.
'O mistério dos punhais voadores' é de ir às lágrimas...
Na Digisom tive vontade de chorar. A cena da dança dos feijões no filme 'O mistério dos punhais voadores' é de ir às lágrimas. A imagem é de cortar a respiração e o som, o som fez-me sentir que estava lá, na sala do baile. Até estou com medo de ver o filme no meu sistema...
Gostaria ainda de destacar a presença sempre simpática da rapaziada da Audioteam: simpáticos, atenciosos e conhecedores, perfeitos oficiantes dessa misteriosa religião do vinil, cuja notícia da morte, como o meu amigo muito bem escreveu aqui há tempos, foi manifestamente exagerada.
Carlos Alfaia
JOSÉ ÁGUAS
Mais um ano decorrido, e neste ano no AudioShow saliento dois aspectos um bom e outro mau, mas que marcam o mesmo: o primeiro a crise em Portugal, e a ausência de muitas marca de topo, (Sony; Denon, Yamaha, etc.) Por outro lado, parece que a febre da explosão e tiroteio, está a passar, e portanto neste ano claramente as demonstrações de audio puro estavam em maior destaque e em maioria.
Senti alguma falta de ouvir o vinil, com as excepção da demonstração da Sala da Delaudio, onde o sempre presente Sr. Delfim, colocou ao serviço um prato Roksan Radius 5, com um braço Nima da mesma marca e uma célula Denon, com a amplificação a cargo de um amplificador integrado da Advance, e colunas Monitor Audio RS 8. Aí gostei muito do som que ouvi num disco(vinil) recente de muito boa qualidade, com uma artista alemã, e realmente a voz feminina, do mesmo foi reproduzida em grande nível, mesmo com uma amplificação e colunas de preços modestos. Estranhei nessa sala, não ver em acção as fontes digitais de elevadissima qualidade da Esoteric/Teac, estas últimas apenas em exibição estática, e a falta das amplificações da Pathos. Seja como for o pouco que estava, estava muito bem.
Noutra sala, a da Delmax, mais uma vez estava um dos melhores sons deste ano, do giradiscos (que suponho ser o do Rui Borges) acompanhado pela amplificação Primaluna e Colunas Sonus Faber, cuja qualidade de reprodução, também excedia em muito, outras opções muito mais dispendiosas.
Na Sala da BW, a amplificação e fonte Classé, mais uma vez fazia uma apresentação de grande nível se bem que não chegasse ao nível das Nautilus exibidas no ano passado.
Na sala Imacustica/Wilson, realmente assistiu-se a uma demonstração com som de elevadissimo nível, se bem que o mesmo não me impressionou, isto é a demonstração foi relativamente curta e os temas escolhidos, salvo uma ou outra excepção, não me agradavam particularmente, pelo que não conseguiu fazer-me aquele arrepiar de pêlos nos braços, que acontece quando a música nos toca na alma, isto sem contender com o elevado nível, só que o que é certo é que faltou ali algo que me tocasse...
Na sala da Absolut, os MacIntosh e as Tannoy, estavam a tocar muito bem, mas alto, e embora o som fosse bom, com graves, que mais de que ouvir-se até se sentiam no peito, o volume excessivo, tornava a audição um pouco incomodativa.
Este sim, era capaz de levantar os pêlos dos braços...
Finalmente a sala da Ajasom, com as colunas Sul africanas da Vivid Audio, acompanhadas da amplificação Nagra e da Fonte Reimyo CDP-777, para mim foi o melhor som do Audioshow, este ano, como aliás já tinha sido no ano passado. Assim ouvi um som absolutamente holográfico, com graves, agudos, tudo, uma presença extraordinária e real dos músicos no espaço à nossa frente, simplesmente fabuloso. Aliás acho que até hoje este terá sido o melhor leitor de CD que jamais ouvi, e o que mais se aproxima do melhor vinil. Este sim era capaz de levantar os pêlos dos braços. Eventualmente será o melhor leitor de CD alguma vez feito, conforme diz própria publicidade do mesmo.
Quanto ao vídeo, verifico que praticamente todos os expositores, só possuíam plasmas, lcd's, e projectores (muito poucos e nada de especial). A melhor imagem era a da Quadratura com o seu projector cineversum da Barco, com alta definição do canal HD1.(Que aliás era o canal utilizado por quase todos os expositores).
Já vão longe os primeiros tempos em que os expositores se limitavam a passar DVDs e imagens de terceira qualidade, capazes de meter vergonha a qualquer televisor de 17 polegadas de ver televisão na cozinha. Gostei dos plasmas da sala da Pioneer, com imagens de DVD, via HDMI, com muito boa qualidade. A Hitachi na sala da Delaudio também apresentava, boas imagens, tomei nota da extinção dos ecrans de CRTs, e dos Projectores de CRTs, dos quais devo ser o último apreciador, em Portugal e arredores, continuando a achar que até agora são as melhores fontes de imagens até ao presente.
De que é que senti falta de ouvir neste Audioshow? A Sony, de que esperava ver e ouvir a linha Qualia, a Triangle, a Audio Analoge, a Denon, Cabasse, Klipsh, Quad, Wharfedale, Avalon, VPI, Clearaudio, etc.
Bem e com isto até para o ano, para ver se ainda cá estamos todos, e o país também...
JPAguas
CARLOS LACERDA
O Audioshow é uma feira de vaidades. Exibem-se equipamentos de milhares de contos para indivíduos que não os podem comprar (a maior parte se o bilhete não fosse oferecido nem tinha dinheiro para lá ir), tal como nos bares de alterne se exibem corpos que não se podem tocar. Posto isto, tal como nos ditos bares, se conseguirmos manter a compostura e a sanidade mental, até é um dia bem passado.
As Wilson Audio eram as boazonas de serviço: vi, ouvi mas não toquei. Elas é que tocaram - e bem. Bom, tenho algumas dúvidas acerca daqueles graves, mas pronto. Ao contrário, as Vivid reproduzem caravelas de filigrana (uma das muitas expressões suas, que vejo depois utilizadas na revista Audio sem referência ao autor...): finas, bonitas, perfeitinhas, mas sem escala. As Tannoy, por seu lado, tinham escala a mais. Depois havia sons 'grossos', como o da Delmax, e 'finos' como da JGAudio; espalhafatoso como o das Von Schweikert, e correcto mas sem graça, como o da Belcanto, para todos os gostos, portanto. E algumas surpresas como o som da Delaudio com os Advance, as Monitor Audio e o Roksan. Depois das Nautilus, as 802D, foram uma desilusão: muito fleumáticas. Ah, e gostei do Bloody Mary cá em baixo, refiro-me aos tomates da Gallo...
Carlos Lacerda
Nota:Textos e legendas (editadas pelo Hificlube) da responsabilidade de leitores identificados, fotos meramente ilustrativas JVH/HIFICLUBE