AUDIOSHOW 2005
A grande surpresa e ao mesmo tempo o melhor som do Audioshow para mim
Depois de muitos anos sempre 'a descer', achei o Audioshow deste ano
francamente melhor que os anteriores. Na minha opinião, a grande maioria dos sistemas estéreo, que este ano eram largamente maioritários, estavam no geral 'a tocar bem'. Os sistemas AV,
este ano em menor número, também estiveram na sua maioria a bom nível, superior às edições anteriores.
A grande surpresa e ao mesmo tempo o melhor som do Audioshow para mim: o
sistema da Imacústica composto pelas Martin Logan Summit, amplificador
Jadis Reference DA-88 Signature e leitor de CDs da Mimesis. Este último só
pode ser uma maravilha, para o sistema tocar assim! Da Jadis, que não
tocava no Audioshow há muitos anos, o mesmo comentário; e como os seus 80
watts alimentavam as Summit, pareciam 180 watts. Mas, para mim, foram as
Summit que tiveram as maiores honras. No domingo, quando visitei a sala,
fiquei estonteado com a transparência, a dinâmica e a presença do sistema.
O ataque a transientes tinha uma velocidade impressionante. E o grave,
senhores! Como descia até lá abaixo, com poder e controlo. A integração do
grave com a gama média, sempre problemática quando se associam duas
tecnologias diferentes (caixa, para o grave, e painel electrostático, para
a gama média e os agudos) era feita sem mácula. Será que a Martin Logan vai
aplicar as novas tecnologias introduzidas nas Summit a outras colunas mais
'democráticas'? Fico a aguardar com muita expectativa. O tuning e a
decoração (muito bem integrados) da sala também são de destacar. Mestre
Guilhermino Pereira sabe da poda... e que bom gosto musical tem. Das 3
vezes que lá fui, no domingo, a sala estava sempre a abarrotar. Já ao cair
do pano, estavam já desertos os corredores do ISCTE, continuava a haver
bicha para entrar na sala. Porque seria?
O segundo melhor som do show para mim vai ex-aequo para a Ajasom e a
Imacústica, respectivamente com as salas Vivid/Reymio/Nagra e Wilson/Krell.
Na Ajasom, a grande atracção eram as Vivid Eclipse, uma vez que o Reimyo
CDP777 e os Nagra PL-L e PMA já tinham sido apresentados no show de 2004.
Verdade se diga que achei que este ano faziam um melhor casamento com as
Vivid do que com as Avalon do ano passado. Quer no sábado, quer no domingo,
o som tinha uma naturalidade e uma presença fantásticas. A ausência de
colorações de caixa era notória, provavelmente devido à sua forma ovalóide
e aos materiais empregues. Foi uma das 3 salas que visitei 3 vezes,
juntamente com a da Imacústica (Martin Logan/Jadis/Mimesis) e da Delaudio
(Advance/Roksan/Esoteric/Monitor Audio). Note-se também, como é hábito na
casa, a grande preocupação e qualidade colocadas na decoração da sala.
António Almeida tinha razões para andar sempre sorridente.
Na Imacústica, as Wilson Audio Alexandria com amplificação Krell Evolution
e CD / SACD Krell Standard estiveram também muito, muito bem, no sábado ao
fim da tarde. Ao ouvir a música reproduzida por este sistema quase
(quase...) parecia que tinha os músicos a tocar ali em frente. Um realismo
espantoso. Numa das faixas, havia um violoncelo que descia bem até lá
abaixo, e, apesar de haver outros instrumentos a tocar em simultâneo, o
ronco do violoncelo distinguia-se com uma facilidade impressionante. Fez-me
lembrar as Grand Slamm de há muitos anos, no Alfa... Pena que Mâitre Luís
Campos não tenha tocado nenhum SACD (a julgar pelo que assinalavam os prés
da Krell, eram todos CDs). E o novo CD7 da Audio Research, porque terá sido
preterido pelo Krell Standard? Afinal, o CD7 até tinha merecido destaque no
site da Imacústica antes do Audioshow.
Outras salas de que gostei:
Ajasom - Wilson Benesh/Lyra Helikon/dCS/Ayre - Sonoridade muito
interessante. Poder, controlo, definição, transparência. Até o grave estava
muito bem, sobretudo para umas colunas daquele tamanho.
Delmax - Gira-discos Rui Borges RSB Ultimo, Sonus Faber Grand Piano
Concerto Domus e amplificação Prima Luna 3 e 5 - Os simpáticos Carla e Rui
Borges brindavam-nos com uma sala que impressionava logo à chegada pela sua
beleza e originalidade, criando um ambiente propício para a audição de
música através do sistema proposto. O som estava muito bom, como é hábito
da casa. Uma das poucas salas em que o analógico era rei. Por alguma razão
a sala estava sempre cheia que nem um ovo.
Transom - Sistema Linn: Gira-discos LP12, colunas Artikulat, amplificação
Klimax. Gostei, mas já ouvi sistemas análogos a tocar melhor na própria
Transom. A sala não ajudava nada.
Absolut Sound - Tannoy/McIntosh - Fui lá duas vezes, mas só consegui
sentar-me na fila de trás, com muita gente pela entre mim e as colunas.
Pareceu-me estar bem, mas não consegui formular uma opinião cabal.
Não achei muita graça:
Artaudio - BW 802D / CD, Pré e Power Classé - A BW nunca me convenceu,
que hei-de eu fazer? Nem com as 802D, nem com as 800, nem com as Nautilus.
Só em colunas da gama média baixa, em que acho que têm algumas propostas
com uma excelente relação qualidade/preço. Fui lá no sábado, estive 5
minutos e fui-me embora. Tinha um som algo fininho e mortiço - no contexto
das ambições e do preço, claro. Bem, ouvi várias pessoas dizerem que no
domingo estava melhor. Mestre Alberto, vimos dias melhores na casa
anterior... (incluindo muitos prémios de 'Melhor som do Audioshow'). Que
saudades, mesmo quando punha os Rammstein a tocar com os Spectral ao cair
do pano).
Audiovector/Gamut - mesmo com a participação dos Gamut (leitor de CD e
amplificadores), que já havia ouvido com muito agrado na Absolut, no sábado
o som pareceu-me algo fino e pouco dinâmico. Seria da sala?
Quadros Ventura - Von Schweikert - Só no Domingo a meio da tarde me
apercebi que havia Von Schweikert no Audioshow. Depois de ter lido tantos
artigos elogiosos sobre as VR4, tinha muita curiosidade de as ouvir.
Infelizmente, quando lá fui estavam a tocar umas monitoras da VS (as VR1?),
que achei que estavam a tocar de uma forma pouco interessante. Seria da
amplificação Naim? Mas esta, ao que consta, está mais moderada do que nos
tempos do Julian Verecker. As VR4 vão ter que ficar para o ano.
JM Audio - Depois de tantos anos a ler críticas e a sonhar com os Bel
Canto, fiquei algo desiludido. O sistema Bel Canto - Leitor universal PL-2,
pré PRe2 e power eVo4 - estava a tocar com as Amphion Xenon, que já tinha
ouvido em tempos na Absolut. Na minha opinião, aquele grave das Xenon é
demasiado proeminente e projectado, e domina tudo. Além disso,
surpreendeu-me e chocou-me a má educação e a prepotência do senhor que
estava a colocar os discos, que ultrapassou todos os limites. Mas isso é
outra história.
Exaudio - No domingo, o sistema apresentado, com Lexicon e as ATC activas
não me agradou. O som estava algo confuso e mortiço, e a sala minúscula não
devia ajudar nada.
Corel - A exposição passiva dos aparelhos, será que dá frutos ? Têm coisas
da Marantz tão interessantes, e depois ficam ali paradas, caladas,
coitadas...
No AV, o que andaram a fazer pelo Audioshow marcas como a Epson, a LG e a
Panasonic? No que diz respeito à Pioneer, parece-me que tem material para
fazer mais. Os plasmas são do melhor que há, o último leitor Universal
989Dvi, a julgar apenas pelas especificações parece ter muito potencial, e
o novo amplificador AV não deve ser mau, senão não tinha ganho o prémio da
EISA.
Faltaram ao Audioshow, e a falta foi sentida:
A GP, com o Luís Pires e o João Gonçalves, gente de alto nível humano e
profissional, a qual em várias edições anteriores do Audioshow teve dos
melhores sons do certame, tendo eu mais uma vez sentido a falta do meu
gira-discos Basis 1400 ou dos seus primos mais crescidos. Assim, primaram
pela ausência, pelo 2º ano consecutivo, marcas de alta qualidade, como Jeff
Rowland, Benz, Plinius, Lehmann, Cardas, etc.
A hiperdinâmica - em todo o lado, menos por cá - Musical Fidelity, que não
parece acertar na escolha do representante em Portugal. E que em 2006
esteja de volta ao Audioshow.
A Atitude, uma vez mais. O Rui andava por lá, mas estava do outro lado da
barricada (o dos visitantes). Como andarão as soluções de marcas de alto
gabarito como SME, Accuphase e van den Hul?
A histórica, incontornável e indispensável Viasónica, a quem auguro as
maiores felicidades para os seus novos projectos.
A Audioelite, que voltou a primar pela ausência, embora tenha feito
parceria com a Sound Eclipse. Que é feito de marcas de referência como Mark
Levinson, Thiel e YBA, para não falar - ou para falar - nos gira-discos da
Avid? E, da McCormack, gostava mesmo muito de ouvir o seu leitor universal
UDP1.
Mestre Jorge Nunes Alves, cuja Audio Team insiste em não deixar o pessoal
ouvir os gira-discos da Rega (não achei graça ao som da JG Audio, que tinha
um a tocar), os amplificadores da VTL e as colunas da Totem. Jorge, é
óptimo poder comprar uns LPs, mas o som da música faz falta.
Da Imacústica, senti muito, mas mesmo muito, a falta das Sonus Faber
Stradivarius, que foi do melhor que já ouvi na vida (em 2004). 'Tá bem, as
Martin Logan Summit foram sublimes. Manel, tás desculpado (mas arranja lá
maneira de voltar a trazer as Stradivarius ao Audioshow para o ano!). Já
agora, please, com o Michell Orbe, o qual também faltou à chamada, e que o
amigo Guilhermino Pereira põe a tocar como só ele sabe, mesmo com células
de gama média. Também da Imacústica, sentiu-se a falta da Audio Research,
de quem esperava ter a oportunidade de ouvir o novo CD 7 e o novo pré de
phono PH-5, e da ProAc, que há dois anos fez maravilhas com as D38. E as
colunas da Magneplanar... há anos que ando com curiosidade de ouvir as 1.6,
as 3.6 e as 20. Também, quem vos manda representar tantas - e tão boas -
marcas?
Da Ajasom, faltou sobretudo a Conrad-Johnson (outra das 'minhas' marcas).
Esperava poder ouvir algumas das novidades, e se as há muitas: prés Act2,
CT5, CT6, MET1, LP140M, powers Premier 140 e LP70S - e um suposto novo
leitor universal, sempre sai?
A Meridian, dada a falta da Díper. Assim, não tivemos oportunidade de ouvir
o expoente em DVD-A.
A Harmonic Technology, representada em Portugal pela Top Audio, que não
veio ao Audioshow, cujos 'gabadíssimos' cabos Cyberlight tinha muita
curiosidade em ouvir.
Da Interlux, faltaram mais uma vez à chamada as Gallo Reference 3. Carlos
Henriques, quando é que o povo audiófilo tem oportunidade de lhes por a
vista e o ouvido em cima?
Da Esotérico, a Wadia, marca de referência em leitores de CDs, e a Halcro -
para alguns, os melhores amplificadores do mundo - que continuam a não
deixar que o Audioshow os oiça.
As grandes - em todos os sentidos - colunas Avant Garde, da Luz e Som, que
este ano não veio ao Audioshow.
A CAT, a Gryphon, a MBL, a Stax, a Unison Research e a VAIC, que foram
representadas pela Subsónica (ainda existe?) e que já há muitos anos não
temos o prazer de 'ouver'.
A histórica Quad continua às bolandas. Ou vem ao Audioshow mas é como se
não viesse, ou não vem de todo como este ano. Que pena… Ainda terá
representação em Portugal?
A Sony, que nas últimas edições do Audioshow vinha levantando a bandeira do
SACD. Na primeira apresentação do SACD há alguns anos, com o SCD1, fiquei
rendido ao SACD. Na Transom já ouvi SACD um par de vezes - da Linn, com os
seus Unidisk - e gostei sempre muito. Quase, quase tão bom como um LP a
tocar num bom gira-discos.
No AV, faltou a Edecine. A sua sala (?) estava excelente em 2004. Ah, e
assim, os leitores de CDs e universais da Audio Aero e os amplificadores da
Manley também tiveram falta.
Boas surpresas:
O 'regresso' da Delaudio ao áudio. Bravo, Delfim! A grande aposta no AV
fica sobretudo para a Intercasa. A Advance, nova representação da Delaudio. Delfim Yanez acertou na mouche: 'Som high-end por um preço low-end'. Está tudo dito. A grande menção
honrosa do Audioshow. Delfim, se a Advance fizesse um amplificador AV e um
leitor universal, era possível que fosse dessa que eu integrasse um sistema
AV no meu sistema de Audio. Também da Delaudio, o gira-discos Roksan Radius
5. Que bem tocava com o sistema Advance e com as monitoras RS da Monitor
Audio (marca de cuja sonoridade nunca fui adepto)! Apesar do muito bom
desempenho do leitor universal da Esoteric/Teac, achei que o Roksan o bateu
aos pontos. Vim 3 vezes a esta sala, no sábado e no domingo, para ver se os
meus sentidos não me tinham enganado. Não tinham.
No sentido inverso ao da Delaudio, a troca, por uma clássica do Áudio, a
Digisom, do Áudio pelo AV. Apesar de tudo, classifico-a como boa surpresa
porque o som e a imagem eram excelentes.
A 'repescagem' do gira-discos Wilson Benesh Circle pela Ajasom, depois de
vários anos de ausência. Continua muito bom, sobretudo tendo em
consideração o preço.
As colunas taiwanesas da Usher Audio, que passaram a estar representadas em
Portugal, e de quem tenho lido muito boas referências. Infelizmente, não
estavam a tocar quando passei pela sala dos gentlemen da Sound Eclipse. E
sua aposta no novo projecto do criador da Pink Triangle - Gira-discos Funk.
A decoração da sala estava mais uma vez a alto nível, que os olhos também
comem.
A revolucionária aposta da 'much sound per pound' NAD no high-end, com a
nova Master Series, de que só havia um amplificador em exposição passiva na
Esotérico. Muito bonito (preço feio).
A Oracle, nova representação da Audioelite. Bravo, José Júdice e Jorge
Gaspar. O gira-discos Delphi V, que nunca ouvi, e que estava em exposição
passiva na Sound Eclipse, é tão bonito - só pode tocar muito bem (bem, pelo
menos assim têm dito muitos críticas ao longo dos muitos anos que leva de
vida) - ah, e o leitor de CDs da Oracle, que só vi em fotografia, também é
uma maravilha de estética.
A VPI, marca de gira-discos que finalmente chega a Portugal, pela mão da
Interlux, depois de várias tentativas frustradas de outros importadores no
passado. Uma lança em África. Mesmo em exposição passiva.
Os sistemas AV do Audioshow eram em muitos casos de alto nível. Senão
vejamos:
- A HDTV - A projecção de TV de alta definição da sala da Quadratura com os
receptores de HDTV Quali-TV, e um projector da Barco. A HDTV tem a melhor
imagem que já vi, ponto.
- Que categoria de imagem e de som tinha no domingo o conjunto formado na
sala da Digisom pelo conjunto McIntosh MC 501/272/402 / Tannoy Yorkminster
e Sandingham / Sim2 C3X/ Denon A1XV. O filme do concerto do Jean Michell
Jarre em Pequim estava um espanto.
- O projector Projection Design Action da Sound Eclipse (ainda em
protótipo?), a animar um écran grande como nunca tinha visto, estava de
encantar. O filme da Fórmula 1 era de uma tridimensionalidade incrível. E
com fonte DVD, o que faria se fosse em HDTV, ou quiçá nos novos formatos
Blu-ray / HD-DVD!
- Bem, este ano faltaram os projectores da InFocus, que tão bom desempenho
têm tido em anos anteriores. Aquele modelo de entrada é um espanto, para o
preço que custa, e os modelo acima têm uma imagem que é uma maravilha.
Moral da história: O Audioshow deste ano superou as minhas expectativas e
naturalmente isso foi bom. Mas também elevou as minhas expectativas, e as
de várias outras pessoas, para 2006, e isso é uma responsabilidade. Veremos
como vai a Organização do show gerir o tema.
JCA
A grande surpresa e ao mesmo tempo o melhor som do Audioshow para mim
Depois de muitos anos sempre 'a descer', achei o Audioshow deste ano
francamente melhor que os anteriores. Na minha opinião, a grande maioria dos sistemas estéreo, que este ano eram largamente maioritários, estavam no geral 'a tocar bem'. Os sistemas AV,
este ano em menor número, também estiveram na sua maioria a bom nível, superior às edições anteriores.
A grande surpresa e ao mesmo tempo o melhor som do Audioshow para mim: o
sistema da Imacústica composto pelas Martin Logan Summit, amplificador
Jadis Reference DA-88 Signature e leitor de CDs da Mimesis. Este último só
pode ser uma maravilha, para o sistema tocar assim! Da Jadis, que não
tocava no Audioshow há muitos anos, o mesmo comentário; e como os seus 80
watts alimentavam as Summit, pareciam 180 watts. Mas, para mim, foram as
Summit que tiveram as maiores honras. No domingo, quando visitei a sala,
fiquei estonteado com a transparência, a dinâmica e a presença do sistema.
O ataque a transientes tinha uma velocidade impressionante. E o grave,
senhores! Como descia até lá abaixo, com poder e controlo. A integração do
grave com a gama média, sempre problemática quando se associam duas
tecnologias diferentes (caixa, para o grave, e painel electrostático, para
a gama média e os agudos) era feita sem mácula. Será que a Martin Logan vai
aplicar as novas tecnologias introduzidas nas Summit a outras colunas mais
'democráticas'? Fico a aguardar com muita expectativa. O tuning e a
decoração (muito bem integrados) da sala também são de destacar. Mestre
Guilhermino Pereira sabe da poda... e que bom gosto musical tem. Das 3
vezes que lá fui, no domingo, a sala estava sempre a abarrotar. Já ao cair
do pano, estavam já desertos os corredores do ISCTE, continuava a haver
bicha para entrar na sala. Porque seria?
O segundo melhor som do show para mim vai ex-aequo para a Ajasom e a
Imacústica, respectivamente com as salas Vivid/Reymio/Nagra e Wilson/Krell.
Na Ajasom, a grande atracção eram as Vivid Eclipse, uma vez que o Reimyo
CDP777 e os Nagra PL-L e PMA já tinham sido apresentados no show de 2004.
Verdade se diga que achei que este ano faziam um melhor casamento com as
Vivid do que com as Avalon do ano passado. Quer no sábado, quer no domingo,
o som tinha uma naturalidade e uma presença fantásticas. A ausência de
colorações de caixa era notória, provavelmente devido à sua forma ovalóide
e aos materiais empregues. Foi uma das 3 salas que visitei 3 vezes,
juntamente com a da Imacústica (Martin Logan/Jadis/Mimesis) e da Delaudio
(Advance/Roksan/Esoteric/Monitor Audio). Note-se também, como é hábito na
casa, a grande preocupação e qualidade colocadas na decoração da sala.
António Almeida tinha razões para andar sempre sorridente.
Na Imacústica, as Wilson Audio Alexandria com amplificação Krell Evolution
e CD / SACD Krell Standard estiveram também muito, muito bem, no sábado ao
fim da tarde. Ao ouvir a música reproduzida por este sistema quase
(quase...) parecia que tinha os músicos a tocar ali em frente. Um realismo
espantoso. Numa das faixas, havia um violoncelo que descia bem até lá
abaixo, e, apesar de haver outros instrumentos a tocar em simultâneo, o
ronco do violoncelo distinguia-se com uma facilidade impressionante. Fez-me
lembrar as Grand Slamm de há muitos anos, no Alfa... Pena que Mâitre Luís
Campos não tenha tocado nenhum SACD (a julgar pelo que assinalavam os prés
da Krell, eram todos CDs). E o novo CD7 da Audio Research, porque terá sido
preterido pelo Krell Standard? Afinal, o CD7 até tinha merecido destaque no
site da Imacústica antes do Audioshow.
Outras salas de que gostei:
Ajasom - Wilson Benesh/Lyra Helikon/dCS/Ayre - Sonoridade muito
interessante. Poder, controlo, definição, transparência. Até o grave estava
muito bem, sobretudo para umas colunas daquele tamanho.
Delmax - Gira-discos Rui Borges RSB Ultimo, Sonus Faber Grand Piano
Concerto Domus e amplificação Prima Luna 3 e 5 - Os simpáticos Carla e Rui
Borges brindavam-nos com uma sala que impressionava logo à chegada pela sua
beleza e originalidade, criando um ambiente propício para a audição de
música através do sistema proposto. O som estava muito bom, como é hábito
da casa. Uma das poucas salas em que o analógico era rei. Por alguma razão
a sala estava sempre cheia que nem um ovo.
Transom - Sistema Linn: Gira-discos LP12, colunas Artikulat, amplificação
Klimax. Gostei, mas já ouvi sistemas análogos a tocar melhor na própria
Transom. A sala não ajudava nada.
Absolut Sound - Tannoy/McIntosh - Fui lá duas vezes, mas só consegui
sentar-me na fila de trás, com muita gente pela entre mim e as colunas.
Pareceu-me estar bem, mas não consegui formular uma opinião cabal.
Não achei muita graça:
Artaudio - BW 802D / CD, Pré e Power Classé - A BW nunca me convenceu,
que hei-de eu fazer? Nem com as 802D, nem com as 800, nem com as Nautilus.
Só em colunas da gama média baixa, em que acho que têm algumas propostas
com uma excelente relação qualidade/preço. Fui lá no sábado, estive 5
minutos e fui-me embora. Tinha um som algo fininho e mortiço - no contexto
das ambições e do preço, claro. Bem, ouvi várias pessoas dizerem que no
domingo estava melhor. Mestre Alberto, vimos dias melhores na casa
anterior... (incluindo muitos prémios de 'Melhor som do Audioshow'). Que
saudades, mesmo quando punha os Rammstein a tocar com os Spectral ao cair
do pano).
Audiovector/Gamut - mesmo com a participação dos Gamut (leitor de CD e
amplificadores), que já havia ouvido com muito agrado na Absolut, no sábado
o som pareceu-me algo fino e pouco dinâmico. Seria da sala?
Quadros Ventura - Von Schweikert - Só no Domingo a meio da tarde me
apercebi que havia Von Schweikert no Audioshow. Depois de ter lido tantos
artigos elogiosos sobre as VR4, tinha muita curiosidade de as ouvir.
Infelizmente, quando lá fui estavam a tocar umas monitoras da VS (as VR1?),
que achei que estavam a tocar de uma forma pouco interessante. Seria da
amplificação Naim? Mas esta, ao que consta, está mais moderada do que nos
tempos do Julian Verecker. As VR4 vão ter que ficar para o ano.
JM Audio - Depois de tantos anos a ler críticas e a sonhar com os Bel
Canto, fiquei algo desiludido. O sistema Bel Canto - Leitor universal PL-2,
pré PRe2 e power eVo4 - estava a tocar com as Amphion Xenon, que já tinha
ouvido em tempos na Absolut. Na minha opinião, aquele grave das Xenon é
demasiado proeminente e projectado, e domina tudo. Além disso,
surpreendeu-me e chocou-me a má educação e a prepotência do senhor que
estava a colocar os discos, que ultrapassou todos os limites. Mas isso é
outra história.
Exaudio - No domingo, o sistema apresentado, com Lexicon e as ATC activas
não me agradou. O som estava algo confuso e mortiço, e a sala minúscula não
devia ajudar nada.
Corel - A exposição passiva dos aparelhos, será que dá frutos ? Têm coisas
da Marantz tão interessantes, e depois ficam ali paradas, caladas,
coitadas...
No AV, o que andaram a fazer pelo Audioshow marcas como a Epson, a LG e a
Panasonic? No que diz respeito à Pioneer, parece-me que tem material para
fazer mais. Os plasmas são do melhor que há, o último leitor Universal
989Dvi, a julgar apenas pelas especificações parece ter muito potencial, e
o novo amplificador AV não deve ser mau, senão não tinha ganho o prémio da
EISA.
Faltaram ao Audioshow, e a falta foi sentida:
A GP, com o Luís Pires e o João Gonçalves, gente de alto nível humano e
profissional, a qual em várias edições anteriores do Audioshow teve dos
melhores sons do certame, tendo eu mais uma vez sentido a falta do meu
gira-discos Basis 1400 ou dos seus primos mais crescidos. Assim, primaram
pela ausência, pelo 2º ano consecutivo, marcas de alta qualidade, como Jeff
Rowland, Benz, Plinius, Lehmann, Cardas, etc.
A hiperdinâmica - em todo o lado, menos por cá - Musical Fidelity, que não
parece acertar na escolha do representante em Portugal. E que em 2006
esteja de volta ao Audioshow.
A Atitude, uma vez mais. O Rui andava por lá, mas estava do outro lado da
barricada (o dos visitantes). Como andarão as soluções de marcas de alto
gabarito como SME, Accuphase e van den Hul?
A histórica, incontornável e indispensável Viasónica, a quem auguro as
maiores felicidades para os seus novos projectos.
A Audioelite, que voltou a primar pela ausência, embora tenha feito
parceria com a Sound Eclipse. Que é feito de marcas de referência como Mark
Levinson, Thiel e YBA, para não falar - ou para falar - nos gira-discos da
Avid? E, da McCormack, gostava mesmo muito de ouvir o seu leitor universal
UDP1.
Mestre Jorge Nunes Alves, cuja Audio Team insiste em não deixar o pessoal
ouvir os gira-discos da Rega (não achei graça ao som da JG Audio, que tinha
um a tocar), os amplificadores da VTL e as colunas da Totem. Jorge, é
óptimo poder comprar uns LPs, mas o som da música faz falta.
Da Imacústica, senti muito, mas mesmo muito, a falta das Sonus Faber
Stradivarius, que foi do melhor que já ouvi na vida (em 2004). 'Tá bem, as
Martin Logan Summit foram sublimes. Manel, tás desculpado (mas arranja lá
maneira de voltar a trazer as Stradivarius ao Audioshow para o ano!). Já
agora, please, com o Michell Orbe, o qual também faltou à chamada, e que o
amigo Guilhermino Pereira põe a tocar como só ele sabe, mesmo com células
de gama média. Também da Imacústica, sentiu-se a falta da Audio Research,
de quem esperava ter a oportunidade de ouvir o novo CD 7 e o novo pré de
phono PH-5, e da ProAc, que há dois anos fez maravilhas com as D38. E as
colunas da Magneplanar... há anos que ando com curiosidade de ouvir as 1.6,
as 3.6 e as 20. Também, quem vos manda representar tantas - e tão boas -
marcas?
Da Ajasom, faltou sobretudo a Conrad-Johnson (outra das 'minhas' marcas).
Esperava poder ouvir algumas das novidades, e se as há muitas: prés Act2,
CT5, CT6, MET1, LP140M, powers Premier 140 e LP70S - e um suposto novo
leitor universal, sempre sai?
A Meridian, dada a falta da Díper. Assim, não tivemos oportunidade de ouvir
o expoente em DVD-A.
A Harmonic Technology, representada em Portugal pela Top Audio, que não
veio ao Audioshow, cujos 'gabadíssimos' cabos Cyberlight tinha muita
curiosidade em ouvir.
Da Interlux, faltaram mais uma vez à chamada as Gallo Reference 3. Carlos
Henriques, quando é que o povo audiófilo tem oportunidade de lhes por a
vista e o ouvido em cima?
Da Esotérico, a Wadia, marca de referência em leitores de CDs, e a Halcro -
para alguns, os melhores amplificadores do mundo - que continuam a não
deixar que o Audioshow os oiça.
As grandes - em todos os sentidos - colunas Avant Garde, da Luz e Som, que
este ano não veio ao Audioshow.
A CAT, a Gryphon, a MBL, a Stax, a Unison Research e a VAIC, que foram
representadas pela Subsónica (ainda existe?) e que já há muitos anos não
temos o prazer de 'ouver'.
A histórica Quad continua às bolandas. Ou vem ao Audioshow mas é como se
não viesse, ou não vem de todo como este ano. Que pena… Ainda terá
representação em Portugal?
A Sony, que nas últimas edições do Audioshow vinha levantando a bandeira do
SACD. Na primeira apresentação do SACD há alguns anos, com o SCD1, fiquei
rendido ao SACD. Na Transom já ouvi SACD um par de vezes - da Linn, com os
seus Unidisk - e gostei sempre muito. Quase, quase tão bom como um LP a
tocar num bom gira-discos.
No AV, faltou a Edecine. A sua sala (?) estava excelente em 2004. Ah, e
assim, os leitores de CDs e universais da Audio Aero e os amplificadores da
Manley também tiveram falta.
Boas surpresas:
O 'regresso' da Delaudio ao áudio. Bravo, Delfim! A grande aposta no AV
fica sobretudo para a Intercasa. A Advance, nova representação da Delaudio. Delfim Yanez acertou na mouche: 'Som high-end por um preço low-end'. Está tudo dito. A grande menção
honrosa do Audioshow. Delfim, se a Advance fizesse um amplificador AV e um
leitor universal, era possível que fosse dessa que eu integrasse um sistema
AV no meu sistema de Audio. Também da Delaudio, o gira-discos Roksan Radius
5. Que bem tocava com o sistema Advance e com as monitoras RS da Monitor
Audio (marca de cuja sonoridade nunca fui adepto)! Apesar do muito bom
desempenho do leitor universal da Esoteric/Teac, achei que o Roksan o bateu
aos pontos. Vim 3 vezes a esta sala, no sábado e no domingo, para ver se os
meus sentidos não me tinham enganado. Não tinham.
No sentido inverso ao da Delaudio, a troca, por uma clássica do Áudio, a
Digisom, do Áudio pelo AV. Apesar de tudo, classifico-a como boa surpresa
porque o som e a imagem eram excelentes.
A 'repescagem' do gira-discos Wilson Benesh Circle pela Ajasom, depois de
vários anos de ausência. Continua muito bom, sobretudo tendo em
consideração o preço.
As colunas taiwanesas da Usher Audio, que passaram a estar representadas em
Portugal, e de quem tenho lido muito boas referências. Infelizmente, não
estavam a tocar quando passei pela sala dos gentlemen da Sound Eclipse. E
sua aposta no novo projecto do criador da Pink Triangle - Gira-discos Funk.
A decoração da sala estava mais uma vez a alto nível, que os olhos também
comem.
A revolucionária aposta da 'much sound per pound' NAD no high-end, com a
nova Master Series, de que só havia um amplificador em exposição passiva na
Esotérico. Muito bonito (preço feio).
A Oracle, nova representação da Audioelite. Bravo, José Júdice e Jorge
Gaspar. O gira-discos Delphi V, que nunca ouvi, e que estava em exposição
passiva na Sound Eclipse, é tão bonito - só pode tocar muito bem (bem, pelo
menos assim têm dito muitos críticas ao longo dos muitos anos que leva de
vida) - ah, e o leitor de CDs da Oracle, que só vi em fotografia, também é
uma maravilha de estética.
A VPI, marca de gira-discos que finalmente chega a Portugal, pela mão da
Interlux, depois de várias tentativas frustradas de outros importadores no
passado. Uma lança em África. Mesmo em exposição passiva.
Os sistemas AV do Audioshow eram em muitos casos de alto nível. Senão
vejamos:
- A HDTV - A projecção de TV de alta definição da sala da Quadratura com os
receptores de HDTV Quali-TV, e um projector da Barco. A HDTV tem a melhor
imagem que já vi, ponto.
- Que categoria de imagem e de som tinha no domingo o conjunto formado na
sala da Digisom pelo conjunto McIntosh MC 501/272/402 / Tannoy Yorkminster
e Sandingham / Sim2 C3X/ Denon A1XV. O filme do concerto do Jean Michell
Jarre em Pequim estava um espanto.
- O projector Projection Design Action da Sound Eclipse (ainda em
protótipo?), a animar um écran grande como nunca tinha visto, estava de
encantar. O filme da Fórmula 1 era de uma tridimensionalidade incrível. E
com fonte DVD, o que faria se fosse em HDTV, ou quiçá nos novos formatos
Blu-ray / HD-DVD!
- Bem, este ano faltaram os projectores da InFocus, que tão bom desempenho
têm tido em anos anteriores. Aquele modelo de entrada é um espanto, para o
preço que custa, e os modelo acima têm uma imagem que é uma maravilha.
Moral da história: O Audioshow deste ano superou as minhas expectativas e
naturalmente isso foi bom. Mas também elevou as minhas expectativas, e as
de várias outras pessoas, para 2006, e isso é uma responsabilidade. Veremos
como vai a Organização do show gerir o tema.
JCA