No último dia, despi a farda de jornalista improvisado, vesti o fato domingueiro e levei a minha mulher a visitar as capelinhas seleccionadas. Ela acompanha-me por todo o mundo há 20 anos e tem uma perfeita noção do que é um bom som. Além de que tem muito melhor ouvido do que eu...
VIVID/AJASOM
João (Vermeer) e Ricardo (JoeKool): a vingança serve-se quente
Gostou das Vivid mas achou-as um pouco “laid back”. Além de que lhe lembram, e cito: “um extraterrestre”, o que significa que estarão no seu limiar de aceitação estética. Eu se possível achei que as Vivid ainda estavam a tocar melhor no Domingo. Tinham mudado os cabos. Teria sido só isso?
As pirâmides da Nagra precisam de aquecer como as originais de Gizé ao sol do deserto. Este é mesmo um dos casos em que a vingança se serve quente. João Jarego e Ricardo, os “demonstradores” de serviço, foram trucidados (eu também ajudei à festa) o ano passado, porque tiveram a coragem de atravessar a fronteira que separa os críticos dos criticados, e este ano foram incensados pelos mesmos que os criticaram (eu incluído), o que prova que não era nada de pessoal... O sistema que a Ajasom, qual escuderia de F1, lhes colocou nas mãos para conduzir no Audioshow 2004, composto por aquele que eu viria a considerar depois como o melhor leitor-CD do mundo, o Reimyo CDP777, pelo delicioso prévio Nagra PL-L e pelos Nagra PMA (teste também online) não agradou à “inteligência” audiófila e malharam neles sem remorso.
E contudo, apenas as colunas de som eram outras, as Avalon Opus, excelentes também in their own special way. Só que este ano as Vivid, que já me tinham surpreendido agradavelmente no Highend 2005, de Munique (ver reportagem on line no Hificlube), foram um factor fundamental de diferença.
Laurence Dickie não perdeu o jeito, desde que criou as Nautilus há 10 anos. As Vivid são “falsas lentas”, a resposta aos transitórios é notável (oiça-se La Folia); os sons soltam-se das colunas (a ausência de caixa?) e ganham autonomia no espaço, fruto da coerência de fase e da baixa distorção; o detalhe é mais implícito que explícito, admito, mas mesmo assim permite “descascar” as diferentes camadas da mistura de som sem interferir com o conteúdo emocional. Tive momentos em que o médio-agudo me fez lembrar o brilho acetinado do tweeter de plasma das Acappela. E é dizer muito de uma zona do espectro que está aqui dividida por dois transdutores com razoável overlap.
A Nagra nega que os PMA sejam amplificadores “digitais”. Eu continuo na dúvida. O Tube-Dude (Clube do Audio) também. Mas, sinceramente, isso deixou de ser relevante. Pelo menos para mim.
BELCANTO
Digitais assumidos são os Belcanto. Passei por lá de novo para visitar o José Martins. Tal como todos os outros estavam a tocar ainda melhor no Domingo com as bem-comportadas Amphion Xenon. É óbvio que depois da Vivid perde-se algo ao nível emocional. Mas o som é limpo, articulado, definido, com excelente sentido rítmico e sem sombra de digitalite.
JG AUDIO
Talvez por isso tenha ficado desiludido com os JG Audio. O som é sólido (também no sentido de solid state, apesar das promessas de single-ended e no-feedback), isento de colesterol, sem dúvida, mas um pouco estéril, mesmo tendo como fonte ser um LP. Com CD seria pior. Mas estou a especular, e posso estar a ser injusto, pois só ouvi uma faixa de um disco, tanto mais tratando-se de um construtor português com provas dadas e profundos conhecimentos de electrónica que merece toda a minha consideração e respeito. Admito que a sala nua terá contribuído em grande medida para esta vaga sensação de “secura”. Não creio que a culpa fosse das colunas Rega. Até talvez fosse minha...
PRIMA LUNA/SONUS FABER
Rui Borges, um audiófilo em estado puro
O som dos JGAudio estava nos antípodas do que se ouvia na Delmax onde os PrimaLuna Three/Five e as SF Grand Piano Domus nos enchiam as artérias de gostoso colesterol harmónico. Até com o AR CD3 MkII o piano de Ivo Pogorelich soou vibrante e encorpado com cada nota carregada de emoção artística. Eu sei que há aqui mais coloração e distorção de 2ª harmónica que nos JG Audio, do mesmo modo que sei que uma “francesinha” a escorrer faz mais mal à saúde que um bife de carne magra grelhado...
ADVANCE AUDIO
Advance Audio MAP 407
Algures no meio, onde por certo ficará a virtude, fiquei de novo abismado com o Advance Audio MAP 407, um amplificador de fabrico chinês que fala francês e tocou piano com as Monitor Audio da série RS ao colo. E sabe-se como os cones de metal precisam de um elevado factor de amortecimento (no agudo também) para evitar o efeito de “ringing”. Nunca as ouvi tocar tão bem. As electrónicas produzidas no longínquo Oriente, e vendidas a peso com chancelas de prestígio europeu, sofrem amiúde de empastelamento dinâmico e falta de transparência. Não é o caso dos Advance Audio - absolument pas mes amis...
IMACÚSTICA/MARTIN LOGAN SUMMIT
Como sabem os meus leitores regulares, eu sou um fã, não necessariamente um fanático, das Martin Logan, e utilizo como referência umas Odyssey (+Theater i + Clarity na configuração multicanal), tendo descoberto a fórmula para as acolitar com um par de “subs” da MJAcoustics. Nunca ninguém percebeu por que razão eu as preferi às Sonus Faber Extrema e às Wilson Watt Puppies. Tanto mais que nos “shows” as Odyssey nunca conseguiram provar a sua valia. Desta vez as Summit convenceram muito mais gente, como se prova pelas opiniões já publicadas de alguns leitores. Houve mesmo quem achasse que foi o melhor som do Audioshow 2005, uma opinião respeitável como todas as outras. É um facto que as queixas sobre as Odyssey se referiam a um certo 'espalhafato tonal', e que, desta vez, as paredes da sala estavam “decoradas” integralmente com cortinados vermelhos para o controlar . Mas quem sabe se por isso mesmo se perdeu alguma da magia proporcionada pela “dipolaridade”, que ficou um pouco abafada. As Martin Logan preferem reflectores do tipo dos utilizados na sala das Vivid. E eu teria cortado também um pouco o volume dos graves. Mesmo assim, acho que se percebeu o que me atrai no som das Martin Logan: a ausência de caixa dos 200Hz para cima. Até ao dia em me possa ver livre dela também dos 200Hz para baixo. Até lá as ML são o meu refrigério. E pensar que eu tinha umas Apogee Duetta e as vendi. Deviar ter sido condenado às galés por isso...
LATE NIGHT SHOW
Para fechar a visita em beleza assistimos à última sessão do espectáculo Wilson/Krell na sala da Imacústica. Já lá tinha estado nos dias anteriores. Na Sexta fiquei sentado à frente no eixo de uma das colunas e perdi qualquer possibilidade de apreciar a imagem estereofónica. O meu amigo Luís Campos, que tem vindo a desenvolver notáveis capacidades de demonstração, gosta de afastar as colunas para “ganhar” mais espaço de palco e envolver os ouvintes num abraço amplo (literalmente). Ora, isto tem, na minha perspectiva de ouvinte solitário, o efeito pernicioso de “rasgar” o palco ao meio, que é no fundo onde reside o milagre da estereofonia, ou seja: ouvir sons que parecem ter origem no centro do palco onde não está nenhuma coluna.
Esta é também a colocação ortodoxa proposta por Dave Wilson para grandes auditórios. Em Munique, onde as ouvi numa sala com idênticas dimensões, no âmbito do HighEnd Show, estavam igualmente muito afastadas. Portanto, é o Luís que, porventura está no caminho certo. Até porque o acoplamento do sistema reflex das Alexandria com as salas não é pacífico, e uma vez encontrado o sítio ideal, o melhor é não mexer mais, mesmo que isso signifique ficarem bem longe uma da outra, como foi o caso. Dave utiliza a técnica de colocar um ouvinte na sweet-spot enquanto outro fala ou canta, ao mesmo tempo que se movimenta nas zonas da sala previstas para colocar as colunas, até que a sua voz comece a soar ao que está sentado mais inteligível e livre de ressonâncias. Right on the spot, stop there! E é ali que se coloca a coluna, pronto.
Mas eu ao longo dos anos desenvolvi uma teoria: quando estou colocado directamente em frente de uma das colunas (a uma distância razoável) e não oiço a outra, aproximo-as até que isso aconteça. Depois coloco-me ao meio e afasto-as ou aproximo-as milimetricamente até que o “corpo” central tenha a mesma “textura” dos canais direito e esquerdo e mantenha a estabilidade mesmo que me afaste da sweet-spot, o que não era manifestamente o caso aqui. O toe-in e o tilt-up/down vêm depois e têm a ver com a dimensão em largura e o posicionamento em altura dos instrumentos e vozes solistas.
No Sábado, entrei discretamente na sala da Imacústica e fiquei sentado ao centro mas na última fila com uma barreira de três dezenas de corpos e cabeças a separar-me da boca do palco. O volume estava mais baixo do que o habitual e soou-me tudo mais mortiço e desinteressante que da primeira vez, apesar de já poder experimentar um arremedo de imagem estereofónica.
No Domingo, sentei-me finalmente na sweet-spot na primeira fila (aliás, fiquei até com a impressão que s colunas estavam mais próximas uma da outra). E a diferença de qualidade era tão grande que, em certa medida, pode residir aqui o mistério da tão grande diversidade de opiniões (ver o emails dos leitores). A cereja no bolo foi a audição a níveis de concerto ao vivo de “Stimella”, de Hugh Mazakella, que alguém na sala tinha pedido para ouvir. É nestas ocasiões que se compreende o verdadeiro significado de escala: todos os outros sistemas de som podem oferecer-nos representações mais ou menos perfeitas da realidade, em maior ou menor escala, mas nenhum a reproduz em 1:1 como as Alexandria.
Quando me levantei, reparei que na sala estavam a nata da crítica nacional e alguns membros da concorrência, por certo para aproveitar a relativa discrição da última sessão da noite. Pergunto: terão lá ido para restabelecer referências e redefinir critérios de avaliação? Ou foi só para ficar com este gostinho de música 'ao vivo' na boca até ao próximo Audioshow?...
VIVID/AJASOM
João (Vermeer) e Ricardo (JoeKool): a vingança serve-se quente
Gostou das Vivid mas achou-as um pouco “laid back”. Além de que lhe lembram, e cito: “um extraterrestre”, o que significa que estarão no seu limiar de aceitação estética. Eu se possível achei que as Vivid ainda estavam a tocar melhor no Domingo. Tinham mudado os cabos. Teria sido só isso?
As pirâmides da Nagra precisam de aquecer como as originais de Gizé ao sol do deserto. Este é mesmo um dos casos em que a vingança se serve quente. João Jarego e Ricardo, os “demonstradores” de serviço, foram trucidados (eu também ajudei à festa) o ano passado, porque tiveram a coragem de atravessar a fronteira que separa os críticos dos criticados, e este ano foram incensados pelos mesmos que os criticaram (eu incluído), o que prova que não era nada de pessoal... O sistema que a Ajasom, qual escuderia de F1, lhes colocou nas mãos para conduzir no Audioshow 2004, composto por aquele que eu viria a considerar depois como o melhor leitor-CD do mundo, o Reimyo CDP777, pelo delicioso prévio Nagra PL-L e pelos Nagra PMA (teste também online) não agradou à “inteligência” audiófila e malharam neles sem remorso.
E contudo, apenas as colunas de som eram outras, as Avalon Opus, excelentes também in their own special way. Só que este ano as Vivid, que já me tinham surpreendido agradavelmente no Highend 2005, de Munique (ver reportagem on line no Hificlube), foram um factor fundamental de diferença.
Laurence Dickie não perdeu o jeito, desde que criou as Nautilus há 10 anos. As Vivid são “falsas lentas”, a resposta aos transitórios é notável (oiça-se La Folia); os sons soltam-se das colunas (a ausência de caixa?) e ganham autonomia no espaço, fruto da coerência de fase e da baixa distorção; o detalhe é mais implícito que explícito, admito, mas mesmo assim permite “descascar” as diferentes camadas da mistura de som sem interferir com o conteúdo emocional. Tive momentos em que o médio-agudo me fez lembrar o brilho acetinado do tweeter de plasma das Acappela. E é dizer muito de uma zona do espectro que está aqui dividida por dois transdutores com razoável overlap.
A Nagra nega que os PMA sejam amplificadores “digitais”. Eu continuo na dúvida. O Tube-Dude (Clube do Audio) também. Mas, sinceramente, isso deixou de ser relevante. Pelo menos para mim.
BELCANTO
Digitais assumidos são os Belcanto. Passei por lá de novo para visitar o José Martins. Tal como todos os outros estavam a tocar ainda melhor no Domingo com as bem-comportadas Amphion Xenon. É óbvio que depois da Vivid perde-se algo ao nível emocional. Mas o som é limpo, articulado, definido, com excelente sentido rítmico e sem sombra de digitalite.
JG AUDIO
Talvez por isso tenha ficado desiludido com os JG Audio. O som é sólido (também no sentido de solid state, apesar das promessas de single-ended e no-feedback), isento de colesterol, sem dúvida, mas um pouco estéril, mesmo tendo como fonte ser um LP. Com CD seria pior. Mas estou a especular, e posso estar a ser injusto, pois só ouvi uma faixa de um disco, tanto mais tratando-se de um construtor português com provas dadas e profundos conhecimentos de electrónica que merece toda a minha consideração e respeito. Admito que a sala nua terá contribuído em grande medida para esta vaga sensação de “secura”. Não creio que a culpa fosse das colunas Rega. Até talvez fosse minha...
PRIMA LUNA/SONUS FABER
Rui Borges, um audiófilo em estado puro
O som dos JGAudio estava nos antípodas do que se ouvia na Delmax onde os PrimaLuna Three/Five e as SF Grand Piano Domus nos enchiam as artérias de gostoso colesterol harmónico. Até com o AR CD3 MkII o piano de Ivo Pogorelich soou vibrante e encorpado com cada nota carregada de emoção artística. Eu sei que há aqui mais coloração e distorção de 2ª harmónica que nos JG Audio, do mesmo modo que sei que uma “francesinha” a escorrer faz mais mal à saúde que um bife de carne magra grelhado...
ADVANCE AUDIO
Advance Audio MAP 407
Algures no meio, onde por certo ficará a virtude, fiquei de novo abismado com o Advance Audio MAP 407, um amplificador de fabrico chinês que fala francês e tocou piano com as Monitor Audio da série RS ao colo. E sabe-se como os cones de metal precisam de um elevado factor de amortecimento (no agudo também) para evitar o efeito de “ringing”. Nunca as ouvi tocar tão bem. As electrónicas produzidas no longínquo Oriente, e vendidas a peso com chancelas de prestígio europeu, sofrem amiúde de empastelamento dinâmico e falta de transparência. Não é o caso dos Advance Audio - absolument pas mes amis...
IMACÚSTICA/MARTIN LOGAN SUMMIT
Como sabem os meus leitores regulares, eu sou um fã, não necessariamente um fanático, das Martin Logan, e utilizo como referência umas Odyssey (+Theater i + Clarity na configuração multicanal), tendo descoberto a fórmula para as acolitar com um par de “subs” da MJAcoustics. Nunca ninguém percebeu por que razão eu as preferi às Sonus Faber Extrema e às Wilson Watt Puppies. Tanto mais que nos “shows” as Odyssey nunca conseguiram provar a sua valia. Desta vez as Summit convenceram muito mais gente, como se prova pelas opiniões já publicadas de alguns leitores. Houve mesmo quem achasse que foi o melhor som do Audioshow 2005, uma opinião respeitável como todas as outras. É um facto que as queixas sobre as Odyssey se referiam a um certo 'espalhafato tonal', e que, desta vez, as paredes da sala estavam “decoradas” integralmente com cortinados vermelhos para o controlar . Mas quem sabe se por isso mesmo se perdeu alguma da magia proporcionada pela “dipolaridade”, que ficou um pouco abafada. As Martin Logan preferem reflectores do tipo dos utilizados na sala das Vivid. E eu teria cortado também um pouco o volume dos graves. Mesmo assim, acho que se percebeu o que me atrai no som das Martin Logan: a ausência de caixa dos 200Hz para cima. Até ao dia em me possa ver livre dela também dos 200Hz para baixo. Até lá as ML são o meu refrigério. E pensar que eu tinha umas Apogee Duetta e as vendi. Deviar ter sido condenado às galés por isso...
LATE NIGHT SHOW
Para fechar a visita em beleza assistimos à última sessão do espectáculo Wilson/Krell na sala da Imacústica. Já lá tinha estado nos dias anteriores. Na Sexta fiquei sentado à frente no eixo de uma das colunas e perdi qualquer possibilidade de apreciar a imagem estereofónica. O meu amigo Luís Campos, que tem vindo a desenvolver notáveis capacidades de demonstração, gosta de afastar as colunas para “ganhar” mais espaço de palco e envolver os ouvintes num abraço amplo (literalmente). Ora, isto tem, na minha perspectiva de ouvinte solitário, o efeito pernicioso de “rasgar” o palco ao meio, que é no fundo onde reside o milagre da estereofonia, ou seja: ouvir sons que parecem ter origem no centro do palco onde não está nenhuma coluna.
Esta é também a colocação ortodoxa proposta por Dave Wilson para grandes auditórios. Em Munique, onde as ouvi numa sala com idênticas dimensões, no âmbito do HighEnd Show, estavam igualmente muito afastadas. Portanto, é o Luís que, porventura está no caminho certo. Até porque o acoplamento do sistema reflex das Alexandria com as salas não é pacífico, e uma vez encontrado o sítio ideal, o melhor é não mexer mais, mesmo que isso signifique ficarem bem longe uma da outra, como foi o caso. Dave utiliza a técnica de colocar um ouvinte na sweet-spot enquanto outro fala ou canta, ao mesmo tempo que se movimenta nas zonas da sala previstas para colocar as colunas, até que a sua voz comece a soar ao que está sentado mais inteligível e livre de ressonâncias. Right on the spot, stop there! E é ali que se coloca a coluna, pronto.
Mas eu ao longo dos anos desenvolvi uma teoria: quando estou colocado directamente em frente de uma das colunas (a uma distância razoável) e não oiço a outra, aproximo-as até que isso aconteça. Depois coloco-me ao meio e afasto-as ou aproximo-as milimetricamente até que o “corpo” central tenha a mesma “textura” dos canais direito e esquerdo e mantenha a estabilidade mesmo que me afaste da sweet-spot, o que não era manifestamente o caso aqui. O toe-in e o tilt-up/down vêm depois e têm a ver com a dimensão em largura e o posicionamento em altura dos instrumentos e vozes solistas.
No Sábado, entrei discretamente na sala da Imacústica e fiquei sentado ao centro mas na última fila com uma barreira de três dezenas de corpos e cabeças a separar-me da boca do palco. O volume estava mais baixo do que o habitual e soou-me tudo mais mortiço e desinteressante que da primeira vez, apesar de já poder experimentar um arremedo de imagem estereofónica.
No Domingo, sentei-me finalmente na sweet-spot na primeira fila (aliás, fiquei até com a impressão que s colunas estavam mais próximas uma da outra). E a diferença de qualidade era tão grande que, em certa medida, pode residir aqui o mistério da tão grande diversidade de opiniões (ver o emails dos leitores). A cereja no bolo foi a audição a níveis de concerto ao vivo de “Stimella”, de Hugh Mazakella, que alguém na sala tinha pedido para ouvir. É nestas ocasiões que se compreende o verdadeiro significado de escala: todos os outros sistemas de som podem oferecer-nos representações mais ou menos perfeitas da realidade, em maior ou menor escala, mas nenhum a reproduz em 1:1 como as Alexandria.
Quando me levantei, reparei que na sala estavam a nata da crítica nacional e alguns membros da concorrência, por certo para aproveitar a relativa discrição da última sessão da noite. Pergunto: terão lá ido para restabelecer referências e redefinir critérios de avaliação? Ou foi só para ficar com este gostinho de música 'ao vivo' na boca até ao próximo Audioshow?...