Em todos os casos, alegam que há mais detalhe, mais dinâmica, mais informação e, sobretudo, mais transparência e “ar”, aquele inefável excipiente acústico que nos “transporta” até ao acontecimento musical, em especial nos discos gravados ao vivo.
Por outro lado, também é fácil encontrar na internet opiniões, com fundamentação técnica irrefutável, que consideram o SACD a fraude do século (ver em Artigos Relacionados “A verdade da mentira”). Por cá, o que eu tenho verificado é que muitos dos detractores do SACD nunca o ouviram em condições ideais. Escrevi, aliás, um artigo intitulado “O elo mais fraco” ( ver em Artigos Relacionados) que, embora caricatural, espelha bem a confusão que grassa por aí.
Em muitos casos detectei amigos e outros audiófilos assumidos que ligavam o leitor-SACD ao amplificador AV por meio de cabo óptico ou coaxial, esquecendo-se que, nesta configuração, apenas podem reproduzir a “camada” CD dos SACD híbridos. Actualmente, já é possível utilizar ligações Firewire, do tipo iLink, dLink, HDMI, etc. mas, mesmo essas, além de introduzirem inaceitáveis níveis jitter no sinal (o caso do HDMI é paradigmático, ver teste do Denon AV-X1), exigem, na maior parte dos casos (não todos) que o sinal DSD seja previamente convertido para PCM. Daí a relativa desilusão que o SACD suscitou.
O mesmo se passa com as ligações analógicas entre leitor-SACD e certos amplificadores AV que, não dispondo de entradas ANALOG 7.1 não-processadas, reconvertem o sinal analógico para digital PCM e de novo para analógico. É como chover no molhado...
Pelo sim, pelo não, a melhor forma de comparar SACD/CD é ligá-lo a um prévio ou amplificador estéreo de elevada definição, como é o caso do Denon PMA-SA1, por meio de interconnects de qualidade (eu utilizei nesta experência cabos balanceados Siltech). Mas nos discos híbridos nada nos garante que a matriz original utilizada para registar o SACD e o CD é a mesma. Ou então é mas foi registada de origem em PCM, pelo que as eventuais vantagens do DSD se perdem.
De uma maneira geral, o CD tem mais compressão, logo menos dinâmica, pelo que a diferença entre o nível mínimo e máximo é menor, ou seja, o nível médio do sinal é mais elevado e a música soa “mais alto” com o potenciómetro de volume na mesma posição, algo que se pode confundir facilmente com “melhor”, ou “com mais presença”, “impacte”, etc. Basta reduzir o volume 1dB ou 2dB para se perceber o relativo logro. O ideal é utilizar um prévio como o McIntosh C2200, ou outro como o Krell KCT ou o Mark Levinson Nº320S, que faz o “trimming” fino do sinal para assim igualizar o nível de todas as fontes.
Algumas editoras, como a Telarc, compensam a diferença e registam ambas as matrizes a -20dB ou -30dB para permitir alguma “headroom” para os picos de sinal. Um bom SACD de música clássica tem uma dinâmica de pelo menos 60dB entre os pianissimi e os tutti orquestrais. Um disco que soa muito alto não significa à partida que tem mais dinâmica. Oiça-se o ultragalardoado disco de Santana “Supernatural”, que não tem nada de natural e “começa alto e acaba alto”, ideal para ouvir no rádio do automóvel. Aliás, quase todos os discos de rock moderno são gravados em cima dos 0dB para impressionar o pessoal. Mas a diferença entre os picos e o sinal mais baixo é mínima: 20dB, se tanto, com os picos comprimidos para evitar o desagradável clipping digital, que é bem menos benigno que o analógico. De tal modo, que a maior parte dos engenheiros de som da cena musical de Los Angeles opta pelo analógico para a matriz original.
É aqui que entra o Denon DCD-SA1, um leitor SACD/CD estéreo puro, que nos permite pela primeira vez comparar a mesma matriz DSD convertida pelo processo Direct Stream Digital e PCM 24-bit/192khz c/ “upsampling”. De notar que o processo de “upsampling” AL24 da Denon aumenta artificialmente a resolução e a dinâmica, além de alterar o carácter do som que soa mais “redondo” (menos distorção no agudo?) mas também menos informativo e arejado. Mal por mal prefiro o CD a este travesti em PCM do DSD, embora a diferença seja bem menor do que as minhas palavras possam fazer crer. Não espere ouvir a noite e o dia.
(continua: ver Parte 5 em Artigos Relacionados)
Por outro lado, também é fácil encontrar na internet opiniões, com fundamentação técnica irrefutável, que consideram o SACD a fraude do século (ver em Artigos Relacionados “A verdade da mentira”). Por cá, o que eu tenho verificado é que muitos dos detractores do SACD nunca o ouviram em condições ideais. Escrevi, aliás, um artigo intitulado “O elo mais fraco” ( ver em Artigos Relacionados) que, embora caricatural, espelha bem a confusão que grassa por aí.
Em muitos casos detectei amigos e outros audiófilos assumidos que ligavam o leitor-SACD ao amplificador AV por meio de cabo óptico ou coaxial, esquecendo-se que, nesta configuração, apenas podem reproduzir a “camada” CD dos SACD híbridos. Actualmente, já é possível utilizar ligações Firewire, do tipo iLink, dLink, HDMI, etc. mas, mesmo essas, além de introduzirem inaceitáveis níveis jitter no sinal (o caso do HDMI é paradigmático, ver teste do Denon AV-X1), exigem, na maior parte dos casos (não todos) que o sinal DSD seja previamente convertido para PCM. Daí a relativa desilusão que o SACD suscitou.
O mesmo se passa com as ligações analógicas entre leitor-SACD e certos amplificadores AV que, não dispondo de entradas ANALOG 7.1 não-processadas, reconvertem o sinal analógico para digital PCM e de novo para analógico. É como chover no molhado...
Pelo sim, pelo não, a melhor forma de comparar SACD/CD é ligá-lo a um prévio ou amplificador estéreo de elevada definição, como é o caso do Denon PMA-SA1, por meio de interconnects de qualidade (eu utilizei nesta experência cabos balanceados Siltech). Mas nos discos híbridos nada nos garante que a matriz original utilizada para registar o SACD e o CD é a mesma. Ou então é mas foi registada de origem em PCM, pelo que as eventuais vantagens do DSD se perdem.
De uma maneira geral, o CD tem mais compressão, logo menos dinâmica, pelo que a diferença entre o nível mínimo e máximo é menor, ou seja, o nível médio do sinal é mais elevado e a música soa “mais alto” com o potenciómetro de volume na mesma posição, algo que se pode confundir facilmente com “melhor”, ou “com mais presença”, “impacte”, etc. Basta reduzir o volume 1dB ou 2dB para se perceber o relativo logro. O ideal é utilizar um prévio como o McIntosh C2200, ou outro como o Krell KCT ou o Mark Levinson Nº320S, que faz o “trimming” fino do sinal para assim igualizar o nível de todas as fontes.
Algumas editoras, como a Telarc, compensam a diferença e registam ambas as matrizes a -20dB ou -30dB para permitir alguma “headroom” para os picos de sinal. Um bom SACD de música clássica tem uma dinâmica de pelo menos 60dB entre os pianissimi e os tutti orquestrais. Um disco que soa muito alto não significa à partida que tem mais dinâmica. Oiça-se o ultragalardoado disco de Santana “Supernatural”, que não tem nada de natural e “começa alto e acaba alto”, ideal para ouvir no rádio do automóvel. Aliás, quase todos os discos de rock moderno são gravados em cima dos 0dB para impressionar o pessoal. Mas a diferença entre os picos e o sinal mais baixo é mínima: 20dB, se tanto, com os picos comprimidos para evitar o desagradável clipping digital, que é bem menos benigno que o analógico. De tal modo, que a maior parte dos engenheiros de som da cena musical de Los Angeles opta pelo analógico para a matriz original.
É aqui que entra o Denon DCD-SA1, um leitor SACD/CD estéreo puro, que nos permite pela primeira vez comparar a mesma matriz DSD convertida pelo processo Direct Stream Digital e PCM 24-bit/192khz c/ “upsampling”. De notar que o processo de “upsampling” AL24 da Denon aumenta artificialmente a resolução e a dinâmica, além de alterar o carácter do som que soa mais “redondo” (menos distorção no agudo?) mas também menos informativo e arejado. Mal por mal prefiro o CD a este travesti em PCM do DSD, embora a diferença seja bem menor do que as minhas palavras possam fazer crer. Não espere ouvir a noite e o dia.
(continua: ver Parte 5 em Artigos Relacionados)