SELECÇÃO MUSICAL FACCIOSA?
Tal como o ano passado, a cada par de colunas era dada a oportunidade de exibir os seus dotes durante três excertos (mal) seleccionados de música registada em CD (2) e LP (1).
Do LP genericamente designado por “Divertissement” com a orquestra dirigida por Jean Martinou, ouviu-se “Danse Macabre” de Saint Säens. De um CD de Jack Johnson (?) saiu uma voz e guitarra registada em cima; de um CD designado por “Super Bass Sound” bombaram graves em abundância - e de má qualidade: muito “bass” e pouco “super”...
Foi claro logo de início, que com esta selecção musical, numa sala enorme e cheia de gente, havia a intenção não-declarada de favorecer um certo tipo de coluna. Mais ainda quando os níveis de pressão sonora exigidos eram substanciais devido às dimensões da sala e ao número elevado de participantes. E quando verifiquei pela leitura da credencial de Wolfram Erfert, o “sacerdote” oficiante, que era editor da Motor Press de Estugarda, esperei o pior: sabe-se como o pessoal do “car-audio” gosta do som das “bazookas” a abrir lá atrás na mala do carro...
ELECTRÓNICA COMPLEMENTAR
A electrónica era composta por gira-discos custom-made, que me pareceu baseado no Avid, leitor-CD/conversor Meitner, prévio Naim e amplificador Pass X-350S.
PRIMEIRO ACTO: BW 801D
As BW 801D abriram as hostilidades. Soaram poderosas, imponentes mas algo comprimidas e duras. A voz de Jack Jackson soou soprada e presente; o grave rosnou profundo mas pouco definido. Nos tutti mostraram por que motivo as utilizam nos estúdios Abbey Road: cuspiram oitavas na cara dos que como eu estavam sentados na primeira fila.
SEGUNDO ACTO: AUDIO PHYSICS CALDERA
Depois da dança coreográfica de substituiçaão de umas colunas por outras em menos de dois minutos, seguiram-se as Audio Physics Caldera. É uma coluna mais delicada até no aspecto, que oferece ao ouvinte a face mais estreita e só mostra os altifalantes frontais. Assim, é só quando abrem as goelas que nos apercebemos de que não são uma simples 3-vias com médio/agudo coaxial. Nada fazia esperar que se portassem tão bem, pois. A voz de Jackson soou mais fina e delicada mas muito articulada e sem compressão ou dureza. A orquestra e os “graves” presentes no CD “Super Bass” tinham menos peso mas mais definição que com as BW. O som estava tão alto que eu via a grelha lateral a saltar aflita sob o impacte do altifalante activo.
TERCEIRO ACTO: MARTIN LOGAN SUMMIT
Entram em cena as Martin Logan Summit. Vão ser trucidadas, pensei. Mas olhem que não, olhem que não. As Summit são muito direccionais (o arco do painel é aparentemente menos pronunciado que nas Odyssey) e deviam ter sido apontadas para dentro e não colocadas tão abertas como optaram os “craques” da Stereoplay. Como estava sentado perto de uma das colunas, a voz de Jackson só se ouvia nesse canal. Mas o arco da orquestra foi reproduzido com surpreendente amplitude e dramatismo: o “sub” dedicado activo mostrou por que motivo a Martin Logan aposta na hibridez. Contudo, devido ao volume exagerado do som, senti alguma artificialidade e dureza na voz devida ao aparente esforço, embora sejam quase indestrutíveis.
GRAND FINALE: JBL K2 9800
Finalmente entrou a vedeta de Hollywood. As JBL K2 9800 derivam dos monitores Everest que foram seleccionados pela Academia Americana para visionar os filmes candidatos ao Óscar, os mesmos utilizados em Las Vegas pela DTS para o visionamento do “DTS-Sampler” que o leitor Miguel Barroso ganhou no passatempo do Hificlube.
As JBL K2 9800 são colunas de corneta, o que significa que com a mesma potência disponível debitaram facilmente 120dB. Era o que o pessoal estava à espera: via-se o entusiasmo no rosto dos presentes. Aquilo, meus amigos, parecia uma demonstração de força do Exército americano. No fim, os que sobreviveram levantaram o braço e votaram nelas, com medo de serem abatidos a tiro!...
O que mais me impressionou é que as JBL K2 9800 soam doces, quase laid-back, mas o impacte da reprodução musical como um todo é de cortar a respiração: a “Danse Macabre” soou terrífica, macabra como se exigia. Não será um “som highend”, mas é com certeza muito high e muito end. There's no business like show business.
Só falta um pormenor não despiciendo: as colunas mais baratas eram as Summit (10 000 euros), as mais caras as JBL K2 9800 (32 000 euros). E os presentes foram informados disso logo no início da apresentação, o que de certa forma condiciona a audição...
VOTAÇÃO
De braço no ar, obteve-se uma contagem por alto de 6 votos para as BW, 5/6 para Audio Physics e 4/5 para as Martin Logan; e 11 votos para as JBL! Estariam presentes na sala cerca de 40 pessoas e nem todas votaram. A demonstração é muito longa (cerca de 45 m) e sabe-se como os «showistas» se cansam depressa e não gostam de estar presos.
Por esta altura já estavam a pensar numas saxofonistas pirosas em minisaia que tocavam saxofone ao vivo no hall principal. Porque ainda não há nada que substitua the real thing.. Refiro-me aos saxofones - não a elas, claro... Nem as JBL, pese embora a preferência da Academia, lá conseguem chegar.
Nota: a votação final será obtida por votos enviados por correio para a revista Stereoplay mas esta sondagem «à boca da urna» (ou será dentro da boca da urna?) deve ter uma margem de erro mínima. A vitória das JBL 9800 K2 está pois mais que garantida.
Tal como o ano passado, a cada par de colunas era dada a oportunidade de exibir os seus dotes durante três excertos (mal) seleccionados de música registada em CD (2) e LP (1).
Do LP genericamente designado por “Divertissement” com a orquestra dirigida por Jean Martinou, ouviu-se “Danse Macabre” de Saint Säens. De um CD de Jack Johnson (?) saiu uma voz e guitarra registada em cima; de um CD designado por “Super Bass Sound” bombaram graves em abundância - e de má qualidade: muito “bass” e pouco “super”...
Foi claro logo de início, que com esta selecção musical, numa sala enorme e cheia de gente, havia a intenção não-declarada de favorecer um certo tipo de coluna. Mais ainda quando os níveis de pressão sonora exigidos eram substanciais devido às dimensões da sala e ao número elevado de participantes. E quando verifiquei pela leitura da credencial de Wolfram Erfert, o “sacerdote” oficiante, que era editor da Motor Press de Estugarda, esperei o pior: sabe-se como o pessoal do “car-audio” gosta do som das “bazookas” a abrir lá atrás na mala do carro...
ELECTRÓNICA COMPLEMENTAR
A electrónica era composta por gira-discos custom-made, que me pareceu baseado no Avid, leitor-CD/conversor Meitner, prévio Naim e amplificador Pass X-350S.
PRIMEIRO ACTO: BW 801D
As BW 801D abriram as hostilidades. Soaram poderosas, imponentes mas algo comprimidas e duras. A voz de Jack Jackson soou soprada e presente; o grave rosnou profundo mas pouco definido. Nos tutti mostraram por que motivo as utilizam nos estúdios Abbey Road: cuspiram oitavas na cara dos que como eu estavam sentados na primeira fila.
SEGUNDO ACTO: AUDIO PHYSICS CALDERA
Depois da dança coreográfica de substituiçaão de umas colunas por outras em menos de dois minutos, seguiram-se as Audio Physics Caldera. É uma coluna mais delicada até no aspecto, que oferece ao ouvinte a face mais estreita e só mostra os altifalantes frontais. Assim, é só quando abrem as goelas que nos apercebemos de que não são uma simples 3-vias com médio/agudo coaxial. Nada fazia esperar que se portassem tão bem, pois. A voz de Jackson soou mais fina e delicada mas muito articulada e sem compressão ou dureza. A orquestra e os “graves” presentes no CD “Super Bass” tinham menos peso mas mais definição que com as BW. O som estava tão alto que eu via a grelha lateral a saltar aflita sob o impacte do altifalante activo.
TERCEIRO ACTO: MARTIN LOGAN SUMMIT
Entram em cena as Martin Logan Summit. Vão ser trucidadas, pensei. Mas olhem que não, olhem que não. As Summit são muito direccionais (o arco do painel é aparentemente menos pronunciado que nas Odyssey) e deviam ter sido apontadas para dentro e não colocadas tão abertas como optaram os “craques” da Stereoplay. Como estava sentado perto de uma das colunas, a voz de Jackson só se ouvia nesse canal. Mas o arco da orquestra foi reproduzido com surpreendente amplitude e dramatismo: o “sub” dedicado activo mostrou por que motivo a Martin Logan aposta na hibridez. Contudo, devido ao volume exagerado do som, senti alguma artificialidade e dureza na voz devida ao aparente esforço, embora sejam quase indestrutíveis.
GRAND FINALE: JBL K2 9800
Finalmente entrou a vedeta de Hollywood. As JBL K2 9800 derivam dos monitores Everest que foram seleccionados pela Academia Americana para visionar os filmes candidatos ao Óscar, os mesmos utilizados em Las Vegas pela DTS para o visionamento do “DTS-Sampler” que o leitor Miguel Barroso ganhou no passatempo do Hificlube.
As JBL K2 9800 são colunas de corneta, o que significa que com a mesma potência disponível debitaram facilmente 120dB. Era o que o pessoal estava à espera: via-se o entusiasmo no rosto dos presentes. Aquilo, meus amigos, parecia uma demonstração de força do Exército americano. No fim, os que sobreviveram levantaram o braço e votaram nelas, com medo de serem abatidos a tiro!...
O que mais me impressionou é que as JBL K2 9800 soam doces, quase laid-back, mas o impacte da reprodução musical como um todo é de cortar a respiração: a “Danse Macabre” soou terrífica, macabra como se exigia. Não será um “som highend”, mas é com certeza muito high e muito end. There's no business like show business.
Só falta um pormenor não despiciendo: as colunas mais baratas eram as Summit (10 000 euros), as mais caras as JBL K2 9800 (32 000 euros). E os presentes foram informados disso logo no início da apresentação, o que de certa forma condiciona a audição...
VOTAÇÃO
De braço no ar, obteve-se uma contagem por alto de 6 votos para as BW, 5/6 para Audio Physics e 4/5 para as Martin Logan; e 11 votos para as JBL! Estariam presentes na sala cerca de 40 pessoas e nem todas votaram. A demonstração é muito longa (cerca de 45 m) e sabe-se como os «showistas» se cansam depressa e não gostam de estar presos.
Por esta altura já estavam a pensar numas saxofonistas pirosas em minisaia que tocavam saxofone ao vivo no hall principal. Porque ainda não há nada que substitua the real thing.. Refiro-me aos saxofones - não a elas, claro... Nem as JBL, pese embora a preferência da Academia, lá conseguem chegar.
Nota: a votação final será obtida por votos enviados por correio para a revista Stereoplay mas esta sondagem «à boca da urna» (ou será dentro da boca da urna?) deve ter uma margem de erro mínima. A vitória das JBL 9800 K2 está pois mais que garantida.