Face às angústias existenciais suscitadas pela exposição a alguns dos sistemas highend que foram apresentados no Audioshow, mas que para a larga maioria não passam de objectos de desejo, cuja posse tem um grau de probabilidade idêntico ao da taluda do Euromilhões, um grupo de jovens, que se alberga na net num site que dá pelo nome de ForumHifi, decidiu realizar um MiniHifishow, com 2 sistemas, um de áudio puro e outro de AV, montados numa única sala do Hotel Açores, à Praça de Espanha, ambos de preço relativamente acessível.
A ideia era provocar um efeito de catárse que nos expurgasse da grande angústia dos nosso dias, a de desejar algo sem esperança de o possuir. Aqui pretendia-se transmitir o conceito positivo de que há vida para além do défice familiar.
Imagem da boca do palco com todo o equipamento áudio em demonstração
Contactados alguns distribuidores e revendedores (Delaudio, Digisom, JM Audio, Quadros e Ventura, SoundEclipse, etc.), que logo se dispuseram a ceder equipamento para demonstração, o evento realizou-se no Sábado, dia 19, com mais êxito do que seria de esperar num dia de chuva e futebol em sessões contínuas na Sport-TV: não é fácil competir com Chelsea, Braga (!), Barcelona e Porto (os adversários que o digam...), isto para só falar nos vencedores, porque dos vencidos não reza a história...
O delicioso pormenor de um gira-discos
Fui lá, como tinha prometido a Vladimiro Macedo, que não conhecia pessoalmente, correspondendo ao seu amável convite, e também porque gosto de participar, na medida das minhas disponibilidades de tempo, em tudo o que diga respeito ao áudio, em especial, e ao AV também, por que não.
O áudio é um estado de espírito, uma filosofia de vida, algo que é intrínseco a minha maneira de ser, e ao qual dediquei os meus últimos 30 anos, dos quais mais de 20 como crítico, porventura incentivado pelo facto de ter vencido um concurso internacional promovido pela revista HifiNews, tendo entretanto publicado artigos de opinião no jornal Êxito (já extinto), Correio da Manhã, Público e Diário de Notícias, onde tenho há 15 anos a secção “Sons”, agora inserida no suplemento DNA/DN Música; e nas revistas Imasom e Audio (de que fui co-fundador); além de artigos dispersos publicados na já citada HifiNews e na Stereophile.
Portanto, todos os que se dedicam a divulgar por paixão a ideologia audiófila são meus irmãos de armas e merecem o meu apoio e a minha solidariedade.
Perspectiva obtida do fundo da sala
Quando entrei, a sala estava às escuras, mas apercebi-me logo que havia bastante gente interessada. A vantagem dos “shows” de sala única é a de não haver dispersão da atenção dos visitantes: as pessoas entram, sentam-se, ou ficam em pé à conversa, em voz baixa no fundo da sala (onde, aliás, o som não era tão bom: alguma ressonância) e ficam ali muito mais tempo do que é habitual quando há muito mais equipamentos em múltiplas salas para ver e ouvir. Deste modo, à medida que se ouvem discos e se vêem filmes fica-se com uma ideia muito mais aproximada das reais potencialidades dos sistemas em demonstração. E o potencial era elevado em ambos os casos.
von Schweikert e Monitor Audio, mano a mano
Para já a sala era óptima se comparada com as disponibilizadas no Audioshow. Não me lembro de ter visto tratamento acústico e, apesar disso, do meu posto de escuta improvisado o som pareceu-me equilibrado, dependendo a sua correcção mais dos discos que dos sistemas. Podia ter ficado ali a tarde toda a ouvir música e a ver filmes diversos.
Outro aspecto da sala e do público presente
Fiquei sentado na fila da frente, descaído sobre o lado direito, como o Figo (passe o autoelogio) e, como tal, em estéreo só ouvia o canal direito. Embora esse desvio não fosse tão evidente em multicanal: Clark Terry soou no canal central, assim como os diálogos do filme “O reino dos Céus” (com algum extravasamento para o canal direito devido à minha proximidade), apenas um disco recriou um palco sonoro completo, o que me pareceu ser um SACD. A culpa não foi dos sistemas nem de quem os montou, mas decorreu do facto de a “sweet spot”, o lugar mágico dos audiófilos, ter sido cedido (ah, a ditadura da magem!) aos dois projectores vídeo em presença: Runco e Hitachi. Gostei particularmente do som (e da imagem) de um registo ao vivo, tipo “acústico”, dos Pink Floyd, ou seria apenas Gilmour and Friends?
Uma estrutura que tivesse permitido montar os projectores numa posição elevada teria sido o ideal mas, se considerarmos o pouco tempo disponível, a montagem pode considerar-se um sucesso. A passagem de estéreo para multicanal foi constante e fluida, provando que os “amadores”, no sentido dos que amam aquilo que fazem, podem, obter melhores resultados que muitos profissionais “encartados”.
Se a ideia era provar que é possível ter bom som sem hipotecar o futuro da família, conseguiram, e estão de parabéns pela iniciativa.
Eis os sistemas em presença:
Sistema Surround:
Denon DVD 3910, Denon AVC A11 XV, Monitor Audio RS8/RS LCR/RS1/2x REL Storm III, Hitachi PJ TX200, Runco CL 410, Cabos: Ixos, Kimber, Runco.
Sistema Estéreo:
Thorens TD240 (ouviu-se Sade), Naim CD5i, Vincent SP331Mk, vom Schweikert VR2, 2XRELStorm III, Cablagem: Acoustic Zen, Siltech ( e creio que filtros Isotek).
A ideia era provocar um efeito de catárse que nos expurgasse da grande angústia dos nosso dias, a de desejar algo sem esperança de o possuir. Aqui pretendia-se transmitir o conceito positivo de que há vida para além do défice familiar.
Imagem da boca do palco com todo o equipamento áudio em demonstração
Contactados alguns distribuidores e revendedores (Delaudio, Digisom, JM Audio, Quadros e Ventura, SoundEclipse, etc.), que logo se dispuseram a ceder equipamento para demonstração, o evento realizou-se no Sábado, dia 19, com mais êxito do que seria de esperar num dia de chuva e futebol em sessões contínuas na Sport-TV: não é fácil competir com Chelsea, Braga (!), Barcelona e Porto (os adversários que o digam...), isto para só falar nos vencedores, porque dos vencidos não reza a história...
O delicioso pormenor de um gira-discos
Fui lá, como tinha prometido a Vladimiro Macedo, que não conhecia pessoalmente, correspondendo ao seu amável convite, e também porque gosto de participar, na medida das minhas disponibilidades de tempo, em tudo o que diga respeito ao áudio, em especial, e ao AV também, por que não.
O áudio é um estado de espírito, uma filosofia de vida, algo que é intrínseco a minha maneira de ser, e ao qual dediquei os meus últimos 30 anos, dos quais mais de 20 como crítico, porventura incentivado pelo facto de ter vencido um concurso internacional promovido pela revista HifiNews, tendo entretanto publicado artigos de opinião no jornal Êxito (já extinto), Correio da Manhã, Público e Diário de Notícias, onde tenho há 15 anos a secção “Sons”, agora inserida no suplemento DNA/DN Música; e nas revistas Imasom e Audio (de que fui co-fundador); além de artigos dispersos publicados na já citada HifiNews e na Stereophile.
Portanto, todos os que se dedicam a divulgar por paixão a ideologia audiófila são meus irmãos de armas e merecem o meu apoio e a minha solidariedade.
Perspectiva obtida do fundo da sala
Quando entrei, a sala estava às escuras, mas apercebi-me logo que havia bastante gente interessada. A vantagem dos “shows” de sala única é a de não haver dispersão da atenção dos visitantes: as pessoas entram, sentam-se, ou ficam em pé à conversa, em voz baixa no fundo da sala (onde, aliás, o som não era tão bom: alguma ressonância) e ficam ali muito mais tempo do que é habitual quando há muito mais equipamentos em múltiplas salas para ver e ouvir. Deste modo, à medida que se ouvem discos e se vêem filmes fica-se com uma ideia muito mais aproximada das reais potencialidades dos sistemas em demonstração. E o potencial era elevado em ambos os casos.
von Schweikert e Monitor Audio, mano a mano
Para já a sala era óptima se comparada com as disponibilizadas no Audioshow. Não me lembro de ter visto tratamento acústico e, apesar disso, do meu posto de escuta improvisado o som pareceu-me equilibrado, dependendo a sua correcção mais dos discos que dos sistemas. Podia ter ficado ali a tarde toda a ouvir música e a ver filmes diversos.
Outro aspecto da sala e do público presente
Fiquei sentado na fila da frente, descaído sobre o lado direito, como o Figo (passe o autoelogio) e, como tal, em estéreo só ouvia o canal direito. Embora esse desvio não fosse tão evidente em multicanal: Clark Terry soou no canal central, assim como os diálogos do filme “O reino dos Céus” (com algum extravasamento para o canal direito devido à minha proximidade), apenas um disco recriou um palco sonoro completo, o que me pareceu ser um SACD. A culpa não foi dos sistemas nem de quem os montou, mas decorreu do facto de a “sweet spot”, o lugar mágico dos audiófilos, ter sido cedido (ah, a ditadura da magem!) aos dois projectores vídeo em presença: Runco e Hitachi. Gostei particularmente do som (e da imagem) de um registo ao vivo, tipo “acústico”, dos Pink Floyd, ou seria apenas Gilmour and Friends?
Uma estrutura que tivesse permitido montar os projectores numa posição elevada teria sido o ideal mas, se considerarmos o pouco tempo disponível, a montagem pode considerar-se um sucesso. A passagem de estéreo para multicanal foi constante e fluida, provando que os “amadores”, no sentido dos que amam aquilo que fazem, podem, obter melhores resultados que muitos profissionais “encartados”.
Se a ideia era provar que é possível ter bom som sem hipotecar o futuro da família, conseguiram, e estão de parabéns pela iniciativa.
Eis os sistemas em presença:
Sistema Surround:
Denon DVD 3910, Denon AVC A11 XV, Monitor Audio RS8/RS LCR/RS1/2x REL Storm III, Hitachi PJ TX200, Runco CL 410, Cabos: Ixos, Kimber, Runco.
Sistema Estéreo:
Thorens TD240 (ouviu-se Sade), Naim CD5i, Vincent SP331Mk, vom Schweikert VR2, 2XRELStorm III, Cablagem: Acoustic Zen, Siltech ( e creio que filtros Isotek).