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2005

Projecto Dynaudio



Os meus parabéns pelo seu sempre 'atribulado'(no bom sentido) site, sempre recheado de partilhas, opiniões e paixões. Fiquei espantado quando vi o artigo publicado por João Anselmo, não tanto pelo conteúdo, mas pq lhe desconhecia esta sua vertente para a escrita, conhecendo-o como conheço pessoalmente. Chega-se à conclusão que, de facto, o mundo é pequeno e estas pancadas quando dão é para toda a vida...



A minha modesta opinião sobre o Audioshow não será tão exuberante quanto a dele ou de outros mas partilho com ele de facto a ausência de muitas marcas e alguma crise no mercado actual português. É daquelas coisas que se notam mas não fica bem falar...no entanto fico feliz por pensar que o som puro e duro de 2 canais está bem vivo ao contrário do AV que me parece que já teve o seu 'boom' (pelo menos por cá).



Depois de o ver a passear com um 'atrelado' para os lados do ISCTE no fds provavelmente recheado de algumas preciosidades provenientes da terra do tio Sam lembrei-me de partilhar consigo também a minha preciosidade que durou +-7 anos a concretizar (com muita preguiça pelo meio e não só).



Publiquei recentemente um artigo (que passo a transcrever) e venho por esta forma partilhá-lo consigo também aqui juntamento com as fotos. Agradeço desde já a atenção dispensada e mais ainda pela paciência de ler mais um dos muitos e-mails que chegam por certo ao HIFICLUBE.



PROJECTO DYNAUDIO



OBJECTIVOS


Os objectivos que traçei para este mega-empreendimento foram:



- Colunas com a melhor relação tamanho-qualidade sonora-potência admissível tendo
em conta que a extensão do grave deveria ficar num mínimo aceitável(50-55Hz) e que
a sala a “alimentar” tem cerca de 16m2. Por isso para uma melhor integração as
colunas teriam de ser forçosamente pequenas e a extensão do grave se necesssária
seria complementada por um subwoofer o que veio a acontecer (STRATA III).



- Outra questão que não abdiquei foi a qualidade de construção da caixa.
Teria de ser a melhor que conseguissse construir. Não poderia haver ressonâncias.



- A área frontal teria de ser a menor possível para evitar difracções sonoras.



Nesta base e em 1997(ups! Yes, it is true :-/) os meus conhecimentos eram poucos em eléctronica por isso resolvi “cultivar-me”. Começei por fazer-me assinante da Speaker Builder(USA) e depois ao fim de de ler muito artigos resolvi começar a mandar vir alguns livros nomeadamente “An Antology” do Journal Of Audio Engineering Society Vol.1-25, Vol.25-31, High Performance Lousdpeakers de Martin Colloms e o clássico “The Loudspeakers Design Cookbook” de Vance Dickson entre muitos outros.



FILOSOFIA.


Ao longo dos anos o que mais me fascinava sempre que ia ao Audishow era(e são) a capacidade de certas colunas tinham em desaparecer no ar e colocar as “coisas” no seu devido sítio.!. Guardo boas recordações de um Mark Levinson a alimentar umas Thiel 1.5....



Voltando...Quase invariávelmente as unidades dessas colunas que tanto me “prendiam” tinham como característica um defasamento acústico real e não por via de compensação electrónica. Aliás existem muitas marcas que seguem esse “caminho” , BW, Wilson, Thiel entre outras...com maior ou menor complexidade dos filtros. Isto traz vantagens e desvantagens como é óbvio mas resolvi seguir essa via mesmo que isso implicasse maior dificuldade na construção da caixa.



ESCOLHA DE MATERIAL.


Depois de vasculhar catálogos da Solen Inc, Madisound e Parts Connection lá me consegui decidir (a muito custo) o que deveria mandar vir. O mais difícil foram a escolha das unidades e respectivas marcas. As marcas eleitas eram as unidades da Scanspeak, Dynaudio e Focal. Qualquer uma delas são marcas de respeito mas tendo em conta o projecto que ía seguir e tendo como base uma configuração d'Apollito a unidade teria de ser necessáriamente pequena e potente. Assim a escolha recaíu sobre a Dynaudio modelo 15w75 Esotec e o Tweeter D-260 Esotec. São unidades complicadas de alimentar pelo “carácter” algo duro e analítico no som que as caracteriza para o bem e para o mal como se costuma dizer. É uma característica que obrigou a trocar os meus Audiolab pelo um Primare assim que pude.



Assim o material escolhido (e espero não me esquecer de nada) foi:


- Software de simulação e medição de parametros electro-acústicos : BASSBOX 5.1.



- Gerador de frequencia.



- Frequencímetro digital.



- Woofer Dynaudio 15w75 Esotec



- Tweeter Dyanudio D260 Esotec



- Indutores : Alpha-Core(Foil Inductor)



- Resistências: Lynk e Caddock(com dissipador)



- Condensadores: Solen PA-MKP e Hovland Musicap.



- Solda: WBT Silver Solder



- Terminais de coluna: WBT



- Cablagem(interna): VanDenHul CS12



- “Deflex Panels” da Spectra Dynamics para amortecimento interno colado
internamente com silicone “fix-all”.



- Material autocolante para fixar á madeira que reduz as vibrações(não encontro o nome
de momento). Este material foi fixo e agrafado aos painés interiormente antes da
fixação dos “Deflex Panels”.



- “Soundcoat” para isolamento entre as unidades e a caixa.



- Parafusos sextavados para um melhor look.



- Madeira MDF 22mm que foi cortada numa máquina digital ali para os lados do
cemitério de Benfica. Algumas aplicações em pinho na frente para arredondar a coisa.



- Folheado de cerejeira (muito dificil de encontrar na largura que queria).



- Colas: De contacto(folheado), de madeira para os painéis da caixa em si(q tb foi
aparafusada) e Araldite para o travejamento interno e fixação do painel de suporte ao
altifalante devido às melhores propriedades mecânicas.



- Tinta em spray, tapa poros e verniz acrílico.



- Mão de obra: Palletes, resmas e catrefadas dela!!!



E ainda... agarrei no Photoshop desenhei as placas e mandei fazê-las em epoxy por processo fotográfico. Os filtros são externos às colunas e fixos à parte traseira para mais fácil upgrade.



TESTES AUDITIVOS.

Antes de desenhar a coluna final desenhei um prótotipo para ver como o som iria ficar. Foi necessário pq não possuindo instrumentos de medição (e mesmo que os tivesse iria demorar um quanto tempo para perceber da coisa além do custo em si que penso que não se justificava) resolvi afinar o alinhamento das unidades primeiro por cálculos matemáticos e depois o “fine tunning” definitivo por ouvido. A pendente do filtro (low-pass high/pass) é de -6db por oitava e sem Notch-Filter. Os altifalantes da Dynaudio são tidos como wideband por isso resolvi não inventar muito na electrónica por forma que houvesse pouco interferência na resposta. Inicialmente usei o gerador de frequências para gerar uma frequencia à volta da frequência de “corte” e dp deslocava o tweeter até achar que o som estava integrado com as 2 unidades. Depressa cheguei à conclusão que este processo não servia, por isso usei um disco de teste a “debitar” pink noise em contínuo. Demorei umas semanas entre ajustes, pink noise e testes musicais. Não era fácil pq sempre que deslocava a unidade, as mãos e os ante-braços tb mexem e as difracções sonoras provocam perturbação na análise sonora. Tive de arranjar um processo que me afastasses as mãos do altifalante para evitar interferência. Este processo além de alinhar as unidades era fundamental para desenhar a coluna nas suas dimensões definitivas(deslocamento do painel frontal em profundidade).



As colunas utilizam um Variovent no painel traseiro e embora o grave seja bem definido e rápido penso que a alternativa para bass-reflex melhora as coisas(upgrade futuro), aliás teoria já comprovada pelo 2ª prótotipo que estou a fazer com as surround só que neste caso o bass-reflex é frontal.
Não sou um purista obssessivo/compulsivo. Gosto mt de cinema e daí já em 97-98 ter adquirido unidades para fazer 3 frontais(WTW) e 4 surround(WT).



CONCLUSÂO.

Penso que para já não há muito mais a dizer a não ser que valeu a pena o esforço, que as minhas colunas tocam bastante melhor que as equivalente da Dynaudio “Audience”(modéstia à parte) e que não têem a mínima ressonância de caixa. Cada coluna ficou com um peso final de 23KG!...
Penso que a qualidade sonora é bastante boa tendo em conta as unidades empregues e o custo final do projecto que é da minha autoria. Quanto à mão de obra essa não a consigo contabilizar...nem sequer é quantificável. Não voltarei por certo a colocar a fasquia tão alto...mas perdido por 100 perdido por 1000!...



Um abraço a todos


João Cruz





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