Cheguei mais cedo a Las Vegas para poder assistir às conferências de imprensa da Pioneer e Toshiba e, muito em especial, da Thiel, cuja reportagem foi publicada logo no dia seguinte no Hificlube, tendo sido a primeira a nível mundial.
O mesmo já não posso dizer das conferências de imprensa da Toshiba e da Pioneer, que são uma espécie de circo mediático, montado para atrair os repórteres das grandes cadeias de televisão, que fazem transmissões em directo onde debitam como papagaios a informação que leram nos press-releases.
Jim Thiel em conferência
Na Thiel estavam apenas os maduros do highend: eu, o Ken Kessler, que me apresentou o novo editor da Hifi News, depois da saída de Steve Harris; e a tropa americana: John Atkinson, Thomas Norton, Michael Fremer, Wes Philips, que está “metade” daquilo que era, ... enfim, para aí uns quarenta jornalistas que aproveitaram para comer e beber, enquanto o pobre do Jim Thiel apresentava as CS 3.7, ou melhor, a CS3.7, porque só havia um mock-up na sala para ver e não para ouvir (ver em Artigos Relacionados).
Leitor HD-DVD da Toshiba
Na Toshiba, a maior parte dos presentes eram japoneses entusiasmados, que batiam palmas por tudo e por nada, e havia muitas meninas bem vestidas, que não faziam a mínima ideia das características dos equipamentos ou do que se estava a passar lá dentro. Parecia o comício de um partido político e, de facto, pretendia-se ali “vender “ uma ideologia - a do HD-DVD.
Leitor Blu-ray da Pioneer
Na Pioneer estava um mar de gente (havia comes e bebes), e eu fui lá porque queria comparar de memória o Blu-ray da Pioneer com o HD-DVD da Toshiba, mas quando percebi que aquilo ia dar discurso corporativo, baldei-me antes do fim. Eles sabiam que muito dos que estavam ali tinham vindo da Toshiba e aproveitaram para lhes fazer uma lavagem ao cérebro. Eu gosto pouco de conversa: prefiro assistir às demonstrações na feira e tirar as minha próprias conclusões.
A Feira, propriamente dita, está na mão das super multinacionais, onde LG, Panasonic, Philips, Sony, Yamaha, etc. investem milhões pelo espaço e montam autênticos condomínios fechados, com showroom, escritórios e até bares. E as empresas médias que assentam arraial no Pavilhão Sul, como Denon, Krell, Marantz, etc, cada vez mais cercadas por empresas asiáticas de OEM, que nos vendem os sistemas já prontos - é só colar o logótipo. Em alguns casos, o processo é inverso: compram um nome famoso (de preferência britânico com a pâtine da aristocracia) e colam eles próprios o logótipo
Tal como acontece no mundo da moda, da cópia envergonhada à contrafacção descarada, havia de tudo na CES. Se eu quisesse montar um negócio de cabos, só tinha de desfolhar o catálogo e escolher as características e cor do material envolvente (isolante) e do dieléctrico, porque lá dentro o cabo de cobre ou prata (?) é democraticamente igual para todos. Depois, faz-se contrato com uma boa empresa de marketing que “cria” a imagem do produto, normalmente associada a uma “fundamentação” técnica mais ou menos esotérica, que pode ir da golden section das pirâmides do Egipto à tecnologia espacial: há sempre alguém que vive isolado numa montanha e descobriu um segredo milenar, ou que trabalhou muitos anos para a NASA e é agora audiófilo nas horas vagas e gosta de partilhar a sua ciência connosco, os leigos.
No stand da Monster, o demonstrador atraiu os jornalistas com a promessa de convites para o concerto de Stevie Wonder, a que se seguiu a seguinte experiência num ambiente de espectáculo de ilusionismo: ligava uma bateria a uma lâmpada por meio de cabo vulgar; depois ligava a mesma bateria à mesma lâmpada por meio de cabo Monster: a lâmpada com o cabo Monster brilhava mais intensamente. 'Estão a ver a diferença na luz? É a mesma que vão ouvir no som....' Uau! Só se esqueceu de dizer que o cabo Monster utilizado era mais fino e acumulava menos energia. Qualquer fio de candeeiro teria tido o mesmo efeito. Mas o Stevie Wonder também é cego e ainda canta bem...
Só tive pena de não ver o concerto do noivo Sir Elton John (a partir de Fevereiro no Ceasar's Collosseum). Mas estava lá o piano vermelho Yamaha que ele utiliza nos concertos - a tocar sozinho (ver vídeo). Quando vi aquilo, pensei: queres ver que ele afinal já morreu como o Elvis, está mumificado, e o piano faz tudo sozinho?...
Fila para entrar na demonstração da Runco/Krell (eu entrei pela porta dos fundos com o Dan D'Agostino: na CES, esperar é morrer...)
Interior do cinema da Runco
Artilharia Krell para sonorizar os filmes da Runco
Salvou-se a demonstração da Krell/Runco, num mini cinema improvisado, com excelentes condições acústicas e de conforto. A artilharia Krell e a imagem Runco fizeram o resto: a que não faltou um videoclip a 1080p da 'Vingança de Sith'.
Na Feira, o pessoal quer é disto: simuladores. Highend?, pardon me, what the fuck is that?!...
Para fugir a este ambiente circense (e caro), onde pululam meninas produzidas a oferecer catálogos como autómatos, num ambiente de arraial, algumas empresas preferem refugiar-se na intimidade das suites do Hotel Hilton, que fica logo ali a 10 minutos a pé. Foi lá que visitei a Martin Logan, a Tivoli, JM Lab, etc. e assisti à excelente demonstração do sistema KEF 3000 Series levado a cabo com classe e profissionalismo por Johan Coorg, sentadinho numa sala acolhedora, num sofá confortável, a comer biscoitos e a bebericar café (ugh!, a minha avó teria chamado aquilo 'água de lavar cús', passe a expressão, mas enfim, estamos na América).
Sala DTS: isto é a coluna central da PMC!
Pelo caminho, passei pelo stand da DTS (mais meninas-modelo, estas vestidas de vermelho choque, que obviamente não sabiam sequer a diferença entre DTS e Dolby Digital). A demonstração não teve, nem de perto nem de longe, o 'glamour' (e o Chardonnay com acepipes à discrição) do sistema Halcro do ano passado. O sistema era do tipo profissional: monitores PCM de dois metros de altura e amplificação Bryston a abrir. Fiquei sentado na fila da frente e, no final, tive que escovar da roupa os bocados de caliça resultantes das explosões de mísseis do videoclip do filme The Transporter. Corri sérios riscos de ficar surdo…
Nota: o leitor já notificado que ganhou o “sampler-DTS” utilizado na demonstração deve enviar um endereço o mais rapidamente possível para poder receber o disco pelo correio.
Continua
O mesmo já não posso dizer das conferências de imprensa da Toshiba e da Pioneer, que são uma espécie de circo mediático, montado para atrair os repórteres das grandes cadeias de televisão, que fazem transmissões em directo onde debitam como papagaios a informação que leram nos press-releases.
Jim Thiel em conferência
Na Thiel estavam apenas os maduros do highend: eu, o Ken Kessler, que me apresentou o novo editor da Hifi News, depois da saída de Steve Harris; e a tropa americana: John Atkinson, Thomas Norton, Michael Fremer, Wes Philips, que está “metade” daquilo que era, ... enfim, para aí uns quarenta jornalistas que aproveitaram para comer e beber, enquanto o pobre do Jim Thiel apresentava as CS 3.7, ou melhor, a CS3.7, porque só havia um mock-up na sala para ver e não para ouvir (ver em Artigos Relacionados).
Leitor HD-DVD da Toshiba
Na Toshiba, a maior parte dos presentes eram japoneses entusiasmados, que batiam palmas por tudo e por nada, e havia muitas meninas bem vestidas, que não faziam a mínima ideia das características dos equipamentos ou do que se estava a passar lá dentro. Parecia o comício de um partido político e, de facto, pretendia-se ali “vender “ uma ideologia - a do HD-DVD.
Leitor Blu-ray da Pioneer
Na Pioneer estava um mar de gente (havia comes e bebes), e eu fui lá porque queria comparar de memória o Blu-ray da Pioneer com o HD-DVD da Toshiba, mas quando percebi que aquilo ia dar discurso corporativo, baldei-me antes do fim. Eles sabiam que muito dos que estavam ali tinham vindo da Toshiba e aproveitaram para lhes fazer uma lavagem ao cérebro. Eu gosto pouco de conversa: prefiro assistir às demonstrações na feira e tirar as minha próprias conclusões.
A Feira, propriamente dita, está na mão das super multinacionais, onde LG, Panasonic, Philips, Sony, Yamaha, etc. investem milhões pelo espaço e montam autênticos condomínios fechados, com showroom, escritórios e até bares. E as empresas médias que assentam arraial no Pavilhão Sul, como Denon, Krell, Marantz, etc, cada vez mais cercadas por empresas asiáticas de OEM, que nos vendem os sistemas já prontos - é só colar o logótipo. Em alguns casos, o processo é inverso: compram um nome famoso (de preferência britânico com a pâtine da aristocracia) e colam eles próprios o logótipo
Tal como acontece no mundo da moda, da cópia envergonhada à contrafacção descarada, havia de tudo na CES. Se eu quisesse montar um negócio de cabos, só tinha de desfolhar o catálogo e escolher as características e cor do material envolvente (isolante) e do dieléctrico, porque lá dentro o cabo de cobre ou prata (?) é democraticamente igual para todos. Depois, faz-se contrato com uma boa empresa de marketing que “cria” a imagem do produto, normalmente associada a uma “fundamentação” técnica mais ou menos esotérica, que pode ir da golden section das pirâmides do Egipto à tecnologia espacial: há sempre alguém que vive isolado numa montanha e descobriu um segredo milenar, ou que trabalhou muitos anos para a NASA e é agora audiófilo nas horas vagas e gosta de partilhar a sua ciência connosco, os leigos.
No stand da Monster, o demonstrador atraiu os jornalistas com a promessa de convites para o concerto de Stevie Wonder, a que se seguiu a seguinte experiência num ambiente de espectáculo de ilusionismo: ligava uma bateria a uma lâmpada por meio de cabo vulgar; depois ligava a mesma bateria à mesma lâmpada por meio de cabo Monster: a lâmpada com o cabo Monster brilhava mais intensamente. 'Estão a ver a diferença na luz? É a mesma que vão ouvir no som....' Uau! Só se esqueceu de dizer que o cabo Monster utilizado era mais fino e acumulava menos energia. Qualquer fio de candeeiro teria tido o mesmo efeito. Mas o Stevie Wonder também é cego e ainda canta bem...
Só tive pena de não ver o concerto do noivo Sir Elton John (a partir de Fevereiro no Ceasar's Collosseum). Mas estava lá o piano vermelho Yamaha que ele utiliza nos concertos - a tocar sozinho (ver vídeo). Quando vi aquilo, pensei: queres ver que ele afinal já morreu como o Elvis, está mumificado, e o piano faz tudo sozinho?...
Fila para entrar na demonstração da Runco/Krell (eu entrei pela porta dos fundos com o Dan D'Agostino: na CES, esperar é morrer...)
Interior do cinema da Runco
Artilharia Krell para sonorizar os filmes da Runco
Salvou-se a demonstração da Krell/Runco, num mini cinema improvisado, com excelentes condições acústicas e de conforto. A artilharia Krell e a imagem Runco fizeram o resto: a que não faltou um videoclip a 1080p da 'Vingança de Sith'.
Na Feira, o pessoal quer é disto: simuladores. Highend?, pardon me, what the fuck is that?!...
Para fugir a este ambiente circense (e caro), onde pululam meninas produzidas a oferecer catálogos como autómatos, num ambiente de arraial, algumas empresas preferem refugiar-se na intimidade das suites do Hotel Hilton, que fica logo ali a 10 minutos a pé. Foi lá que visitei a Martin Logan, a Tivoli, JM Lab, etc. e assisti à excelente demonstração do sistema KEF 3000 Series levado a cabo com classe e profissionalismo por Johan Coorg, sentadinho numa sala acolhedora, num sofá confortável, a comer biscoitos e a bebericar café (ugh!, a minha avó teria chamado aquilo 'água de lavar cús', passe a expressão, mas enfim, estamos na América).
Sala DTS: isto é a coluna central da PMC!
Pelo caminho, passei pelo stand da DTS (mais meninas-modelo, estas vestidas de vermelho choque, que obviamente não sabiam sequer a diferença entre DTS e Dolby Digital). A demonstração não teve, nem de perto nem de longe, o 'glamour' (e o Chardonnay com acepipes à discrição) do sistema Halcro do ano passado. O sistema era do tipo profissional: monitores PCM de dois metros de altura e amplificação Bryston a abrir. Fiquei sentado na fila da frente e, no final, tive que escovar da roupa os bocados de caliça resultantes das explosões de mísseis do videoclip do filme The Transporter. Corri sérios riscos de ficar surdo…
Nota: o leitor já notificado que ganhou o “sampler-DTS” utilizado na demonstração deve enviar um endereço o mais rapidamente possível para poder receber o disco pelo correio.
Continua