Admito que, à medida que os anos passam, vou tendo menos curiosidade (competência?) intelectual para “descobrir” os “truques” e fantasias dos cada vez mais complexos “Receivers AV” sucessivamente lançados no mercado como sendo “the famous last word”.
Para mim um “Receiver” devia ser uma coisa simples: ligavam-se os cabos, ligava-se o “bicho” à corrente, e pronto. Mas não é. Tive o Denon AVR-4306 comigo mais tempo do que é habitual e, mesmo assim, acho que se vai embora sem ter tirado dele tudo aquilo que ele era capaz de dar. Pelo facto, que me deixa algo frustrado, peço desde já desculpa aos leitores. Aliás, apesar de longo, este exercício de “escrítica”, não é mais que o relato de uma experiência pessoal, um “flirt” inconsequente no escurinho do cinema…
Sempre que leio aqueles testes definitivos e irrefutáveis de página única em revistas inglesas a aparelhos como este, não posso deixar de me surpreender pelo notável poder de síntese dos críticos. Já uma vez escrevi aqui sobre a “técnica do horóscopo”: o cliente fornece meia dúzia de dados pessoais, e a cartomante diz-lhe tudo sobre a sua vida passada, presente e futura. Ora só a enumeração das especificações do Denon AVR-4306 chegavam para encher uma página. E o manual tem mais de 100 páginas! Acontece que com os manuais não se chega a lado nenhum, é preciso tocar primeiro para compreender depois, como escreveu Roland Barthes. É por isso que os seres humanos não vêm com manual de utilização, aprende-se sobre eles conversando, convivendo, amando…
FILET MIGNON TECNOLÓGICO
Posto isto, correndo o risco de escrever 20 páginas de palha, que os leitores dispensam bem, indo direitinhos para a conclusão, optei por me debruçar apenas sobre o que há realmente de “novo” ou, pelo menos, pouco vulgar no AVR-4306, e pode constituir “factor distintivo” ou “mais-valia” comercial. Ou seja, o tema é: o “filet mignon” tecnológico do AVR-4306 e o seu potencial efeito no desempenho áudio e vídeo.
Se quisesse ser mauzinho, como o Dr. House, podia começar por dizer que os bornes são foleiros, que o controlo remoto retroiluminado é difícil de ler; ou que, apesar da infindável lista de “atributos técnicos” (a que podem ter acesso no final deste artigo), nela não consta, por exemplo, a compatibilidade com os novos formatos áudio concebidos para o Blu-Ray e o HD-DVD anunciados este ano em Las Vegas: Dolby Digital TruHD e DTS-HD. Refiro-me à compatibilidade em termos de conversão interna, claro, porque os 7.1 canais de amplificação já lá estão à espera do futuro e as ligações analógicas Pure MultiCh Direct também.
Se eu conheço a Denon, esta aparente “falta” deve-se ao facto de a necessária ligação HDMI (III) não estar ainda normalizada, porque, caso contrário, teriam sido os primeiros a oferecê-la, como sempre. Eles estão sempre em cima do acontecimento…
De facto, a Denon tem uma incrível capacidade para tornar realidade, quase no dia seguinte, mesmo as mais recentes (r)evoluções na conversão e transmissão de sinais, mal elas começam a ser abordadas na imprensa especializada. As novidades apresentadas pela Denon, em Las Vegas, por exemplo, chegaram às lojas pouco tempo depois, provando que não se trata de “mock-ups”, ou versões em forma de protótipo, só para manter os potenciais compradores em suspensão aquisitiva. E funcionam nas nossas casas tal como nos prometeram na “Feira” que iriam funcionar. Ou seja: normalmente muito bem.
IT'S A DENON!...
Vamos deixar já arrumada a questão da qualidade do som. A Denon “afinou” ao longo dos anos os seus módulos de amplificação: o som “Denon” tem evoluído, de uma maneira geral, no bom sentido. Todos os “Receivers” da marca tem graves expansivos, envolventes e algo “redondos”, que conferem dramatismo e imponência à acção; médios cremosos e informativos para tornar mais inteligíveis os diálogos; agudos “doces” para controlar a sibilância e a agressividade das bandas sonoras da maior parte dos filmes. A distorção é sempre muito baixa até para os mais sofisticados aparelhos de medida, logo inaudível e, como tal, pouco interfere no território acústico do processo cinematográfico em curso. O som do AVR-4306 não é excepção, é regra - e não se desvia um milímetro desta filosofia sónica já com provas dadas.
Depois, é tudo uma questão de se optar por mais ou menos canais e mais ou menos potência disponível para as necessidades domésticas. Eu sou da opinião que 5.1 canais chegam para a maior parte das aplicações. Claro que, não se tratando de um topo de gama, espera-se que não se exija do AVR-4306 um esforço superior às suas razoáveis capacidades de corrente e tensão: 7 x 130W. Se lhe ligar a carga máxima de colunas, eu sugiro que opte por configurá-las em “Small” (no máximo o par frontal em “Large”) e deixe que o “subwoofer” se encarregue dos trabalhos pesados das baixas frequências. Para ouvir música em estéreo (CD) e multicanal (SACD, DVD-Audio), opte sempre pelo mínimo de processamento: entradas directas nos vários modos “Direct”. Com DVD, sugere-se que o sistema de igualização automático decida por si. E dispense as fantasias “atmosféricas”...
A ODISSEIA DO AUDYSSEY
O novo sistema Audyssey MultEQxt Room EQ é demasiado complexo nos cálculos para o meu gosto. A minha sala é pequena, e eu só preciso de afinar o som para uma “sweet-spot”, e não para seis pontos diferentes. Obtive melhores resultados com o “auto setup” do AVR 2105 (ver teste em Artigos Relacionados): é mais simples e mais eficaz. Aliás, cometi o erro crasso de experimentar de imediato o Audyssey só com o par frontal ainda ligado e sem deslocar o microfone de calibração, e ele fez na mesma o “varrimento” integral de todos os canais inexistentes em todos os “seis” pontos também inexistentes, e “lixou-me” o som estéreo todo: parecia que os músicos estavam do outro lado da rua. Solução: Direct Mode.
O Audyssey MultEQxt é demasiado sensível aos reflexos secundários (e o meu tecto é baixo), que o levam, por exemplo, a colocar a coluna central fora-de-fase para compensar (?), ou a “puxar” excessivamente os agudos no modo “flat”, e parece ter uma tendência natural para desvalorizar o som directo em favor do “envelope atmosférico” (não é por acaso que o manual manda apontar o microfone para o tecto), o que até nem é uma má ideia: um bom som “surround” deve ser…eh… envolvente.
Contudo, eu prefiro utilizar um disco teste para “surround” da Chesky, configurando antes as fontes e utilizando os “Receivers” no modo Direct MultiCH, com todos os formatos multicanal, em especial SACD. Isto sou eu, claro, que tenho normalmente fontes muito boas à disposição. Mas não deixe que a minha experiência pessoal o impeça de experimentar o que o Audyssey pode fazer por si, pelo seu som e, sobretudo, pela sua sala. Melhor ainda: deixe que o revendedor se encarregue de afinar o sistema em sua casa.
Se não gostar dos resultados com o microfone apontado para o tecto, monte-o sobre o tripé da sua máquina fotográfica (nunca sobre o sofá ou cadeira onde se senta), utilize-o para rodar o microfone, e aponte-o sucessivamente para cada uma das colunas, seguindo os passos dos sinais de teste da calibração automática, evitando fazer ruído ou movimentos bruscos: o som fica mais definido e menos artificial. Depois pode sempre comparar a sua “calibração” pessoal com as diferentes calibrações automáticas, e optar por aquela de que gostar mais com um simples toque numa tecla do painel frontal. A calibração demora para aí uns 20 minutos - e não há a versão simples…
IPOD, MP3, INTERNET...
O AVR-4306 é um dos “Receivers” mais completos e modernos do mercado, no sentido em que tem soluções áudio e vídeo para todas necessidades, tendências e gostos dos actuais consumidores. Tem entrada USB para ligar “arquivos” digitais em MP3 (WAV, WMA), por exemplo, e duas entradas (nos painéis frontal e posterior) para o ubíquo iPod, que passa a poder ser comandado a partir da unidade remota do próprio “Receiver”. Pelo menos parto do princípio que é assim, porque não experimentei, pois é preciso um cabo especial não incluído. Além de que considero o som do iPod como uma fotografia digital de baixa resolução: parece boa até “puxarmos” por ela, e começa a aparecer o efeito de pixelização. Se tiver de ser, e o que tem de ser tem muita força, utilize o iPod sem compressão.
Do mesmo modo, não experimentei a capacidade do AVR-4306 para servir de estação receptora de rádio na Internet ou de “arquivos” no disco rígido do computador (pode ligar ao router via Ethernet ou comprar um controlador wireless). Direitos de autor notwithstanding, esta função é um “must” da vida moderna. E é bom saber que está lá, porque a nova geração já não a dispensa…
UP, UP AND AWAY: 480p, 560p, 720p. 1080i (1080p!)
É, contudo, no domínio do vídeo, que o AVR-4306 dá cartas à concorrência. A simples capacidade de aceitar todo o tipo de sinais analógicos (composto, componentes, RGB, S-Video, etc.), de efectuar o “up-scaling” para 480p, 560p, 720p ou 1080i (cortesia da Faroudja) e de os canalizar a todos para uma saída digital HDMI, só por si, já justificaria a compra. Não que o “up-scaling” seja a panaceia universal para as imagens de má qualidade. Mas o simples facto de se poder “adequar” o sinal à resolução nativa do Plasma, LCD ou projector já é uma grande vantagem, ainda que a maior parte responda melhor a 720p que a 1080i. O AVR-4306 deixa passar também sinais a 1080p, como os fornecidos pelo A1XV-A, que a Videoacústica teve, em vão, a amabilidade de me emprestar para satisfazer a minha curiosidade, pois de pouco nos serve actualmente, enquanto não começarem a chegar ao mercado os plasmas HD-1080p mostrados na CES 2006 (ver reportagem) e que custam uma pipa de massa. O da Hitachi, por exemplo, deixou-me de boca aberta, tal a excelência da imagem.
Outra das capacidades não negligenciáveis do AVR-4306 é a função de comutação entre as três entradas HDMI disponíveis. Mas aqui atenção: nas entradas HDMI, a resolução é comandada na fonte (não faz “upscaling” de sinais digitais?!) e pode surgir alguma incompatibilidade com o protocolo de protecção de dados HDCP. Seja como for, eu prefiro ligar directamente o leitor-DVD ao projector (LCD) por HDMI (apenas imagem).
Estou consciente de que, nesta guerra de números, a própria Denon, mais ano menos ano, (mais mês menos mês?) vai tornar o AVR-4306 obsoleto. Mas, enquanto o pau vai e vem, coloca à nossa disposição, por um preço muito razoável, tecnologia que, há bem pouco tempo, só existia nos estúdios profissionais. E não em todos, diga-se…
ESPECIFICAÇÕES
Para mais informações:VIDEOACÚSTICA
Para mim um “Receiver” devia ser uma coisa simples: ligavam-se os cabos, ligava-se o “bicho” à corrente, e pronto. Mas não é. Tive o Denon AVR-4306 comigo mais tempo do que é habitual e, mesmo assim, acho que se vai embora sem ter tirado dele tudo aquilo que ele era capaz de dar. Pelo facto, que me deixa algo frustrado, peço desde já desculpa aos leitores. Aliás, apesar de longo, este exercício de “escrítica”, não é mais que o relato de uma experiência pessoal, um “flirt” inconsequente no escurinho do cinema…
Sempre que leio aqueles testes definitivos e irrefutáveis de página única em revistas inglesas a aparelhos como este, não posso deixar de me surpreender pelo notável poder de síntese dos críticos. Já uma vez escrevi aqui sobre a “técnica do horóscopo”: o cliente fornece meia dúzia de dados pessoais, e a cartomante diz-lhe tudo sobre a sua vida passada, presente e futura. Ora só a enumeração das especificações do Denon AVR-4306 chegavam para encher uma página. E o manual tem mais de 100 páginas! Acontece que com os manuais não se chega a lado nenhum, é preciso tocar primeiro para compreender depois, como escreveu Roland Barthes. É por isso que os seres humanos não vêm com manual de utilização, aprende-se sobre eles conversando, convivendo, amando…
FILET MIGNON TECNOLÓGICO
Posto isto, correndo o risco de escrever 20 páginas de palha, que os leitores dispensam bem, indo direitinhos para a conclusão, optei por me debruçar apenas sobre o que há realmente de “novo” ou, pelo menos, pouco vulgar no AVR-4306, e pode constituir “factor distintivo” ou “mais-valia” comercial. Ou seja, o tema é: o “filet mignon” tecnológico do AVR-4306 e o seu potencial efeito no desempenho áudio e vídeo.
Se quisesse ser mauzinho, como o Dr. House, podia começar por dizer que os bornes são foleiros, que o controlo remoto retroiluminado é difícil de ler; ou que, apesar da infindável lista de “atributos técnicos” (a que podem ter acesso no final deste artigo), nela não consta, por exemplo, a compatibilidade com os novos formatos áudio concebidos para o Blu-Ray e o HD-DVD anunciados este ano em Las Vegas: Dolby Digital TruHD e DTS-HD. Refiro-me à compatibilidade em termos de conversão interna, claro, porque os 7.1 canais de amplificação já lá estão à espera do futuro e as ligações analógicas Pure MultiCh Direct também.
Se eu conheço a Denon, esta aparente “falta” deve-se ao facto de a necessária ligação HDMI (III) não estar ainda normalizada, porque, caso contrário, teriam sido os primeiros a oferecê-la, como sempre. Eles estão sempre em cima do acontecimento…
De facto, a Denon tem uma incrível capacidade para tornar realidade, quase no dia seguinte, mesmo as mais recentes (r)evoluções na conversão e transmissão de sinais, mal elas começam a ser abordadas na imprensa especializada. As novidades apresentadas pela Denon, em Las Vegas, por exemplo, chegaram às lojas pouco tempo depois, provando que não se trata de “mock-ups”, ou versões em forma de protótipo, só para manter os potenciais compradores em suspensão aquisitiva. E funcionam nas nossas casas tal como nos prometeram na “Feira” que iriam funcionar. Ou seja: normalmente muito bem.
IT'S A DENON!...
Vamos deixar já arrumada a questão da qualidade do som. A Denon “afinou” ao longo dos anos os seus módulos de amplificação: o som “Denon” tem evoluído, de uma maneira geral, no bom sentido. Todos os “Receivers” da marca tem graves expansivos, envolventes e algo “redondos”, que conferem dramatismo e imponência à acção; médios cremosos e informativos para tornar mais inteligíveis os diálogos; agudos “doces” para controlar a sibilância e a agressividade das bandas sonoras da maior parte dos filmes. A distorção é sempre muito baixa até para os mais sofisticados aparelhos de medida, logo inaudível e, como tal, pouco interfere no território acústico do processo cinematográfico em curso. O som do AVR-4306 não é excepção, é regra - e não se desvia um milímetro desta filosofia sónica já com provas dadas.
Depois, é tudo uma questão de se optar por mais ou menos canais e mais ou menos potência disponível para as necessidades domésticas. Eu sou da opinião que 5.1 canais chegam para a maior parte das aplicações. Claro que, não se tratando de um topo de gama, espera-se que não se exija do AVR-4306 um esforço superior às suas razoáveis capacidades de corrente e tensão: 7 x 130W. Se lhe ligar a carga máxima de colunas, eu sugiro que opte por configurá-las em “Small” (no máximo o par frontal em “Large”) e deixe que o “subwoofer” se encarregue dos trabalhos pesados das baixas frequências. Para ouvir música em estéreo (CD) e multicanal (SACD, DVD-Audio), opte sempre pelo mínimo de processamento: entradas directas nos vários modos “Direct”. Com DVD, sugere-se que o sistema de igualização automático decida por si. E dispense as fantasias “atmosféricas”...
A ODISSEIA DO AUDYSSEY
O novo sistema Audyssey MultEQxt Room EQ é demasiado complexo nos cálculos para o meu gosto. A minha sala é pequena, e eu só preciso de afinar o som para uma “sweet-spot”, e não para seis pontos diferentes. Obtive melhores resultados com o “auto setup” do AVR 2105 (ver teste em Artigos Relacionados): é mais simples e mais eficaz. Aliás, cometi o erro crasso de experimentar de imediato o Audyssey só com o par frontal ainda ligado e sem deslocar o microfone de calibração, e ele fez na mesma o “varrimento” integral de todos os canais inexistentes em todos os “seis” pontos também inexistentes, e “lixou-me” o som estéreo todo: parecia que os músicos estavam do outro lado da rua. Solução: Direct Mode.
O Audyssey MultEQxt é demasiado sensível aos reflexos secundários (e o meu tecto é baixo), que o levam, por exemplo, a colocar a coluna central fora-de-fase para compensar (?), ou a “puxar” excessivamente os agudos no modo “flat”, e parece ter uma tendência natural para desvalorizar o som directo em favor do “envelope atmosférico” (não é por acaso que o manual manda apontar o microfone para o tecto), o que até nem é uma má ideia: um bom som “surround” deve ser…eh… envolvente.
Contudo, eu prefiro utilizar um disco teste para “surround” da Chesky, configurando antes as fontes e utilizando os “Receivers” no modo Direct MultiCH, com todos os formatos multicanal, em especial SACD. Isto sou eu, claro, que tenho normalmente fontes muito boas à disposição. Mas não deixe que a minha experiência pessoal o impeça de experimentar o que o Audyssey pode fazer por si, pelo seu som e, sobretudo, pela sua sala. Melhor ainda: deixe que o revendedor se encarregue de afinar o sistema em sua casa.
Se não gostar dos resultados com o microfone apontado para o tecto, monte-o sobre o tripé da sua máquina fotográfica (nunca sobre o sofá ou cadeira onde se senta), utilize-o para rodar o microfone, e aponte-o sucessivamente para cada uma das colunas, seguindo os passos dos sinais de teste da calibração automática, evitando fazer ruído ou movimentos bruscos: o som fica mais definido e menos artificial. Depois pode sempre comparar a sua “calibração” pessoal com as diferentes calibrações automáticas, e optar por aquela de que gostar mais com um simples toque numa tecla do painel frontal. A calibração demora para aí uns 20 minutos - e não há a versão simples…
IPOD, MP3, INTERNET...
O AVR-4306 é um dos “Receivers” mais completos e modernos do mercado, no sentido em que tem soluções áudio e vídeo para todas necessidades, tendências e gostos dos actuais consumidores. Tem entrada USB para ligar “arquivos” digitais em MP3 (WAV, WMA), por exemplo, e duas entradas (nos painéis frontal e posterior) para o ubíquo iPod, que passa a poder ser comandado a partir da unidade remota do próprio “Receiver”. Pelo menos parto do princípio que é assim, porque não experimentei, pois é preciso um cabo especial não incluído. Além de que considero o som do iPod como uma fotografia digital de baixa resolução: parece boa até “puxarmos” por ela, e começa a aparecer o efeito de pixelização. Se tiver de ser, e o que tem de ser tem muita força, utilize o iPod sem compressão.
Do mesmo modo, não experimentei a capacidade do AVR-4306 para servir de estação receptora de rádio na Internet ou de “arquivos” no disco rígido do computador (pode ligar ao router via Ethernet ou comprar um controlador wireless). Direitos de autor notwithstanding, esta função é um “must” da vida moderna. E é bom saber que está lá, porque a nova geração já não a dispensa…
UP, UP AND AWAY: 480p, 560p, 720p. 1080i (1080p!)
É, contudo, no domínio do vídeo, que o AVR-4306 dá cartas à concorrência. A simples capacidade de aceitar todo o tipo de sinais analógicos (composto, componentes, RGB, S-Video, etc.), de efectuar o “up-scaling” para 480p, 560p, 720p ou 1080i (cortesia da Faroudja) e de os canalizar a todos para uma saída digital HDMI, só por si, já justificaria a compra. Não que o “up-scaling” seja a panaceia universal para as imagens de má qualidade. Mas o simples facto de se poder “adequar” o sinal à resolução nativa do Plasma, LCD ou projector já é uma grande vantagem, ainda que a maior parte responda melhor a 720p que a 1080i. O AVR-4306 deixa passar também sinais a 1080p, como os fornecidos pelo A1XV-A, que a Videoacústica teve, em vão, a amabilidade de me emprestar para satisfazer a minha curiosidade, pois de pouco nos serve actualmente, enquanto não começarem a chegar ao mercado os plasmas HD-1080p mostrados na CES 2006 (ver reportagem) e que custam uma pipa de massa. O da Hitachi, por exemplo, deixou-me de boca aberta, tal a excelência da imagem.
Outra das capacidades não negligenciáveis do AVR-4306 é a função de comutação entre as três entradas HDMI disponíveis. Mas aqui atenção: nas entradas HDMI, a resolução é comandada na fonte (não faz “upscaling” de sinais digitais?!) e pode surgir alguma incompatibilidade com o protocolo de protecção de dados HDCP. Seja como for, eu prefiro ligar directamente o leitor-DVD ao projector (LCD) por HDMI (apenas imagem).
Estou consciente de que, nesta guerra de números, a própria Denon, mais ano menos ano, (mais mês menos mês?) vai tornar o AVR-4306 obsoleto. Mas, enquanto o pau vai e vem, coloca à nossa disposição, por um preço muito razoável, tecnologia que, há bem pouco tempo, só existia nos estúdios profissionais. E não em todos, diga-se…
ESPECIFICAÇÕES
Para mais informações:VIDEOACÚSTICA