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2006

Gallo Reference Sa: O Fundo Do Tacho





Os leitores que acompanharam a minha longa dissertação em 5 Partes sobre as Gallo Nucleus Reference 3.1, a obra-prima de Anthony Gallo, sabem que estas têm uma opção especial de biamplificação, não no sentido tradicional do termo, antes aproveitando um segundo enrolamento da bobina do altifalante de graves para estender a resposta até uns telúricos 22Hz, o que deve constituir um recorde em colunas de porte médio.

Para isso é preciso utilizar um amplificador estéreo (240W x 2) especializado em graves - Reference SA - que tem ainda a vantagem da afinação/igualização separada por canal do volume e da fase (0-180); podendo também variar a frequência geral de corte ( 40-200Hz) e de “bass boost” (-3 dB+6dB).

Tal como os amplificadores internos dos modernos “subs”, o SA pode ser ligado em modo “low-level” (prévio/processador AV) ou “high-level (directamente ao amplificador principal). Optei por esta última hipótese, ligando o SA aos BelCanto M1000 (excelente casamento), e ambos às 3.1 nos respectivos bornes.


Nota: convém lembrar que, nestas circunstâncias, o SA deve ser o último a ser ligado e o primeiro a ser desligado, porque, ao desligar o amplificador principal, o SA amplifica de forma assustadora todas as vibrações ambientais captadas pelo cone de graves, provocando um “feedback” subterrâneo demolidor e… destruidor (o SA pode entrar em oscilação).

O fabricante aconselha o “corte” aos 40Hz, pelo que comecei por manter todos os controlos encostados à esquerda na posição mínima. Após várias experiências, acabei por chegar à seguinte afinação: potenciómetros de volume no máximo (!); “corte” aos 60Hz; fase nos 110; “booster” na posição 0dB. Para cinema aconselha-se puxar o “booster” até aos +3dB.

Subir a frequência de corte até aos 70/90Hz melhora a projecção e o ataque dos registos médios (que ganham no processo alguma coloração) em detrimento da extensão, uma contradição entre termos, pois a extensão é, no fundo, aquilo que se pretendia à partida.


Admito que com esta estranha escolha de fase, obtida de ouvido sem equipamento de medida, estarei a compensar eventuais irregularidades na resposta coluna/sala por meio de reforço/cancelamento (daí o volume no máximo), pelo que os leitores devem encontrar pelo método tentativa/erro os valores adequados a cada situação.


To make a long story short, a que conclusão é que eu cheguei?


O Reference SA funciona como a tradicional colher de pau com a qual se rapa o fundo ao tacho. Aquela oitava que fica lá dentro esquecida quando se ouvem as 3.1 na configuração normal confere sobretudo escala e estatura ao som. De tal modo que voltar atrás cria no ouvinte uma sensação de ausência - falta qualquer coisa: volume, peso, corpo, respiração, poder. Por outro lado, basta desligar o SA para constatar que se ganha em corpo o que se perde em transparência e articulação.


Anthony defende que esse ligeiro véu desaparece com o tempo, logo que o efeito prolongado da activação do segundo enrolamento no movimento de pistão do cone lhe permita encontrar a “cama”. Ele deve saber o que diz, porque, na CES 2004, quando ouvi o duo Ref. SA/3 pela primeira vez, escrevi o seguinte:


“Foi preciso um brinquedo feio, concebido por Anthony Gallo, as Nucleus Reference 3, cuja caixa de graves se parecem com um tacho de alumínio; e que, sem grelha, são um susto digno de um filme de ficção científica, tipo «Alien», para me voltar a empolgar: há muito tempo que não ouvia um grave tão definido e articulado com o resto do espectro. Eu bem procurei o «subwoofer» escondido, mas Gallo garantiu-me que vinha tudo do «tacho de guisado». Eis um som «bem apurado», daqueles que apetece «molhar o pão e lamber os dedos»...”


O Reference SA dá, de facto, às 3.1 uma autoridade surpreendente num corpo feminino, fazendo lembrar a nova Intendente da polícia de Lisboa, frágil e loira, que depois desanca forte e feio no pessoal da noite, qual sargento barrigudo e de bigode.


Mas, tal como as mulheres, o SA deixa-nos naquela posição ambígua de que “não se pode viver com elas, não se pode viver sem elas...”.


O Reference SA não é, pois, fundamental para se tirar partido das Gallo Nucleus Reference 3.1. Não pense, portanto, que sem os SA as 3.1 ficam amputadas dos membros inferiores. Elas continuam a ser colunas de corpo inteiro, pesem embora as limitações próprias da sua estatura meã.


Claro que se você, caro leitor, é daqueles que gostam de ver o fundo ao tacho, depois não se queixe quando ficar agarrado ao sortilégio desta engenhosa solução técnica para o grave problema dos baixos…


Para mais informações: INTERLUX , Av. Liberdade, 245, loja 8, Lisboa, telef. 21 314 3804 . [email protected]

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