O Highend Show, de Munique, é pródigo em “apresentações especiais” e em “testes comparativos'. Já falámos aqui (ver “Introdução”) na curiosa comparação entre som real/som gravado levada a cabo pela Bösendorfer, com a colaboração da pianista Monika Gröbl e do oboista Peter Michel. Mas havia mais, muito mais:
ELAC
Convidou a soprano Antje Decker para demonstrar também como o som de uma voz feminina gravada e a mesma voz “au naturel” se aproximam cada vez mais. Sem grande sucesso, diga-se. Não, porque o som das FS 609 X-PI não estivesse bom (fiquei muito surpreendido até com a forma como reproduz uma bateria e a “atmosfera” das gravações), mas porque a Antje não era lá muito…eh…, digamos assim, “empática” e, alegando estar “müde” (que não significa muda mas sim cansada), só cantou o “Summertime” a capella (ver vídeo). Mesmo assim, eu, que estava ali sentado a meio metro, em boa verdade vos digo: nenhum sistema de som reproduz o pianissimi final como eu o ouvi, até porque numa gravação digital já estaria mergulhado no ruído do “least significant bit”…
A TRILOGIA
As revistas AUDIO, VIDEO E STEREOPLAY uniram forças para em três salas de audição contíguas apresentarem interessantes comparativos. A saber: comparativo de gira-discos correia/direct drive; DVD vs HD-DVD; comparativo de amplificadores a válvulas tríodos/pentôdos.
AUDIO
Numa sala enorme onde pontificavam uma colunas Sonics Arkadia c/ amplificação Accuphase foram comparados, utilizando duas faixas de dois LPs diferentes, os seguintes gira-discos:
Technics SL-1210 M5
Eu tive um brinquedo destes na minha idade da inocência. Nunca me deixou ficar mal. E se eu gostava do som. O Technics até se portou bem, pelo menos até ouvirmos o seguinte…
Rega Planar P5
Um som mais limpo, mais moderno, com um grave mais tenso. Mas perdeu-se alguma “expansão”, que no Technics talvez fosse apenas o resultado de colorações provocadas por vibrações no apoio do braço. O som parecia estar mais concentrado.
Denon DP-10
Este era um Denon artilhado com uma suspensão caseira. Sem que tivesse havido qualquer alteração no volume, o som estava nitidamente mais alto. Mais impacte, mais dinâmica, mais ataque. Talvez os músicos se tivessem concentrado um pouco mais no centro do palco e por isso dessem uma ideia de maior “solidez”. Melhor que os anteriores, sem dúvida.
Garrard 501
Oh la la! Quem sabe nunca esquece. O velho Garrad recuperado mostrou como a classe é a última coisa a morrer. Palco sonoro amplo e arejado. Notável reprodução da profundidade e do espaço com os músicos muito bem distribuídos sem se atropelarem uns aos outros. Talvez o som do Denon fosse melhor mas o Garrad tocava melhor a…música.
Transrotor Artus
Finalmente a bomba, um Transrotor Artus de 118 000 euros! Muito bom, sem dúvida. Toca ainda mais alto que todos os outros, o que significa que recupera melhor o sinal escondido nas espiras. Tem, em consequência, menos ruído de fundo. O som tem volume e volumetria. A dinâmica é impressionante. Mas para ouvir música eu preferia ter o velho Garrard. Ninguém concordou comigo, claro. Mas das 50 pessoas presentes, incluindo os demonstradores, também ninguém tinha notado que o Transrotor Artus tinha os canais trocados em relação aos gira-discos anteriores…Sie sind richtig, entschuldigung…Tudo bem, meu, acontece aos…melhores…Eu acho que os alemães ricos compram o Artus para o deixarem a rodar na sala - sem disco!... - debaixo de holofotes de halogéneo…É lindo!...E elas gostam…
STEREOPLAY
Naim CD 555
Gira-discos Verdier
Martion HornSpeaker
A ideia aqui era comparar quatro amplificadores a válvulas de diferentes topologias utilizando sempre as mesmas fontes (Naim CD 555 e gira-discos Verdier) e as mesmas colunas (Cornetas da Martion):
Ayon Sunrise tríodos em Classe A zerofeedback
Graaf GM 50 Pentodos em push-pull com andar de saída simétrico
T+A V10 Pentodos em push-pull
Unison Research S8 c/ dois tríodos 845 em Classe A e um cheirinho de feedback.
Ayon SunRise (à esquerda);Unison Research S8 (à direita)
Após várias comparações tornou-se óbvio que os finalistas eram o Ayon Sunrise, o preferido do demonstrador e do público, e o Unison S8, o meu preferido. Aliás, eu sempre fui um fã das 845, e testei mesmo um amplificador Unison Research com válvulas 845 para o DN, há uns bons dez anos, que me deixou encantado: o som dos Unison 845 é cheio, encorpado, voluptuoso, ligeiramente frontal, o que confere textura e presença às vozes. Foi como se tivesse encontrado um amigo de velha data.
VIDEO
Sala da revista VIDEO
Equipamento utilizado: colunas Klipsch; electrónica audionet
Na sala da revista VIDEO o chamariz era a projecção do King Kong em HD-DVD. Primeiro levei com meia-hora de conversa a propósito de um DVD-teste, que era afinal o que eles queriam vender-nos, como fazem aos reformados nas excursões a Fátima, e só depois é que apareceu o King Kong. Afinal não era o filme integral mas um “trailer” promocional. A imagem era excelente, sem dúvida. Quando se fala em resolução, pensa-se sobretudo na nitidez da imagem, mas é sobretudo a saturação e naturalidade das cores e a profundidade da imagem que mais impressionam. Contudo, a diferença entre HD-DVD e DVD, em especial quando “puxado” a 720p e projectado por um bom projector, não é tão grande que nos obrigue a deitar fora o equipamento actual. Só por isso creio que o DVD se vai manter por muitos anos (tal como aconteceu com o CD em relação ao SACD) a não ser que os estúdios apostem no HD-DVD apenas porque é mais difícil de copiar.
PIONEER
Cópias maradas de filmes em Blu-Ray
O mesmo posso dizer em relação aos filmes em Blu-Ray que vi na sala da Pioneer, como “Os irmãos Grimm”. Eu já tinha visto filmes em Blu-ray a 1080p, no stand da Sony, em Las Vegas, e posso garantir que aquilo que foi exibido no stand da Pioneer, em Munique, não é Blu-Ray, embora os discos o fossem (cópias do tipo BR-RE). É que os 1080p exigem monitores HDTD com entradas HDMI da 3ª geração, caso contrário tem de se utilizar a saída por componentes, e essa só tem a resolução normal do DVD para evitar a cópia. Ou então, se é isto que nos querem impingir na Europa, fico-me pelo velho DVD reproduzido por um Denon com upscaling. Quando perguntei ao demonstrador onde tinha arranjado aquelas cópias, respondeu-me: “Tenho bons contactos nos estúdios…”. Tá bem, ò meu, deve ser o mesmo contacto do Nuno Gomes e do Petit…
Nota:
Devido a um problema com o flash (detectado tarde demais) estas fotos não têm a qualidade geral do resto da reportagem. Pelo facto, peço desculpa aos leitores.
ELAC
Convidou a soprano Antje Decker para demonstrar também como o som de uma voz feminina gravada e a mesma voz “au naturel” se aproximam cada vez mais. Sem grande sucesso, diga-se. Não, porque o som das FS 609 X-PI não estivesse bom (fiquei muito surpreendido até com a forma como reproduz uma bateria e a “atmosfera” das gravações), mas porque a Antje não era lá muito…eh…, digamos assim, “empática” e, alegando estar “müde” (que não significa muda mas sim cansada), só cantou o “Summertime” a capella (ver vídeo). Mesmo assim, eu, que estava ali sentado a meio metro, em boa verdade vos digo: nenhum sistema de som reproduz o pianissimi final como eu o ouvi, até porque numa gravação digital já estaria mergulhado no ruído do “least significant bit”…
A TRILOGIA
As revistas AUDIO, VIDEO E STEREOPLAY uniram forças para em três salas de audição contíguas apresentarem interessantes comparativos. A saber: comparativo de gira-discos correia/direct drive; DVD vs HD-DVD; comparativo de amplificadores a válvulas tríodos/pentôdos.
AUDIO
Numa sala enorme onde pontificavam uma colunas Sonics Arkadia c/ amplificação Accuphase foram comparados, utilizando duas faixas de dois LPs diferentes, os seguintes gira-discos:
Technics SL-1210 M5
Eu tive um brinquedo destes na minha idade da inocência. Nunca me deixou ficar mal. E se eu gostava do som. O Technics até se portou bem, pelo menos até ouvirmos o seguinte…
Rega Planar P5
Um som mais limpo, mais moderno, com um grave mais tenso. Mas perdeu-se alguma “expansão”, que no Technics talvez fosse apenas o resultado de colorações provocadas por vibrações no apoio do braço. O som parecia estar mais concentrado.
Denon DP-10
Este era um Denon artilhado com uma suspensão caseira. Sem que tivesse havido qualquer alteração no volume, o som estava nitidamente mais alto. Mais impacte, mais dinâmica, mais ataque. Talvez os músicos se tivessem concentrado um pouco mais no centro do palco e por isso dessem uma ideia de maior “solidez”. Melhor que os anteriores, sem dúvida.
Garrard 501
Oh la la! Quem sabe nunca esquece. O velho Garrad recuperado mostrou como a classe é a última coisa a morrer. Palco sonoro amplo e arejado. Notável reprodução da profundidade e do espaço com os músicos muito bem distribuídos sem se atropelarem uns aos outros. Talvez o som do Denon fosse melhor mas o Garrad tocava melhor a…música.
Transrotor Artus
Finalmente a bomba, um Transrotor Artus de 118 000 euros! Muito bom, sem dúvida. Toca ainda mais alto que todos os outros, o que significa que recupera melhor o sinal escondido nas espiras. Tem, em consequência, menos ruído de fundo. O som tem volume e volumetria. A dinâmica é impressionante. Mas para ouvir música eu preferia ter o velho Garrard. Ninguém concordou comigo, claro. Mas das 50 pessoas presentes, incluindo os demonstradores, também ninguém tinha notado que o Transrotor Artus tinha os canais trocados em relação aos gira-discos anteriores…Sie sind richtig, entschuldigung…Tudo bem, meu, acontece aos…melhores…Eu acho que os alemães ricos compram o Artus para o deixarem a rodar na sala - sem disco!... - debaixo de holofotes de halogéneo…É lindo!...E elas gostam…
STEREOPLAY
Naim CD 555
Gira-discos Verdier
Martion HornSpeaker
A ideia aqui era comparar quatro amplificadores a válvulas de diferentes topologias utilizando sempre as mesmas fontes (Naim CD 555 e gira-discos Verdier) e as mesmas colunas (Cornetas da Martion):
Ayon Sunrise tríodos em Classe A zerofeedback
Graaf GM 50 Pentodos em push-pull com andar de saída simétrico
T+A V10 Pentodos em push-pull
Unison Research S8 c/ dois tríodos 845 em Classe A e um cheirinho de feedback.
Ayon SunRise (à esquerda);Unison Research S8 (à direita)
Após várias comparações tornou-se óbvio que os finalistas eram o Ayon Sunrise, o preferido do demonstrador e do público, e o Unison S8, o meu preferido. Aliás, eu sempre fui um fã das 845, e testei mesmo um amplificador Unison Research com válvulas 845 para o DN, há uns bons dez anos, que me deixou encantado: o som dos Unison 845 é cheio, encorpado, voluptuoso, ligeiramente frontal, o que confere textura e presença às vozes. Foi como se tivesse encontrado um amigo de velha data.
VIDEO
Sala da revista VIDEO
Equipamento utilizado: colunas Klipsch; electrónica audionet
Na sala da revista VIDEO o chamariz era a projecção do King Kong em HD-DVD. Primeiro levei com meia-hora de conversa a propósito de um DVD-teste, que era afinal o que eles queriam vender-nos, como fazem aos reformados nas excursões a Fátima, e só depois é que apareceu o King Kong. Afinal não era o filme integral mas um “trailer” promocional. A imagem era excelente, sem dúvida. Quando se fala em resolução, pensa-se sobretudo na nitidez da imagem, mas é sobretudo a saturação e naturalidade das cores e a profundidade da imagem que mais impressionam. Contudo, a diferença entre HD-DVD e DVD, em especial quando “puxado” a 720p e projectado por um bom projector, não é tão grande que nos obrigue a deitar fora o equipamento actual. Só por isso creio que o DVD se vai manter por muitos anos (tal como aconteceu com o CD em relação ao SACD) a não ser que os estúdios apostem no HD-DVD apenas porque é mais difícil de copiar.
PIONEER
Cópias maradas de filmes em Blu-Ray
O mesmo posso dizer em relação aos filmes em Blu-Ray que vi na sala da Pioneer, como “Os irmãos Grimm”. Eu já tinha visto filmes em Blu-ray a 1080p, no stand da Sony, em Las Vegas, e posso garantir que aquilo que foi exibido no stand da Pioneer, em Munique, não é Blu-Ray, embora os discos o fossem (cópias do tipo BR-RE). É que os 1080p exigem monitores HDTD com entradas HDMI da 3ª geração, caso contrário tem de se utilizar a saída por componentes, e essa só tem a resolução normal do DVD para evitar a cópia. Ou então, se é isto que nos querem impingir na Europa, fico-me pelo velho DVD reproduzido por um Denon com upscaling. Quando perguntei ao demonstrador onde tinha arranjado aquelas cópias, respondeu-me: “Tenho bons contactos nos estúdios…”. Tá bem, ò meu, deve ser o mesmo contacto do Nuno Gomes e do Petit…
Nota:
Devido a um problema com o flash (detectado tarde demais) estas fotos não têm a qualidade geral do resto da reportagem. Pelo facto, peço desculpa aos leitores.