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2006

Highend 2006 - Parte 3: “best Of” I



ASCENDO/CAT
Excelente som na sala da Ascendo/CAT

No conjunto não sei se não foi o som mais “audiófilo” que ouvi em Munique. A sala estava cheia e as pessoas ouviam religiosamente os discos que tocavam no leitor da Audio Aero. As Ascendo System M fizeram um casamento de amor, e não de conveniência, com os CAT.
E na sala da Behold também.


A história repete-se, pois o ano passado escrevi o seguinte sobre esta sala:


“Numa sala de grandes dimensões as estranhas colunas mecânico-articuladas Ascendo System M estavam a tocar muito bem com um leitor-SACD Prestige da Audio Aero e amplificação CAT. As 'M' não são propriamente 'domésticas' e são carotas. Talvez por isso ainda ninguém por cá 'pegou' nelas. O corpo superior que aloja os médios e agudos (tweeter de fita) pode deslocar-se numa calha suportada por uma estrutura metálica que lhe dá um aspecto sólido de equipamento hospitalar para se obter o alinhamento geométrico de fase. Já as tinha referido várias vezes em anteriores edições do HighEnd Show, mas nunca as tinha ouvido tocar tão bem, tanto neste caso como no stand da Behold”.


Ora isto significa que não foi uma boa impressão passageira. As Ascendo ascendem assim finalmente, por mérito próprio, ao topo da minha “highend short list”. Voltei a gostar. Muito. Mais ainda que o ano passado se possível.


Vi por lá tantos distribuidores portugueses que estranho que ainda ninguém tenha conseguido “ascender”…


AUDIODATA AVANCE
Audiodata Avance+ASR Emitter II


Em 2004 escrevi o seguinte sobre as Avance:


“A Avance não passa de mais uma cópia envergonhada das Dynaudio Confidence, aqui alimentadas por electrónica Emm, do famoso Ed Meitner. A Audiodata é uma empresa «with an attitude», o que é a pior coisa que se pode ter neste negócio volátil...”.


Ora este é um dos poucos casos em que vou ter de engolir um sapo enorme. Não sobre a 'atitude' que é a mesma mas sobre as Avance. Alimentadas por um amplificador integrado ASR Emitter II Blue, as Avance ofereceram-me Diana Krall numa bandeja de prata.
ASR Emitter II


Não sei mesmo se este não é um dos melhores amplificadores integrados do mercado mundial. Construção e som ao nível do estado da arte. Se tivesse que escolher um único produto, seria este: ASR Emitter II Blue Version. Uau!


AVANTGARDE DUO OMEGA
AvantGarde Duo Omega


As novas Duo Omega também não me convenceram: soaram duras, em esforço. Aliás, o som estava muito alto como se quisessem exibir a potência dos 500W das caixas de graves. Impressive but also agressive…



CABASSE LA SPHERE: O MISTÉRIO DESVENDADO
Cabasse La Sphère sobre suportes galácticos


Apresentaram-se em Munique já com os suportes definitivos. Se bem se lembram (ver reportagem CES 2006), a Cabasse tinha lançado um concurso internacional de design para os suportes da “Esfera”. Não conheço os projectos concorrentes, mas o prémio foi bem atribuído, sem dúvida. Tal como disse, Jorge “Maître” Gaspar, da Audioelite, que tive o prazer de encontrar no MOC, junto com José Júdice, ambos, aliás, rendidos, como todos os outros portugueses presentes, aos encantos de “La Sphère”, os suportes são estes e não podiam ter sido outros. O design é galáctico, uma espécie de “órbitas” entrelaçadas que suportam este autêntico “planeta” acústico.
Sala das Cabasse La Sphère


Em Munique, as “Esferas” foram alimentadas por amplificadores da própria Cabasse, que me pareceram variantes dos BelCanto de Classe D/ACE utilizados em Las Vegas. Como fonte privilegiada utilizaram gira-discos de Rolph Kelch mas, ao contrário de JMartins, da JM Audio, que me enviou por email a sua opinião (não nos encontrámos na confusão da feira), eu preferi o som do leitor-CD. Pelo menos no Domingo à tarde, um LP de Eric Clapton soou-me duro e agressivo, como se o VTA estivesse mal afinado.


De resto, até o meu velho amigo Peter McGrath, da Wilson Audio, teve de admitir que “La Sphère” reproduz o grave mais profundo da cena audiófila mundial, embora ele tenha dúvidas quanto à neutralidade dos registos médios-graves. Admito que em Las Vegas o som estava ainda melhor. Em Munique, as vozes estavam cheias em demasia: sabe bem ouvir vozes assim mas é um claro desvio da neutralidade. Aliás, os filtros activos são “reguláveis” - e como eu gostaria de passar quinze dias a afinar estas francesas bojudas…


Mesmo assim, arrisco afirmar que as Cabasse La Sphère me ofereceram o melhor som que ouvi em Munique. Pela primeira vez na história, depois das Quad ELS63, há uma coluna de som cujo grave (e aqui, por grave, entenda-se graaaave a sério) não é uma entidade autónoma e faz parte integrante do resto do espectro sonoro. Aquilo sussurra, afaga, acaricia; aquilo respira, sopra, rosna, ladra, morde. Mon Dieu! C'est magnifique...


Quando for grande quero ter umas Cabasse La Sphère.


JM LAB UTOPIA+HALCRO
Utopia: a história repete-se

“As Grand Utopia, alimentadas por amplificadores Halcro, proporcionaram-me e aos muitos visitantes um dos melhores sons do Highend 2005: grave profundo mas controlado, com nunca lhes ouvi. Seria do tratamento acústico nos cantos da sala?...”.


Escrevi isto o ano passado e mantenho. Aliás, até podia utilizar a mesma foto que ninguém dava por nada. Tudo igual na frente Focal, isto é, très bien…



KHARMA GRAND EXQUISITE
Uma questão de 'kharma'?...


Foram anunciadas como “The Ultimate System - luxury you can hear”: 200 000 euros de preço, 400 quilos de peso, dois metros de altura. A juntar aos 90 000 euros da fonte analógica: Continuum/Cobra/Castellon. Mais 30 000 euros para os amplificadores Kharma MP350. A cereja no bolo: as dezenas de milhares de euros de amplificadores Wavac HE-833!...



Por este preço eu comprava dois pares de Cabasse La Sphère para montar um sistemazinho “surround” num monte do Alentejo com os amps ligados directamente ao poste de electricidade mais próximo…
Wavac HE833


Fiquei sem perceber se os Wavac estavam só a atacar os agudos e médios e os MP350 os graves ou se tocavam à vez (a sala estava sempre cheia, e eu não quis interromper as demonstrações para fazer perguntas indiscretas). E não posso dizer que o som era mau - longe disso. Caramba por este preço era o mínimo que se podia exigir. Contudo, com peças sinfónicas complexas, a níveis elevados, a amplificação estava nitidamente em dificuldades (distorção sob a forma de empastelamento e perda de definição?).
Kharma Exquisite a 200 000 euros o par!...



Com discos audiófilos, do tipo voz/guitarra, o som era muito bom. Aquela sensualidade quente, a intérprete cantava com o coração em sangue nas mãos, como naqueles quadros da nossa Senhora da Conceição, que me deixavam aterrorizado quando eu era miúdo, só podia vir dos Wavac. Mas eu estava à espera de ouvir a voz dos anjos…


KRELL EVOLUTION+LAT 1000
Krell Evo600+LAT1000: sum musculado num sala tipo colete de forças


Os novos Krell Evo 600 atacaram um par de LAT1000 com tal violência que a roupa me dançava no corpo com o sopro vindo dos altifalantes: um som claro, limpo, ultradefinido e com um poder absolutamente extraordinário.
Krell Evo 202/505


O prévio era o Evo 202 e a fonte o Evo 505, recentemente apresentados em Las Vegas. Excepcional! Rock solid!


MAGNEPAN/JEFF ROWLAND
Magnepan/Jeff Rowland: uma sensação de déja vu


“No início da minha carreira audiófila (no século passado!...) eram a coluna dos meus sonhos, em especial alimentadas por Audio Research. Mas o mercado tem razões que o coração desconhece, e voltei a não gostar de as ouvir, tanto com os novos Jeff Rowland «digitais» como com os Hegel. O som estava um pouco agressivo. Ora não é essa a recordação que eu tenho delas, quando as ouvi pela primeira vez em Paris a tocar «O Palhaço» cantado por Plácido Domingo”.


Foi isto que escrevi o ano passado sobre a Magnepan no Highend 2005. A sala era a mesma, o sistema também. As Magnepan eram as 20.1. Pouco mais mudou em relação ao ano passado a não ser a cor das colunas.Talvez o som estivesse um pouco mais cheio este ano. Vi também por lá os NuForce que não foram utilizados. Teoricamente as Magneplanar até devia tocar bem com amplificadores digitais que gostam de cargas indutivas.



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