A nova série de colunas genericamente designadas por Gold Signature, é composta por seis modelos: GS10, coluna de suporte; GS20 e GS 60, colunas-de-chão; GS-FX, coluna para efeitos surround dual-mode (dipolo, bipolo); GS-LCR, coluna central; GSW-12 “subwoofer” activo (1000W RMS).
Delfim Yanez aos comandos no estúdio da Delaudio
Delfim Yanez convidou-me para passar uma tarde agradável na sua companhia ao som do modelo topo-de-gama GS60, alimentado por um poderoso amplificador integrado Advance Acoustics MAP407, tendo como fonte o TEAC UX-3.
Os leitores do Hificlube estão todos convidados a seguir os meus passos e a fazer as suas próprias audições no auditório principal da Delaudio, no Largo do Casal Vistoso, 3B, em Lisboa (ao Areeiro). Talvez seja conveniente telefonar antes e combinar a audição ( 21 843 64 10).
Monitor Audio Gold Signature 60
Não é impunemente que se designa um modelo por “Signature”, uma designação que funciona quase como uma declaração de intenção: a de construir a melhor coluna possível com um mínimo de condicionalismos, apenas com os inevitáveis compromissos comerciais no contexto da relação específica marca/mercado.
A Monitor Audio sabe que, a partir de uma determinada fasquia de preço, as vendas dependem de factores que não pode controlar, e que cada marca tem a sua “assinatura” própria e um determinado público alvo. A Monitor Audio não é a Wilson Audio, e move-se num nicho de mercado comum a dezenas de outras marca concorrentes.
A “deslocalização” da fábrica do Reino Unido para a China permite-lhe agora, contudo, controlar melhor a relação qualidade/preço. E, mais importante ainda, o valor aparente do produto: a GS60 parece custar 1000 euros mais do que de facto custa. E tem um som está em consonância com o aspecto.
A Monitor Audio sempre foi conhecida pela qualidade dos acabamentos das suas colunas de som. Mas nunca como agora atingiram este nível de luxo e sumptuosidade asiática. Ora, se considerarmos que a GS60 Gold Signature está à venda por um preço inferior ao da versão Gold Reference, somos levados a pensar que a Monitor Audio cortou no seu esforço de investigação, ou na área dos novos materiais e soluções técnicas inovadoras, limitando-se a utilizar tecnologia antiga. Olhem que não...
A GS60 é uma 3-vias com 4 unidades activas de alumínio/magnésio/cerâmica (silício): dois altifalantes de graves RST2 de 6 ½ polegadas; um médio-grave RST2 de 6 ½ polegadas com um tapa poeira faseador em forma de bala; e o famoso “tweeter” C-CAM dourado de 1 polegada. Os altifalantes utilizam cones com os novos perfis e superfície “martelada” (lembram o nosso artesanato de cobre) para maior rigidez estrutural; e o “tweeter” dourado é uma nova versão com extensão da resposta até aos 40kHz, empurrando muito para lá do espectro audível a tradicional 'quebra' aos 22kHz.
Na fixação ao baffle são utilizadas molduras e parafusos de uma liga especial de zinco. O travamento interno garante também a necessária rigidez estrutural para eliminar ressonâncias espúrias da caixa, que é dividida em duas câmaras, respectivamente para o altifalante de médio-grave e os dois altifalantes de graves, ligadas em modo diferencial (pórticos reflex com saídas opostas de superfície plissada para facilitar o fluxo de ar e eliminar a turbulência) optimizando o acoplamento acústico com a sala. Todo o conjunto assenta sobre suportes de metal de baixo perfil com bicos de aço para garantir o melhor escoamento para o solo da energia excessiva.
Admito que um acelerómetro descubra ressonâncias de caixa em frequências específicas que, contudo, não parecem afectar a claridade geral do som, em especial os médios, que só perdem em transparência para os painéis electrostáticos. O característico “glare” dos cones de metal não se manifestou de forma a poder ser considerado uma manifestação audível: o “damping” mecânico do banho cerâmico parece ser aqui muito eficaz.
O precioso “tweeter” dourado está protegido por uma grelha metálica fixa. A minha experiência diz-me que uma grelha amovível teria sido preferível. Eu sou contra tudo o que seja redes, grelhas e grades. Quanto mais livre, melhor é o homem, e esse aforismo também é verdadeiro para o som.
Delfim Yanez optou por colocar na vertical, junto ao “tweeter”, duas tiras de espuma (ver foto), por considerar que assim é possível limitar os reflexos no prato e melhorar o seu desempenho. Utilizei este “tweaking” em algumas colunas que construí, quando ainda vivia na ilusão de ser o Franco Serblin português, mas optei por uma “moldura” integral. O som “off-axis” torna-se mais macio. Talvez por isso, Delfim tenha colocado as colunas na sala bem afastadas e com um mínimo de “tilt in”, linearizando assim a resposta.
Auditório principal da Delaudio
A opção clássica e distintiva da Monitor Audio por dois altifalantes de graves de diâmetro reduzido fundamenta-se na convicção de que um “baffle” estreito favorece a dispersão e garante uma melhor imagem estereofónica. A prática demonstra que assim é, de facto. As GS60 são menos direccionais que as suas antecessoras, e a imagem é ampla e expansiva, mantendo excelente solidez ao centro, apesar do afastamento das colunas entre si e da relativa proximidade do meu ponto de audição: um bom sintoma de integridade na dispersão, que geralmente se manifesta por uma boa resposta polar (aguardemos pelas medidas de John Atkinson).
A tecnologia Hive de acoplamento acústico diferencial resulta numa óbvia melhoria na articulação e definição do grave sem afectar a extensão. Aliás, é nos extremos de frequência que se revela a nova “assinatura” das Signature. Ao empurrar o primeiro modo de “quebra” do “tweeter” muito para lá da banda audível, a Monitor Audio “domesticou” a característica alacridade do metal, que soa agora como uma cúpula de seda (lembra o tweeter de diamante das B&W), só que mais enérgica e rica de informação. Por outro lado, eliminou a tradicional “boominess” que tornava difícil a colocação na sala dos modelos de chão da MA.
Tendo a acreditar que a resposta em frequência declarada de 28Hz-40kHz não deve andar longe da verdade (embora o extremo inferior seja um pouco optimista), desde que garantidas as condições de espaço para a coluna respirar: uma ligeira compressão nos clímaxes deveu-se sobretudo à limitação dos metros cúbicos de ar disponíveis para a coluna excitar a seu bel prazer. Deixem-nas respirar, deixem-nas espraiar-se livremente…
Advance Acoustics MAP407
O Advance Acoustics MAP407 nunca se fez rogado a injectar corrente nas GS60, mesmo quando o botão de volume se manteve impávido e sereno na posição das 9 horas durante toda a audição (sensibilidade declarada de 90dB). Os vuímetros também nunca puseram o pé além dos 30W!, nem com o majestoso e dramático Requiem de Verdi, o que significa que o MAP 407 esteve sempre a funcionar em Classe A.
A confiança que Delfim Yanez deposita no MAP 407, que apenas perde em transparência absoluta para modelos highend muito mais caros, é total e absoluta, ou ele nunca teria arriscado reproduzir um excerto desta obra de Verdi. É que eu já ouvi este Requiem cantado em muitos enterros de amplificadores famosos…
O MAP 407 sobreviveu (com uma perna às costas). Recomenda-se, pois, esta combinação em particular, até porque as GS60, embora eficazes, gostam muito de músculo, como todas as colunas com “drivers” de alumínio, que é coisa que não falta ao MAP407. Estou, aliás, convencido que o desempenho das GS60, nas circunstâncias aqui relatadas, ficou em grande parte a dever-se ao MAP407: no controle do grave, por exemplo, que é do tipo “garrote”. E eu sei do que estou a falar, pois há dois meses que tenho vindo a utilizar um MAP 407 nas mais diversas tarefas de amplificação. Este bom gigante é um verdadeiro carregador de piano. Além disso, também sabe tocar o piano e... falar francês…
Notei a meio da audição uma ligeira coloração/compressão nos registos médios, que resultava numa indefinível sensação de falta de corpo e tangibilidade das vozes, logo eliminada com a simples substituição dos cabos utilizados até então por um par de Deltec Black-Sixteen: e ainda há quem diga que os cabos são apenas cobre e não fazem qualquer diferença!...
As Gold Signature não parecem ser tão abertas, claras e alegres como as Reference Silver: as RS1 são óptimas (ver teste em Artigos Relacionados). A GS60 é uma coluna polida, educada, no sentido em que é menos colorida, mais neutra, mas capaz de grandes cometimentos acústicos, garantidas as condições de espaço, amplificação e cablagem adequadas, sem perder a característica “assinatura” Monitor Audio, cuja evolução, tanto em termos de acabamentos, como de medidas de laboratório (ver os recentes testes da Stereophile às RS6) e desempenho, é notável.
Ao contrário da gasolina, a única coisa que não evolui na Monitor Audio parece ser o preço. “Pump up the gas, baby!...”
Para mais informações: DELAUDIO; [email protected]
Delfim Yanez aos comandos no estúdio da Delaudio
Delfim Yanez convidou-me para passar uma tarde agradável na sua companhia ao som do modelo topo-de-gama GS60, alimentado por um poderoso amplificador integrado Advance Acoustics MAP407, tendo como fonte o TEAC UX-3.
Os leitores do Hificlube estão todos convidados a seguir os meus passos e a fazer as suas próprias audições no auditório principal da Delaudio, no Largo do Casal Vistoso, 3B, em Lisboa (ao Areeiro). Talvez seja conveniente telefonar antes e combinar a audição ( 21 843 64 10).
Monitor Audio Gold Signature 60
Não é impunemente que se designa um modelo por “Signature”, uma designação que funciona quase como uma declaração de intenção: a de construir a melhor coluna possível com um mínimo de condicionalismos, apenas com os inevitáveis compromissos comerciais no contexto da relação específica marca/mercado.
A Monitor Audio sabe que, a partir de uma determinada fasquia de preço, as vendas dependem de factores que não pode controlar, e que cada marca tem a sua “assinatura” própria e um determinado público alvo. A Monitor Audio não é a Wilson Audio, e move-se num nicho de mercado comum a dezenas de outras marca concorrentes.
A “deslocalização” da fábrica do Reino Unido para a China permite-lhe agora, contudo, controlar melhor a relação qualidade/preço. E, mais importante ainda, o valor aparente do produto: a GS60 parece custar 1000 euros mais do que de facto custa. E tem um som está em consonância com o aspecto.
A Monitor Audio sempre foi conhecida pela qualidade dos acabamentos das suas colunas de som. Mas nunca como agora atingiram este nível de luxo e sumptuosidade asiática. Ora, se considerarmos que a GS60 Gold Signature está à venda por um preço inferior ao da versão Gold Reference, somos levados a pensar que a Monitor Audio cortou no seu esforço de investigação, ou na área dos novos materiais e soluções técnicas inovadoras, limitando-se a utilizar tecnologia antiga. Olhem que não...
A GS60 é uma 3-vias com 4 unidades activas de alumínio/magnésio/cerâmica (silício): dois altifalantes de graves RST2 de 6 ½ polegadas; um médio-grave RST2 de 6 ½ polegadas com um tapa poeira faseador em forma de bala; e o famoso “tweeter” C-CAM dourado de 1 polegada. Os altifalantes utilizam cones com os novos perfis e superfície “martelada” (lembram o nosso artesanato de cobre) para maior rigidez estrutural; e o “tweeter” dourado é uma nova versão com extensão da resposta até aos 40kHz, empurrando muito para lá do espectro audível a tradicional 'quebra' aos 22kHz.
Na fixação ao baffle são utilizadas molduras e parafusos de uma liga especial de zinco. O travamento interno garante também a necessária rigidez estrutural para eliminar ressonâncias espúrias da caixa, que é dividida em duas câmaras, respectivamente para o altifalante de médio-grave e os dois altifalantes de graves, ligadas em modo diferencial (pórticos reflex com saídas opostas de superfície plissada para facilitar o fluxo de ar e eliminar a turbulência) optimizando o acoplamento acústico com a sala. Todo o conjunto assenta sobre suportes de metal de baixo perfil com bicos de aço para garantir o melhor escoamento para o solo da energia excessiva.
Admito que um acelerómetro descubra ressonâncias de caixa em frequências específicas que, contudo, não parecem afectar a claridade geral do som, em especial os médios, que só perdem em transparência para os painéis electrostáticos. O característico “glare” dos cones de metal não se manifestou de forma a poder ser considerado uma manifestação audível: o “damping” mecânico do banho cerâmico parece ser aqui muito eficaz.
O precioso “tweeter” dourado está protegido por uma grelha metálica fixa. A minha experiência diz-me que uma grelha amovível teria sido preferível. Eu sou contra tudo o que seja redes, grelhas e grades. Quanto mais livre, melhor é o homem, e esse aforismo também é verdadeiro para o som.
Delfim Yanez optou por colocar na vertical, junto ao “tweeter”, duas tiras de espuma (ver foto), por considerar que assim é possível limitar os reflexos no prato e melhorar o seu desempenho. Utilizei este “tweaking” em algumas colunas que construí, quando ainda vivia na ilusão de ser o Franco Serblin português, mas optei por uma “moldura” integral. O som “off-axis” torna-se mais macio. Talvez por isso, Delfim tenha colocado as colunas na sala bem afastadas e com um mínimo de “tilt in”, linearizando assim a resposta.
Auditório principal da Delaudio
A opção clássica e distintiva da Monitor Audio por dois altifalantes de graves de diâmetro reduzido fundamenta-se na convicção de que um “baffle” estreito favorece a dispersão e garante uma melhor imagem estereofónica. A prática demonstra que assim é, de facto. As GS60 são menos direccionais que as suas antecessoras, e a imagem é ampla e expansiva, mantendo excelente solidez ao centro, apesar do afastamento das colunas entre si e da relativa proximidade do meu ponto de audição: um bom sintoma de integridade na dispersão, que geralmente se manifesta por uma boa resposta polar (aguardemos pelas medidas de John Atkinson).
A tecnologia Hive de acoplamento acústico diferencial resulta numa óbvia melhoria na articulação e definição do grave sem afectar a extensão. Aliás, é nos extremos de frequência que se revela a nova “assinatura” das Signature. Ao empurrar o primeiro modo de “quebra” do “tweeter” muito para lá da banda audível, a Monitor Audio “domesticou” a característica alacridade do metal, que soa agora como uma cúpula de seda (lembra o tweeter de diamante das B&W), só que mais enérgica e rica de informação. Por outro lado, eliminou a tradicional “boominess” que tornava difícil a colocação na sala dos modelos de chão da MA.
Tendo a acreditar que a resposta em frequência declarada de 28Hz-40kHz não deve andar longe da verdade (embora o extremo inferior seja um pouco optimista), desde que garantidas as condições de espaço para a coluna respirar: uma ligeira compressão nos clímaxes deveu-se sobretudo à limitação dos metros cúbicos de ar disponíveis para a coluna excitar a seu bel prazer. Deixem-nas respirar, deixem-nas espraiar-se livremente…
Advance Acoustics MAP407
O Advance Acoustics MAP407 nunca se fez rogado a injectar corrente nas GS60, mesmo quando o botão de volume se manteve impávido e sereno na posição das 9 horas durante toda a audição (sensibilidade declarada de 90dB). Os vuímetros também nunca puseram o pé além dos 30W!, nem com o majestoso e dramático Requiem de Verdi, o que significa que o MAP 407 esteve sempre a funcionar em Classe A.
A confiança que Delfim Yanez deposita no MAP 407, que apenas perde em transparência absoluta para modelos highend muito mais caros, é total e absoluta, ou ele nunca teria arriscado reproduzir um excerto desta obra de Verdi. É que eu já ouvi este Requiem cantado em muitos enterros de amplificadores famosos…
O MAP 407 sobreviveu (com uma perna às costas). Recomenda-se, pois, esta combinação em particular, até porque as GS60, embora eficazes, gostam muito de músculo, como todas as colunas com “drivers” de alumínio, que é coisa que não falta ao MAP407. Estou, aliás, convencido que o desempenho das GS60, nas circunstâncias aqui relatadas, ficou em grande parte a dever-se ao MAP407: no controle do grave, por exemplo, que é do tipo “garrote”. E eu sei do que estou a falar, pois há dois meses que tenho vindo a utilizar um MAP 407 nas mais diversas tarefas de amplificação. Este bom gigante é um verdadeiro carregador de piano. Além disso, também sabe tocar o piano e... falar francês…
Notei a meio da audição uma ligeira coloração/compressão nos registos médios, que resultava numa indefinível sensação de falta de corpo e tangibilidade das vozes, logo eliminada com a simples substituição dos cabos utilizados até então por um par de Deltec Black-Sixteen: e ainda há quem diga que os cabos são apenas cobre e não fazem qualquer diferença!...
As Gold Signature não parecem ser tão abertas, claras e alegres como as Reference Silver: as RS1 são óptimas (ver teste em Artigos Relacionados). A GS60 é uma coluna polida, educada, no sentido em que é menos colorida, mais neutra, mas capaz de grandes cometimentos acústicos, garantidas as condições de espaço, amplificação e cablagem adequadas, sem perder a característica “assinatura” Monitor Audio, cuja evolução, tanto em termos de acabamentos, como de medidas de laboratório (ver os recentes testes da Stereophile às RS6) e desempenho, é notável.
Ao contrário da gasolina, a única coisa que não evolui na Monitor Audio parece ser o preço. “Pump up the gas, baby!...”
Para mais informações: DELAUDIO; [email protected]