Alexis Park: uma piscina rodeada de highend por todos os lados

No simpático convite que me enviou, Richard Beers, Presidente do THE Show, explica os motivos que o levaram a ocupar o St. Tropez e quais as medidas que vai tomar para melhorar o espaço de exibição.
Quem acompanhou as minhas reportagens da CES, de Las Vegas, ao longo dos anos sabe que o Alexis Park (e o St. Tropez também) não são hotéis-casino mas antes aparthotéis modestos, com blocos de apartamentos isolados, de rés-do-chão e 1º andar, que me obrigavam a subir e descer escadas chegando extenuado, quando não encharcado com tempo de chuva (até neve apanhei em Las Vegas na CES 2005!), ao fim do dia.
CES 2005: saltos de esqui à porta da Feira!...

Beers optou pelos dois hotéis para poder, não só escolher as melhores salas e quartos de cada um deles, mas também ocupar apenas os pisos térreos, de forma a facilitar a peregrinação. E, como os cerca de 200 metros entre os dois hotéis era feito por um passeio estreito à beira de uma estrada, onde as limousines e os SUVs aceleram como loucos, mandou construir uma ponte pedonal segura sobre os canais de água pluviais.
Alexis Park: entrada (agora comparem com o Venetian, na reportagem da CES 2007)

Para atrair os jornalistas e outros profissionais (a CES não está aberta ao público em geral, embora tenha 140 000 visitantes) o certame está aberto mais dias e mais horas e serve almoço grátis (bom eles chamam almoço a um tipo estar na bicha à espera de uma salsicha e um copo de Coca-Cola). E dá ainda uma piscadela de olho aos asiáticos, que são já os principais clientes, oferecendo tradutores de chinês e japonês.

CES 2006: as multinacionais têm vindo a monopolizar o espaço da Feira

Mas Beers foi ainda mais longe. Segundo ele, a CES usou e abusou da sua posição monopolista durante anos, e tem vindo a exigir preços cada vez mais altos aos expositores que qualquer dia só as multinacionais podem pagar. E era aqui que eu queria chegar, porque, caso contrário, isto pouco interesse teria para a maioria dos leitores, que nunca foram nem estão a pensar ir a Las Vegas, a não ser através das minhas reportagens. Pergunto: isto não vos lembra nada?...
Hotel Venetian, o novo lar do Highend, em Las Vegas

A deslocação para o Hotel Venetian aumentou para o dobro o preço a pagar por metro quadrado, já de si elevado e incomportável para muitos fabricantes do verdadeiro highend. Assim, o THE Show vai reduzir ainda mais os custos de ocupação, esperando-se com isto que a comunidade audiófila independente, os “Indies”, possa participar de pleno direito numa festa que também é deles.
CES 2006: stand da Sony

Aliás, os departamentos de marketing das multinacionais são tão eficientes que já é possível fazer a reportagem da CES sem lá ir, pois fornecem todas as informações necessárias em tempo real incluindo fotos em alta resolução impossíveis de obter no ambiente caótico da feira, vídeos e visitas em 3D. As verdadeiras novidades são quase sempre dos pequenos fabricantes, por vezes com a apresentação de simples modelos acabados de montar e ainda a cheirar a tinta, sobre os quais só há informação verbal, quando não estão mesmo escondidos em suites de hotéis de luxo e mostrados em segredo só a amigos e conhecidos. O gozo da reportagem reside aí para mim: a busca do exclusivo. Conheço jornalistas que “fazem” a reportagem toda no Press Center a navegar na net!...

Nota:

Muitos dos novos leitores que desconheciam o verdadeiro manancial de informação que são os Arquivos do Hificlube podem agora descobrir que muitos dos modelos de que se fala agora na net já foram divulgados aqui há anos. Vai valer a pena navegar nas páginas de reportagens passadas, em especial na CES 2003, em versão pdf, e descobrir as preciosidades do highend aqui expostas. É curioso observar como as novidades então expostas pelas multinacionais já são hoje obsoletas, enquanto a maior parte dos produtos highend continuam bem actuais. Além de que sabe sempre bem recordar, mesmo para os leitores que me acompanham há 20 anos.

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