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2007

Ces 2007_os Beatles Ao Vivo



Os principais espectáculos de Las Vegas, cuja produção custa milhões, estão em cena dezenas de anos. Há 20 anos que visito Las Vegas regularmente, e sempre me lembro de ver anunciado no Hotel Treasure Island, onde voltei a hospedar-me este ano, o “Mystère”, pelo Cirque du Soleil, o circo elevado à máxima expressão artística. E o Siegfried&Roy só saíram do palco, porque um tigre perdeu a cabeça e atirou-se às goelas de um deles, deixando-o às porta da morte.



Aliás, esta famosa companhia canadiana é responsável por uma boa dezena das produções em cena na cidade, das quais “O”, no Bellagio, “Ka”, no MGM, e “Le Rêve” , no moderno “Wynn”, atingem a perfeição técnica e cenográfica. Foi, pois, com indesmentível expectativa, que comprei bilhetes a 130 dólares (nem sequer são os mais caros) para ver no Hotel Mirage a última criação do “Cirque”: “LOVE”, um musical sobre a obra dos Beatles e cantado pelos próprios em glorioso som surround.



“Love” contém algumas versões nunca antes editadas de canções famosas e registos de “takes” alternativos e o CD correspondente está à venda em Portugal. Mas, apesar de já saber o que esperava, tratando-se de um produção do “Cirque Du Soleil”, aprovada tanto por Paul McCartney como por Ringo Star, que assistiram emocionados à estreia, o mínimo que posso dizer é que nunca antes ouvi a música dos Beatles cantada desta forma e com esta qualidade de som.



As vozes dos Beatles “a capella” e os jogos de harmonia vocal criaram em mim e, por certo, nos milhares de espectadores que enchem os dois “shows” diários, uma sensação de prazer indefinível cujo realismo e presença chegam a assustar. Admito que numa ou outra faixa o som pudesse estar demasiado alto, mas o sistema “surround” com os altifalantes de efeitos montados individualmente na cabeceira de cada cadeira (e com subwoofer individual também montado no chão sob a dita) e um poderoso PA suspenso no tecto em círculo sobre a arena, produzem um efeito tal de ambiência tridimensional e volumetria, que estamos sempre à espera que os Beatles, projectados por técnicas de holografia laser, nos caiam no colo, junto com os malabaristas e trapezistas, esses bem reais, que evoluem por cima das nossas cabeças.


A sucessão de canções conhecidas e coreografias é alucinante e inebriante. E, se é verdade que o coreógrafo abusa um pouco do artifício artístico de “deus ex-machina”, com os bailarinos ora descendo dos céus em mergulhos vertiginosos, ora subindo até desaparecerem na cúpula da sala em círculo circense, a música dos Beatles, por si só, é motivo bastante para justificar o elevado preço dos bilhetes. Nunca ouvi “Eleanor Rugby”, “Strawberry Fields”, “She's leaving home” ou “Hey Jude” cantado assim.


When I get old, loosing my mind, when I am 64…

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