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2007

Gato Fedorento Diz Que É Uma Espécie De Audiófilo



Ricardo Araújo Pereira escreveu um dia no blog fedorento um post intitulado “E a CNN, caladinha”, a propósito de um artigo meu no DNA: «Pela minha parte, depois disto tudo só tenho uma certeza: a avaliar pelos textos que publica, José Victor Henriques não dorme com uma mulher desde os tempos do vinil».



Respondi-lhe da mesma moeda: “Olhe que não RAP, olhe que não: o vinil continua bem activo, e eu também - mas prefiro gatas, obrigado...”, isto apesar de me terem avisado logo que estava ali o sucessor de Herman José. Palavras proféticas.



Herman interpreta hoje personagens fictícias, que, se é certo que já não o comprometem politicamente, ou talvez por isso, mais parecem saídas de um museu de cera do burlesco; enquanto RAP optou por explorar o vasto acervo do museu de tesouros deprimentes que é o país real.



É o estado de graça, mais do que a graça, que confere a RAP o poder da crítica, qual bobo medieval, tolerado pelo senhores feudais da RTP. Até porque é jovem, e as críticas passam facilmente por simples irreverência. À juventude tolera-se tudo: das piadas políticas às ideologias românticas de esquerda. Com o tempo tudo passa…



Ter sido alvo de RAP, libertou-me, contudo, da síndrome da autobiografia de Andy Warhol: mais vale ser gozado que ignorado.

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