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2007

Highend 2007- Porto: Quadros De Uma Exposição _ Parte 3: Krell/wilson

Highend 2007- Porto: Quadros De Uma Exposição _ Parte 3: Krell/wilson


Wilson Maxx: a vedeta e o papparazzi

 


Os audiófilos passam por várias fases ao longo da vida: o desejo ditado pela míngua, o deslumbramento do primeiro contacto e o enjoo da rotina. John Atkinson confessou um dia que era virgem em áudio até ter ouvido um Krell e umas Apogee Scintilla. Não sei se mantém a mesma opinião. Neste contexto, Manuel Dias desvirginou-nos a todos - salvo seja! -, porque há 20 anos que nos anda a servir gratuitamente nos shows sons que, de outro modo, nunca teríamos possibilidade de ouvir. Só por isso merece a nossa consideração audiófila. Em Portugal, há o antes e o depois da Imacústica, assim como, em termos editoriais, há o antes e o depois da Imasom.
 



A mesa das iguarias

 


Eis a razão por que o nosso percurso comum é tão longo. É verdade que eu já tinha um Krell KSA100 e umas Apogee Calypso antes de o conhecer. Mas devo-lhe muitas experiências memoráveis de que realço ter tido a honra de utilizar como equipamento de som de uma série de palestras sobre áudio, no âmbito do Festival de Música da Póvoa do Varzim, um par de Apogee Divas e electrónica Krell. Era o tempo do deslumbramento: já passava da 1 hora da manhã e foi preciso mandar sair as pessoas, pois ninguém arredava pé.
 


Casa cheia na Imacústica - é sempre assim quando o espectáculo promete

 


A malta agora entra na sala e cinco minutos depois já ouviu tudo e já sabe tudo - é o enjoo da fartura: os audiófilos são insaciáveis, são como os miúdos, querem sempre aquilo que não têm no prato, especialmente se o almoço é grátis.
 



Vistas da sweet spot as Maxx são imponentes

 


A verdade é que depois de uma época de ouro, nos anos 80/90, a evolução do áudio tem sido lenta e não acompanhou a da imagem. Ainda me lembro de ficar de boca aberta quando ouvia as Apogee, Magneplanar, Wilson, Goldmund, etc. Aquilo até provocava arrepios! Será que hoje sofremos todos daquilo a que Ricardo Franassovici, na sua linguagem colorida, chama de “inverted snobbery”? Primeiro gabamo-nos de ter ouvido os melhores equipamentos de som do mundo, depois quando a experiência se vulgariza começamos a achar que dá mais prestígio dizer mal...
 

 


Monoblocos Krell Evolution 900

 


Durante mais de uma década, a Krell e a Wilson formaram a parelha mais famosa dos shows internacionais. O excesso de exposição mediática acabou por os transformar no bombo da festa - literalmente, pois nenhum outro conjunto reproduz o impacte visceral da percussão como este. Qualquer aspirante a crítico sabe que a melhor forma de ganhar nome é dizer mal de tudo o que os outros dizem bem: mostra pretensa coragem e independência, em especial quando não prestam porque estão verdes, como na fábula da raposa e das uvas. Quem são os jornalistas mais famosos? Os que arrasam tudo e todos na televisão e nos jornais ou os simpáticos?
 

 


Wilson Maxx II

 


Peter Aczel é o mais acerbo crítico das Wilson Maxx e não perde a oportunidade para desancar nelas: que o tweeter de cúpula invertida é um erro (a Maxx II usa um novo tweeter); que não utilizam verdadeiras unidades de médios; que os altifalantes não estão todos ligados em fase; que não têm extensão de grave; que não justificam o preço, etc. para no fim admitir que nunca as ouviu...



Peter tem um curriculum técnico invejável e algumas das suas críticas são pertinentes. Mas tudo se desmorona quando admite que nunca as ouviu e está a falar de cor. É um pouco como alguém olhar para uma abelha e afirmar que tem asas mas nunca poderá voar porque tem erros de concepção dinâmica. Acontece que a abelha voa - e bem. E produz mel...
 
 

Luís Campos - o mestre de cerimónias


Todas as colunas Wilson são fortemente personalizadas - e as Maxx não são excepção. São a consecução de uma determinada concepção de som - a de Dave Wilson. Goste-se ou não, a verdade é que poucas colunas de som no mundo são capazes de reproduzir simultaneamente o poder visceral - raw power - de um PA de concerto ao vivo e a delicadeza de um quarteto de cordas; a presença - in your face - de um registo “em cima”, como se o cantor tivesse engolido o microfone, e a largura e profundidade de um palco habitado por 100 músicos distintos tocando instrumentos que vão do pífaro ao tímbale. Ou que produza um contraste tímbrico tão marcado entre a voz de Katia Guerreiro e a de Ney Matogrosso. Lábios de mel...


 


Highend 2007 Porto: Quadros De Uma Exposição Parte 3: Krell/wilson


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