A iniciativa rara nos meios audiófilos consiste em juntar num mesmo espaço, em ambiente de leilão de arte, 200 convidados com potencial económico para as comprar, vindos de toda a Europa a convite dos respectivos distribuidores. Por potencial económico, entenda-se pessoas que possam dispor alegremente de uma quantia que ronda os 100 000 euros para ouvir música em casa, isto, claro, não contando com a restante “aparelhagem”, porque elas não tocam sozinhas.
Se você, caro leitor, é umas destas pessoas, só tem de contactar o distribuidor nacional (Videoacústica) para saber se ainda se pode candidatar a uma viagem a Berlim com hotel incluído (não precisa de levar já o livro de cheques...).
A KEF Muon, a obra prima do famoso designer industrial britânico Ross Lovegrove, lembra uma escultura abstracta em alumínio polido de Henry Moore, com dois metros de altura e 115 quilos de peso, segundo a regra central do Modernismo de que a função determina a forma. O corpo curvilíneo e sedutor das Muon permite ao som acariciar a pele brilhante e macia da superfície sem encontrar obstáculos que produzam distorção por efeito de difracção. E o que se ouve corresponde ao que se vê: uma coluna enorme e pesada mas que soa leve, ágil, elegante e pouco intrusiva.
O génio de Lovegrove criou um objecto com forte sensação táctil, que parece mover-se à medida que a observamos de vários ângulos, como se fosse construída de mercúrio, como o robô assassino de Exterminador Implacável. Com uma diferença fundamental: as Muon são fonte de vida e alegria, de música, de prazer, e de um desejo incontrolável de as ouvir tocar. E de as abraçar no fim, tal a sensualidade das formas.