É preciso que algo mude para que tudo fique na mesma. Ou como escrever de forma diferente sobre algo que é igual. Comecei pelo Venetian para evitar a confusão da Feira, onde a Panasonic deu cartas ao exibir o primeiro plasma do mundo com menos de uma polegada de espessura e 150 polegadas de diagonal. Depois disto, os amplificadores a válvulas, que tenho para vos mostrar, deviam fazer parte de um filme dos Flintstones. E o mais curioso é que ninguém parece dar por isso. Nem eu. Ou então estamos na fase freudiana de negação. A prova da crise é que até no highend o que está a dar são as Ipod Docks...
Las Vegas nunca é igual. Há sempre um hotel novo, um edifício que ainda o ano passado não estava lá. Os espectáculos, esses, mantém-se em cartaz anos a fio, com salas sempre esgotadas. No Venetian, no High Performance Audio, que é o nome pomposo que dão na CES ao Highend, as novidades também eram poucas e o público ainda menos. Havia salas onde as únicas almas penadas presentes eram os próprios distribuidores ou fabricantes, a maior parte asiáticos fugidos do The Show, em busca de uma vida melhor. Nem mesmo a oferecerem comida e bebida convencem os visitantes a ficar. Não admira, pois, que houvesse até quem queimasse velas de incenso, ou colocasse à porta uma senhora provocadora sem resultado: cheguei a pensar que ela estava a convidar os passantes para a cama. Afinal era a mulher do criador, quer dizer, do criador das colunas que estavam a tocar lá dentro no quarto, claro. O outro há muito tempo que não vem a Las Vegas, que é mais território do pecado e do Diabo.
Quando verifiquei que podia fazer a maior parte da reportagem utilizando as fotos e os textos do ano passado, que ninguém dava por isso, lastimei-me por ter voado de tão longe, ainda por cima constipado e maltratado pela Continental que, com o voo marcado há 6 meses, e as viagens pagas há pelo menos dois meses, chegado a Nova Iorque com a TAP (está melhor que o ano passado), devido a overbooking descarado, teve o descaramento de me dizer que eu não tinha lugar no voo para Las Vegas. Levaram com a artilharia toda, claro. Estes Americanos são loucos! Lá me arranjaram lugar, não sem antes terem expulsado do avião dois outros compatriotas nossos a troco de um punhado de dólares, um deles de nome Ribeiro, a quem daqui agradeço ter trocado de lugar comigo para poder ficar sentado ao pé da minha esposa.
Mas com algum esforço e perseverança há sempre no Venetian algo de novo para mostrar aos leitores do Hificlube. Aqui vai uma primeira selecção de novidades. O resto, salvo as raras excepções em que passei de lado, por não me terem despertado interesse, já foi divulgado ou na reportagem da CES 2007 ou no Highend 2007, o de Munique e o do Porto, que continuam disponíveis online na integra.
ADVANCED ACOUSTICS
Finalmente, o tão esperado conjunto transporte/conversor com upsampling e andar de saída a válvulas está pronto para ser comercializado. Foipreciso esperar três anos. Ou adiantaram-se na divulgação ou é algo de muito adiantado em termos tecnológicos.
ARS
O Emitter Blue Executive surgiu em Las Vegas na versão B, com nova placa de circuito de circuito a ouro e fonte de alimentação redesenhada.
CONRAD-JOHNSON
Quatro novos modelos, entre eles o prévio ET2 Enhanced Triode Preamplifier, para quem não pode chegar ao ART.
ESOTERIC
Model A-100, finalmente o amplificador a válvulas highend que a Delaudio procurava para alimentar as Monitor Audio PL300. E vem com um prévio C-03 a condizer.
HOVLAND
O prévio na foto fully balanced (ainda sem nome próprio) foi criado para fazer par com o amplificador Hovland Stratos.
GALLO
As Strada são uma estrada aberta para o som de cinema, algures entre as Diva Ti e as Reference AV.
JEFF ROWLAND
O regresso ao highend puro com o prévio (alimentação a baterias) Criterion e o amplificador integrado Continuum.
LYNGDORD
Processador AV para oito canais e TDA-2300 amplificador digital modular.
MCINTOSH
O MT-10 não será o gira-discos dos meus sonhos, mas a coerência estética da marca é inegável. Os genes do Mac estão todos lá.
NUFORCE
Sistema de mesa Icon-1 e colunas S-1: um som incrível por um preço ainda mais incrível. Menos de 200 dólares pelo amplificador e outro tanto pelas colunas.
PASS
Primeiro integrado da marca: INT-150, baseado no X-150.5
PATHOS
Twin Towers, que eu testei com prazer há uns bons anos, foi reeditado na versão Anniversary.
PRIMA LUNA
O inevitável acontece. A série Dialogue segue as pisadas dos Prologue e lança os Modelos 4 (estéreo) e 5 (monoblocos).
Novidade ainda é a entrada da Prima Luna Hedo no território do solid state a preços da China e com um design a lembrar os Classé. Vai ser tudo à volta 700 euros a peça.
PROAC
ProAc D2 e Tritower
Response D2 e as novíssimas TriTower, estilo slimline. Tem 3 unidades de graves, um médio e um tweeter soft dome. A sensibilidade é elevada: 90dB. Sobre a base de metal tem 1, 10 m de altura, por 14 de largura e 17 de fundo.
SHANLING
O desenvolvimenrt da economia chinesa não faz só aumentar o preço do petróleo. Em parceria ou individualmente são cada vez mais as marcas chinesas a entrar no mercado de highend americano. Se juntarmos a isto o facto de Barak Obama estar a sair-se bem nas eleições, algo está a mudar na sociedade americana. No melting pot americano os wasps estão a perder a maioria. No áudio também. Este é o novo leitor CD Shanling MC3000.
UNISON
70 W, Classe AB, push-pull Ultralinear c/ um tradicional conjunto de válvulas ECC83/12AX7/KT88. O painel frontal do P70 é fabricado em cristal de Murano/Veneza. Lindo é dizer pouco...
WADIA
O iTransport 171 custa apenas 350 dólares e tem a capacidade para ir buscar o sinal ao iPod (acordo com a Apple) antes dos conversores e servi-lo sob formato digital a outro conversor externo. Também pode funcionar com vídeo tal como o Meridian mas a imagem que eu vi fica a léguas do Meridian. Contudo a ideia é poder trabalhar também com sinais digitais de alta resolução, o que não era o caso na CES (video composto). A versão estilo LA street racer não está à venda, foi pintada só para a CES.
IR A ROMA E NÃO VER O PAPA
Uma constipação forte e feia - made in Portugal -, que se agravou com o tempo instável e os ainda mais instáveis ares condicionados de las Vegas, impediu-me de estar presente a tempo e horas em duas das mais importantes apresentações 'hors-concours' da CES 2008, no recato luxuoso da Hotel Mirage: VIVID AUDIO GIYA e WILSON AUDIO THOR HAMMER. Mas eu não podia deixar os leitores no escuro, pelo que aqui vai alguma informação já disponível na Net. Isto de ir a Roma e não ver o papa...
VIVID AUDIO GIYA
São o regresso de Laurence Dickie à origens Nautilus. Tal como estas parecem um ser de um filme de ficção científica. O caracol enrolado no topo é o final do tubo de carga dos dois altifalantes de graves montados lateralmente, numa configuração Isobarik. A Giya não tem a beleza e a elegância das Nautilus, mas a avaliar pelo som dos outros modelos da Vivid, não ter conseguido ouvi-las é algo que não perdoo a esta maldita constipação.
WILSON AUDIO THOR HAMMER
O martelo de Thor é mais uma viagem de Dave Wilson ao centro da terra em busca da oitava perdida. Thor fica algures entre o Watchdog e o gigante XS. Pesa 200 quilos e tem cerca de 1, 50 m.