A PAUCA SED BONA
Fui bem recebido com genuíno interesse audiófilo. Ouvi LPs audiófilos, num gira-discos Kuzma, incluindo o Track Record, um direct cut da Sheffield Labs, que é já uma peça de colecção, numas Monitor Audio 1200 (!), alimentadas por um amplificador a válvulas Pure Sound.
E fiquei a saber que a Kuzma é mais uma marca que faz parte do portfolio da Ajasom...
AJASOM/RB TURNTABLES
Já tinha estado no quarto do Rui. Um quarto com vista sobre a cidade. Com um cartaz que garante o futuro do Lp por pelo menos mais um século. O Rui e a Carla recebem sempre bem. Com cálices de LP vintage. Eu creio que é, de facto, uma questão de kharma. Tudo soa bem com o Rui aos comandos. Até as lilipputianas Morel. Talvez porque a Unison tem a arte da volumetria dos sons. Ou porque o Rui é um dos eleitos de Deus. Assim ele lhe desse saúde, como ele dá aos gira-discos...
ARTAUDIO
No bArtaudio vivia-se uma confusão saudável. Pessoas para lá e para cá, gente que conversa sobre tudo e nada (sobre as novas B&W CM 5 e 9, por certo), casais de fim-de-semana interrompido, elas tolerantes, eles entusiasmados, crianças que brincam, música que se ouve, jazz que se vê. Easy, baby. E o Alberto desmultiplicando-se no atendimento, nas explicações, nos sorrisos. A foto é caótica. Do caos pode nascer a harmonia. O vídeo, que podem abrir nos Media, retrata o ambiente que se vivia por lá.
No Domingo, voltei ao local do crime, e encontrei-me com Tube Dude (les beaux esprits...). E conversámos um pouco sobre esta paixão pelo áudio que nos consome por não ter fim, e nos dá prazer sem fim até ao fim...
AUDIOELITE
Já tinha gostado das Revel Salon II, na sua primeira apresentação em Portugal, no Hotel Corinthian, quando do 1º Aniversário da Audiomania. O que então escrevi sobre elas continua a assentar-lhes como uma luva, apesar deste quartinhos cúbicos do Villa Rica serem “aconchegantes”, sobretudo para quem lá dorme e para as ondas estacionárias abaixo dos 100Hz.
É uma coluna neutra sem colorações de caixa, com um som robusto e um médio -agudo fabuloso, ideal para obter o máximo da riqueza de pormenor do leitor CD/SACD da Emm Labs. O Jorge Gaspar como sempre escolhe música com arte e evidente prazer.
No Domingo, a Flauta Mágica soou...mágica. E o som da celesta (um instrumento musical de percussão semelhante ao piano de apenas cinco oitavas com um som metálico) podia-se mastigar. No Sábado, Carreras cantara Mi Navidad como nos velhos tempos: ah, aqueles pianissimi, aquelas inflexões vocais...
AUDIOTEAM
Só vejo o Jorge Alves uma vez por ano, no Hifishow, na “sala de fumo” do Villa Rica. Minto. Vejo-o muitas vezes na televisão, não a falar da Rega mas da Cril, ou será da Crel? Da Krell não é certamente e a Cril não soa assim...
O som Rega é simples como tudo o que é natural. Dá para conversar sem incomodar. E não é isso no fundo o que se procura nos “shows”: rever os amigos, trocar impressões, falar de tudo menos de bola e política? Vi por lá o Fernando Salvado, um globetrotter do som como eu.
E o Jorge Cabral que se reconverteu ao vinil, agora que comprou um SME. Il n’y a plus rien?...
CENESTESIA
As Martin Logan CLX, com fontes Esoteric e SME e alimentação Pass Labs eram a estrela mais brilhante do Hifishow. Até pelo tamanho e preço. Não tenho muito a adiantar ao que já escrevi sobre a estreia mundial, no Highend 2008, Munique. Apenas que gostei mais de as ouvir sempre que a fonte era o LP. E que os Pass se portaram à altura das circunstâncias.
DELAUDIO
Delfim Yanez apresentou um espólio digno de um rei. Espalhado pelo chão sobre um tapete branco de neve, como no tempo dos romanos. Ai, dos vencidos! Os Pass Labs não fazem prisioneiros. As Monitor Audio Platinum foram finalmente libertadas e podem mostrar o seu real valor. Em relação ao ano passado, só os Pass são novidade. E a diferença ouve-se. Saiu de lá muita gente passada...
DELMAX
Quarto cheio de gente atenta e reverente. Fiquei sentado de lado. Não perdi nada, porque, de repente, as Magico deram um “show” de magia negra: Buika de seu nome. É equatoriana, vive em Espanha.
Negra. De corpo e alma. Vulcânica. As palavras saem em brasa de dentro dela. De dentro das Magico. Volver, volver. La Bohème. Caramba, Luís, se um bom sistema é o que deixa passar a emoção, aqui as comportas estavam abertas de par em par...
Voltei lá para a ouvir no Domingo. Buika tem voz de lava incandescente. Ao lado, alguém comentou: tem voz de copos... A chacun son goût...
Na 2ª sala Delmax logo ao lado, ouvia-se um conjunto simples composto por electrónica Audio Analogue e Sonus Faber Cremona Auditor. E apesar dos quartos cúbicos terem tendência para reforçar os graves, não sei se não foi o som mais confortável, leia-se menos hifiish que ouvi no Hifishow. Sobre o cremoso, mas sólido, cheio e encorpado. De ouvir e chorar por mais...
DIGIBIT
Rogério Neiva, que conheço apenas das andanças e correspondências audiófilas, apresentou-me pessoalmente um engenhoso servidor de música, nas versões Sonata Micro (até 1 000 CD em formato FLAC) e Sonata One (até 9 000 CD em formato FLAC).
O Sonata suporta todos os formatos de alta resolução 24bit-96/192kHz e a digitalização de CDs é automática ou com pré-carregamento. O ecrã é táctil e a organização dos ficheiros pode ser feita segundo vários critérios em 12 campos distintos: género, compositor, intérprete, etc. E é compatível com iPOd, iPhone e PDAs. Interessante. A manter sob escrutínio activo.
G&P AUDIO
Luís Pires faz mais uma homenagem à cidade que ama. As Alphama são a versão bairrista das Olissipo. E tal como o bairro que lhes deu o nome precisa ainda de alguma afinação. Foi fácil ligar os médios e os agudos, o Luís já lhe apanhou o jeito. Mas a zona de transição grave/médio precisa de “intervenção social”. O grave mete-se onde não deve: no peito dos sopranos. Refiro-me à caixa torácica. Nada de grave. Basta ajustar o decote. Hoje, Domingo, já devem soar diferentes. O Luís é assim. O fado nasceu vadio e hoje canta-se no Carneggie Hall. E ainda vão ouvir falar de Alphama em Nova Iorque...
No Domingo, Luís Pires já tinha rectificado um problema técnico (bobinas) e o som estava mais composto. Ainda precisa de alguma afinação, mas já está no bom caminho...
Bem afinado estava o tinto do Douro que me ofereceu e que já bebi à sua saúde. Já passaram 10 anos?!...
MAGMEDIA
Depois de anos ao serviço da Esotérico, Artaudio e Videoacústica, o Francisco Ribeiro decidiu trabalhar por conta própria. A Magmedia é distribuidora de acessórios vários relacionados com áudio, vídeo, electrónica e informática. O Hificlube deseja-lhe felicidades.
MAQUIMSOM
Em exposição activa, ouvia-se um par de Monitor Audio Bronze Ref.1 com amplificação e fonte Advance Acoustic. Em exposição estática, as novas Radius HD para aplicações AV tipo lifestyle.
SONY
O projector VW80 é um excelente produto. Mas não basta ter bons produtos. É preciso uma boa encenação para o apresentar. O stand da Sony esteve quase sempre vazio. E foi pena: a imagem até é boa. Ou as minhas câmaras não fossem todas Sony...
TRANSOM
O Rui estava cansado. Mas feliz com os resultados. Não é fácil transportar, montar e afinar numa noite um sistema AV complexo composto pelas colunas de encastrar (incluindo os “subs” com amplificação e igualização independente a pedido das donas de casa) B&W CT700 Custom Theater, aqui montadas em campo livre, processador Classé SSP800 c/ 7-canais de amplificação Nuforce em Classe D.
O projector Planar (dos criadores da Runco) tem uma imagem soberba (o vídeo que podem abrir nos Media não lhe faz justiça, é apenas ilustrativo). O SACD está para o CD como o Blu-ray está para o DVD. Só que é mais fácil ver as diferenças que ouvi-las. Gostei de ir ao cinema na Transom e de rever Tony Bennett em dueto com Diana Krall, num Blu-Ray que comprei em Las Vegas, recomendado por... you know who... o Rui himself!
Voltei lá no Domingo. O som e a imagem ainda estava melhor que no Sábado. E gravei mais um vídeo. Desta feita com Elton John...
VIASONICA
Mudaram o lay-out da sala. A minha foto publicada nos 'Ficheiros Secretos' já não corresponde à realidade. Adoro o som de piano reproduzido pelas “Diamond”. Os tríodos da Conrad-Johnson ajudam, claro. E fico sempre espantado pela qualidade harmónica do grave de uma coluna tão pequena. E aquele tweeter parece de plasma...
A iPod dock da Wadia deixou-me perplexo. Eram ficheiros MP3 ou WAV? FLAC? O som de Hugh Masekella soou algo comprimido. Já Patricia Barber soou bem. Preferi o CD a la Nagra. Mas não apostava a minha vida numa comparação cega. Eu, que fui o primeiro a vê-lo, vou ser o último a testá-lo?...
ZENAUDIO
O Miguel encontrou o seu caminho zen. Quem mais mistura assim clássica com fado? Ou traz para um “show” um registo original do Coro da Fundação Abel Salazar? Ou se arrisca a ter como fonte um PC num “show” audiófilo?
Gostei das Xavian Mediterranea. Em especial do equilíbrio tonal, com um tempêro muito...mediterrânico: suaves como a seda do tweeter, quentes como as águas do Mediterrâneo, com a imagem estereofónica a aproveitar bem a vantagem do porte esbelto.
Nota: nos Media os leitores podem abrir vídeos (de baixa resolução e obtidos em más condições) meramente ilustrativos do que se viu e ouviu em algumas das salas. Para aumentar basta clicar com o botão direito do rato sobre a imagem, e seleccionar depois com o esquerdo zoom/full screen.
Hifishow 2008: os leitores podem ler outros artigos sobre o Hifishow nas secção Artigos Relacionados