Não vamos falar da imagem: o ecrã é gigante, tão gigante, aliás, que, mesmo na última fila, quem não dominar o inglês tem de optar entre ler as legendas ou ver o filme. Mas até aqueles que, como eu, entendem o que eles dizem têm, por vezes, de se socorrer das legendas para perceber aquela filosofia barata do filme que serve de separador às cenas de acção. Isto porque o som estava tão alto, tão distorcido e tão colorido, para realçar as explosões e percussões, que os diálogos se perdem – felizmente, pois não passam de conversa fiada – naquela sopa de distorção harmónica.
Suspeito que o Cavaleiro da Trevas foi enviado para nos impedir de chegar ao Graal. Não admira que seja cada vez mais difícil convencer os jovens até aos 35 anos - idade limite legal para receber subsídios do Estado – para as vantagens do som highend. Nenhum deles conseguiu perceber onde estava a graça das Quad 2905. “Isto é chocho, parece um pãozinho sem sal, uma cola sem gás”. E a lista podia continuar: um hamburguer sem ketch up, café sem açúcar, água sem sabor...
Será que estou condenado como S.to António a pregar aos peixes? Será que, ao tentar salvar o mundo do mau som, vou ter de me “mascarar” como Batman? Ou o mundo do áudio já não tem salvação e é Joker quem tem razão: tudo isto não passa de uma piada de mau gosto?...