Publicidade 2011 Audioshow 2011_parte 1: Os Pesos-pesados mar 23, 2011 por José Victor Henriques comentários Veja o slideshow em HD (1080p) full screen. Utilize Pause para se deter numa fotografia em particular. Nota: fotos de alta definição obtidas com uma câmara Sony SLT_A55V Veja o videoclip em HD fullscreen. Utilize auscultadores para melhor apreciar a qualidade do som. Só agora tive tempo para alinhavar alguns comentários sobre o Audioshow 2011. Achei que seria mais interessante proporcionar de imediato aos leitores as imagens, com som original captado in loco, de forma a poderem formar a sua própria opinião. Desse modo, já teriam elementos informativos para, de alguma forma, rebater as opiniões alheias, incluindo a minha. É curioso como, com uns bons auscultadores – e não estou a falar dos famosos STAX, de que darei notícia lá mais para a frente, basta uns earphones da Denon, como os que estou a utilizar enquanto escrevo -, é curioso, dizia eu, como é possível ouvir nos videos que disponibilizei, não só o som dos sistemas como o som das salas. Pode-se assim distinguir o trigo do joio, embora eu tenha ouvido trigo, onde alguns audiófilos, porventura bem mais experimentados que eu, só terão ouvido joio... Dei uma volta pelos fóruns, onde nunca sabemos quem está escrever, salvo honrosas excepções, de participantes que conheço pessoalmente, admiro e estimo, pelo que tanto pode ser a concorrência disfarçada, como um juiz em causa própria, e li muitas queixas: das salas, dos discos, das ressonâncias, do som demasiado alto, da compressão, da distorção, da audição em geral, ou falta dela. E muitos elogios nem sempre os mais judiciosos. Nós, os Portugueses, somos assim: lamurientos, opinativos, críticos, mas pouco dados à cultura e à formação. Passamos rapidamente do quotidiano mesquinho do rádio a pilhas para a análise arrogante e definitiva de sistemas de som de elevadissima qualidade, que passaram os mais exigentes testes da crítica internacional, com a mesma facilidade com que debitamos técnicas e tácticas sobre futebol na mesa do café. Arrasamos a equipa adversária, sem necessidade de verter uma gota de suor, e partimos para outra contentinhos da vida. Vamos deixar de parte as desculpas habituais dos distribuidores, fabricantes e críticos, que os visitantes também já adoptaram inteligentemente: as más condições acústicas das salas, os sistemas quentes e frios, verdes e queimados, cabos não sei quê, que custam tanto como um apartamento em Alcochete, e discos capazes de vender um carro só por causa do som do caraudio, ou de fazer fugir Lázaro ressuscitado. Até porque tudo isto pode ser verdade, e cada um pode utilizá-lo como argumento valorativo mas também como desculpa esfarrapada. O fundamental da minha análise, tão subjectiva como qualquer outra, logo pessoal e intransmissível, exige que se separe, não trigo de joio, mas “pesos-pesados” de “pesos-médios” e “ligeiros”. Também é assim no boxe e no judo. E, hélas, apesar do civismo aparente, o highend, sobretudo, é muitas vezes um verdadeiro campo de batalha. Comparar o sistema TAD ou Audio Research/Wilson com o Primare/Magnepan ou RB/Xavian, todos eles recomendáveis sem reservas, como se fizessem parte do mesmo campeonato, é, no mínimo, anti-desportivo. Mesmo quando há quem intimamente deseje que David vença Golias, isso só acontece nos contos de fadas. São os mesmos inconfessáveis românticos que acham que se fazem revoluções bem sucedidas pelo Facebook. AJASOM Estive tentado a inscrever o sistema dCS/Soulution/Vivid na categoria de “pesos-médios”. Não pelo “peso” específico da electrónica complementar, que é do mais alto nível e claramente de topo, mas pela “leveza” do som, tanto na forma como no conteúdo. As Vivid G2 conseguem impor-se visualmente pela imagem exótica, quase surrealista, ao mesmo tempo que cumprem o proverbial “vanishing act” como qualquer extraterrestre que se preze. Já sabemos da precisão científica da conversão dCS (ver teste do trio Scarlatti) e do contributo emocional da Soulution, que eu reputo de “solução anímica”, mas que tem também o senso rítmico da música “soul” – um dos nomes mais bem conseguidos para uma marca highend. Falemos, então, do aporte musical de mais esta obra prima de Laurence Dickie, apresentada na CES 2010, numa rave party bem regada, a que tive o prazer de me associar como convidado. Não na “rega”, sou abstémio quando estou de serviço, mas na audição, na qual me perco como um verdadeiro audiólico. Depois disso, voltei a ouvi-las, basicamente na mesma configuração, na apresentação nacional da Ajasom, no hotel Sheraton, de novo em Las Vegas na CES 2011 e, agora, no Villa Rica, que era de 3 estrelas com o Highend Show, e passou a 5 estrelas (refiro-me aos preços cobrados pela organização) com o Audioshow, oferecendo, contudo, as mesmas condições... De todas as vezes, deu o que é costume, como no poema de Gedeão: um som com uma excepcional precisão de fase, que nos permite focar os diferentes elementos sonoros no espaço virtual sem hesitações ou ambiguidades. Diz-se da fase (ver entrevista com Hans-Ole Vitus) que é mais importante que a distorção, no caso dos amplificadores. Pois eu digo que pode ser mais importante que a resposta em frequência, no caso das colunas. Apesar das curvas, as Vivid G2 não exibiram o mesmo peito opulento e as “ancas” de outras performers, que actuaram no palco do Audioshow, mas a música é apresentada com um lirismo acústico cativante, ao mesmo tempo que reproduz as cambiantes dinâmicas, macro e micro, e “dispara” trasientes limpos com elevado factor de surpresa, sem o “boleamento” provocado pela difracção típica das colunas de caixa convencionais. Oiça-se a guitarra de Mark Knopfler, no videoHD abaixo, para se perceber onde quero chegar. E vou mais longe: este branco pérola é a cor perfeita para as G2: dá-lhes uma imagem de “aparição”, algo que, de tão “fantasmagoricamente” perfeito, chega a assustar. Merecem ser...eh... investigadas em privado. IMACÚSTICA A Imacústica é, por si só, um dos “pesos-pesados” da distribuição de highend em Portugal. As marcas que representa são tantas e tão boas que dificilmente pode apresentar um mau som, qualquer que seja a sala. Desta feita, apresentou-se em três frentes, mas apenas duas na categoria máxima: SME/AR/WILSON Junto com as TAD, as Sasha, com quem, admito, vivi em delicioso concubinato durante alguns meses, daí a minha paixão por elas, presentearam-me com alguns dos melhores momentos sónicos do Audioshow 2011. Vou mesmo mais longe, nunca ouvi as Sasha tocarem assim, nem aquém nem além-mar. A tradição Krell/Wilson já não é o que era? Os AR (de que nunca fui particular adepto, excepto nos primórdios da minha carreira, quando casavam com as Magnepan nas saudosas Journées de la Haute Fidelité, em Paris) souberam extrair o que de melhor as Sasha têm: a complexa estrutura harmónica, que assenta na solidez da base rítmica, e confere o privilégio raro a todos os intervenientes em palco, vozes ou instrumentos musicais, de soarem como algo de palpável, tangível, real, sobretudo na grande gama média, onde há actualmente uma tendência para a anorexia tonal no highend. Permitam-me transcrever excertos da minha análise auditiva às Sasha (com amplificação Krell), que podem ler na integra aqui, aos quais os AR 210 acrescentaram, sobretudo na volumetria e na densidade específica dos sons, pelo menos mais um nível de excelência: A Sasha é a única W/P pela qual sou homem para me apaixonar. Consegue passar do pizzicato dos violinos à explosão massiva de uma grande orquestra sinfónica sem perder a compostura: sem compressão, sem dureza, sem agressividade. Continuam a ser as únicas colunas “domésticas” com capacidade para reproduzir a energia subjectiva de um concerto ao vivo. As vozes e os instrumentos solistas são apresentados com recorte e definição, e o corpo e peso específico respectivo no tempo e no espaço. Sorriem os violinos, choram os violoncelos, silvam os sopros, rasgam os metais, martelam os tambores. Tudo começa e acaba no tempo devido: sem overhang, sem arrastamento, sem ressonâncias espúrias e modulação intrusiva. O enfoque, estabilidade e especificidade da imagem da Sasha continuam a ter a mesma extraordinária precisão de sempre, mas é agora muito mais natural e tolerante quanto ao posicionamento do ouvinte na sala. O conceito de “tiro na testa entre os olhos”, que um dia utilizei, e que tanto incomodou David Wilson e Peter McGrath, não se aplica às Sasha. Os instrumentos já não se destacam tanto do espaço que os rodeia; o espaço faz agora parte integrante da imagem e o ar vibra em função do conteúdo O som dos meus videos é como o algodão, não engana. E se é verdade que um microfone amador não pode fazer justiça às Sasha (o baixo russo fê-lo entrar om overload ), foi o mesmo utilizado em todas as salas, pelo que é possível estabelecer uma comparação relativa. Utilize um par de bons auscultadores, e vai perceber que o vento pode levar as palavras, mas os sons perduram na nossa memória para sempre. E este é memorável. METRONOME/AR/D’AGOSTINO/MAGICO Q5 A este nível as diferenças existem mas são de centésimos, como nas provas de 100 metros. Só o nosso gosto pessoal pode afectar o nosso discernimento. Ouvi, convivi e vivi com as Sasha antes de conhecer as Magico Q5. Habituei-me ao jeito maduro de elas cantarem as coisas de que gosto como eu gosto. As Magico são mais modernas na forma de abordar a música que as Sasha. Têm uma musculatura notável e uma alacridade juvenil na voz e na tonalidade geral, que as torna mais rápidas, mas também mais tensas. High strung é a expressão que me ocorre por ter implicações psicológicas: são menos relaxantes na audição, mas também mais precisas no traço. Talvez porque o “metal jacket” não lhes permita vibrar de emoção e as mantenha no trilho da razão, a coberto de frémitos e ressonâncias de painéis de origem vegetal. Há nelas um desejo incontido de verdade, que se pode tornar incómodo ou empolgante consoante o disco. Lou Reed (ver video) que vos diga o que pensa sobre o assunto, se é que a dicção pausada da sua voz de barítono não é evidência mais do que suficiente. Uma das colunas mais rápidas e dinâmicas do actual panorama audiófilo mundial. As Q3, que ouvi em Las Vegas, juntam a isto uma tonalidade mais...eh...meridional. Mantenha-se na expectativa, e não sairá defraudado quando elas chegarem em breve à lusitana praia. ULTIMATE AUDIO A Ultimate está a tornar-se um caso muito sério nos meios audiófilos nacionais. Só a coragem de apostar em tempo de crise na importação de equipamento highend, aumentando a oferta num país onde a procura está circunscrita a um nicho de mercado, mostra já a fibra de que são feitos o António e o Miguel. E o facto de contarem com a colaboração de Rui Calado é uma mais valia, cujos resultados se tornam cada vez mais óbvios, à medida que a experiência de expor e demonstrar se acumula. Que nem a presença de Andrew Jones ofuscou... A Ultimate apresentou-se em duas frentes: KUZMA/TAD/VITUS/EVOLUTION ACOUSTICS Admito que fui apanhado de surpresa com a presença em Portugal das colunas Evolution, principais responsáveis por um dos melhores sons a que “assisti” no The Show 2010, em Las Vegas. Desta vez, só não considero ser esta a melhor sala da Ultimate, porque ao lado actuavam as TAD... Voltei a preferir o som digital (TAD) ao som analógico (Kuzma). Soou-me mais uniforme, encorpado e coeso. Com o Kuzma havia mais informação musical mas também mais mecanicidade. Entendam-me: não me refiro a um estalo ou outro do Lp ou ao ligeiro fritar em lume brando, que a este nível de reprodução são quase dispiciendos. Refiro-me ao silêncio de negrume do TAD, que me faz lembrar o da tecnologia K2, utilizada no saudoso e descontinuado Reimyo CDP-777. Claro que o Lp continua a ter um estranho sortilégio que o nosso cérebro percebe como natural, e o registo video que vos ofereço abaixo tem essa natureza sonora única. Oiçam o decay das notas do baixo que marcam o tempo bluesy, e deixem-se mergulhar no azul do vasto oceano acústico proporcionado pelas Evolution sob o controlo dos excelentes Vitus. Hans Ole Vitus A entrevista exclusiva a Hans Ole Vitus que se segue vai ajudá-los a perceber de onde vem esta notável força interior e esta prova de vida. TAD/ANDREW JONES Tenho sistematicamente elogiado o trabalho de Andrew Jones, aos comandos da TAD, em Las Vegas. Em Lisboa, mesmo descontando a falta de beleza e a acústica da sala, quando comparada com a do Venetian, o som esteve basicamente ao mesmo nível. Não pretendo aqui dar largas ao provincianismo bacoco, elogiando Andrew Jones, como se fosse o único bom demonstrador presente, só porque fala inglês (há quem prefira os críticos anglosaxónicos só porque escrevem em inglês...), quando no mesmo certame estavam presentes pessoas como Rui Calado, Guilhermino Pereira, Luís Campos e Alberto Silva, só para citar alguns. Mas não há dúvida que “the source is everything”, e Andrew foi portador de algumas das suas famosas “master tapes” analógicas e digitais, presenteando-nos com verdadeiras jóias raras às quais eu bem gostaria de ter acesso... O som foi invariavelmente de grande qualidade audiófila e prova que um Apple pode ser um transporte digital que pede meças aos melhores leitores-CD. Tal como o Lp, a fita magnética continua a ter “um-não-sei-quê” que cala forte na nossa alma analógica. Mas o futuro esteve ali o tempo todo perante os nossos olhos: matrizes digitais de alta resolução disponíveis na internet. AUDIOSHOW 2011_PARTE 2: MEIOS PESADOS AUDIOSHOW 2011_ PART 2: MIDDLE HEAVY Audioshow 2011 parte 1: Os Pesos pesados Continuar a ler