Espaço aberto da grande feira do Highend, no M.O.C., de Munique
O Highend Show de Munique continua a ser o maior e o melhor show de áudio especializado da Europa. A crise parece ter afectado mais os fabricantes dos países periféricos que a indústria alemã, embora tenha sido notória uma diminuição de visitantes este ano.
Em tempos de crise, o áudio não é uma prioridade e, apesar de tudo, a crise económica europeia faz-se também sentir na Alemanha, pelo menos a um nível psicológico. Os alemães também esperam para ver: será que vão ficar no Euro sozinhos na final por falta de comparência dos restantes países, que vão saindo um a um por exaustão?
Refiro-me à moeda, porque o Euro do futebol, esse, é muito provável que volte também para a Alemanha. Num país onde até os clubes de futebol, como o Bayern, mesmo quando perdem por penáltis, não só dão lucro como não têm dívidas aos fornecedores e ao fisco!, não admira que tudo o resto seja bem gerido...
É que alguns distribuidores alemães, de marcas tão importantes como a Martin Logan, McIntosh e Wilson nem se dignaram comparecer. E outros houve que aproveitaram o facto de o circo estar na cidade para se reunirem no Hotel Marriot, onde as salas são melhores e os preços mais em conta. Eu não disse que eles eram bons gestores?...
Claro que a crise não impede os fabricantes de apostar em colunas de som de 150 000 euros com colocação garantida nos mercados emergentes da Ásia onde, quando não são suficientemente caras, os distribuidores pedem para dourar a pílula, literalmente, pintam-nas de dourado!...
Assim, o M.O.C., uma espécie de Pavilhão de Congressos e Feira, torna-se, durante cinco dias, num jardim zoológico de espécies raras audiófilas, ondem não faltam gira-discos analógicos, que custam mais que um BMW da Série 7 artilhado. Isto na era do streaming e dos computadores como fonte privilegiada de música digital.
A Alemanha é o maior mercado audiófilo europeu. Há marcas que vendem mais aqui que em todo o resto da UE por junto. Não admira que o Highend seja o palco ideal para apresentar novos produtos e novas tecnologias.
Por outro lado, é também o último reduto dos “moicanos”, os audiófilos fundamentalistas que passam horas a ouvir palestras sobre as vantagens dos produtos mais mirabolantes, cujos efeitos práticos na qualidade do som exigem mais fé que razão, embora se apresentem com argumentação científica irrefutável. Para um repórter sobre o fio da navalha, o tempo que se perde até se dignarem dar-nos música para ilustrar os vídeos chega a ser exasperante.
No Highend Show, há de tudo: coisas esquisitas com som fantástico, coisas fantásticas com som esquisito, coisas esquisitas com som esquisito e coisas fantásticas com som fantástico. E o Hificlube, que não é esquisito, mostra-lhe de tudo um pouco: havia 300 expositores e 1 500 produtos expostos!
Os vídeos que o Hificlube publicou ao longo das duas últimas semanas saão a prova documental. Agora pode revê-los com mais calma. Só tem de voltar atrás e seguir o caminho das pedrinhas, clicando nos Artigos Relacionados que mais lhe interessam, ou desfolhando o livro da Feira, desde a Abertura, capítulo a capítulo até ao epílogo.
E vi lá gentes de todo o mundo, de Portugal também, pois claro, este ano mais preocupadas que felizes. E muitos alemães e alemãs. Gente feliz sem lágrimas e com dinheiro para gastar em coisas que nos deixam a nós, Portugueses, de lágrima ao canto do olho...