Conheci Dieter Burmester no Highend Show, onde mais poderia ser, sendo ele a principal figura do áudio highend alemão? Quando o show ainda se realizava em Frankfurt, no requintado ambiente do Hotel Kempinsi. Era, então, apenas uma relação profissional. Ele era um importante fabricante de componentes de alta fidelidade, e eu um repórter deslumbrado, vindo de um país periférico onde nada se produz. Já não sei bem o ano do nosso primeiro contacto, mas foi ainda no século passado. A foto em cima é de 2002, em Frankfurt, e tirei-a a um Dieter sempre simpático e sorridente, depois de uma demonstração memorável da qualidade do som do sistema Burmester.
A partir daí, encontrámo-nos muitas vezes: em Frankfurt, em Munique, depois de 2007 e, claro em Las Vegas uma ou outra vez. Tornámo-nos amigos, não pela intimidade social mas pelo contacto profissional frequente. Eu nunca perdia as demonstrações da Burmester, e ele nunca perdia a oportunidade de esbanjar comigo o seu charme, proporcionando-me audições privadas memoráveis, ou amostras de discos com a sua própria selecção musical.
Logo ele, que era também músico (tocava guitarra) e tinha pela sua correcta reprodução uma veneração quase religiosa. Tal como eu, Dieter começou por construir em 1977 os seus próprios equipamentos de som. Só que ele, sendo de uma país industrializado, fez disso um negócio rentável e do seu nome uma marca famosa; e eu, vindo de um país de poetas, tornei-me cronista do áudio e passei a assinar críticas ao trabalho dos outros.
Mas, apesar de ter publicado dezenas de artigos e fotos de divulgação sobre a Burmester, na imprensa especializada e, sobretudo, na generalista (DN/DNA), não me lembro de ter efectuado nenhum teste formal a equipamentos da Burmester, talvez por desleixo meu, talvez porque o representante da marca em Portugal nunca deu a devida importância ao Hificlube, pelo que passei também a relativizar a importância da sua actividade comercial nos últimos anos.
Mas nunca esqueci as amabilidades e palavras simpáticas de Dieter Burmester quando o nosso destino audiófilo comum se cruzou nas salas e corredores do M.O.C., de Munique, porque o homem será sempre para mim muito mais importante que a sua ainda que notável obra.
Requiescat in pace, Dieter. Ruhe in Frieden auf, mein Freund.