Estou feliz. Tenho finalmente uma página onde posso mostrar e guardar ao mesmo tempo a minha obra audiófila e o vasto acervo de artigos publicados em jornais e revistas ao longo de 30 anos.
Diz-se que ‘recordar’ é viver’. Discordo. Não é possível reviver o passado com a consciência do presente. A experiência dos anos passados impede-nos de sentir a mesma emoção perante o mesmo acontecimento, porque, entretanto, a vida ensinou-nos algo de diferente.
Mas é curioso como, ao ler-me, ainda sinto o que senti então, enquanto escrevia. Talvez escrevesse hoje de forma diferente, não necessariamente melhor, contudo o ângulo de abordagem dos temas por certo não seria outro.
Tenho orgulho no que faço e no que fiz em prol do áudio em Portugal. Nunca, ninguém, em parte alguma, escreveu sobre highend tão longamente, no tempo e no papel, nos mídia generalistas, desde sempre mais interessados no ‘mainstream’ e no ‘gadget’.
Esse é um tempo que não volta mais. Aliás, já começa a ser difícil escrever sobre highend até nas revistas especializadas impressas que, pouco e pouco, vão desaparecendo dos escaparates de quiosques e ‘press center’ dos aeroportos inundadas de revistas cor-de-rosa escritas por ‘jornalistas’ com alma negra, ou temáticas: de barcos a culturismo, ciclismo, carros, muitos, moda também e nutricionismo, tudo menos hifi.
Por cá ainda vão aparecendo, sobretudo britânicas, mas já se vêem cada vez menos nos aeroportos lá fora. As modas demoram algum tempo a chegar à ocidental praia. Não foi, pois, por acaso que criámos a revista Hificlube exclusivamente online – e grátis! – há precisamente 16 anos - e já vai na versão 3!
Só assim é possível ter todo o espaço disponível para publicar de novo dezenas de páginas a cores de artigos passados. Para muitos não passa de um anacronismo, enquanto outros, os que me seguem há muitos anos, vão adorar reler, tenho a certeza, embora com o filtro que a distância e o tempo impõem, porque cada um o faz à luz da sua própria experiência de vida, enquanto leitor e audiófilo.
Muitas das tecnologias de ponta na altura estão hoje ultrapassadas, ou em vias disso; e também muitos dos equipamentos só os encontra agora em retoma ou 2ª e 3 ª mão. Mas o essencial da análise não mudou.
Como curiosidade, ficam pelo menos a saber onde outros foram beber as ideias, o estilo e a forma de descrever equipamentos e sons…
E isto é só uma amostra (que já tinha disponível em PDF) das centenas de artigos que publiquei no DN ao longo de 16 anos. Mais "PDF's" serão adicionados em breve, nomeadamente as reportagens da CES.
Eis alguns dos melhores exemplos da literatura audiófila em língua portuguesa que me orgulho de ter escrito. Recomendo, por exemplo: 'Brinquedos no sotão', 'Um homem, dois sistemas', 'O Paraíso Existe...', 'O Pequeno (grande) Cantor, 'Uma vela no altar do mundo', 'América Proibida' e 'Yba Passion - A Paixão Segundo YBA'.
José Victor Henriques, Editor