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Editorial

Natal em tempo de Covid (Bilingual: Portuguese and English)

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Natal em tempo de Covid

O Natal traz-me sempre recordações de infância. Talvez por isso se diga que o Natal é das crianças. Ora, o Natal não passa de um gigantesco ritual pagão, sob a capa de uma festividade cristã, na qual se festeja o nascimento de Jesus. Mas não há presépio sem Reis Magos, porque são eles que simbolizam a dádiva, a prenda obrigatória, qual vacina, que faz movimentar milhões no comércio mundial.

O menino continua nu, nas palhinhas deitado. Que a solidariedade humana tem limites.

Quem está em todo o lado, bem agasalhado, é o Pai Natal americano, a versão laica da lenda de São Nicolau, que começou por vestir de castanho, e passou a usar vermelho e branco na publicidade da Coca Cola. E assim ficou, até hoje.

Há ainda a árvore de Natal, de inspiração luterana, que nos lembra que o Natal devia ser festejado na Primavera, quando a natureza floresce e as árvores dão frutos luminosos. Mas era demasiado próximo da Páscoa. E assim ficou. No Inverno. Para que possamos ter neve nos postais de Natal. Mesmo nos trópicos: Mi Navidad está metida in el verano / No tiene pino ni la nieve le da luces, canta o tenor José Carreras, na Missa Criola, de Ariel Ramirez.

O Natal é também a mãe de todas as festas da família reunida, o que nem sempre significa unida. Há beijos, abraços e desejos de felicidade, apesar do vírus que nos aparta. Há conflitos pendentes também. E infeções latentes, agora que a Ómicron é o mais novo símbolo natalício.

A Ómicron é a convidada indesejada, a penetra, que não precisa de lugar marcado à mesa e a quem não se pode fechar a porta na cara, porque a vacina a deixou entreaberta.

Dá-se demasiada importância ao Natal, dizem. Não passa de um negócio para nos aliviar rápido do salário em duplicado. Até ao dia em que o vivemos longe dos nossos, como eu o vivi na guerra. Na Guiné.

Ali, sim, percebi a importância do Natal.

E prometi a mim mesmo passar a vivê-lo em Paz. Para sempre. Sem conflitos. Junto da família próxima. E as crianças, claro. Ah, as crianças, o Natal é delas! Todos unidos. Com amor. E com Música. Para afastar os maus espíritos - e os vírus, se possível.

Obrigado, Menino Jesus.

É o que desejo a todos os meus leitores. Paz e Amor. Aos que me admiram e aos que me detestam. Aos que me incentivam e aos que me invejam. Aos que me leem com prazer e aos que me leem com desdém. Para todos

Bom Natal

JVH

 

Christmas in times of Covid

Christmas always brings back childhood memories. Maybe that's why they say that Christmas is for children. In fact, it is a worldwide pagan ritual, under the guise of a Christian festivity, in which we celebrate the birth of Jesus. But there is no nativity scene without the Three Wise Men, for they symbolize the Christmas gift, compulsory like a vaccine, and moving millions in world trade.  

The child is still naked, lying on straws. Human solidarity has its limits.

But Santa Claus, the American secular version of the legend of St. Nicholas, who began dressing in brown and later wore red and white while advertising for Coca-Cola, came down from America and is now everywhere and well-wrapped against the cold too. And dressed in red, he stayed until now.

We also have the Lutheran-inspired Christmas tree, which reminds us that Christmas should be celebrated in spring when nature blooms and trees bear bright, colorful fruit. But it was too close to Easter, therefore it remained in winter, lest we couldn't have any snow on our Xmas postcards. Even in the tropics: My Navidad está metida in el Verano / No tiene pino ni la nieve le da luces, sings the famous tenor José Carreras in Misa Criolla, by Ariel Ramirez.

Christmas is also the mother of all family reunions; which is not the same as a family union. Despite the virus that keeps us apart, there are kisses, hugs, and good wishes. But, unfortunately, there are unresolved conflicts too. And latent infections, now that Ómicron is the latest Christmas symbol. 

Ómicron is the unwanted guest, the trespasser, who does not need an assigned place at the table, nor can we slam the door on its face because the vaccine left it ajar.

We give too much importance to Christmas, so people say. It's nothing more than a huge business deal to relieve us fast of the double salary. Until the day we live it away from our own family. Like I did. At war, in Guinea. 

Only then one understands the fundamental importance of Christmas.

I promised myself there and then that I would always live Christmas in Peace. Forever. Without conflicts. Together with my close family only. And the children, of course. Ah, the children, Xmas was meant for them! United. With love. And with Music. To ward off evil spirits – and viruses too, if possible. Thank you, Baby Jesus.

That's what I wish for all my readers: Peace and Love. For those who love me and those who hate me. Those who encourage me and those who envy me. Those who read me with pleasure and those who read me with disdain. To all of you, 

Merry Christmas

JVH

 

Feliz Natal 2021 final


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