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Editorial

Yoshihisa Mori, o rosto do SACD

Mori san, Lisboa 1993 capa.jpg

Uma fotografia antiga de uma coluna eletrostática Sony espoletou este artigo sobre uma grande personalidade do áudio: Mori san.

No processo quási arqueológico de organização do meu espólio audiofotográfico, que se estende por várias décadas e se encontra arrumado por ‘camadas’, encontrei esta foto de capa de Yoshihisa Mori (1941-2018), que me trouxe à memória acontecimentos do passado distante.

Conheci Mori san na década de 90, numa apresentação da Sony, em Portugal. A título de curiosidade, pois não se tratava de um produto comercial, Mori mostrou-nos esta coluna eletrostática Sony, um modelo conceptual em cujo desenvolvimento tinha participado.

A partir daí, passámos a encontrar-nos todos os anos na CES, em Las Vegas; e, mais tarde, no Highend, em Munique, onde, após deixar a Sony, se apresentava como repórter freelance e promovia marcas nipónicas.

Mori san, no stand da Final Audio, Munique 2016

Mori san, no stand da Final Audio, Munique 2016

Yoshihisa Mori, que era muito parecido com John Lennon, na sua fase Yoko Ono, projetou para a Sony os primeiros gira-discos, braços e células, tendo patenteado a bobina em forma de oito e a agulha de diamante de 1 quilate para as células da Final Audio. Mas foi como o rosto da tecnologia SACD, da Sony, que ganhou a alcunha de Mr. SACD.

Em 2001, publiquei no DN um artigo sobre esta importante personalidade do áudio mundial, intitulado “Mori San”, que podem ler aqui integralmente em pdf, e de que passo a transcrever alguns excertos:

Artigo publicado no DN sobre Yoshihisa Mori, 2001

Artigo publicado no DN sobre Yoshihisa Mori, 2001

Sabem que entendo a alta fidelidade, não como um conjunto de objectos de consumo, mas como reflexos de alma dos seus criadores. Ora essa relação objecto/sujeito é difícil de estabelecer quando o fabricante é uma multinacional sem rosto. Até nesse pormenor a Sony teve o cuidado de «dar a cara». Melhor, de «dar uma cara».

Mori san, que tem extraordinárias parecenças físicas com John Lennon, é um audiófilo em estado puro, que tem do som a mesma visão poética que eu tenho. O som como algo que tem, não uma função física, mas antes um princípio activo emocional. O SACD tem a particularidade – que só não é única porque sempre esteve presente no LP – de nos reconciliar com a música ao nível espiritual, porque o cérebro não precisa de estar em alerta permanente para tentar descodificar no conteúdo das «amostras» a substância do todo, como sucede com o PCM (CD).

Mori faleceu em 2018, deixando um lugar vazio à mesa do áudio highend, que nunca foi preenchido, tal como Ken Ishiwata, da Marantz. Ambos tinham da vida uma perspetiva budista, de paz e serenidade.

Aqui fica a homenagem que faltava ao homem, ao poeta, ao cientista e ao amigo.

Descanse em paz, Mestre.

Mori san, Lisboa 1993 capa

Mori san, no stand da Final Audio, Munique 2016

Artigo publicado no DN sobre Yoshihisa Mori, 2001

Mori san e o Super Audio CD

Versão pdf de artigo publicado no DN em 2001


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