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High End 2017 - Munich

High End 2017 Munich – Sons de Munique

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O gosto musical dos ‘audiófilos’ não varia muito de show para show. Cada demonstrador tenta captivar o ouvinte com discos ‘fáceis’ – para o equipamento e para o ouvido. Salvo raras excepções, talvez Peter McGrath (Wilson Audio) e Andrew Jones (Elac), ainda estou para conhecer 'demonstradores' como os Portugueses: Luís Campos, Guilhermino Pereira, Alberto Silva, Jorge Gaspar, Rui Calado, só para citar alguns.

Já todos ouvimos ‘ad nauseam’ o Stimela, a Dança Macabra ou o proverbial solo de bateria e o ‘jazz’ de elevador. Aqui e ali ouve-se música clássica, quase sempre em sistemas que se ‘suicidavam’ se tocassem música da pesada, como o rock ou o funk.

Depois há os que tocam de tudo, incluindo ‘discos pedidos’, que invariavelmente provocam uma debandada geral. Creio mesmo que andam por lá ‘trolls’ com discos só para chatear a concorrência.

E depois, eles falam muito, caramba. Antes de tocar qualquer faixa, fazem uma palestra sobre as virtudes do equipamento, que só não toca melhor por causa da ‘maldita sala’, e avisam logo para os detalhes que vamos ouvir, não vá algum passar despercebido. E dão todos os pormenores técnicos, bem ao gosto alemão.

Esta amostra, apesar de bastante abrangente, é isso mesmo: uma amostra, feita de pequenas ‘amostras’, por vezes apenas de alguns segundos de música captada em directo e sem ’rede’ com o microfone interno da própria máquina fotográfica, ainda por cima em movimento que, infelizmente, não tem a mesma qualidade da imagem.

Nota: este ano não tive condições logísticas para fazer gravações com um microfone especial sentado na sweet spot.

Portanto, aqui fica o disclaimer: o som do vídeo não é tão representativo do que se ouviu quanto a imagem é do que se viu (tentei manter a luz ambiente de cada sala). Digamos que o som é meramente ilustrativo e funciona apenas para o leitor ter uma ideia da selecção musical vigente no MOC.

Entrei em muito mais salas, claro, como podem verificar pelas galerias fotográficas já publicadas, mas nem sempre é possível captar o som em condições, porque o ruído ambiente é excessivo, ou a sala está demasiado cheia, ou era preciso esperar à porta; e eu, salvo raras excepções não espero, caso contrário seria impossível fazer sozinho a cobertura de um show com esta ‘envergadura’.

Creio, contudo, que entre os posts para o Facebook, os ‘twitters’, as centenas de fotos e os vídeos publicados no You Tube, nós, no Hificlube ‘varremos o campo todo e até comemos a relva’. Claro que há sempre leitores que me perguntam: então não viu isto ou aquilo?, olhe que o fulano tal e a beltrana disseram que era fantástico!

Para esse peditório já dei. Cada jornalista internacional tem a sua agenda e patrocínios próprios, eu tenho a minha forma própria de trabalhar. No final, ninguém faz uma cobertura tão completa e variada como o Hificlube.

Talvez não em termos técnicos, porque é muito mais fácil fazer ‘copy paste’ dos press-releases quando se publica em inglês; mas pelo menos fotográficos, porque esforço-me para que cada foto individual tenha um mínimo de qualidade. Disparar a torto e a direito e enviar depois o conteúdo do chip tal como está para editar não é a minha praia. Aliás, se recuarmos bem no tempo foi o Hificlube quem iniciou a moda de publicar vídeos nas reportagens de shows de highend.

O caminho a seguir agora será utilizar apenas o iPHone e mandar fotos e vídeos em directo para a página. Mais rápido é impossível...

Publicar vídeos em 4K, por exemplo, exige quatro vezes mais tempo a fazer upload para o You Tube. Há quem pense que o telemóvel serve perfeitamente, claro: a malta quer ver depressa e não bem, dizem-me. Será assim? Para mim os leitores do Hificlube merecem o melhor. Por isso ofereço também a alternativa da Vimeo, cuja qualidade é muito superior, embora não seja tão universal e prática de partilhar. 

Sons de Munique comentados

Provavelmente aqui chegado, já viu o vídeo de 9 minutos, que tem legendas individuais para cada sala e sistema. Portanto, já formou a sua opinião baseada no (mau?) som que ouviu.

Mas eu estive lá e, portanto, tenho memória do que ouvi também in loco.E é com base nessa memória refrescada agora pelo som do vídeo que vou dar a minha opinião breve sobre cada performance individual, seguindo a ordem da apresentação.

Depois, já com esta informação, os leitores podem ver de novo o vídeo em baixo desta vez em 4K com qualidade Vimeo (ou 2K dependendo da velocidade da vossa Net).

- As Elac Adante AF61, alimentadas por electrónica Audio Alchemy (que passa a chamar-se também Elac), provaram que Andrew Jones sabe o que faz. E sabe muito. É uma coluna extraordinária, que utiliza os graves activos no interior e os passivos no exterior (3 x passive radiator) e tem uma performance de baixa frequência notável de ataque, tensão e articulação.

Os médios são excepcionais, cremosos e informativos. Apenas o agudo ‘chispou’ aqui e ali. Do melhor que ouvi em Munique. E, pelo preço, ‘it’s a steal!’…

 

- O sistema de som surround da Ascendo é fabuloso. E não é por causa daquele ‘MonsterSub’ de 50 polegadas e que custa 50 mil euros, junto do qual me deixei fotografar para a posteridade. Não, não é um concurso de 'o meu é maior do que o teu...'.

Eles chamam-lhe Immersive e, de facto, é muito envolvente mas ao mesmo tempo focado e preciso. Pudera, com 29 canais activos ligados em rede controlados por DSP! O concerto de Lady Gaga tinha um som realmente ao vivo!...

- As cornetas da Cessaro são excelentes. Do melhor que há no género e ao nível das Avantgarde. Mas utilizar um sistema destes com amplificação a válvulas Kondo para tocar solos de bateria pareceu-me algo excessivo, do tipo 'overkill''. Um desperdício. Ouvi outras coisas, claro. Muito bom som geral. Até a bateria soou bem real…

- As Martin Logan Expression ESL 13A, com amplificação Pass, soaram literalmente transparentes, visual e acusticamente. Nesta sala, a opção por um modelo mais pequeno foi acertada. Lembro-me que tanto as Neolith como as Renaissance, em anos anteriores, tinham excesso de peso no grave. Não foi o caso. As ESL 13A são muito...eh...expressivas...O melhor som que ouvi das Martin Logan, em Munique.

- A sala estava aberta, as condições acústicas não eram as melhores e havia muito barulho exterior. Não fiquei com uma opinião formada. Se quer ouvir as B&W da Série 800, vá antes à Ultimate…

- A Absolare foi muito simpática para mim e para a minha esposa. Quando percebeu que éramos portugueses, pôs um disco da Mariza. Depois disto acham que posso dizer mal do sistema? Ainda por cima tocava bem…

- Uma das melhores exibições das Alexx fora de Portugal, onde tive o prazer de as ouvir e testar na Imacustica para a revista Hifi News (que pode ler aqui). Ainda por cima eram vermelhas que parece estar na moda (já viram aqui também a foto do Dan D'Agostino Progression vermelho). O equipamento Nagra ajudou e não foi pouco, especialmente os HD, que já tinham dado boas provas no Audioshow 2017

A sala da Focal estava cheia para a apresentação da Série Utopia III Evo. Só consegui ouvir a Dança Macabra. Que de macabra não tinha nada: encheu a sala de música, riqueza harmónica e dinâmica. A nova Maestro foi a melhor Utopia de médio porte que já ouvi…

Marten Coltrane Tenor II. Tal como Coltrane, não sabem tocar mal. E os amplificadores Engstrom são um doce.

Uma vez mais a parceria dCS/Wilson deixou-me um ‘gosto a pouco’. Cá em baixo no hall, falei com Peter McGrath que me disse: passa por lá quando eu tocar as minhas matrizes digitais e vais ver o que é música!...

Mas, hélas, nem sempre temos tempo para tudo. Então e as Wamm?, perguntei-lhe, na esperança de as poder ouvir num recato do Hotel Marriot, que fica ali perto. Já vendemos vários pares, olha aqui estas fotografias da casa de um cliente feliz. Lá estava um par de Wamm vermelhas (eu não digo que o vermelho está na moda) na sala do dito milionário feliz.

A mulher sorria por talvez ter na sala The Million Dollar System'.

As Wamm só são vendidas directamente por Dave Wilson. Quem quiser comprar, vai ouvi-las ao Utah, encomenda, espera e depois vamos lá nós montá-las a casa, revelou Peter.

Há por aí candidatos?

Marten Coltrane III. Ainda melhor que a Tenor. Com tudo no sítio. E mais alguma coisa…

Eu não era capaz de viver com estas Vivid Giya amarelas em casa. Mas o som é tudo menos ‘amarelo’, com alimentação CH Precision. O piano vibrava na sala como se fosse verdadeiro…

Um sistema completo fabuloso Metronome comemorativo dos 30 anos. As colunas também se chamam Kalista mas são de outro fabricante. Enfim, já ouvi o Stimela melhor. Fantástico na música clássica.

A VTL fez par com a Albedo para um dos grandes sons do High End 2017. Ao contrário do que aparece na legenda do vídeo, estas colunas são o novo flagship Altesia, e não as Alecta.

Muita conversa e pouca música. Muito gostam estes apresentadores alemães de falar. As Magico S3II, com amplificação Spectral, tocaram bem, pois não sabem tocar mal…Foi pena as M6 não ficarem prontas a tempo. Em Outubro, vou lá a Portugal mostrá-las, prometeu Alon Wolf.

MBL é um dos ex-libris de Munique. Não é fácil viver com as X-treme em casa. É preciso habituarmo-nos física e sonicamente a esta ideia 'extremista'. Até porque reproduzem o som de uma forma muito diferente das colunas convencionais, sendo omnidireccionais.

Quando fiz a gravação, o som até nem estava grande coisa, pois com a câmara em movimento produzo um efeito de fase. Só que isto toca que se farta. A sala esteve sempre cheia. E o som é ‘as natural as can be…’. Um produto notável.

A maior surpresa que tive este ano foi que as Western Electric do tempo da outra senhora (estas Mirrophonic M2 são 1930) soaram absolutamente fabulosas, ao contrário das A11 de 1927 apresentadas o ano passado. Na gravação, infelizmente, estão a tocar umas cornetas mais pequenas da Silbatone. Mas as Mirrophonic são incríveis. Afinal, onde está a evolução?...

E, finalmente, uma brincadeira da Avantgarde, com música electrónica ao vivo por Oded Kafri reproduzida pelas novas Trio como parte do PA. A malta gostou, como se prova pelas muitas palmas e gritos…

Western Electric Mirrorphone grandes em tudo até no som


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